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Nome Artístico
Patativa do Assaré
Nome verdadeiro
Antonio Gonçalves da Silva
Data de nascimento
5/3/1909
Local de nascimento
Assaré, CE
Data de morte
8/7/2002
Local de morte
Assaré, CE
Dados biográficos

Poeta. Compositor. Agricultor.

Nasceu no sítio Serra de Santana, no município de Assaré, no Ceará. Perdeu a vista direita no período da dentição, devido a uma doença conhecida como dor-dolhos. Aos dez anos, já compunha versos com notável domínio da métrica, apesar do pouco acesso à escolarização. O pai, agricultor, faleceu quando Antonio tinha apenas oito anos de idade. Aos 16 conseguiu uma viola trocada por uma ovelha e passou a fazer improvisos, seguindo a tradição dos cantadores nordestinos.

Dados artísticos

É reconhecido como um dos maiores repentistas e poetas nordestinos, sem, no entanto, enveredar pela vida itinerante de cantador, mas sim, permanecendo na agricultura. Semiletrado, dedicou-se a cantar as coisas de terra e de sua gente. Em 1929, aos vinte anos de idade, viajou com um primo para Belém do Pará, quando conheceu o jornalista cearense José Carvalho de Brito, que publicou seus primeiros trabalhos no jornal “Correio do Ceará” acompanhados de comentários em que o denominava Antônio de Patativa, em virtude da pureza de sua poesia comparada com o canto da ave nordestina. A partir de então passou a adotar esse nome artístico.

Em 1964, ao ver Patativa recitar “A triste partida”, Luiz Gonzaga, impressionado com aqueles versos, decidiu musicá-los e, sua gravação , em 1965, levou o nome do poeta ao conhecimento nacional. Foi sua primeira composição gravada. A composição relatava as agruras do nordestino diante da seca, tendo que abandonar sua terra para trabalhar no sul, e tornou-se um dos maiores sucessos do “Rei do baião”. Outra de suas composições que obteve grande sucesso foi “Vaca Estrela e boi Fubá”, gravada, entre outros, por Pena Branca e Xavantinho, Fagner, e por compositores mais jovens, que reconhecem sua indiscutível universalidade.

O poeta cearense lançou quatro livros de poesias:

“Inspiração nordestina” de 1957, “Patativa do Assaré” em 1970, “Canto da Patativa” em 1976 e “Cante lá que eu canto cá” em 1978. Sua poesia intuitiva e de alto teor social passou a ser estudada nos anos 1970 pela cadeira de Literatura Popular Universal, da Universidade da Sorbonne na França. Em 1979, o selo Epic lançou o LP “Patativa do Assaré”, com produção de Raimundo Fagner, onde o poeta declama versos de sua autoria, entre os quais: “Triste partida”, “O retrato do sertão”, “Lamento de um nordestino” e “Casinha de palha”, entre outros.

Em 1981 lançou, pela CBS, seu segundo disco com declamação de poemas de sua autoria, “A terra é naturá”, também com produção de Fagner.

Em 1995, recebeu, em Fortaleza, a medalha José de Alencar, em homenagem pelos seus 85 anos. Na ocasião foi lançado o LP “Patativa do Assaré: 85 anos de poesia”. Em 1999 o cantor José Fábio lançou o CD “Canta Patativa do Assaré”, no qual interpretou 16 composições do poeta cearense, entre as quais, “Viva o povo brasileiro”, “Menino de rua” e “Lamento de um nordestino”, os três em parceria com Téo Azevedo.

Em 2001 concedeu entrevista à revista Cult na qual falou sobre sua vida e obra. Recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Regional de Cariri, da Universidade Federal do Ceará e da Universidade Tiradentes de Sergipe.

Em 2002, ano de sua morte, foi relançado em CD os dois LPs que gravou com declamação de seus poemas, numa parceria da Fundação Demócrito Rocha e da Fundação Raimundo Fagner. Ainda em 2002, seu poema “Festa da natureza”, foi musicado por Gereba e lançado pelo mesmo no CD “Sertão”, em comemoração aos 100 anos do lançamento do livro “os Sertões”, de Euclides da Cunha.

Em 2003, foi lançada uma coletânea com dois CDs, registrando poesias de Patativa, declamadas pelo próprio autor. A realização que saiu pela Cariri Discos, foi patrocinada pela Caixa Econômica Federal e teve o projeto gráfico e editoração eletrônica de Café Alencar, Elias Sabóia e Gilmar Chaves, sendo as ilustrações de capa de Luís Karimai e xilogravuras de José Lourenço e João Pedro do Juazeiro do Norte. A trilha sonora e acompanhamento ao violão foi um trabalho de Cleivan Paiva. Os Cds reuniram gravações realizadas em 1986, no Circo Voador de Fortaleza, no show “Canto Popular, realizado na Concha Acústica da Universidade Federal do Ceará e também contou com depoimento de Patativa do Assaré ao Arquivo Nirez e ao Museu Cearense de Teatro. Teve também gravações adicionais realizadas nos estúdios Planeta Estúdio. A obra foi gravada em 1989, sendo masterizada em 2000 e finalmente lançada em 2003.

Discografias
1995 LP Patativa do Assaré

(85 anos de poesia)

1979 Epic LP Patativa do Assaré
Obras
A estrada da minha vida (c/ Téo Azevedo)
Adeus
Barriga branca (c/ Téo Azevedo)
Cada um no seu lugar (c/ Téo Azevedo)
Cante lá que eu canto cá
Casinha de palha
Dor gravada
Lamento de um nordestino (c/ Téo Azevedo)
Maria Gulora (c/ Téo Azevedo)
Menino de rua (c/ Téo Azevedo)
Mãe preta (c/ Téo Azevedo)
O inferno, o purgatório e o paraíso
O poeta da roça (c/ Téo Azevedo)
O retrato do sertão
O rádio ABC
Poética
Rosa e Rosinha (c/ Téo Azevedo)
Saudade (c/ Téo Azevedo)
Senhor doutor
Triste partida
Um cearense desterrado (c/ Téo Azevedo)
Vaca Estrela e boi Fubá
Viva o povo brasileiro (c/ Téo Azevedo)
Óios redondo (c/ Téo Azevedo)
Bibliografia Crítica

A Inspiração Nordestina -1956

AMARAL, Euclides. A Letra & a Poesia na MPB: Semelhanças & Diferenças. Rio de Janeiro: EAS Editora, 2019.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.

Antologia Poética de Patativa do Assaré- Fundação Demócrito Rocha- 2001

Balceiro -1991

Inspiaçõ Nordestina- 1956

Ispinho e fulÔ 1988

O meta-poema em Patativa do Assaré- 1984

O poeta do povo – Vida e obra de Patativa do Assaré – Assis Ângelo – SP, CPC-UMES.