
Cantor.
Filho de Balbina Garcia e José Celestino da Silva, nasceu na estação do Engenho de Dentro, subúrbio carioca. O pai era violonista e, segundo depoimento do cantor ao MIS, participou de uma das formações do conjunto de Pixinguinha, os Oito Batutas, não viajando para o exterior com o conjunto, porque na época já era pai de três filhos. José Celestino faleceu quando o cantor tinha apenas 3 anos de idade. Teve cinco irmãos, mas foi ele o único com vocação musical. Em todas as apresentações de escola, era convocado para cantar, o que fazia escondido por sua grande timidez. Ao voltar do colégio, subia em um pé de amora e passava horas cantando, atendendo a pedidos dos vizinhos. Certa vez em um dos domingos de outubro na Festa da Penha, ainda de calças curtas, começou a cantar e o lugar passou a ser procurado “por ser aquele onde se apresentava aquele menino”.
Foi entregador de marmitas, operário em uma fábrica de cerâmicas, aprendiz de cortador na fábrica de calçado Bordalo, situada na esquina da Rua Buenos Aires, entregador de encomendas da Casa Reunier. Quando estava nessa função, sofreu um acidente ao tentar tomar um bonde em movimento, que lhe causou a perda dos quatro primeiros dedos dos pés e transtornos para o resto da vida. Acredita-se que surgiu nessa época seu envolvimento com a morfina, droga utilizada para acalmar a intensa dor causada pela amputação dos dedos.
Após seu restabelecimento, foi trocador de ônibus, uma das poucas funções que podia desempenhar sentado. Por sugestão do motorista do ônibus, o português Conceição, se apresentou em um circo que estava em frente à empresa. O filho do dono da empresa, José Correia Lopes (Zezé), impressionado com a voz do cantor tirou-o do ônibus, passando-o para os serviços de escritório.
Seu irmão, Edmundo, grande incentivador de sua carreira, fez com que ele fosse à Radio Cajuti. Na Cajuti, ensaiou com o violonista Brito, preparando números para apresentar à Bevilacqua, o diretor da rádio. Depois de três, quatro tentativas de encontrar o diretor, numa das vezes foi ouvido pelo compositor Bororó, que o levou ao Café Nice para apresentá-lo a Francisco Alves.
Foram até o carro de Chico Alves, e começou a cantar um samba de Ary Barroso. Em seguida cantou a valsa “Mimi”. Entusiasmado, Chico marcou um teste na Rádio Guanabara, para ouvi-lo ao microfone. O sucesso foi enorme, e Francisco Alves o convidou a estrear em seu programa. Em 1940, já no auge da fama, iniciou uma grande história de amor com a atriz Zezé Fonseca, relacionamento turbulento que perdurou até aproximadamente 1943. Acredita-se que por essa época o cantor tenha voltado a utilizar a morfina, comprometendo assim sua bela voz e carreira artística. Em 1947, uniu-se a Maria de Lourdes, com quem viveu harmoniosamente até seus últimos dias. Maria de Lourdes faleceu em 1993.
Estreou no rádio no dia 23 de junho de 1934, aos 17 anos de idade, participando do programa de Francisco Alves na Rádio Cajuti. Entre 7 e 9 horas, o locutor Cristóvão de Alencar anunciava aos ouvintes: “Aguardem a surpresa que Chico Alves preparou.” Às 9 horas, cantou a valsa “Mimi” acompanhado pelo violonista Pereira Filho. Ao final da apresentação, o locutor anunciou: “Acabaram de ouvir o cantor Orlando Navarro, descoberta de Francisco Alves.”
O sobrenome Navarro foi inspirado no nome de Ramon Navarro, famoso artista americano de ascendência latina, que estava em visita ao Brasil. Acabou recusando o sobrenome pois queria manter seu nome de família. No carnaval seguinte, participou ao lado de Aracy de Almeida do coro da gravação de “Foi ela”, lançamento de Francisco Alves. Com sete meses de carreira, assinou contrato com a RCA Victor para lançar disco logo após o carnaval.
Em 1935, gravou seu primeiro disco, com acompanhamento do Grupo do Canhoto, de Rogério Guimarães, interpretando o samba-canção “No quilômetro dois…”, de J. Aimberê e o samba “Para Deus somos iguais”, de J. Cascata e J. Barcelos. No mesmo ano, gravou duas obras de Cândido das Neves, o noturno “Última estrofe” e a valsa “Lágrimas” com acompanhamento de Luperce Miranda no bandolim e Pereira Filho e Luiz Bittencourt nos violões. Gravou também os sambas “Não é proceder”, de Assis Valente e Haroldo White e “Já é de madrugada”, de Assis Valente e Carlos Perry, com o conjunto regional RCA Victor e, com Luperce Miranda, Pereira Filho e Luiz Bittencourt, a canção “Céu moreno”, de Uriel Lourival, e o samba “O que restou de você”, de Valdemar de Abreu, o Dunga. Com o fim do programa de Francisco Alves em 1935, passou a se apresentar nas Rádios Guanabara, Rádio Clube, Educadora, e na Transmissora, fundada nos estúdios da RCA, que durou apenas seis a sete meses. Num intenso corre-corre, apresentava-se diariamente e até mesmo em duas estações num mesmo dia. Sua consagração no Rádio foi a apresentação no Programa Casé, do qual participavam todas as grandes estrelas da época.
Em 1936, gravou da dupla Arlindo Marques Jr. e Roberto Roberti, a marcha “Viva a liberdade” e o samba “Se a orgia se acabar”, com acompanhamento do grupo Diabos do Céu, dirigido por Pixinguinha. Nesse ano, gravou o samba “Não foi por amor”, de Germano Augusto e Zé Pretinho, também com os Diabos do Céu, e a valsa “Apoteose do amor”, de Cândido das Neves, e os sambas “Pela primeira vez”, de Noel Rosa e Cristóvão de Alencar, e “Tristeza”, de J. Cascata e Cristóvão de Alencar. Também nesse ano, gravou o samba “Dama do cabaré” e a marcha “Cidade mulher”, ambas de Noel Rosa,da trilha sonora do filme “Cidade mulher”, da Brasil Vita. Um fato curioso de sua carreira ainda em 1936 foi quando substituiu Joel de Almeida, da dupla Joel e Gaúcho, que faltou à gravação da marcha “A menina dos meus olhos”, de Noel Rosa e Lamartine Babo, sendo formada assim, para uma única gravação, a dupla Orlando e Gaúcho. Em 12 de setembro de 1936, participou da inauguração da Rádio Nacional. Seu contrato de exclusividade foi assinado 11dias antes da inauguração. No dia 3 de setembro, integrou a caravana de artistas que se apresentou na inauguração da Rádio Inconfidência de Belo Horizonte. Pelo seu contrato na Rádio Nacional, seria o primeiro cantor a ter um programa exclusivo nessa emissora e passou a se apresentar às quintas-feiras sob o patrocínio de Urodonal. A cada quinta-feira, tinha um convidado, alguns nomes internacionais em visita ao Rio, como Pedro Vargas, Jean Sablon, etc. Começando a atingir o auge de sua forma vocal, gravou em 1937, da dupla J. Cascata e Leonel Azevedo, com acompanhamento da Orquestra Victor brasileira, a valsa “Lábios que eu beijei”, um dos maiores sucessos de sua carreira. No lado A desse disco, que contou com a orquestração de Radamés Gnatalli, estava o samba “Juramento falso”, também de J. Cascata e Leonel Azevedo. Segundo seu depoimento, com o lançamento desse disco, “O Brasil tomou conhecimento de que havia mais um, aí ninguém me segurou mais”. Sua primeira ida a São Paulo foi a convite de Carlos Bacará, que o levou a Santos, onde passou cerca de 10 dias, antes de ir a São Paulo, apresentando-se na sacada do Teatro Colombo, situado no bairro do Brás, ocasião em que se reuniram cerca de 10 mil pessoas para ouvi-lo, com o comércio local praticamenete fechado para prestigiá-lo. De volta à Radio Nacional , o locutor Oduvaldo Cozzi lhe atribuiu o título de “O cantor das multidões”. Ainda em 1937, gravou a valsa “Aliança partida”, de Benedito Lacerda e Roberto Martins; o samba-canção “Amigo leal”, de Benedito Lacerda e Aldo Cabral, ambas com acompanhamento do grupo Boêmios da Cidade e os sambas “Boêmio”, de Ataulfo Alves e J. Pereira e “Rainha da beleza”, de Ataulfo Alves e Jorge Faraj com acompanhamento dos Diabos do Céu. Nesse ano, tornou-se o primeiro cantor a gravar o samba “Carinhoso”, de Pixinguinha e João de Barro, gravação que se constituiria num clássico da música popular brasileira. O disco trazia, também de Pixinguinha, a valsa “Rosa”, com acompanhamento do conjunto Regional RCA Victor. A música “Carinhoso” passou a ser utilizada por ele como prefixo de suas audições. Já a valsa “Rosa” era a música preferida por D. Balbina, mãe do cantor, razão por que depois de sua morte ele jamais voltaria a interpretá-la. Outra música marcante gravada por ele em 1937 foi o samba “Alegria”, de Assis Valente e Durval Maia.
Em 1938, participou do filme “Banana da terra”, dirigido por J. Rui, interpretando a marchinha “A jardineira”, de Benedito Lacerda e Humberto Porto, cuja gravação, lançada em dezembro deste ano, contou com o acompanhamento da Orquestra Victor Brasileira, dirigida por Pixinguinha. No mesmo ano, estourou com grande sucesso no carnaval com o samba “Abre a janela”, de Arlindo Marques Júnior e Alberto Roberti. Segundo depoimento do cantor, o termômetro musical do carnaval carioca era o bloco que saía da Casa da Moeda; o que eles cantavam na avenida estourava no carnaval. Nesse mesmo ano, saíram cantando “Abre a janela”, fato que trouxe enorme emoção para ele. Ainda em 1938, lançou com grande sucesso a valsa “Caprichos do destino”, de Claudionor Cruz e Pedro Caetano, e o fox “Nada além”, de Custódio Mesquita e Mário Lago. Esta última música fazia parte da revista “Rumo ao Catete”, onde era apresentada pelo tenor Armando Nascimento com uma interpretação exageradamente operística. Custódio Mesquita, então, convidou Orlando Silva para assistir ao espetáculo e o induziu a gravar a música, que foi lançada com orquestração de Radamés Gnattali. Gravou ainda nesse ano os sambas “Meu pranto ninguém vê”, de Ataulfo Alves e José Gonçalves, e “Errei, erramos”, de Ataulfo Alves; as valsas “Página de dor”, de Pixinguinha e Cândido das Neves, e “Balalaika”, de Georges Moran e Armando Fernandes, e o samba-canção “Eu sinto vontade de chorar”, de Valdemar de Abreu.
Em 1939, fez sucesso com o samba “Meu consolo é você”, de Nássara e Roberto Martins, e com a marcha “A jardineira”, de Benedito Lacerda e Humberto Porto, segunda colocada no concurso de marchas de carnaval daquele ano. Ainda nesse ano, gravou o fox “Dá-me tuas mãos”, de Roberto Martins e Mário Lago, outro sucesso; o samba “Uma dor e uma saudade”, de Zé Pretinho e Reis Saint-Clair; a valsa “Por ti”, de Leonel Azevedo e Sá Róris; a canção “Sertaneja”, de René Bittencourt, e a marcha “Buenos Aires”, de Humberto Porto. Em 1940, gravou o samba-canção “Coqueiro velho”, de Fernando Martinez e José Marcílio; as valsas “Súplica”, de Otávio Mendes, José Marcílio e Déo, e “E o vento levou…”, de Ariovaldo Pires e Gerônimo Cabral, e a canção “Maria, Maria” e o fox-blue “Em pleno luar”, de Joubert de Carvalho. Também nesse ano, gravou com grande sucesso o choro “Curare”, de Bororó.
Registrou em 1941, a valsa “Eu te amo”, de Cristóvão de Alencar e Georges Moran, o fox-blue “Perdão amor”, de Lamartine Babo; a canção “Noite de garoa”, de Vicente de Lima; o choro “Mentirosa”, de Custódio Mesquita e Mário Lago e os sambas “Preconceito”, de Marino Pinto e Wilson Batista e “Quem cantar meu samba”, de Oduvaldo Lacerda e Frazão. Em 1942, fez sucesso com o samba “Aos pés da cruz”, de Marino Pinto e José Gonçalves. Nesse gravou ainda a valsa “Sorrisos”, de Paulo Medeiros, a valsa-canção “Lágrimas” e a canção “Lágrimas de caboclo”, de J. Cascata e Leonel Azevedo, além de duas composições de Custódio Mesquita, o fox-canção “Volta” e a valsa “Mês de maio”, esta, em parceria com Edgard Proença, e duas de Ary Barroso, o samba “Faixa de cetim” e a valsa “Quero dizer-te adeus”.
Por essa época, sua carreira entrou em declínio, por envolvimento com drogas e por desentendimentos amorosos com Zezé Fonseca. Desentendeu-se com a direção da Victor da qual se afastou e transferiu-se para a Odeon na qual lançou seu primeiro disco no final do mesmo ano com a marcha “Alvorada”, de Frazão e Dunga, e o samba “Inimigo do samba”, de Ataulfo Alves e Jorge de Castro.
Em 1943, gravou as valsas “Duas vidas”, de Claudionor Cruz e Pedro Caetano e “Será verdade?”, de Georges Moran e J. G. de Araújo Jorge; o bolero-canção “Enigma”, de Valfrido Silva e J. Diaferia; o fox “Podes mentir”, de Georges Moran e Aldo Cabral, e os sambas “Não sei porque”, de Cristóvão e Alencar e Dunga, e “Não minto”, de Kid Pepe e David Raw. Gravou no ano seguinte a canção “Estrela Dalva”, de René Bittencourt; o samba “Dois amigos”, de Horondino Silva e Del Loro, entre outras músicas sem maior repercussão.
Em 1945, rescindiu seu contrato com a Rádio Nacional. Nesse ano, gravou os sambas “Brasa”, de Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins; “Tudo é possível”, de Cícero Nunes e Aldo Cabral; as valsas “Quando dois destinos divergem”, de Lauro Maia; “Minha crença”, de Cícero Nunes e Aldo Cabral, e “Sempre”, de Irving Berlin, com versão de Mário Rossi; o samba-canção “A história do pierrô”, de Roberto Martins e Frazão, e a “Canção do trabalhador brasileiro”, de Abdon Lira e Léa Lira. No ano seguinte, gravou a canção “Pássaro cativo”, de Laurindo de Almeida e Dias da Cruz, e o choro “Dissimulada”, de Laurindo de Almeida e Bororó.
Em 1947, gravou os sambas “Eterno castigo”, de João Bené e A . Alexandre, e “Saudade”, de Dorival Caymmi e Fernando Lobo. No ano seguinte, lançou o fox-blue “Teu amor e o meu”, de José Maria de Abreu; a valsa “Flor mulher”, de Alberto Ribeiro e Paulo Barbosa; os sambas “Recordação…saudade”, de Dorival Caymmi; “Voltaste”, de Newton Teixeira; e “A que ponto chegaste”, de J. Cascata e Leonel Azevedo, e a valsa “Beijando as tuas mãos”, de J. Cascata e F. Correia da Silva.
Em 1951, gravou pelo pequeno selo Carnaval o samba “Senhor, me ajude”, de Luiz Soberano e Valdemar Silva, e a marcha “Não me importa que a tábua rache”, de Liz Monteiro e J. Piedade. Em 1952, ingressou na gravadora Copacabana e lançou o samba-canção “Amor…saudade”, de Klécius Caldas e Francisco Alves, e a toada “Tem dó”, de Menezinho Araújo, e regravou a valsa “Glória”, de Bonfíglio de Oliveira e Branca M. Coelho, e a canção “Teus olhos castanhos”, de Bonfíglio de Oliveira e Lamartine Babo. Desse ano também é a regravação do sucesso de Francisco Alves, o samba-canção “Adeus… (Cinco letras que choram), de Silvivno Neto. Gravou em 1953, o samba-canção “Meu lampião”, de Alberto Ribeiro e Alcyr Pires Vermelho; o fox-bolero “Aquela mascarada”, de Cyro Monteiro e Dias da Cruz, e os sambas “Escravo do amor”, de J. Cascata, Leonel Azevedo e Lilinha Fernandes, e “Exaltação à dor”, de Ataulfo Alves e J. Audi.
Ainda em 1953, lançou seu primeiro LP, de 10 polegadas, intitulado “Orlando Silva Canta Ary Barroso”, com acompanhamento de Léo Peracchi e Sua Orquestra, pela gravadora Musidisc, interpretando o samba “Terra Seca”, e os os sambas-canção “Trapo de Gente”, “Tu”, “Risque”, “Inquietação”, “Caco Velho” e “Faceira”, todos de Ary Barroso, além de “Por Causa Desta Cabocla”, de Ary Barroso e Luis Peixoto. Também no mesmo ano, e com o acompanhamento: Léo Peracchi e Sua Orquestra, gravou pela Musidisc o LP “Orlando Silva Canta Músicas de Custódio Mesquita”, tributo ao compositor Custódio Mesquita, com a interpretação dos samba “Promessa”, “Como os Rios Que Correm Pro Mar”, “Feitiçaria”, o fox “Rosa de Maio”, e a valsa “Valsa do Meu Subúrbio”, composições feitas por Custódio Mesquita em parceria com Evaldo Ruy, além do fox “Mulher”, e as valsas Velho Realejo”, e “O Pião”, parcerias com Sady Cabral.
Em 1955, gravou as marchas “Dona Light”, de Pereira Matos, Hélio Malta e Bola Sete, e “Marcha das flores”, de Haroldo Lobo, Rômulo Paes e Henrique de Almeida, e os sambas “Herança”, de Nilton Teixeira e Brasinha, e “Jogado fora”, de Manezinho Araújo, David Raw e E . Mendonça. Da dupla Custório Mesquita e Evaldo Rui, regravou os sambas “Feitiçaria” e “Promessa” e a “Valsa do meu subúrbio”. No mesmo ano, regravou de Ary Barroso os sambas-canção “Caco velho” e “Tu”. De Custódio Mesquita e Sadi Cabral, o fox-canção “Mulher” e a valsa “Velho realejo”. Ainda em 1955, retornou para a Odeon e lançou a valsa “Quero beijar-te ainda”, de Paulo Tapajós; o samba-choro “Não foi o tempo”, de J. Cascata e Leonel Azevedo; a canção “Cristo Redentor”, de Silvino Neto e a valsa-canção “Soror Maria”, de Silvino Neto e Carlos Morais. Para o carnaval do ano seguinte gravou o samba “Dia de pagamento”, de Pedro Caetano e Clemente Muniz, e a marcha “Bem-te-vi”, de Valdemar Silva e Frazão.
Gravou em1956, os sambas-canção “Dona saudade”, de Hianto de Almeida e Francisco Anysio, e “Não me deixes”, de Sílvio Mazzuca e, fato raro e único em sua carreira, o rock “Só você”, de Rand e Buck Ram, com versão de Júlio Nagib. Gravou em 1957, pela Odeon, o LP “Serenata com Orlando Silva” com oito composições de Freire Júnior: “Olhos japoneses”; “Malandrinha”; “Revendo o passado”; “Santa”; “Deusa” e “Pálida morena”, além de “À beira mar” e “Luar de Paquetá”, parcerias de Freire Júnior e Hermes Fontes. No mesmo ano, gravou, pela Odeon, o LP “Serenata Com Orlando Silva”, interpretando as valsas “Olhos Japoneses” e ” Revendo o Passado”, de Freire Júnior; o tango-fado “À Beira-mar”, de Freire Júnior e Hermes Fontes, as canções “Malandrinha” e “Santa”, de Freire Júnior, e “Luar de Paquetá”, de Freire Júnior e Hermes Fontes, e as canção modinhas, conforme o selo do disco “Pálida Morena” e “Deusa”, ambas de Freire Júnior. No carnaval de 1958, fez sucesso com o samba “Eu chorarei amanhã”, de Raul Sampaio e Ivo Santos, seu último grande sucesso popular, bastante tocado nas rádios e cantada nos bailes carnavalescos. Nesse ano gravou ainda duas composições da pianista Carolina Cardoso de Menezes, o bolero “Mentiras”, parceria com Armando Fernandes e o samba-canção “Eu e ela”, parceria com René Bittencourt. Lançou o LP “Carinhoso”, pela RCA Victor em 1959, música título de Pixinguinha e João de Barro e que apresentava ainda clássicos por ele gravados nos anos 1930 como “Lágrimas”, de Cândido das Neves; “Mágoas de caboclo” e “Lábios que beijei”, de J. Cascata e Leonel Azevedo; “Aos pés da cruz”, de Marino Pinto e Zé da Zilda e “A jardineira”, de Humberto Porto e Benedito Lacerda.
No mesmo ano, lançou o LP “A última estrofe”, que incluiu “Curare”, de Bororó; “Caprichos do destino”, de Claudionor Cruz e Pedro Caetano; “Página de dor”, de Cândido das Neves e Pixinguinha; “Meu romance”, de J. Cascata, “Nada Além”, de Custódio Mesquita e Mário Lago, e “Sertaneja”, de René Bittencourt, todos antigos sucessos do auge de sua carreira, além de “Última estrofe”, de Cândido das Neves; “Neusa”, de Antônio Caldas e Celso de Figueiredo;; “Céu Moreno”, de Uriel Louriva, “Número Um”, de Benedito Lacerda e Mário Lago; “Em Pleno Luar”, de Joubert de Carvalho, e “Coqueiro Velho”, de Fernando Martinez Filho e José Marcílio.
Em 1960, gravou o LP “Por ti”, música título de Leonel Azevedo e Sá Róris, que incluiu ainda as músicas “Chora Cavaquinho”, de Valdemar de Abreu, o “Dunga”, “Naná”, de Custódio Mesquita e Geysa Bôscoli, “Lágrimas de Rosa”, de Dante Santoro e Kid Pepe, “Tristeza”, de J. Cascata e Cristóvão de Alencar, “Apoteose do Amor”, de Cândido das Neves, o “Índio”, “Meu Coração A Teus Pés”, de Benedito Lacerda e Jorge Faraj, “Amigo Infiel”, de Benedito Lacerda e Aldo Cabral, “Perdão Amor”, de Lamartine Babo, “O Prazer É Todo Meu”, de Ataulfo Alves e Claudionor Cruz, “Deusa do Cassino”, de Newton Teixeira e Torres Homem, e “História de Amor”, de J. Cascata e Humberto Porto. Em 1961, lançou o LP “Quando a Saudade Apertar” que incluiu as músicas “Quando A Saudade Apertar”, de Jaime Florence, o “Meira” e Leonel Azevedo; “Atire A Primeira Pedra”, de Ataulfo Alves e Mário Lago; “Que Importa Para Nós Dois a Despedida”, de Silvino Neto; “Adeus”, de Newton Teixeira e Cristóvão de Alencar; “Cancioneiro”, de José Maria de Abreu e Francisco Matoso; ” Lágrimas de Homem”, deJ. Cascata; “Espelho do Destino”, de Benedito Lacerda e Aldo Cabral; “Quero Voltar aos Braços Teus”, de Leonel Azevedo e J. Cascata; “Tenho Amizade a Você”, de Antônio Almeida; “A Voz do Dever”, de Aldo Cabral e Ondina Perez; “Eu Sinto Vontade De Chorar”, de Valdemar de Abreu, o “Dunga”, e “Eu Sei”, de Antônio Almeida e Paulo Medeiros.
Seu disco seguinte, “Sempre sucesso”, lançado em 1962, apresentou a gravação das composições “Canção da Eterna Despedida”, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes; “No Quilômetro 2”, de J. Aymberê; “Chorei”, de J. Cascata e Leonel Azevedo; “Palavras”, de Guilherme de Brito e Leduvy de Pina; “Canção do Amor Que Eu Lhe Dou”, de Lourival Faissal; “Cidade Brinquedo”, de Silvino Neto e Plínio Bretas; “Terminarei Tua Canção”, de Newton Teixeira e Mário Rossi; “Eu Te Perdôo”, de Raul Sampaio e Benil Santos; “Sorrisos”, de Paulo Medeiros; “Penso Em Teus Olhos”, de Aldacir Louro e Linda Rodrigues; “A Última Canção”, de Guilherme Augusto Pereira, e “Para Deus Somos Iguais”, de J. Cascata e J. Barcelos.
Em 1966,gravou o LP “Enquanto houver saudade”, as composições “Brasa”, de Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins; “Quero Dizer-te Adeus”, de Ary Barroso; “Abigail”, de Wilson Batista e Orestes Barbosa; “Enquanto Houver Saudade”, de Custódio Mesquita e Mário Lago; ” Pot-pourri de Sambas, com os sambas “A Primeira Vez”, de Alcebíades Barcelos “Bide” e Armando “Marçal”, “Meu Pranto Ninguém Vê”, de Ataulfo Alves e Zé da Zilda, “Pela Primeira Vez”, de Noel Rosa e Cristóvão de Alencar, e “Meu Consolo É Você”, de Antônio Nássara e Roberto Martins; um segundo ” Pot-pourri de Sambas com os sambas “Abre A Janela”, “O Homem Sem Mulher Não Vale Nada”, e “Encontrei Minha Amada”, de Arlindo Marques Júnior e Roberto Roberti; “Senhor Me Ajude”, de Luis Soberano e Waldemar Silva, e “Eu Chorarei Amanhã”, de Raul Sampaio e Ivo Santos; “Eu Te Amo”, de Georges Moran e Cristóvão de Alencar; “Jornal de Ontem”, de Romeu Gentil e Elisiário Teixeira; “Há Sempre Alguém”, de Custódio Mesquita, e “Duas Vidas”, de Claudionor Cruz e José de Freitas. Em 1967, foi à Porto Alegre, realizar um show no evento “Jantar Anual dos Casados”, no Clube do Comércio. Nessa visita à capital gaúcha foi entrevista pelo radialista Vanderlei Malta da Cunha para o programa “Domingo & Arte”, apresentado por ele na Rádio Metrópole AM. Na ocasião, além de eventos de sua carreira, assim respondeu à pergunta “A seresta anda muito prejudicada?”: “Eu tenho colegas que têm ojeriza à juventude, arrepios até. Eu acho isso maravilhoso. Tenho certeza que a música que eu canto estava estacionada, empoeirada. Para dar lugar às músicas estrangeiras, os boleros, o fox, o rock, a balada. No que apareceram Tom Jobim e Vinícius, com o samba moderno, e agora com o advento do iê-iê-iê, isso sacudiu a música! Eles entraram como uma avalanche… Então, quando aparece uma música (cantarola “Lábios que beijei”) vira um lenitivo, entendes? Eu aplaudo o iê-iê-iê, o samba moderno porque eles sacudiram a serenata. A serenata está viva.” Em 1968, foi lançado o LP “Orlando Silva, O Cantor das Multidões” que incluiu as composições “Naná”, de Custódio Mesquita e Geysa Bôscoli; “Uma Saudade A Mais… Uma Esperança A Menos”, de Silvino Neto e Carlos Morais; “Chora Cavaquinho” e ” Eu Sinto Vontade De Chorar”, de Valdemar de Abreu “Dunga”; “Deusa do Casino”, de Newton Teixeira e Torres Homem, “Por Ti”, de Leonel Azevedo e Sá Róris, “Apoteose do Amor”, de Cândido das Neves “Índio”; “Jardim de Infância”, de Antônio Nássara e Cristóvão de Alencar; “A Última Canção”, de Guilherme Augusto Pereira; “História de Amor”, de J. Cascata e Humberto Porto; “Enquanto Houver Saudade”, de Custódio Mesquita e Mário Lago; “Lágrimas de Rosa”, de Dante Santoro e Kid Pepe, “Espelho do Destino”, de Benedito Lacerda e Aldo Cabral, e “Vai Mulher da Orgia”, de Miguel Bauso e Roberto Martins. Em 1969, gravou o LP “Orlando Silva, o eterno seresteiro” interpretando clássicos como “Serenata do adeus”, de Vinícius de Moraes; “Modinha”, de Jaime Ovalle e Manoel Bandeira; “Maringá”, de Joubert de Carvalho; “Guacira”, de Joracy Camargo e Hekel Tavares e “Modinha”, de Sérgio Bittencourt, além de “Falsa Felicidade”, de Paulo Medeiros; ” Misterioso Amor”, de Saint-Clair Sena; “Volta Para o Meu Amor”, de Joubert de Carvalho e Tostes Malta; “Um Novo Céu”, de Fernando César e Ted Moreno; “Meu Companheiro”, de Francisco Alves e Orestes Barbosa, e “Vidro Vazio”, de Romualdo Peixoto “Nonô” e Orestes Barbosa.
Em 1973, lançou o LP “Orlando Silva hoje”, interpretando músicas de compositores contemporãneos como “Hoje”, de Taiguara; “Desespero”, de Antônio Carlos e Jocafi; “Clarice”, de Capinam e Caetano Veloso; “Mancada”, de Gilberto Gil e “Pra dizer adeus”, de Edu Lobo e Torquato Neto, além de “Tua canção”, de Ted Moreno; “Chuvas de Verão”, de Fernando Lobo; “Rancho da Mulher Amada”, de Luis Antônio e Luis Reis; “Canção da Lágrima”, de José Orlando e Benil Santos; “Este É o Meu Rio”, de Catulo de Paula, e “O Amor e a Flor”, de Carlos Wagner e G. Carvalho.
Entre 1975 e 1977, gravou vários números para o programa “Brasil especial” da TV Globo dirigido por A .C. Vanucci. A série abordava a vida dos grandes compositores e o cantor era sempre requisitado pelo redator R.C. Albin, que, muitas das vezes, ao editar o programa cortava sua participação para poupá-lo do constrangimento provocado pelo declínio daquele que havia sido o maior cantor do Brasil em seu tempo. Ao morrer, em agosto de 1978, a esposa Lourdes avisou a poucos amigos. Entre estes estava um dos seus maiores admiradores, o crítico R. C. Albin, que, atendendo um dos últimos desejos, levou o corpo para ser velado, graças ao então presidente Márcio Braga, no salão nobre do Clube de Regatas do Flamengo, no Morro da Viúva, Rio de Janeiro, clube de futebol pelo qual o cantor era apaixonado. Por ocasião de sua morte, assim relatou o Jornal do Brasil em matéria que apresentou como título a seguinte manchete: “Coração silencia o cantor das multidões”: “O cantor Orlando Silva, 62 anos, morreu vítima de um ataque cardíaco. A notícia causou comoção nacional e arrastou uma multidão às ruas, para prestar a última homenagem ao artista”.
Em 1979, foi lançado pelo Museu da Imagem e do Som o LP “Orlando Silva”, com as gravações realizadas ao vivo, em programas da Rádio Nacional, e recuperadas de acetatos radiofônicos, por iniciativa do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, com produção artística de Paulo Tapajós, apresentando os seguinte fonogramas: “Sertaneja”, de René Bittencourt, em faixa que contou com a participação do Trio Madrigal; “Exaltação à Cor”, de Ataulfo Alves e J. Audi; “Amor… Saudade”, de Klécius Caldas e Francisco Alves; “Brigamos Outra Vez”, de José Maria de Abreu e Jair Amorim; “Brasa”, de Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins; “Tem Dó”, de Manezinho Araújo; “Sabe Quem É? Você!”, de J. Cascata e Antônio Almeida, com participação do grupo Os Namorados da Lua; “Pedras Dispersas”, de J. Cascata e Leonel Azevedo; “Amigo Leal”, de Benedito Lacerda e Aldo Cabral; “Caprichos do Destino”, de Pedro Caetano e Claudionor Cruz; “Moreninha”, de Bororó, e “A Última Canção”, de Guilherme Augusto Pereira.
Em 1993, foram lançados dois CDs com gravações suas, “Linda flor que morreu – Orlando Silva e Gilberto Alves” e “Canção do amor que lhe dou”. No ano seguinte, foram lançados mais dois CDs com gravações suas, “Jornal de ontem – Orlando Silva e Odete Amaral” e “Quero beijar-te ainda”. Em 1995, a BMG lançou caixa com três CDs, “Orlando Silva, o cantor das multidões”, com gravações originais de 1935 a 1942.
Em 2001, a EMI lançou a série “Cantores do Rádio” na qual aparece no volume 1 sua gravação de “Eu chorarei amanhã”. Em 2002, a BMG relançou em CD o LP “Sempre sucesso”,coletânea lançada 40 anos antes. Em 2004, foi homenageado com o espetáculo “Orlando Silva, o cantor das multidões”, com direção de Antonio de Bonis sobre pesquisa de Jonas Vieira que assina o texto com Cláudia Valença. No espetáculo apresentado na Sala Baden Powel e em lonas culturais no Rio deJaneiro, o cantor é interpretado pelo ator Tuca Andrade que interpreta 16 canções que marcaram a trajetória artística do “Cantor das multidões”, um dos quatro grandes cantores da chamada “Era do Rádio”. Ainda em 2004, o pesquisador Jonas Vieira relançou ampliada e revista, sua biografia sobre o cantor, agora prefacida por R. C. Albin. Também no mesmo ano, recebeu homenagem do cantor Zé Ranato, em espetáculo realizado no Teatro Rival BR, interpretando canções consagradas pelo “Cantor das Multidões”. Em 2005, por ocasião do aniversário dos seus 90 anos de nascimento foi homenageado com um programa especial na Rádio Nacional do Rio de Janeiro quando seus maiores sucessos foram interpretados por nomes como Roberto Silva, Marcos Sacramento e Paulo Marquez. Em 2008, o Jornal do Brasil, dentro da sessão “Hoje na História” relembrou os 30 anos de sua morte apresentando a manchete com a qual na época foi anunciada a morte do artista: “Coração silencia o cantor das multidões”. Em 2015, por conta do centenário de nascimento do cantor, o Presidente do Instituto Cultural Cravo Albin, usando de suas atribuições legais e devidamente aprovado pelo Conselho Diretor, resolveu criar o Comitê Orlando Silva-100 anos, integrado pelas pessoas relacionadas (por ordem alfabética), admiradores públicos do grande intérprete do Brasil: Caetano Velloso/Jairo Severiano/
Jonas Vieira (coordenador do comitê)/José Serra/J. R. Tinhorão/Leonardo Lichotte/Martinho da Vila/Paulo Bartollo/Ricardo Cravo Albin/Ruy Castro/Sergio Fortes/Simon Khoury/Tarik de Sousa/Villar Franco e
Zuza Homen de Mello. Coube ao Comitê definir a programação e as atividades para homenagear a memória de Orlando Silva, realçando-se a sua importância e perenidade na cultura musical do Rio e do Brasil. O comitê se reuniu na sede do Instituto Cultural Cravo Albin (ICCA) em dias e horas estabelecidos pelo coordenador e pelo ICCA, com qualquer número de seus participantes que fossem superior a três integrantes. Também por conta do centenário de nascimento do “Cantor das Multidões”, a Presidência do Instituto Cultural cravo Albin instituiu uma carta destinada aos “orlandófilos” nos seguintes termos: “Meu caro X , como o divino Orlando Silva faz neste 2015 cem anos de nascimento e como sabemos que as memórias que merecem ser louvadas neste país vão para debaixo dos tapetes da mais olímpica indiferença, o nosso Instituto Cultural resolveu atender a um grupo de três orlandófilos [liderados por Jonas Viera, autor de biografia dele] e criar um comitê de honra para lhe celebrar o centenário. Pesquisa daqui, busca dacolá para lembrar nomes de devotos públicos de Orlando, de imediato nos acudiu seu nome, o de José Serra[ que ficava ao lado de Artur da Távola, em saraus de toda uma noite em torno de toca-discos, a ouvir todas as gravações dele feitas entre 1936 a 1945 ], bem como os de João Gilberto, Zuza Homem de Mello, J R Tinhorão, para dar sustentação pública – e apenas isso, sem qualquer obrigatoriedade de nada, muito menos de presença – aos eventos possíveis. Dos citados acima , só João não deu resposta . Os eventos se resumirão a conclamar emissoras de rádio , TV e mecanismos de redes sociais. Além de solicitar ao Prefeito do Rio , cidade onde nasceu , cresceu e se fez o maior cantor do Brasil , que conceda a ele um título , ou medalha de essência, in memoriam. Se por acaso não lhe interessar , ou não puder constar seu nome dessa iniciativa honorifica , e – é claro sem qualquer finalidade comercial [ longe disso ], fique certo de que não só entendo de antemão como também justificarei sua impossibilidade com a maior simpatia.” Em 2015, por ocasião das comemorações do centenário de seu nascimento, em 3 de Outubro, recebeu em sessão solene intitulada “O Cantor das Multidões”, na Plenária Barbosa Lima Sobrinho, na Câmara dos Deputados do Rio de Janeiro, a Medalha Tiradentes “Post-Mortem”. No dia em que completaria 100 anos de nascimento foi aberta uma exposição sobre sua vida e obra no Instituto Cultural Cravo Abin. Na ocasião, o cantor Wilar Santos interpretou os principais sucessos do “Cantor das Multidões”. Também em função do seu centenário, o cantor Márcio Gomes apresentou na casa de espetáculos Imperator, no bairro carioca do Méier, o espetáculo “Orlando, um gênio do subúrbio para o Brasil”. A ABL também o homenageou em setembro com o recital “A Voz do Brasil”, apresentado por Ricardo Cravo Albin e de que participaram Monarco, Márcio Gomes, Marco Sacramento e Vilar Franco. A Academia registrou que o espetáculo recebeu o maior número de pessoas em seu teatro R. Magalhães Jr, com cerca de 50 pessoas em pé nas laterais.
(Com Sílvio Caldas e Cyro Monteiro)
(Com Gaúcho)
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A voz podia não ter a limpidez, a extensão e até a beleza da de Francisco Alves. A bossa e a clareza da dicção de um Sílvio Caldas também provavelmente o superava. Mário Reis, com sua graça, suas divisões inventivas e o esperto uso da voz pequena totalmente adequada aos microfones foi, possivelmente, mais influente. Mas o fato é que, com todas as características acima combinadas, Orlando Silva foi o maior cantor brasileiro de seu tempo e, até hoje, é o mais lembrado como a voz que estabeleceu definitivamente uma forma brasileira e moderna de se cantar. Não é à toa que João Gilberto, o cantor que pouco mais de 20 anos depois revolucionaria tal modo de cantar, atribui a Orlando a sua paternidade vocal e estética.
Há, contudo, dois Orlandos: o dos anos de ouro, de 1936 a 1942, o perfeito, o Cantor das Multidões, o de repertório impecável e performances idem, registrados em 78 rpm pela gravadora Victor (hoje BMG); e há o Orlando posterior, já afetado pelo consumo de drogas, por um processo de decadência profissional e pessoal que o faz quase uma caricatura de si mesmo. (Abre-se o parênteses para esclarecer a quem ouvir o tal Orlando decadente: mesmo assim tratava-se de um fora de série, que perdia apenas para o grande Orlando do auge).
Orlando Silva ia bem nos sambas fornecidos pelos melhores da época: Noel Rosa (“Pela primeira vez”, “A dama do cabaré”), Bide e Marçal (“A primeira vez”), J. Cascata e Leonel Azevedo (“Juramento falso”), Claudionor Cruz e Pedro Caetano (“A felicidade perdeu seu endereço”), Dunga (“Chora cavaquinho”), entre tantos outros. Caracterizava-se pela emissão perfeita, a respiração, a bossa, a segurança nas divisões rítmicas. Ia igualmente bem nas valsas e canções, na brejeirice de um “Mágoas de caboclo” à modernidade de um “Nada além”. A voz não empostada (como era o padrão na época), sem que a beleza das melodias se perdesse, tornava Orlando imbatível no gênero.
A partir do sumiço de 1942, Orlando passou o resto da vida se repetindo. Não importava: o gênio já estava estabelecido nos mais importantes seis anos da história do canto popular brasileiro.
Hugo Sukman