
Soprano. Violonista.
Sua iniciação musical foi feita pela mãe. Em 1920, a família transferiu-se para Salvador.
Três anos mais tarde, estabeleceram-se no Rio de Janeiro, num casarão situado na Rua das Laranjeiras. Posteriormente, em 1927, teve aulas de violão com Patrício Teixeira. Em 1929, passou a estudar sob a orientação do compositor Lorenzo Fernandez, com quem teve aulas de teoria, harmonia e composição. Em 1932, ingressou no Instituto Nacional de Música, estudando sob a orientação de Lorenzo Fernandez. Concluiu o curso rapidamente, diplomando-se no ano seguinte. Passou então a tomar aulas de canto com Riva Pasternak e Gabriella Bezansoni.
Casou-se com o poeta Gaspar Coelho.
Na velhice, passou a viver em um apartamento na Rua das Laranjeiras, num prédio construído no lugar do casarão onde morou com sua família décadas atrás.
Em 1928, Patrício Teixeira a levou para a Rádio Clube do Brasil. No ano seguinte, realizou sua primeira gravação para a Odeon, registrando a embolada “A mosca na moça”, de motivo popular e o samba do norte “Sá querida”, de Celeste Leal Borges. Nessas gravações foi acompanhada pelos violões de Patrício Teixeira e Rogério Guimarães. Em 1930, lançou mais três discos pela Odeon dos quais se destacam os motivos populares “Puntinho branco”, com versos de Olegário Mariano, “Morena”, com versos de Guerra Junqueiro e a canção “Vestidinho novo”, de Joubert de Carvalho.
Em 1935, assinou contrato de exclusividade com a Rádio Tupi do Rio de Janeiro e São Paulo. No mesmo ano, apresentou-se com grande sucesso em Buenos Aires na Argentina quando da visita do Presidente Vargas aquele país. No ano seguinte, gravou 7 discos na Victor (14 músicas), entre as quais adaptações de canções tradicionais – tipo de trabalho que caracterizaria sua carreira artística, como a modinha “Róseas flores” e o lundu “Virgem do rosário” além da canção “Luar do sertão”, de João Pernambuco e Catulo da Paixão Cearense e a modinha “Gandoleiro do amor”, de motivo popular com versos de Castro Alves. Gravou ainda com Pedro Vargas o lamento “Canto de expatriação”, de Humberto Porto e o acalanto “Boi, boi, boi”, de motivo popular com adaptação de Georgina Erisman. Ainda no mesmo ano, foi indicada pelo governo Vargas como Embaixatriz do Brasil no Congresso Internacional de Folclore realizado em Berlim na Alemanha.
Em 1937, partiu para Europa, onde teve aulas de canto com Rosner. Em 1938, de volta da excursão à Europa fez apresentação no Teatro cassino em Copacabana e em seguida seguiu para a Bahia onde foi homenageada. Ainda em 1938, lançou mais um disco na Victor com o registro da modinha “Mulata” tema popular com versos de Gonçalves Crespo e a macumba “Estrela do céu”, uma adaptação sua de um motivo popular. Em 1939, apresentou-se em Lisboa, empreendendo em seguida uma turnê pela Austrália, Nova Zelândia e África do Sul. Em 1942 gravou na Victor o coco “Meu limão meu limoeiro”, do folclore brasileiro e a modinha “Quando meu peito…”, de domínio público.
Em 1944, conheceu o violonista espanhol Andres Segovia (1893-1987) com quem passou a viver. Segovia lhe dedicou várias transcrições e arranjos para canto e violão. Passou desde então a residir em Nova York e empreendeu uma vitoriosa carreira artística internacional. Freqüentou a elite musical européia tendo sido apresentada na França pelo compositor Darius Milhaud, na Itália por Mario Castelnuovo-Tedesco, em Estocolmo por Segóvia e em Nova York por Sergey Koussevitzky e Aaron Copland. Vários compositores lhe dedicaram obras e transcrições para voz e violão, destacando-se no conjunto dessas a da “Bachianas nº 5” de Villa Lobos (original para oito violoncelos), feita especialmente para ela, que contava com o apoio da esposa de Villa Lobos, Dª Mindinha, para convencê-lo a tal empreendimento. A obra foi estreada com enorme sucesso em concerto no Town Hall em Nova York, contando com a presença de Segóvia e Villa-Lobos na platéia.
Em 1956, jornais de várias nacionalidades destacaram a beleza de sua arte. Para o “Le Figaro”, ela possuía “uma bela voz, uma extraordinária musicalidade a serviço de um repertório único”. No “New York Times” recebeu crítica do famoso musicólogo americano Olin Downes, dizendo que “cantando Villa-Lobos, o legendário pássaro uirapuru brasileiro, Olga também toca seus acompanhamentos de guitarra com a maestria que aprendeu de Segovia. Um alcance extraordinário de voz e de repertório. A maior folclorista que este crítico já encontrou”.
Dos discos que gravou nos Estados Unidos, na Europa e no Brasil foi feito um CD não-vendável para fins de pesquisa com 33 faixas copiadas diretamente de discos de 78 rpm e LPs pelo pesquisador Paulo César de Andrade.
AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.
MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.
MARIZ, Vasco. A canção brasileira. Rio de Janeiro: MEC, 1956.
VASCONCELOS, Ary. Panorama da música popular brasileira. Rio de Janeiro: Martins, 1965.