2.001
Nome Artístico
Oduvaldo Vianna Filho
Nome verdadeiro
Oduvaldo Vianna Filho
Data de nascimento
4/6/1936
Local de nascimento
Rio de Janeiro, RJ
Data de morte
16/7/1974
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Compositor. Dramaturgo. Ator.

Conhecido também pelo apelido de Vianinha. Filho do dramaturgo Oduvaldo Vianna e de Deuscélia Vianna. Ao lado de Gianfrancesco Guarnieri e Augusto Boal foi um dos principais nomes do Teatro de Arena, em São Paulo, no final da década de 1950 e também participou da fundação do Centro Popular de Cultura (CPC) e do Grupo Opinião, no Rio de Janeiro, na década de 1960. Aos dois anos de idade participou das filmagens de “Alegria”, dirigido por seu pai. Dos três aos cinco anos, morou com a família em Buenos Aires, na Argentina. Aos dez anos, começou a escrever sua primeira história, abandonada ainda no segundo capítulo. Morando em São Paulo, matriculou-se na Faculdade de Arquitetura da Universidade Mackenzie, em 1953, mas interromperia o curso antes de se formar. Em 1955, estreou como ator, depois de integrar o Teatro Paulista do Estudante, sob a dieção de Ruggero Jacobbi. Seu pai fora anteriormente casado com a atriz e cantora Abigail Maia, com quem teve duas filhas. Tinha oficialmente o mesmo nome do pai que se esqueceu de acrescentar a palavra filho na hora de registrá-lo no cartório. A semelhança dos nomes faria com que na década de 1960, durante a ditadura militar, seu pai fosse detido para interrogatório por engano, pois era Vianinha, então tido como autor subversivo, que os agentes da repressão queriam interrogar. Casou-se pela primeira vez, aos 21 anos, com a atriz e jornalista Vera Gertel (sua companheira no Teatro de Arena), com quem teve o filho Vinicius Vianna, que se tornaria mais tarde escritor e roteirista. De seu segundo casamento, com Maria Lúcia Marins, em 1970, nasceram Pedro Ivo e Mariana. Em 1972, ao fazer uma abreugrafia para ser contratado como roteirista pela TV Globo, constatou estar com câncer, mal do qual viria a morrer dois anos depois, dias após terminar no hospital sua última peça, “Rasga Coração”, que permaneceria censurada por cinco anos. Ao todo, escreveu cerca de 17 peças, além de roteiros para a televisão, destacando-se, no teatro, “Chapetuba Futebol Clube”, “Moço em Estado de Sítio”, “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come” (c/ Ferreira Gullar), “Papa Higuirte”, “A Longa Noite de Cristal”, “Corpo a Corpo” e “Rasga Coração”. Na televisão, as estórias “O Matador”, “O Morto do Encantado”, a adaptação de “Medéia”, de Eurípedes, e episódios da série “A Grande Família” estão entre as principais realizações de Vianinha. Para o cinema, escreveu o roteiro de “O casal”, filmado por Daniel Filho, em 1975, com José Wilker e Sônia Bgraga à frente do elenco.

Dados artísticos

Como letrista, suas principais contribuições foram em parceria com Carlos Lyra, Edu Lobo, Francis Hime e David Tygel.

Em 1960, escreveu a peça “A mais valia vai acabar, seu Edgar”, para a qual compôs com Carlos Lyra as canções “A paga”, “Canção da farinha”, “Valsa do Feliz”, “Hei de vencer”, “Gingle do Velostec” e “O melhor, mais bonito é morrer”. A peça foi encenada no Teatro de Arena da Faculdade Nacional de Arquitetura (RJ), com direção de Francisco de Assis e inserções de filmes especilamente selecionados pelo cineasta Leon Hirszman. O espetáculo marcou a fundação do Centro Popular de Cultura (CPC), que mais tarde iria vincular suas ações de uma arte para o povo à União Nacional dos Estudantes.

Escreveu a peça “Os Azeredos mais os Benevides”, que recebeu trilha sonora de Edu Lobo, programada para inaugurar, em 1964, o teatro do Centro Popular de Cultura, no prédio da União Nacional dos Estudantes (UNE), na Praia do Flamengo (RJ). Com o incêndio do prédio, liderado por anticomunistas durante o golpe militar, em 1 de abril de 1964, a peça permaneceu inédita, sendo a canção “Chegança” gravada por Edu Lobo e também por Elis Regina, alcançando relativo sucesso na época.

Escreveu com Paulo Pontes e Armando Costa o roteiro para o show “Opinião”, que estreou em fins de 1964, no Rio de Janeiro, com Nara Leão, Zé Kéti e João do Vale. O espetáculo tornou-se um marco da resistência cultural à ditadura militar e foi responsável pelo lançamento de Maria Bethânia, chamada da Bahia para substituir Nara Leão, e que se consagrou com a interpretação da canção “Carcará”, de João do Vale. O show gerou o Grupo Opinião.

Em 1965, participou como ator, ao lado de Paulo Autran, Odete Lara e Nara Leão, da peça “Liberdade, Liberdade”, escrita por Millor Fernandes e Flávio Rangel e dirigido por este último. Nesse mesmo ano, escreveu com Teresa Aragão, então casada com o poeta Ferreira Gullar (que com ele escreveria “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”), o roteiro de “Teleco-Teco Opus 1”, show com Ciro Monteiro e Dilermando Pinheiro, que rememorava antigos sucessos da famosa dupla de sambistas.

Com Francis Hime, compôs a canção “Ave-Maria”, gravada pelo parceiro no LP “Passaredo”, em 1977.

A parceria com David Tygel seria póstuma. Convidado a fazer a trilha sonora da peça “Papa Higuirte”, escrita por Vianinha em 1968 e somente liberada pela censura em 1979, o músico e vocalista de importantes grupos como Momentoquatro e Boca Livre, musicou as letras escritas pelo autor especialmente para a peça, destacando-se “Minha Terra”, gravada pelo Boca Livre em seu LP de estréia, ainda em 1979. No mesmo ano, o Prêmio Moliere, então anualmente concedido pela Air France aos melhores do teatro brasileiro, foi pela primeira vez concedido postumamente a um autor, Oduvaldo Vianna Filho, pelas peças “Rasga Coração” e “Papa Higuirte”. “Rasga Coração”, aliás, é título extraído do famoso choro de Anacleto de Medeiros e Catulo da Paixão Cearense.

Após sua morte, foram localizadas duas importantes peças que se encontravam ainda inéditas: “Moço em Estado de Sítio” e “Mão na Luva”. A primeira, escrita em 1965, foi encenada sob direção de Aderbal Freire Filho, em 1981, dando o segundo Moliere póstumo a Vianinha. Inicialmente intitulada “Corpo a Corpo”, título depois usado pelo autor para um monólogo escrito em 1970, “Mão na Luva”, de 1966, só seria encenada em 1986, também sob a direção de Aderbal Freire Filho, tendo Marco Naninni e Juliana Carneiro da Cunha no elenco. Em 1998, Dudu Sandroni e Helena Varvac a encenariam novamente. Amir Haddad faria uma nova montagem, com os atores Pedro Cardoso e Maria Padilha, em 2001.

Tendo, ainda na década de 1960, começado a escrever para a televisão, Vianinha faria, em 1972, a adaptação da tragédia grega “Medéia”, de Eurípedes, interpretada por Fernanda Montenegro. A idéia serviria de base para que Chico Buarque e Paulo Pontes escrevessem, em 1975, “Gota d´Água”, encenada com grande êxito nos palcos brasileiros por Bibi Ferreira. A comédia “A Grande Família”, um dos programas de televisão para o qual Vianinha escreveu ao lado de Paulo Pontes e Armando Costa, na década de 1970, voltaria a ser apresentada, em nova versão, pela TV Globo, em 2001.

Obras
A Paga (c/ Carlos Lyra)
Ave-Maria (c/ Francis Hime)
Canção da Farinha (c/ Carlos Lyra)
Chegança (c/ Edu Lobo)
Gingle do Velostec (c/ Carlos Lyra)
Hei de Vencer (c/ Carlos Lyra)
Minha Terra (c/ David Tygel)
O melhor, mais bonito é morrer (c/ Carlos Lyra)
Valsa do Feliz (c/ Carlos Lyra)
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.