Cantor. Compositor. Instrumentista.
Começou a compor aos 15 anos de idade para a Escola de Samba Unidos do Catete, vencedora do carnaval com o samba-enredo “O Grito do Ipiranga”, sua primeira nota dez. Permaneceu na Ala dos Compositores desta escola por mais três anos.
O pai, o professor de violão Ernesto Domingos de Araújo, não o incentivou a seguir a carreira artística, preocupado com o futuro financeiro do filho.
Morou em São Cristóvão, onde conheceu a sua futura esposa, Conceição, musa de suas músicas românticas, como ele próprio faz questão de ressaltar.
Ex-militante do PCB, ex-feirante, também produtor musical da gravadora RCA Victor.
Estudou violão e teoria musical na Ordem dos Músicos do Rio de Janeiro.
Em 2004 apresentou um programa de samba na Rádio Viva Rio, no Rio de Janeiro, logo depois extinto.
Seu filho, Noquinha da Caprichosos, segue os passos do pai como compositor de sucesso.
No ano de 2006, a convite da então governadora Rosinha Mateus Garotinho, assumiu a Secretaria da Cultura do Estado, tendo como um de seus assessores o parceiro e também músico Riko Dorileo.
Em 1958, atuou, como cantor e compositor, no Trio Tropical, com o qual viajou por Minas Gerais, Pernambuco e Bahia. Nesta época, participou da fundação da Escola de Samba Paraíso do Tuiuti, do bairro de São Cristóvão. Para esta escola, compôs diversos sambas-enredo vencedores em seus concursos, dentre eles “Apoteose da Academia Militar das Agulhas Negras”, “Os Imortais da MPB”, gravado por ele mesmo na RCA Victor, “Rio, carnaval e batucada” e “Vida e Obra de Cecília Meirelles”, gravado por Jamelão pela Continental.
No ano de 1966, Paulinho da Viola o convidou para atuar como violonista no show “Carnaval para principiantes”, no Teatro Opinião e, mais tarde, levou-o para o Grêmio Recreativo e Escola de Samba Portela. Daí em diante, ficaria conhecido como Noca da Portela. Ingressou na Ala dos Compositores formando o Trio ABC da Portela com Picolino e Colombo, dois sambistas, também, pertencentes à mesma ala. O trio apresentou-se em festivais e shows por todo o país. De acordo com as palavras do próprio Noca, “O samba é o meu passaporte”. O trio inscreveu duas composições no “II Concurso de Música de Carnaval”, organizado por Ricardo Cravo Albin, então presidente do Conselho Superior de MPB, do MIS. A primeira composição foi “Portela Querida”, defendida por Elza Soares, que a gravou com sucesso na Odeon, e a segunda foi “É bom assim”, interpretada pelo cantor Gasolina. Participou também do grupo de samba Os Autênticos, entre os anos de 1966 e 1968, integrado ainda por Mauro Duarte, Adélcio Carvalho, Eli Campos e Walter Alfaiate.
Em 1969, classificou-se em 1º lugar no “Concurso de Carnaval”, do Teatro Municipal de São Paulo, com a música “Chorei, sofri, penei”.
Compôs em 1971 “Festa do arraiá”, em parceria com Jackson do Pandeiro.
Em 1976, ganhou o samba-enredo da Portela com “O Homem de Pacoval”. Ainda neste mesmo ano, Beth Carvalho, no LP “Mundo melhor”, gravou “Meu escudo” (c/ Délcio Carvalho).
Compôs, com Martinho da Vila, “Nem a lua” (1978) e, com Nélson Gonçalves, “Aos pés do altar”.
Em 1980, participou do disco “Canto de um povo”, de Délcio Carvalho, no qual interpretou, com o anfitrião, duas faixas: “Ausência” (Délcio Carvalho, Noca da Portela e Barboza da Silva) e “Farinha pouca”, em parceria com Zé do Maranhão e Délcio Carvalho.
No ano de 1982, em parceria com seu filho Noquinha (Gilmar Vilela Pereira, usando pseudônimo Gilpert), compôs o samba “Virada”, interpretado por Beth Carvalho.
Em 1985, a Portela venceu o carnaval com o seu samba-enredo “Recordar é viver”.
Alcione, em 1986, gravou “Vendaval da vida”, de sua autoria em parceria com Délcio Carvalho.
Em 1989, ao lado de Luiz Carlos da Vila, fez o show “Retratos de Bamba”, na Sala Funarte Sidney Miller, com roteiro e direção de Ricardo Cravo Albin, marcando o fechamento do célebre teatro, por quase três anos (período Collor de Mello). Neste mesmo ano, Dominguinhos do Estácio gravou, no LP “Gosto de Festa”, a música “Cena Final” (c/ Toninho Nascimento).
Lançou o CD “Brasilidade”, pela gravadora Fama, em 1990. O disco contou com a participação de Roberto Serrão em três faixas, além de gravar outras duas composições de Roberto Serrão em parceria com Guilherme Nascimento.
Em 1995, ganhou o primeiro “Estandarte de Ouro” com o samba “Gosto que me enrosco”. Neste mesmo ano, Maria Bethânia gravou “Ilumina”. No ano seguinte, lançou, com Roberto Serrão, o disco “Manda me chamar”, pela gravadora Leblon Records.
Fundou, em 1997, a Casa de Noca, inicialmente no bairro da Gávea e depois assumindo um papel itinerante, passando por Ipanema e Praça XV, mas sempre mantendo a proposta de casa noturna de resgate cultural, como ele mesmo define.
No mesmo ano de 1997, Luiz Carlos da Vila gravou uma de suas composições e Paulinho da Viola gravou “Peregrino”. No ano seguinte, começou um programa na Rádio 94 FM, “Casa do Noca”, que se propôs à divulgação do samba de raiz, além de entrevistas com compositores novos e antigos. Neste mesmo ano, gravou, pelo Selo Bahamas, o CD “Samba verdadeiro”. Para a sua festa de 65 anos de idade e 50 de carreira artística, fez um show na Casa de Noca, na Gávea, no qual participaram diversos parceiros e amigos, entre os quais Nelson Sargento, Zé Kéti, Délcio Carvalho e Guilherme de Brito.
Em 1998, ganhou o segundo “Estandarte de Ouro” com o samba-enredo “Os olhos da noite”. Ainda neste ano conseguiu o segundo lugar com este mesmo samba na cotação dos melhores sambas-enredo de 1998, de acordo com a votação de um júri promovido pelo “Jornal O Dia”, no qual estavam presentes Ricardo Cravo Albin, Mauro Ferreira, Cláudio Vieira e Roberto Moura, cabendo o primeiro lugar ao samba-enredo “Negra origem, negro Pelé e negra Bené”, de Noquinha da Caprichosos, Zé Carlos, Sagra, Flávio Quintino, Cidinho e JB.
Em 1999, ganhou mais um “Estandarte de Ouro” com o samba “Pelos caminhos de Minas Gerais”.
No ano 2000, com Monarco, Paulinho da Viola, João Nogueira, Cristina Buarque, Simone Moreno, Wilson Moreira, Eliane Faria e Dorina, participou do disco “Ala dos Compositores da Portela”, no qual este grupo interpretou “Hino da Velha Guarda”, de autoria de Chico Santana. Neste mesmo ano, ao lado de Jorge Aragão, David Corrêa, Zédi e Baianinho, participou da festa de encerramento do século e do milênio, na Praia da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Em 2001, gravou seu depoimento para o Museu da Imagem e do Som, tendo como entrevistadores Ricardo Cravo Albin e Marília T. Barbosa, entre outros. Neste mesmo ano, comemorou 51 anos de carreira artística, recebendo Nelson Sargento e Monarco, entre outros convidados, na casa de shows Mistura Fina, no Rio de Janeiro.
Em janeiro de 2002, retirou-se da ala de compositores do bloco carnavalesco Simpatia é Quase Amor. Neste mesmo ano, foi lançado o livro “Velhas Histórias, memórias futuras” (Editora Uerj), de Eduardo Granja Coutinho, livro no qual o autor faz várias referências ao compositor.
Em 2003, lançou o disco “51 anos de samba”, disco no qual interpretou alguns de seus maiores sucessos: “Portela querida” (c/ Picolino e Colombo), “É preciso muito amor” (c/ Tião da Miracema), “Vendaval” (c/ Délcio Carvalho), “Dinheiro vem, dinheiro vai” (c/ Vovó Ziza), “Alegria continua” (c/ Mauro Duarte); “Choverando” e “Lição”, ambas em parceria com o poeta Sérgio Fonseca; “Ausência” (c/ Délcio Carvalho e Barbosa Silva) e “Mãos dadas” (c/ Daniel Santos), entre outras, além de contar também com a participação especial da Velha-Guarda da Portela. O disco foi lançado na festa de seu aniversário de 70 anos, em show no MIS (Museu da Imagem e do Som), no Rio de Janeiro. Na ocasião, recebeu diversos convidados, entre eles, Martinho da Vila, Eliane Faria, Délcio Carvalho, Nelson Sargento, Walter Alfaiate, Dorina, Velha Guarda da Mangueira, Toninho Gerais e Velha Guarda do Salgueiro. Apresentou no Teatro Rival BR, no Rio de Janeiro, o show “51 anos de excelência no samba”, que contou com a participação de seu neto Diogo (18 anos) tocando banjo e cavaquinho. Neste mesmo ano, Walter Alfaiate lançou o CD “Samba na medida” (gravadora CPC-Umes), disco no qual incluiu “Isso um dia tem que se acabar” (c/ Mauro Duarte) e Alcione, no disco “Alcione ao vivo 2”, regravou, de sua autoria, “Vendaval da vida” (c/ Délcio Carvalho). Lançou o CD “51 anos de samba”, em vários espaços culturais do Rio de Janeiro. Ainda em 2003, sua composição “Libertação”, em parceria com Rico Doriléo, foi classificada em 3º lugar no “Festival Fábrica do Samba”, apresentado-se no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro.
No ano de 2004, lançou em parceria com Roberto Medronho o CD “Samba, saúde & simpatia”, disco no qual foram contempladas algumas parcerias da dupla, principalmente os sambas compostos para blocos carnavalescos do Rio de Janeiro. Produzido pelo percussionista Darcy Maravilha, o CD contou com várias participações especiais: Dorina em “Sinfonia inacaba”; Dudu Nobre em “Minerva assanhada”; Eliane Faria interpretando “Saideira triunfal”; Luiz Carlos da Vila na faixa “O samba está sorrindo”; Roberto Serrão cantando “Deixa Falar” e “Dois Pra Lá, Dois Pra Cá”; Nélson Sargento em dueto com Dorina interpretando “O Tom do meu lugar”; Riko Dorileo nas faixas “Leila, amor e liberdade” e “De braços com a folia”, a dupla Darcy da Mangueira e Darcy Maravilha em “Voltar pra quê?”. Ainda no CD interpertou em dupla com Roberto Medronho as faixas “De bar em bar” e “Parece que é”. Registrou também com sua voz, no mesmo CD, as composições “Sou Simpatia” e “Nos braços do povo”. O disco ainda contou com capa e ilustrações do cartunista Lan. Neste mesmo ano inaugurou parceria com o letrista e acadêmico Arnaldo Niskier, com quem compôs “Hino da cultura”.
Em 2005, ao lado de de outros convidados como Walter Alfaiate, Toninho Gerais, Luiz Carlos da Vila, Rico Doriléu, Darcy da Mangueira e Roberto Serrão, foi um dos convidados de Chico Salles no “Projeto sambando no forró”, apresentado no Espaço Armazém Enseada, no Rio de Janeiro. Neste mesmo ano classificou em sétimo lugar a composição “Portela meu amor”, parceria com Joel Menezes, no “Festival de Samba de Terreiro da Portela”.
Em 2010 classificou em segundo lugar o samba “Capital do amor” (Noca da Portela e Riko Dorilêo) no “2º Concurso Samba de Quadra – Troféu Jamelão”. Com direção artística de Haroldo Costa, direção musical de Ruy Quaresma e direção geral e produção executiva de Paulo Roberto Direito a finalissíma aconteceu em show no Circo Voador, no Rio de Janeiro, contando com shows de Jorge Aragão, Banda de Ipanema, Ivo Meirelles e Niltinho Tristeza. O samba vencedor foi “Luiz, Luz da Vila”, dos compositores Espanhol e Sylvio Paulo, uma homenagem ao compositor Luiz Carlos da Vila. O júri, presidido por Ricardo Cravo Albin, ainda premiou em terceiro lugar “Esqueça de mim” (Monarco, Mauro Diniz e Marquinho Diniz).
Em 2011 participou do programa de auditório “Agora no Ar!”, escrito, dirigido e apresentado por Ricardo Cravo Albin na rádio Roquette-Pinto FM, no qual deu depoimento sobre a carreira artística e apresentou os seus maiores sucessos, como “Portela querida”, “Mil Réis”, “Vendaval da vida”, “Opção”, “Ilumina”, “Virada”, “Caciqueando”, “Peregrino”, “É preciso muito amor” e “Miserê”, acompanhado dos músicos Diogo Pereira (cavaquinho), Wellington Boaventura (surdo), Jorge Roberto (pandeiro), Vitor Budoia (violão) e Rafael Aleixo (tantan). Nesse mesmo ano foi homenageado pelo Jornal Capital Cultural com o Troféu de “Melhor Show de 2010” realizado na casa Mistura Carioca, na Lapa. Nesse mesmo ano lançou o CD “Cor da Minha Raça”, que contou com 12 faixas dentre as quais “Alegria continua” (Mauro Duarte e Noca da Portela), “Anjo da guarda” (Darcy Maravilha e Noca da Portela), “Bicho manso e bicho mau” (Edinho e Noca da Portela), “Cor da minha raça” (Noca da Portela e Toninho Nascimento), “Eu sou de lá” (Noca da Portela e Toninho Nascimento), “Gabiroba” (Noca da Portela e Riko Dorilêo), “Ilumina” (Noca da Portela e Toninho Nascimento), “Mil réis” (Candeia e Noca da Portela), “Miserê – Eterno presidente” (Noca da Portela), “Peregrino” (Noca da Portela e Toninho Nascimento), “Silêncio de um cuiqueiro” (Joel Menezes e Noca da Portela) e “Vai meu samba” (Noca da Portela e Sergio Fonseca). Produzido pelo maestro Rildo Hora, o disco contou com um texto de apresentação escrito pelo musicólogo e pesquisador Ricardo Cravo Albin.
Constam entre seus vários intérpretes: Grupo Fundo de Quintal (Caciqueando), Eliane Machado, Elza Soares, Beth Carvalho (Cacique de Ramos), Os Originais do Samba, Jorginho do Império, Os Partideiros do Plá, Ana Clara (a primeira intérprete de Ilumina), Paulinho da Viola (Peregrino), Neguinho da Beija-Flor (Festejo), Roberto Ribeiro (Flor mulher), Bezerra da Silva (Eu sou favela), Chico da Silva, Bezerra da Silva, Maria Bethânia (Ilumina), Almir Guineto, Silvinho do Pandeiro, Leci Brandão, Agepê, Candeia, Nara Leão, Antonio Carlos e Jocafi, Martinho da Vila (Mistura de raças), Ataulpho Alves Júnior (Isto tem que acabar), Eliana Pittman (Capital do samba), MPB-4 (Condição), Sônia Lemos (A queda) e Clara Nunes em “Última morada”.
Em 2012 compôs, em parceria com Sérgio Fonseca, o samba “Um samba para Oscar”, em homenagem ao arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer, seu antigo companheiro de militância no Partido Comunista Brasileiro (PCB), que havia falecido há poucos dias.
Em 2017 lançou o CD “Homenagens”, que incluiu músicas inéditas e autorais, dentre as quais “Basta papai”, em parceria com Dona Ivone Lara. A produção e arranjos do disco recebeu a assinatura de Mauro Diniz, e a apresentação foi escrita por Martinho da Vila.
Em 2023 apresentou na casa de shows Imperator, no Rio de Janeiro, show em comemoração aos seus 90 anos de idade, em que recebeu como convidados os cantores, Dudu, Nobre, Moacyr Luz, Péricles e a Velha Guarda da Portela.
Programa UERJ dá Samba - Radio UERJ
PODCAST
(c/ Roberto Medronho)
(vários)
(c/ Roberto Serrão)
(c/ Roberto Serrão)
(participação)
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