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Nome Artístico
Newton Mendonça
Nome verdadeiro
Newton Ferreira de Mendonça
Data de nascimento
14/2/1927
Local de nascimento
Rio de Janeiro, RJ
Data de morte
22/11/1960
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Compositor. Instrumentista (pianista, violonista e gaitista).

De 1933 a 1939, viveu em Porto Alegre, São Luiz, onde estudou violino, e Aquidauana (MS).

De volta ao Rio de Janeiro, inressou no Colégio Militar, onde ficou conhecido como “Newton Gaitinha”, por não se separar do instrumento. Aos 13 anos, iniciou seus estudos de piano clássico.

Em 1942, morando em Ipanema, onde tinha o apelido de “Semifusa”, conheceu Antônio Carlos Jobim, com quem compôs várias canções que viriam a se tornar clássicos da Bossa Nova.

Em 1947, apresentou-se tocando gaita no Clube Israelita Brasileiro (RJ), interpretando o Hino Nacional de Israel e “Aquarela do Brasil” (Ary Barroso).

Dados artísticos

Em 1950, iniciou sua carreira profissional, como pianista da Orquestra de Waldemar.

Dois anos depois, assinou contrato como pianista da boate Posto Cinco, revesando a função com Tom Jobim. Atuou também no French Can Can e na Casca (RJ). Ainda em 1952, teve sua primeira música gravada, “Você morreu pra mim” (c/ Fernando Lobo), em disco de Dora Lopes.

No ano seguinte, já conhecido em Ipanema como “Newton Maestro” ou “Maestro”, teve lançada, pelo cantor Mauricy Moura, sua canção “Incerteza”, primeira de sua parceria com Tom Jobim. Ainda em 1953, trabalhou como pianista nas boates Mocambo e Mandarim, nessa última revezando com Johnny Alf. Atuou, também, no Clube da Chave, no Clube 36 e no ClubeTatuís.

Em 1954, trabalhou na Boite do Joá, na boate Posto Cinco e no Clube da Chave. Também nesse ano, compôs o tema inicial do “Samba de uma nota só”.

Em 1955, integrou, ao piano, a Orquestra de Waldemar. Nesse mesmo ano, conheceu Cirene Domingues Neves, com quem viria a se casar. Também em 1955, Dalva de Oliveira gravou sua música “Castigo” (c/ Tom Jobim).

Em 1956, outras músicas de sua parceria com Tom Jobim foram gravadas: “Só saudade”, por Osny Silva e Cláudia Morena, “Foi a noite” e “Luar e batucada”, ambas por Sylvinha Telles. Ainda nesse ano, atuou como pianista nas casas noturnas Le Carroussel e Posto Cinco, no Hotel Miramar e na boate Ma Griffe, no Beco das Garrafas, nessa última acompanhando a cantora Célia Reis.

Em 1957, Sylvinha Telles gravou sua canção “Foi a noite” (c/ Tom Jobim).

No ano seguinte, João Gilberto registrou aquela que viria a ser considerada a canção-manifesto da bossa nova, “Desafinado”, de sua autoria e Tom Jobim.

Em 1959, foram gravadas mais duas composições de sua parceria com Tom Jobim: “Meditação”, por Isaurinha Garcia, e “Discussão”, por Sylvinha Telles. Em novembro mudou-se de Ipanema e no final do ano foi acometido de um enfarte.

Em 1960, sua canção “Brigas” (c/ Tom Jobim) foi registrada por Marisa Barroso. Nesse mesmo ano, João Gilberto lançou o LP “O amor, o sorriso e a flor”, contendo suas composições “Meditação”, “Samba de uma nota só”, “Discussão” e “Desafinado”, todas em parceria com Tom Jobim. Também em 1960, a cantora Geny Martins registrou sua canção “O tempo não desfaz”. Em junho desse mesmo ano, sofreu o segundo enfarte e ficou internado durante dez dias no HSE. Ainda em 1960, sua música “Seu amor, você” foi classificada em oitavo lugar no Festival do Rio/As dez mais lindas canções de amor, no Tijuca Tênis Clube, concorrendo com mais de mil canções. Nessa época, continuava atuando como pianista no Clube Carroussel.

Faleceu precocemente, no dia 22 de novembro de 1960, vitimado por um enfarte agudo do miocárdio. Doze dias depois, sua “Canção do pescador” venceu, na interpretação de Roberto Amaral, a Festa da Música Popular realizada em Guarujá (SP), sendo contemplada com o prêmio Noel de Ouro.

Deixou inéditas as canções “Sem você” e “Tristeza”, ambas com Tom Jobim, “Adeus, Chico Viola”, “Ana Maria”, “Ela é chave de cadeia”, “Ipanema”, “Nega maluca”, “Notícia de jornal (Maria da Conceição)”, “Palavras”, “Recordando”, “Vento Frio”, “Você é ou não é” e “Você voltou tarde demais”.

A partir de 2001, com o registro de sua biografia no livro “Caminhos cruzados – A vida e a música de Newton Mendonça”, de Marcelo Câmara, Jorge Mello e Rogério Guimarães, sua obra vem sendo reabilitada e reavaliada como um dos nomes decisivos da Bossa Nova.

Em 2002, foi lançado o CD “Caminhos cruzados – Cris Delano canta Newton Mendonça”, contendo suas composições “O mar apagou”, “Nuvem”, “Canção do pescador”, “Canção do azul”, “Verdadeiro azul”, “Seu amor, você” e “O tempo não desfaz”, além da canção “Você morreu pra mim”, de sua parceria com Fernando Lobo, e das músicas “Brigas”, “Só saudade”, “O domingo azul do mar”, “Incerteza”, “Teu castigo” e “Caminhos cruzados”, todas de sua parceria com Antonio Carlos Jobim. O disco teve concepção, pesquisa, produção executiva e textos assinados por Marcelo Câmara e contou com a participação de Cris Delano (voz), Roberto Menescal (produção artística, direção musical, arranjos, violão, guitarra e guitarra-midi), Flávio Mendes (arranjos de sopros), Adriano Sousa (piano e teclado), Adriano Giffoni (contrabaixo), Marcio Bahia (bateria e percussão) e outros.

Em 2003, o disco foi lançado comercialmente pela Nikita Music.

Em 2011, numa parceria do Instituto Cultural Cravo Albin com o selo Discobertas, foi lançado o box “100 Anos de Música Popular Brasileira”, contendo quatro CDs duplos, com áudio restaurado por Marcelo Fróes da coleção  de oito LPs da série homônima produzida por Ricardo Cravo Albin, em 1975, com gravações raras dos programas radiofônicos “MPB 100 ao vivo” realizadas no auditório da Rádio MEC, em 1974 e 1975. O compositor participou do volume 5 da caixa, com  sua canção “Desafinado” (c/ Tom Jobim), na voz de Alaíde Costa.

Discografias
[S/D] Copacabana LP Em cada amor uma canção
2003 Ilha Verde/Nikita Music CD Caminhos cruzados. Cris Delano canta Newton Mendonça

(Tributo:)

Obras
(c/ Tom Jobim) Brigas (Podes voltar)
Caminhos cruzados (c/ Tom Jobim)
Canção do azul
Canção do pescador
Desafinado (c/ Tom Jobim)
Discussão (c/ Tom Jobim)
Domingo azul do mar (c/ Tom Jobim)
Foi a noite (c/ Tom Jobim)
Incerteza (c/ Tom Jobim)
Luar e batucada (c/ Tom Jobim)
Meditação (c/ Tom Jobim)
Nuvem
O mar apagou
O tempo não desfaz
Perdido nos teus olhos (c/ Tom Jobim)
Quero você
Samba de uma nota só (c/ Tom Jobim)
Sem você (c/ Tom Jobim)
Seu amor, você
Só saudade (c/ Tom Jobim)
Teu castigo (c/ Tom Jobim)
Tristeza (c/ Tom Jobim)
Verdadeiro amor
Você morreu pra mim (c/ Fernando Lobo)
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.

COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.

CÂMARA, Marcelo, MELLO, Jorge e GUIMARÃES, Rogério: Caminhos cruzados – A vida e a música de Newton Mendonça. Rio de Janeiro: Editora Mauad, 2001.