Compositor. Escritor. Cantor. Letrista. Poeta. Ensaísta.
Filho de Eurydice de Mendoça Lopes (Dona de casa), e de Luiz Brás Lopes (pedreiro).
Nascido e criado no subúrbio carioca de Irajá.
Morou no Lins, Grajaú e Tijuca.
Aos sete anos já cantavas em festinhas da família.
Frequentou a Escola Técnica Visconde de Mauá de 1953 a 1957.
Mais tarde, em 1982, mudou-se para o bairro de Vila Isabel.
Foi semi-interno da Escola Técnica Visconde de Mauá, em Marechal Hermes, lugar onde tomou consciência de sua negritude, influenciado por Maurício Teodoro (do Salgueiro), Carlos da Rosa (da Serrinha), e Pinduca (do Catete).
Frequentou a casa de Maurício e de Tia Dina, onde se cantava muito samba e as tradições afro-brasileiras eram mantidas.
Integrou a Ala de Compositores e a Velha-Guarda do Salgueiro.
Publicou em 1963 poemas na “Antologia Novos Poetas” e mais tarde publicou textos na Revista Civilização Brasileira e no Jornal do Commércio.
Em 1975 foi contemplado com o prêmio “Fernando Chinaglia”, da U.B.E. (União Brasileira dos Escritores). Também foi considerado pelo crítico inglês David Brookshae como um melhores poetas da negritude no Brasil.
No ano de 1999 em uma entrevista para o Segundo Caderno do jornal O Globo, declarou:
“Deixei de ser mulatinho para ser negro, embora o processo estivesse longe da conscientização.”
Ingressou na Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil em 1962, depois UFRJ.
Depois da morte de seu pai, que não era muito a favor de que o filho cantasse e frequentasse as rodas de samba, assumiu definitivamente o seu lado sambista, desfilando pelo Salgueiro em 1963.
Em 1966 formou-se em Direito e Ciências Sociais, trabalhando na profissão até 1970 em seu escritório de advocacia no bairro suburbano de Vista Alegre, o primeiro do gênro naquela localidade.
Entre as experiências enriquecedoras da casa da Tia Dina, inclui a amizade com Popó, que o levou para a religião africana mais radical – o candomblé tradicional, de fundamento baiano.
Por volta de 1978, aprofundou-se no estudo da religião, fez-se praticante, embora admitisse ver nessa entrega, acima de tudo, uma forma de integração, uma união cultural dos negros. Toda essa cultura e a consciência da negritude o tornaram um dos grandes conhecedores da causa negra, fato que transparece em seus livros e em suas composições, centradas na temática afro-brasileira.
A partir da década de 1980 passou a residir em Seropédica, Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
Dentre seus livros mais conhecidos estão “O samba na realidade”, Editora Codecri, em 1981; “Islamismo e negritude” (coautoria com João Batista Vargens, 1982); “Casos crioulos”, contos, de 1987; “Bantos, malês e identidade negra”, de 1988; “O negro no Rio de Janeiro e sua tradição musical” (Pallas Editora, RJ) de 1992; “Dicionário banto do Brasil”, de 1996; “Incursões sobre a pele”, poesias, de 1996; “171 – Lapa-Irajá. Casos e enredos do samba”, contos, em 1999, Editora Folha Seca; e no ano 2000, lançou “Zé Kéti, o samba sem senhor”.
Em 1989 escreveu a revista “Oh, que Delícia de Negras!” (com músicas em parceria com Cláudio Jorge), que fez longa temporada no Teatro Rival Br, no Rio de Janeiro.
Escreveu, com Juana Elbein dos Santos, o encarte para o LP “Egungun, Ancestralidade Africana no Brasil”.
Em meados da década de 1990 deixou o cargo de diretor do Departamento Cultura da Vila Isabel.
Em 1997, em comemoração aos 80 anos da primeira gravação do samba “Pelo telefone” (Donga e Mauro de Almeida) a gravadora EMI/ODEON lançou a caixa “Apoteose ao samba”, na qual, além dos discos, foi também encartado um livreto com dois textos, um de sua autoria “Uma breve estória do samba”, e outro de Tárik de Souza.
Entre 1999 e 2000, respectivamente, teve encenado pelos alunos de teatro do Centro Cultural José Bonifácio, da Prefeitura do Rio de Janeiro, dois musicais: “Clementina” (sobre a vida de Clementina de Jesus) e “Dona Gamboa, Saúde” (sobre a história da região portuária, um dos berços do samba).
Em 2001 publicou “Guimbaustrilho e outros mistérios suburbanos”, pela Coleção Sebastião, lançada nas bancas de jornais pela Editora Dantes.
No ano de 2003 lançou o livro “Sambeabá – O samba que não se aprende na escola”, com ilustrações de Cássio Loredano e apresentação de Luiz Antônio Simas (Editoras Casa da Palavra e Folha Seca). O livro foi lançado no Centro Cultural Carioca, no Rio de Janeiro.
No ano de 2004 publicou, pela Summus Editorial/Selo Negro, “Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana”. No ano posterior, em 2005, foi lançado o livro “O samba do Irajá e de outros subúrbios: um estudo da obra de Nei Lopes”, de Cosme Elias, originalmente uma dissertação de mestrado do autor.
Em 2006 publicou “Partido alto, samba de bambas” (Editora Pallas) e “Kitábu: O livro do saber e do espírito negro-africanos”, pela Editora Senac-SP, livro no qual fez uma análise filosófica e literária da África e sua diáspora, seus povos, suas línguas e suas religiões na visão dos próprios africanos e dos europeus.
Para teatro, compôs trilhas para as peças “O perverso sonho da igualdade” e “Auto da Independência”, ambas de Joel Rufino dos Santos.
Participou de diversas antologias poéticas.
Entre as honrarias recebidas destacamos o troféu “Golfinho de Ouro” (Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro), do Governo do Estado do Rio de Janeiro; “Prêmio Tim de Música” e a “Ordem do Mérito Cultural”, conferida pelo Governo Federal na Presidência de Luiz Inácio Lula da Silva.
Em 2009 lançou o primeiro romance intitulado “Mandingas da mulata velha na Cidade Nova” (Editora Língua Geral). Neste mesmo ano foi lançada a sua biografia escrita pelo jornalista Oswaldo Faustino para a “Série Retratos do Brasil Negro”, da Editora Negro Edições.
No ano de 2012 prestou depoimento à posteridade no auditório do Museu da Imagem e do Som (MIS), no Rio de Janeiro, com a participação dos entrevistadores Joel Rufino dos Santos, Cláudio Jorge, Alberto Mussa, Fernando Molica, e coordenação da professora Rachel Valença. Neste mesmo ano lançou os livros “A lua triste descamba” (romance), “Dicionário da Hinterlândia Carioca” e “Novo Dicionário Banto do Brasil” (nova edição, revista e atualizada), todos da Pallas Editora, no evento “70 Anos de Nei Lopes”, na Livraria Folha Seca, na Rua do Ouvidor, no centro do Rio de Janeiro.
Em 2014 publicou, pela Mórula Editora, o livro “Poétnica”, um compilado de seus poemas escritos nos anos de 1966 a 2013. NO ano seguinte, em 2015, lançou o “Dicionário da história social do samba”, pela Editora José Olympio, escrito com Luiz Antônio Simas e ganhador do “Prêmio Jabuti 2016” em duas categorias. No ano posterior, em 2016, deu inicio à pesquisa sobre a história da África entre os séculos VII e XVI, cobrindo a chegada do islamismo e dos portugueses ao continente africano, temas de seu novo livro. Neste mesmo ano, de 2016, No ano de 2016 ganhou, na categoria “Prosa”, o “Prêmio Jornal O Globo”, em comissão integrada pelos jurados Cleonice Berardinelli, Fátima Sá, Luiz Antônio Novaes e Guilherme Freitas.
No ano de 2017 recebeu o título “Doutor Honoris Causa”, por iniciativa do Professor Doutor José Rivair Macedo, do Departamento de História da Universidade, da Congregação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). No ano seguinte, em 2018, lançou o romance “O preto que falava iídiche” (Editora Record), no MIS (Museu da Imagem e do Som) do Rio de Janeiro. Da orelha, escrita pelo jornalista Hugo Sukman. Destacamos o seguinte trecho:
“Glória das letras musicais cariocas ao lado de um Aldir Blanc, um Chico Buarque, um Paulo César Pinheiro (e só!) e consagrado por magníficos livros de referência como a – Enciclopédia brasileira da diáspora africana – em sua já vasta bibliografia de poesia, ensaios e romances, Nei Lopes ainda precisa ser mais apreciado por sua ficção originalíssima em si e por vir de onde veio: da pena de um sambista negro e suburbano, ao mesmo tempo erudito em coisas da África e da cultura ocidental, e um estilista da bela língua colonizadora.” Ainda em 2018 finalizou um novo romance; um volume de crônicas, um livro sobre Ifá, ramo religioso que professa, e ainda, o segundo volume do ‘”Dicionário de História da África”’, escrito em parceria com o professor José Rivair Macedo, da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). No ano seguinte, em 2019, lançou o livro “Afro-Brasil Reluzente”, pela Editora Nova Fronteira, no qual compilou mais de uma centena de verbetes biográficos sobre personalidades negras do século XX, entre as quais Abdias Nascimento, Ruth de Souza, Joel Zito Araújo, Carolina Maria de Jesus, Mãe Stella de Oxóssi, Luiz Carlos da Vila, Cartola, Marielle Franco, Gilberto Gil, Elza Soares, Pelé, Sônia Guimarães, Lázaro Ramos, Zezé Motta, Sueli Carneiro, Ana Maria Gonçalves, Joaquim Barbosa, Jurema Werneck, Conceição Evaristo, Hélio de La Pena, Flávia Oliveira, Mestre Bimba, Enedina Alves Marques, Ingrid Silva, Paulo Cézar Caju, Pelé, Dona Ivone Lara, Luiz Antônio Pilar, Carlinhos Sete Cordas, Haroldo Costa, Joel Rufino dos Santos e Grande Otelo.
No ano de 2022 foi duplamente homenageado no carnaval carioca pelas escolas de samba Salgueiro e Beija-flor. A primeira usou sua foto em uma das placas dedicadas aos grandes salgueirenses, e a segunda usou as obras “Poétnica” e “Dicionário social do samba”, de sua autoria, como referência para as fantasias da rainha e dos componentes da bateria, respectivamente. Recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) por sua contribuição à cultura. Nesse mesmo ano foi publicado pelo selo Dissonante, da editora Contracorrente, o livro “Academia de Letras – Nei Lopes”, uma compilação de sua produção musical, organizada por Marcus Fernando, com edição feita por João Camarero. No ano seguinte, em 2023, publicou pela editora Record o livro de poemas “Oitentáculos”, comemorando seus 80 anos de idade. Neste mesmo ano, de 2023, foi inaugurado no bairro de Irajá, local de nascimento do escritor, o mural em sua homenagem, parte do “Projeto Negro Muro”, que reverencia nomes fundamentais da história negra. O grafitti ficou por conta de Cazé, artista visual, designer e idealizador projeto, juntamente com Pedro Rajão, agitador cultural e também idealizador do projeto. A arte foi feita no muro do Grêmio Recreativo Pau Ferro, clube que Luiz Brás Lopes, pai do homenageado, foi um dos fundadores em 31 de janeiro de 1957, e seu primeiro presidente entre os anos de 1957 e 1960. O “Projeto Negro Muro”, segundo seus idealizadores, é uma cartografia preta da cidade, estando no 51º mural com o de Nei Lopes no muro da Agremiação Pau Ferro, na rua Honório de Almeida, 124, no subúrbio do Irajá.
Em 2024 publicou o livro “Kitabú – O Livro do Saber e do Espírito Negro-Africanos”, lançado pela Editora Malê, na Livraria Leonardo da Vinci, no Centro do Rio de Janeiro. Neste mesmo ano, de 2024, lançou, em parceria com o jornalista e escritor Leonardo Bruno, o livro “Salgueiro, o Quilombo Moderno: batuqueiro, mandingueiro diferente”, no Teatro Odylo Costa Filho, na UERJ, no Campus Maracanã, no Rio de Janeiro. O volume foi ilustrado por Antônio Vieira e faz parte da série biográfica do projeto de extensão Acervo Universitário do Samba, vinculado ao Centro de Tecnologia Educacional (CTE) da UERJ.
No ano de 2024, com feijoada e apresentação do Grupo Cultural Caxambu do Salgueiro, foi lançado em sua quadra na Rua Sílvia Teles, na Tijuca, o livro “Salgueiro, o Quilombo Moderno – Batuqueiro, mandingueiro, diferente” (Coleção Acervo Universidade do Samba/Uerj), de sua autoria em parceria com o jornalista Leonardo Bruno, que declarou em entrevista ao repórter Geraldo Ribeiro no Segundo Caderno, do jornal O Globo:
“Se a gente for pensar na definição de quilombo como lugar onde os negros e negras escravizados se reuniam na época da escravidão, para ter um lugar seguro onde pudessem se apoiar uns aos outros e lutar por liberdade e contra o sistema injusto, no caso do Salgueiro a gente entende que, desde os tempos da fundação da Escola para cá, ela e o morro sempre foram esses locais onde pessoas podiam se juntar em segurança para se sociabilizar e exercer sua arte, que era marginalizada e perseguida.”
O volume narra várias histórias sobre o morro e a Escola, ente as quais comenta sobre visitantes ilustres, como por exemplo, o escritor inglês Aldous Hustle, autor de “Admirável Mundo Novo”; a atriz francesa Martine Carol, de filmes clássicos como “A Volta ao Mundo em 80 Dias”, de 1956, além de comentar sobre a Tenda Espírito Santo, de Paulino de Oliveira, um dos fundadores da Escola e que inspirou o cineasta francês Marcel Camus ao filme “Orfeu Negro”, de 1959. Outra personagem também ressaltada no livro, segundo o jornalista Geraldo Ribeiro em sua matéria, foi Maria da Glória Lopes Carvalho, conhecida como Tia Glorinha, a baiana mais antiga da agremiação e ainda viva no ano da entrevista. No muro em frente à casa de Tia Glorinha consta o mural do projeto “Negro Muro” com diversas imagens de baluartes da Escola como Djalma Sabiá, Mestre Louro, Almir Guineto, Bala, Joaquim Casimiro Calça Larga, Anescazinho do Salgueiro, Noel Rosa de Oliveira e Geraldo Babão. Segundo Emerson Menezes, Coordenador Executivo do Grupo Caxambu do Salgueiro declarou ao jornalista Geraldo Ribeiro:
“A importância de manter viva essa tradição é dar prosseguimento a um legado para a diáspora africana no Brasil. É a história do nosso povo.”
Sua primeira composição foi em parceria com o irmão Ernesto, violonista amador, que havia musica um de seus sonetos, escrito ainda quando era adolescente intitulado “Se você quisesses me amar”.
Em 1972, teve a primeira composição, “Figa de Guiné” (c/ Reginaldo Bessa), gravada por Alcione em compacto simples, lançado pela Philips. No ano seguinte, em 1973, estreou como intérprete, gravando duas faixas no LP “Tem gente bamba na roda de samba”, pela gravadora Continental. Ainda na década de 1970, ao lado de Candeia e Wilson Moreira, fundou o Grêmio Recreativo de Artes Negras e Escola de Samba Quilombo, em Coelho Neto, subúrbio do Rio de Janeiro.
Em 1974 Elizete Cardoso gravou o LP “Feito em casa”, no qual incluiu “Igual à flor”, em parceria com Délcio Carvalho.
No ano de 1977, no evento “FESTAC-77”, representou o Brasil na Nigéria com o documentário “Partido Alto”. Por essa época começou a compor com Wilson Moreira, com quem fez alguns clássicos do samba como “Senhora liberdade”, gravada por Zezé Motta; “Goiabada cascão”, gravada por Beth Carvalho em 1978; e “Morrendo de saudade” em 1981; “Gostoso veneno”, gravada por Alcione em 1979; “Coisa da antiga” e “Mulata do balaio”, interpretadas por Clara Nunes; e “Coité e cuia”, gravada pelo grupo Batacotô, sendo o nome deste grupo dado pelo próprio Nei Lopes. A dupla lançou em 1980 o disco “A arte negra de Wilson Moreira & Nei Lopes”, coletânea de seus maiores sucessos. Com esse disco ganhou o troféu Villa-Lobos, da Associação Brasileira de Produtores Fonográficos. No ano seguinte, Clara Nunes incluiu em seu disco uma composição de autoria de Nei Lopes e Wilson Moreira, “Deixa clarear”.
Em 1982, sua composição “Cidade assassina” (c/ Wilson Moreira) foi incluída no LP “Outra vez”, de Elizete Cardoso, lançado pela gravadora Som Livre. No ano seguinte, em 1983, lançou o seu primeiro disco individual, “Negro mesmo”, pela gravadora Lira/Continental. Neste mesmo ano, Beth Carvalho gravou “Firme e forte”. Ainda neste ano de 1983 , Alcione interpretou três composições suas: “Que zungu”, “Maracatu do meu avô” e “Velho barco”. Participou do LP “Da cor do Brasil”, da cantora Alcione, interpretando “Sambeabá”, em parceria com Sereno. Também em 1983, participou do LP “Pagode de Natal – A noite feliz dos bambas”, com vários outros compositores. O disco foi produzido pela Coca-Cola. Dois anos depois, em 1985, a dupla Wilson Moreira e Nei Lopes lançou “O partido muito alto de Wilson Moreira & Nei Lopes”, também pela gravadora EMI-Odeon. No ano seguinte, suas composições “Calmaria e vendaval” (c/ Sereno) e “Felicidade segundo eu” (c/ Dona Ivone Lara) foram incluídas no LP “Luz e esplendor” de Elizete Cardoso, lançado pela gravadora Arca Som.
Em 1987, sua composição “Nosso nome: Resistência”, em parceria com Sereno e Zé Luiz, deu título ao novo disco de Alcione, que ainda incluiu outra música sua, “Raio de luar” (c/ Dauro do Salgueiro). No ano posterior, em 1988, Alcione interpretou outra parceria de Nei Lopes com Dauro do Salgueiro, “Novamente primavera”. No ano seguinte, em 1989, no LP “Saudades da Guanabara”, Beth Carvalho interpretou “Vaqueirada”, parceria com Bororó Felipe e Edmundo Souto. Ainda na década de 1980, participou da fundação da Sociedade Arrecadadora de Direitos Autorais Amar/Sombras, ao lado de Aldir Blanc, Maurício Tapajós, Paulo César Pinheiro, entre outros. Outros intérpretes gravaram músicas da dupla Wilson e Nei, como Roberto Ribeiro. Clara Nunes também gravou “Afoxé pra Logun”, composição só de autoria de Nei Lopes.
Em 1995, a EMI-Odeon lançou pela “Série 2 em 1” seus dois discos em parceria com Wilson Moreira. No ano seguinte, lançou o CD “Canto banto”, pelo Selo Saci.
No ano de 1999 lançou o CD “Sincopando o breque”, pela gravadora CPC/Umes. Neste mesmo ano, pela gravadora Velas, participou do disco “Natal de samba”, ao lado de Zeca Pagodinho, Dunga, Toque de Prima, Almir Guinéto, Fundo de Quintal, Arlindo Cruz & Sombrinha, João Nogueira, Dona Ivone Lara & Délcio Carvalho, Luizinho SP, Luiz Grande, Mauro Diniz, Luiz Carlos da Vila e Emílio Santiago. No CD interpretou “Noel e Natalina”.
Em 2000, compôs com Humberto Araújo “Não nasci pra cinderela” para o musical “Crioula”, de Stella Miranda, sobre a vida de Elza Soares. No fim deste ano, lançou pela gravadora Velas o CD “De letra & música”. No disco contou com a participação de vários artistas da MPB: Chico Buarque, em “Samba do Irajá” ; Zé Renato e Wilson Moreira, em “Senhora liberdade”; Dona Ivone Lara e Alcione, em “Senhora da canção”; João Bosco interpretando “Tempo de glória”; Martinho da Vila cantando “Gostoso veneno”; Fátima Guedes, em “Minha arte de amar”; Zeca Pagodinho, em “Moqueca da Idalina”; Guinga, em “Sonho de uma noite de verão”; Dudu Nobre, em “Fumo de rolo”, Arlindo Cruz e Sombrinha, na faixa “Debaixo do meu chapéu”; Emílio Santiago, interpretando “Gotas de veneno”, e o grupo Toque de Prima, em “Goiabada cascão”, “Coisa da antiga” e “No tempo do Dondon”; MPB-4, em “Ganzá do seu Leitão” e “Mocotó do Tião”; Joyce em “Fidelidade partidária”; e Dunga, cantando “Loura Luzia”. No ano posterior, em 2001, ao lado de Dauro do Salgueiro, Nelson Sargento, Dona Ivone Lara, Baianinho, Niltinho Tristeza, Casquinha, Zé Luiz, Nilton Campolino, Monarco, Jair do Cavaquinho, Elton Medeiros, Luiz Grande, Jurandir da Mangueira e Aluízio Machado, participou do show “Meninos do Rio”, apresentado no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro. O CD homônimo foi lançado nesse mesmo ano. Ainda em 2001, gravou três composições, “Justiça gratuita”, “Vendedor de Ilusões” e “Samba na medida” em um CD encartado na revista/livro de sua autoria “Guimbaustrilho e outros mistérios suburbanos”, da Coleção Sebastião, lançada nas bancas de jornais pela Editora Dantes. Colocou letra em cinco composições do Maestro Moacir Santos. As composições foram interpretadas por Milton Nascimento (Coisa nº 8), Gilberto Gil (April Child), Djavan, João Bosco e Ed Motta e fizeram parte do Projeto-disco “Ouro negro”, produzido por Zé Nogueira e Mário Adnet e para o qual também escreveu o texto de apresentação. Ainda em 2001 foram incluídas duas composições suas “Coco sacudido” e “Estrela cadente” (ambas em parceria com Cláudio Jorge) no CD “Coisa de chefe”, de Cláudio Jorge, no qual participou da faixa “Coco sacudido”, ao lado do parceiro e do grupo Coreto Urbano. Neste mesmo ano, Marquinho Santanna (ex- Marquinhos Sathã) incluiu no CD “Nosso show” a composição de sua autoria “O tempero de Dona Yá-Yá”.
No ano de 2003 Beth Carvalho, acompanhada do conjunto Quinteto em Branco e Preto, gravou o CD “Pagode de mesa 2 ao vivo”, no qual incluiu de sua autoria “Morrendo de saudade” (c/ Wilson Moreira) e “Firme e forte”, em parceria com Efson. Neste mesmo ano, pela gravadora Carioca Discos, em parceria com a Rob Digital, foi lançada a compilação “Celebração”, com os discos “Negro mesmo” (1983) e “Canto banto” (1995). Ao lado de Carlos Sapato, Paulo César Pinheiro, Cláudio Jorge, Dorina, Teresa Cristina, Tia Surica, Martnália, Felipão do Quilombo, Walter Alfaiate e Zé Renato, entre outros, participou do show “Samba de Jorge/Festa em homenagem a São Jorge”, no Centro Cultural Carioca, no centro do Rio de Janeiro. Recebeu várias convidadas (Zezé Motta, Fátima Guedes, Alcione e Lucinha Lins) nos shows “Nei Lopes & elas”, apresentados no centro Cultural Carioca. Ainda em 2003, suas composições “Senhora liberdade” e “Gostoso veneno”, ambas em parceria com Wilson Moreira, foram incluídas no CD “Alma feminina”, de Eliane Faria, lançado pelo selo ICCA (Instituto Cultural Cravo Albin). Ao lado de Eliane Faria, Xangô da Mangueira, Beth Carvalho, Diogo Nogueira, Dalmo Castelo, Wilson Moreia, Délcio Carvalho e Áurea Martins, foi um dos convidados de Vó Maria para o show de lançamento do disco “Maxixe não é samba”, de Vó Maria, na Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro. Foram incluídas duas composições de sua autoria no CD “Um ser de luz – saudação à Clara Nunes”: “Candongueiro”, interpretada por Pedro Miranda e “Coisa da antiga”, interpretada por Alfredo Del Penho, ambas as composições em parceria com Wilson Moreira. No ano seguinte, em 2004, lançou, pela gravadora Fina Flor, o CD “Partido ao cubo”, no qual interpretou de sua autoria “Samba de Eleguá”, “Samba como era”, “Dona Maria Mourão”, “Dendê, Dandá”, “Mulher de paletó”, “Deixa ela chorar” e a faixa-título “Partido ao cubo”. No CD ainda foram incluídas composições em parceria, entre elas, “Roupa de chita” (c/ Sereno), “Tempero de Iaiá” (c/ Sidney da Conceição), “Lá na roça” (c/ Gelci do Cavaco), “Partido pescado” (c/ Dunga), “Ele é quem manda” (c/ Wilson Moreira), “Dona inocência” (c/ Eliseu do Rio) e “Ô, Glória!”, em parceria com o produtor, músico e arranjador Ruy Quaresma. O disco ainda contou com as participações especiais de Lucinha Lins, Fátima Guedes, Nilze Carvalho e Camila Costa nos vocais e de Tantinho da Mangueira nas faixas “Deixa ela chorar” e “Samba como era”, ambas de autoria de Nei Lopes. Ainda em 2004, no disco “Daqui, dali e de lá”, o grupo Toque de prima gravou de sua autoria “Ela é quem manda” (c/ Wilson Moreira).
No ano de 2005 Zeca Pagodinho interpretou “Cavaco e sapato”, parceria de ambos, no CD “À vera”. Neste mesmo ano seu disco “Partido ao cubo” ganhou o “Prêmio Tim” na categoria “Melhor Disco de Samba”. Participou do disco “Estava faltando você”, de Nilze Carvalho.
Em 2009 lançou pela gravadora Fina Flor o CD “Chutando o balde”, com várias composições inéditas com vários parceiros e tantas outras somente de sua autoria. Ainda em 2009 Sanny Alves gravou no disco “Samba e amor” suas composições “Samba de Luanda” (c/ Ruy Quaresma) e “Maracatu do meu avô” (c/ Leonardo Bruno). Neste mesmo ano participou do “Projeto Tempero Musical”, no Centro Cultural da Ligth, no Rio de Janeiro, sendo entrevistado pelo crítico musical e jornalista Ricardo Cravo Albin, para o qual contou um pouco sobre sua carreira artística e cantou alguns de seus vários sucessos, além de inéditas.
Em 2010 junto ao grupo carioca Galocantô desenvolveu, no Centro Cultural Banco do Brasil, o projeto “No princípio era a roda”, baseado no livro homônimo do historiador e jornalista Roberto M. Moura (1947/2005) recebendo vários convidados, entre eles Zé Luiz do Império, Ivan Milanez, Toninho Gerais, Nélson Rufino, Serginho Meriti, Claudinho Guimarães, Trio Calafrio (Marquinhos Diniz, Luiz Grande e Barbeirinho do Jacarezinho), Marquinhos China, Renatinho Partideiro e Juninho Thybau. Ao lado de Wilson Moreira realizou, nesse mesmo ano, um show em comemoração aos 30 anos do disco “A Arte Negra de Wilson Moreira e Nei Lopes”, realizado no Instituto Moreira Salles (RJ), no qual se incluem as composições “Goiabada cascão”, “Coisa da Antiga”, “Gostoso Veneno” e “Senhora Liberdade”, que marcaram a carreira desses dois compositores.
Publicou vários livros.
Em 2011 participou do projeto “Samba & Outras Coisas” que consistiu em um bate-papo embalado por muito samba, apresentado por Haroldo Costa no Teatro SESI Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Neste mesmo ano comandou as rodas de samba de partido alto da série ” Sesc Samba”, realizadas no Sesc Madureira, no Rio de Janeiro, acompanhado dos músicos Luís Filipe de Lima (violão de sete cordas), Sérginho Procópio (cavaquinho), Pedro Miranda (pandeiro), Pretinho da Serrinha (percussão), Thiago da Serrinha (percussão) e Paulino Dias (percussão). Ali, recebeu convidados como Tantinho da Mangueira e Marquinhos China. Ainda em 2011 a cantora Thais Macedo lançou o CD “O dengo que a nega tem”, no qual interpretou de sua autoria a composição “Minha arte de amar”, parceria com Zé Luís.
No ano de 2012, ao lado de Maria Bethânia, Caetano Veloso, Bruno Castro, Diogo Nogueira, Nélson Sargento, Beth Carvalho, Sombrinha, Áurea Martins e Monarco, entre outros, participou do CD “Baú da Dona Ivone”, no qual interpretou a faixa “Outra vez”, parceria com Dona Ivone Lara. Nesse mesmo ano a gravadora Fina Flor lançou a coletânea “Samba de fundamento”, em comemoração aos seus 70 anos de idade.
Em 2014 apresentou-se em show na Ilha de Paquetá, acompanhado por Pedro Amorim. Neste mesmo ano, lançou o livro de poemas e letras “Poétnica” (com poemas eletras produzidosdesde a década de 1960,pela Mórula Editorial) em show no palco do auditório do BNDES, acompanhado pelos músicos Fernando Merlino (piano), Ivan Machado (baixo) e Erivelton Silva (bateria). O show também foi apresentado em São Paulo, no Sesc Vila Mariana. No ano posterior, em 2015, lançou os livros “Rio Negro 50” (romance ambientado no Rio de Janeiro na década de1950), pelo “Projeto Livro Aberto Rio” e Editora Record; e o”Dicionário da história social do samba”, em parceria com o historiador Luiz Antônio Simas pela Editora Civilização Brasileira, para o qual foram criados 393 verbetes sobre artistas, costumes, movimentos culturais, conflitos, tradições e composições. Neste mesmo ano, de 2015, foi o vencedor do “Prêmio Shell” pelas composições, sem parceiro, que fez para musical “Bilac vê estrelas”.
Em 2016 foi um dos convidados especiais do grupo Jacutá do Samba no evento “FliSamba – Festa – Literária do Samba e Resistência Cultural – Samba, literatura e gastronomia”, no Renascença Clube, no bairro do Andaraí, Zona Norte do Rio de Janeiro.
Entre suas mais de 900 composições, teve como parceiros Maurício Tapajós, João Nogueira, Carlinhos Sideral, Dauro do Salgueiro, Cláudio Jorge, Maria do Zeca, Dunga, Moacyr Luz, Guinga, Fátima Guedes, Zé Luiz, Reginaldo Rossi, Efson, Zé Renato, Rildo Hora, Moacyr Santos, Waldir 59 e Maurício Tapajós, com quem compôs uma série de 10 músicas sobre o Rio de Janeiro e a Praça Mauá.
Gravou LPs e CDs, além de participar de uma grande quantidade de discos de outros artistas.
Com a nova geração de artistas possui gravações e parcerias com Fred Camacho, Alfredo Del Penho e Fabiana Cozza.
Entre seus intérretes constam Dona Ivone Lara, Zélia Duncan Chico Buaque, Sanny Alves, Zeca Pagodinho, João Nogueira, Djavan, Arlindo Cruz, Ruy Quaresma, Beth Carvalho, Alcione, Clara Nunes, Milton Nasciemnto, Wilson Moreira, Dudu Nobre, João Bosco e Gilberto Gil em suas mais 400 composições gravadas.
No ano de 2019, com a cantora Ana Costa, apresentou o espetáculo “Guimbaustrilho – O Rio sobre trilhos” no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), no Rio de Janeiro, com direção musical de Luiz Filipe de Lima, no qual contava causos e cantava composições com temas no subúrbio carioca.
Em 2023 lançou o EP “Nei Lopes 80”, com direção musical de Thiago França e cinco faixas inéditas e autorais, sendo essas “Partido vacinado” (c/ Cláudio Jorge), “Clareia, Iaô!” (c/ Alceu Maia), “Sessenta e tal” (c/ Wilson Moreira), “Surreal demais” e “Samba em repúdio”. Neste mesmo ano, de 2023, a cantora Fabiana Cozza lançou o CD/EP “Urucungo”, pela gravadora Biscoito Fino, com 12 músicas inéditas de sua autoria, trabalho no qual ambos interpretaram a faixa “Quesitos” (c/ Wilson Moreira). O disco contou com as participações especiais de Francis Hime em “Ofertório” (c/ Francis Hime); do violonista João Camarero em “Pólen” (c/ Fátima Guedes); Ilessi em “Alquimias” (c/ Everson Pessoa); Leci Brandão em “Dia de glória” (c/ Wilson Moreira), e Guinga em “Jurutaí” (c/ Guinga). Também foram incluídas as composições “Já não manda em mim” (c/ Ivan Lins e Vitor Martins), “Ré, sol, si, ré” (c/ Wilson Moreira), “Samba de longe” (c/ Reginaldo Bessa), “Tela de bamba” (c/ Dauro do Salgueiro) e “Senhora do mundo” (c/ Wilson Moreira), além da faixa-título “Urucungo”, em parceria com Marcelo Menezes.
(reunindo dois LPs lançados em 1980 e 1985, com Wilson Moreira)
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