
Músico. Percussionista. Compositor.
Nasceu no bairro Dique do Tororó, mas foi criado na Lagoa do Meio, no Largo do Tanque.
O pai, Jacinto de Souza “Seu Cici”, trabalhava como ferreiro e tocava bongô como músico amador.
A mãe, Nilza Alves de Souza, trabalhava como lavadeira, o que lhe possibilitou, ainda criança, usar as bacias da mãe para fazer batucadas.
Trabalhou como eletricista, ferreiro e camelô.
Faleceu, aos 54 anos, em decorrência de uma parada cardíaca em sua residência, um casarão no Pelourinho, sede da Associação Educativa e Cultural Didá, da qual foi o fundador, assim como da Banda Didá, integrada somente por mulheres.
Fundador da escola de percussão do Olodum.
Considerado o inventor da batida do samba-reggae, mas de acordo com a antropóloga Goli Guerreiro:
“Apesar do consenso construído em torno de Neguinho do Samba e do papel fundamental que ele teve não se pode creditar a um só músico a invenção do samba-reggae. O ritmo, sem dúvida, resulta de um variado caldeirão musical.”
Sua personalidade era de tal importância para a cultura baiana que a Secretaria da Cultura suspendeu toda a programação cultural do Pelourinho por alguns dias e hasteou uma faixa preta no Largo do Terreiro de Jesus para simbolizar o luto.
Seu falecimento chegou a ser comentado no jornal New York Times em um vasto e completo obtuário com dados obtidos através de uma entrevista com a filha do percussionista.
Sobre a importância de seu legado declarou Goli Guerreiro:
“Desde os anos 80, a música da Bahia está ligada ao seu nome, ao seu ouvido, aos seus gestos Neguinho do Samba é a espinha dorsal desta forma de produzir som que renovou a musicalidade baiana. Certamente nem é possível mensurar todos os feitos do Maestro, mas a presença das mulheres no mundo da percussão é uma das suas conquistas mais vigorosas.”
João Jorge, presidente do Olodum, declarou:
“Foi uma perda irreparável. Não perdemos somente um músico excepcional, mas uma personalidade. Ele foi muito generoso com todos à sua volta. Não dá para acreditar. É um astro que vai continuar vivo aqui com a gente.”
Começou a tocar percussão nas bacias de roupa da mãe. Logo depois aos 11 anos, formou com outros meninos da mesma idade um bloco de percussionistas que tocavam em latas de leite e sacolas de plástico.
Aos 13 anos, começou a tocar em blocos de carnaval, como Coruja (trio), Internacionais, Apaches do Tororó e blocos de percussão como Os Lordes”, e ainda, das Escolas de Samba Filhos da Liberdade, Ritmistas do Samba e Diplomatas de Amaralina.
Em 1974, ao lado de Vovô, foi um dos fundadores do Bloco Afro Ilê Aiyê, onde confeccionava instrumentos, exercendo o cargo de diretor por 11 anos e atuando como compositores de vários temas com o quais o bloco desfilou.
No ano de 1982, após deixar o Ilê Aiyê, ingressou no Olodum, onde passou a reger sua bateria, permanecendo até o ano de 1998.
Como percussionista esteve à frente do bloco Olodum por 16 anos, o que lhe possibilitou trabalhar como diversos artistas nacionais e estrangeiros, entre os quais David Byrne, Herbie Hancock, Wayne Short, Paul Simon e Michael Jackson.
Em 1990, à frente do Olodum gravou o CD “The rhythm of the saints”, de Paul Simon, que o presenteou com uma casa no Pelourinho, onde fundou Associação Educativa e Cultural Didá no ano de 1993.
Em 1996 atuou no clipe “They dont care about us”, de Michael Jackson, dirigido pelo cineasta Spike Lee, regendo os percussionistas do Olodum no Pelourinho.
No ano de 2010 um dos blocos independentes realizou uma homenagem ao músico, no Circuito Batatinha do carnaval soteropolitano, da qual participaram Tonho Matéria, Anderson Souza, Mestre Jackson e a Banda Didá.
Em 2016 o Centro Cultural Solar Ferrão realizou evento em sua homenagem, que contou com palestra da jornalista Viviam Caroline; show com a Banda Didá e exposição dos instrumentos criados por ele.