Cantor. Compositor. Percussionista e pistonista.
Filho de Benedito Feliciano Marcondes, maestro e trompetista que trabalhou com a Orquestra Tabajara.
Seu irmão, Édson Feliciano Marcondes (Nego do Salgueiro), também é compositor e cantor.
Nasceu no bairro de Vila Isabel, na maternidade Casa da Mãe Pobre. Logo depois, a família transferiu-se para Nova Iguaçu e, posteriormente, para Nilópolis, onde passou a infância.
Ex-Bombeiro.
Em 2008 foi diagnosticado com câncer no intestino, passou por um intenso processo de quimioterapia, recuperando-se totalmente. No ano seguinte, em 2009, casou-se com Elaine Cristina dos Reis, na Marquês de Sapucaí, antes do desfile da Beija-Flor na avenida, com a presença de Roberto Carlos, Antônio Pitanga, Benedita da Silva e Ricardo Cravo Albin.
Em 2013, já totalmente recuperado do câncer, foi homenageado com o “Estandarte de Ouro”, prêmio criado pelo jornal O Globo para os destaques nos desfiles das escolas de samba. Esse foi quinto estandarte que recebeu em sua trajetória como puxador de samba enredo da G.R.E.S. Beija-Flor.
Em 2024 anunciou sua aposentadoria como puxador de samba após sua participação pela 50ª e última vez no comando da escola de samba Beija-Flor Leopoldinense.
Aos 10 anos de idade, cantando um samba de Jamelão no concurso promovido em parque de diversões, ganhou seu primeiro prêmio, uma lata de goiabada.
Em 1970, estreou como puxador de samba no Bloco Carnavalesco Leão de Nova Iguaçu.
No ano de 1975 tornou-se o puxador oficial de samba-enredo da Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis. Na escola, com sua voz potente, criou o bordão “Olha a Beija-Flor aí, gente!”.
No ano seguinte, ganhou o primeiro título com o samba-enredo “Sonhar com Rei dá leão”, de sua autoria.
Em 1977, pela gravadora Odeon, participou da coletânea “A fina flor do partido-alto”. No ano seguinte, pela mesma gravadora, lançou o compacto duplo “Minhas amizades”.
Em 1979, pela Top Tape, gravou um compacto simples com as músicas “Meu Rio de Janeiro” e ” O campeão”. A música “O campeão” tornou-se seu maior sucesso, sendo tocada em todos os estádios de futebol do país, unificando todas as torcidas, que sempre modificam uma parte da letra: “Domingo eu vou ao Maracanã, vou torcer pelo time que sou fã…”. No ano posterior, lançou o primeiro LP individual, “Vida no peito”. No disco, pela gravadora Top Tape, interpretou “Pivete” (Jorginho Saberás e Beto Sem Braço), “Clemência” (Jacyr da Portela, Luiz Carlos e Agenor), “Sentença amenizada” (Beto Sem Braço e Jorginho Saberás). Neste mesmo LP, incluiu diversas composições de sua autoria: “Lágrima do coração” (c/ Dedé da Portela), “Nego preguiçoso” (c/ Almir Guineto e Neoci Dias), “Vida no peito” (c/ Almir Guineto), “Diga e não diga” e “Malandro é malandro, mané é mané”.
Em 1981, gravou o disco “Meu sorriso”, pela CBS, no qual incluiu de sua autoria “Fim de nós deu em nós” e a faixa-título “Meu sorriso”, além das regravações de “Sentado à beira do caminho” (Roberto e Erasmo Carlos), com a qual fez sucesso na época, e de “O neguinho e a senhorita” (Noel Rosa de Oliveira e Abelardo Silva), “Noite de luar” (Sombra, Sombrinha e Arlindo Cruz), “Quero meu direto de viver” (Paulo Negão do Salgueiro e Helinho do Salgueiro), “Nada mais” (Nélson Rufino e Orlando Rangel) e “Vovó e o rei da saturnália na corte egipciana (Savinho da Beija-Flor e Luciano da Beija Flor).
Em 1982, no LP “É melhor sorrir”, pela Top Tape, interpretou “Tapa no beiço”, “Malandro também chora”, “A deusa da passarela é ela” e “O campeão (Meu time)”, todas de sua autoria. Neste mesmo disco, incluiu “A mulher do malandro” (Zé do Maranhão e Beto Sem Braço), “Não chora coração” (Franco e Marcos Paiva), “De simplicidade” (Serafim Adriano), “Um grande amor se acaba” (Silvinho da Portela, Xavier e Onofre do Catete) e “Subúrbio”, de autoria de Jorge Bento e Zé do Maranhão. No ano seguinte, pela mesma gravadora, lançou o LP “Meu mundo novo”, no qual interpretou “Senhora” (Dhema e Serginho Meriti) e de sua autoria “Fuque, fuque, nheco nheco” (c/ Almeida), “Gamação danada” (c/ Almir Guineto), “Rosa flor mulher” (c/ Damião), “O rei que chora” (c/ Wanderlei Moreira) e a faixa-título “Meu mundo novo”, esta só de sua autoria.
Em 1985, lançou pela CBS o disco “Ofício de puxador”. Um ano depois, pela mesma gravadora, lançou “A voz da massa”, no qual interpretou “Adeus morena” e “Ser de mim”, ambas de sua autoria e ainda “O enredo do meu amor”, em parceria com H.O e João Congo. Ainda neste disco, incluiu “Esse mundo está mudado” (Wilson Saravá e Edson Show), “Manda notícias” e “Odoiyá”, ambas de autoria de Nélson Rufino e João Rios e ainda a faixa-título “A voz da massa”, de autoria dos baianos Charles Negrita e Edil Pacheco.
No ano de 1988, a gravadora CBS lançou uma coletânea de sucessos do cantor, que contou com as participações especiais de Roberto Ribeiro, Simone e Golden Boys. No repertório, constaram as músicas “Bem melhor que você”, “A deusa da passarela”, ambas de sua autoria e ainda a faixa-título “Festejo” (Noca da Portela e Toninho Nascimento), além das composições “Recomeçar” e “Poxa vida”, ambas de Wilson Ney, “Quero meu direito de viver” (Helinho do Salgueiro e Paulo Negão do Salgueiro). No ano seguinte, em 1989, ainda pela CBS, gravou “Carente de afeto”., no qual incluiu “Malandro também chora” de sua autoria e “Magali”, em parceria com Iltinho, Tom, e Carlos Senna. Ainda neste disco, interpretou “Se você sentir saudade” (Noca da Portela, Roberto Serrão e Jairo Bom Ambiente), “Foi o teu amor” (Sereno, Franco e Arlindo Cruz), “Favela” (Jorginho Pessanha e Padeirinho), “Não é bem assim” (Adilson Victor e Sombrinha), “Nessa faixa de idade” (Sereno e Nei Lopes) e a faixa-título “Carente de afeto”, de autoria de Almir Guineto, Adalto Magalha, Carlos Senna e Beto Sem Braço.
Em 1990, pela CBS, lançou o CD “Felicidade”, no qual gravou “Portela na avenida” (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro), “Exaltação à Mangueira” (Enéas Brites e Aloisio Augusto Costa), “Pingos de amor” (Paulo Diniz e Odibar) e “Aquarela brasileira” (Silas de Oliveira) e “Os cinco bailes da história do Rio” (Ivone Lara, Bacalhau e Silas de Oliveira). No ano seguinte, ganhou o Prêmio Sharp na categoria “Melhor Cantor de Samba”. No mesmo ano de 1991, gravou pela Sony Music o CD “Poetas da calçada”. No ano seguinte, pela mesma gravadora, lançou o CD “Sou seu fã”.
Em 1993, produzido por Rildo Hora para a gravadora Top Tape, lançou o CD “Os melhores sambas-enredos da Beija-Flor”. No ano posterior, gravou “Da Vila & da Viola”, disco no qual interpretou somente composições de Paulinho da Viola e de Martinho da Vila, entre elas: “Foi um rio que passou em minha vida”, “Argumento”, “Pode guardar as panelas”, “Coração leviano” e “Pecado capital”. De Martinho da Vila incluiu “Segure tudo”, “Ex-amor”, “Manteiga de garrafa”, “O pequeno burguês”, “Canta, canta minha gente” e “Meu laiá-raiá”, entre outras.
No CD “Quem te ama sou eu”, lançado pela gravadora PolyGram em 1995, incluiu de sua autoria “Malandro chorão”. Neste disco, apareceu como intérprete nas seguintes faixas: “O amor da minha vida” (Jorge Cardoso e Beto Correa), “Pagando mico” (Toninho Gerais e Paulinho Rezende), “Amor perigoso” (Alceu Maia e Sarah Benchimol), “Graça” (Wilson Ney) e na faixa título “Quem te ama sou eu”, de Alceu Maia e Sarah Benchimol.
Em 1997, pela PolyGram, gravou o CD “Reencontro”, no qual incluiu de sua autoria “Meu Rio de Janeiro” e “Meu mundo novo”. Ainda neste CD, interpretou “Claudionor 171” (Jorge Carioca e Alexandre de Andrade), “A última gota” (Beto Correa e Marcelo Guimarães), “Preta aloirada” (Casquinha), “Pode relaxar” (Sarah Benchimol e Alceu Maia) e “O cara sou eu”, de autoria de Roberto Lopes, Marques e Marley. No ano posterior, em 1998, abriu um show de Tina Turner no Maracanã e desfilou em Paris, França, por ocasião da Copa do Mundo, com um grupo de sambistas organizado por Joãosinho Trinta. No ano posterior, pela gravadora Indie Records, lançou o disco “Essência pura”, no qual interpretou “Paixão de um velho cais” (Franco e Serginho Procópio), “Sol de primavera” (Acyr Marques e Arlindo Cruz), “Quero te dar força pra lutar” (Netinho, Serginho Procópio e Luiz Cláudio Picolé) e “Feliz sambista”, de autoria de Délcio Luiz e Carlito Cavalcanti.
No ano 2000, ainda pela Indie Records, lançou o CD “Neguinho da Beija-Flor ao vivo – 25 anos de fé e raiz”, no qual fez um retrospecto de carreira e interpretou “Bem melhor que você”, “Malandro também chora”, “1000 anos de vida”, “Malandro chorão” e “Meu sorriso”, todas de sua autoria, e ainda “Gamação danada” (c/ Almir Guineto), “Pra lá de legal” (Arlindo Cruz e Sombrinha) e a faixa-título “Fé e raiz”, de autoria de Mongol, Fernando, Herlon e Beto Coutinho, interpretada em dueto com Zeca Pagodinho.
Em 2002, ao lado de outros artistas, participou do CD “Os melhores do ano III”, disco no qual interpretou juntamente com Thobias da Vai-Vai e Eliane de Lima “Não deixe o samba morrer” (Edson e Aluísio) e ainda a faixa “Talismã” em dueto com o grupo Raça Negra.
Em janeiro de 2003, foi uma das atrações, em Brasília, na festa de posse do presidente Luís Inácio Lula da Silva. No carnaval deste mesmo ano a Beija-Flor desfilou com o samba-enredo “O povo conta a sua história: “Saco vazio não pára em pé. A mão que faz a guerra faz a paz”, de autoria de Betinho, J.C, Coelho, Ribeirinho, Glyvaldo, Luís Otávio, Manoel do Cavaco, Serginho Sumaré e Vinícius, sendo a campeã do Grupo Especial. Lançou o 23º disco de sua carreira “Duetos”, disco no qual participaram Alcione na faixa “Recomeço”, João Bosco em “O campeão”, Zeca Pagodinho em “Fé e raiz”, grupo Raça Negra na faixa “Talismã”, Roberto Ribeiro na composição “Recomeçar”, Simone em “A deusa da passarela”, grupo Pique Novo na música “Desabafo”, grupo Sensação em “Quando o sol nascer”, Eliana de Lima na faixa “Partilha”, grupo Sem Compromisso na composição “Mariana, parte minha”, grupo É Demais na regravação de “Poxa” e Jorge Benjor na faixa “Ofício de cantador”. Neste mesmo ano, Bezerra da Silva, no disco “Meu bom juiz”, gravou de sua autoria “Bem melhor que você”.
Em 2004, como puxador de samba da Beija-Flor conseguiu o bi-campeonato após um desfile embaixo de uma forte chuva. A Escola levou para o sambódromo o samba-enredo “Manôa – Manaus – Amazônia – Terra Santa… que alimenta o corpo, equilibra a alma e transmite a paz” de autoria de Cláudio Russo, Zé Luiz, Marquinhos, Jessi e Leleco.
No ano de 2005 a Beija-Flor foi tri-campeã. A escola desfilou com sete sambas-enredo de sua autoria. Considerado uma das pessoas mais importantes da escola, que o tem como um dos ícones. Ainda em 2005 lançou por seu próprio selo musical NB Show, o CD “Nos braços da comunidade”, no qual interpretou, entre outras, o pot-pourri “Leva meu samba”, “Atire a primeira pedra” e “Na cadência do samba” (Ataulfo Alves), “Senhor diretor de harmonia” e o pot-pourri “Você morava lá no morro”, “O preço da traição” e “Garçon” (Cabana), “Meu drama” (Silas de Oliveira), “1800 colinas”, de Gracia do Salgueiro”, além de “Tango do fim”, “A carne é fraca”, ambas de autoria de Osório Lima. Foi incluída ainda duas inéditas de sua autoria.
Em 2010 participou do show especial de Natal do cantor e compositor Roberto Carlos, realizado na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Neste show comandou a bateria da Escola de Samba Beija-Flor como puxador oficial do samba enredo de 2011 “A simplicidade de um rei”, composto em homenagem a Roberto Carlos.
Em 2011 participou da festa “Flamengo é Flamengo”, em comemoração aos 116 anos do Clube de Regatas do Flamengo, em show realizado na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro, que contou a direção de Paulão Sete Cordas e a participação de vários artistas rubro-negros, dentre os quais Arlindo Cruz, Alcione, Almir Guineto, Diogo Nogueira, Toni Garrido, Moacyr Luz, entre outros.
Foi uma das atrações do “Baile Oficial da Cidade do Rio de Janeiro”, realizado no Jockey Club da cidade, para as comemorações de abertura do carnaval carioca de 2012.
Em 2013 participou do show em comemoração aos seis anos do programa “Samba Social Clube”, da rádio MPB FM, realizado na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro. O show contou com a regência do maestro Paulão Sete Cordas e com a participação de artistas como Monarco, Arlindo Cruz, Almir Guineto, Xande de Pilares, Diogo Nogueira, entre outros. Nesse mesmo ano a gravadora Som Livre lançou o CD “A história do sorriso negro”, que reuniu 14 músicas que ficaram famosas na voz artista, como “Angela”, “O campeão (Meu time) (Domingo eu vou ao Marcanã)” e regravações que fez de clássicos do samba como “Malandro é malandro e mané é mané”, “Sorriso negro”, entre outras.
Sua composição mais conhecida é “O Campeão” (Meu time), entoada em todos os estádios de futebol por todo o Brasil. Segundo o próprio compositor, a música gera cerca de R$ 2.500,00 reais em arecadação. Ainda sobre essa música, em 2008 o compositor declarou a um jornalista como surgiu esse sucesso: “Dei um compacto para um amigo que trabalhava no som do Maracanã e mandei distribuir milhares de panfletos com a letra. Nesse dia, a música tocou e todo mundo cantou”.
Em 2015 foi pela 13ª vez campeão com a GRES Beija-Flor de Nilópolis, entoando na avenida o samba enredo “Um griô conta a história: um olha sobre a África e o despontar da Guiné Equatorial. Caminhemos sobre a trilha de nossa felicidade.”.
Em 2018 gravou o DVD “Resumo”, registro de show ao vivo, com repertório majoritariamente inédito, com músicas como “Feio com sorte”, “Luiza flor morena” e “Graças a Deus”. O show de lançamento do disco foi apresentado no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro.
Em 2020 lançou o CD “Sambas de Enredo Memoráveis: Anos 60”, em que regravou sambas como “Aquarela brasileira”, “Cinco bailes da histórias do Rio”, “Heróis da liberdade”, entre outros. Nesse mesmo ano também lançou o CD “Tudo de bom”, com 12 faixas.
Em 2025 despediu-se do carnaval carioca desfilando pela última vez como puxador de samba oficial da G. R. E. S. Beija-Flor de Nilópolis, a escola campeã desse ano, e foi homenageado com o Estandarte de Ouro de “Personalidade do Ano”.
Selo NB Show
(vários)
(c/ vários)
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
ALBIN, Ricardo Cravo. O Livro de Ouro da MPB. Rio de Janeiro: Ediouro Publicações S.A., 2003.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.
ARAÚJO, Hiram. Carnaval – seis milênios de história. Rio de Janeiro. Editora Gryphus, 2000.