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Nome Artístico
Nara Leão
Nome verdadeiro
Nara Lofego Leão
Data de nascimento
19/1/1942
Local de nascimento
Vitória, ES
Data de morte
7/6/1989
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Cantora.

Com um ano de idade mudou-se com sua família de Vitória para o Rio de Janeiro. Estudou violão, na adolescência, com Solon Ayala e Patrício Teixeira. No final da década de 1950, atuou como repórter do jornal “Ultima Hora”. Seu apartamento, localizado na Avenida Atlântica, no bairro de Copacabana (RJ), abrigou reuniões musicais freqüentadas por compositores e intérpretes da emergente bossa nova. Ao lado desses artistas, participou, acompanhando-se ao violão, dos shows realizados nessa época nas universidades cariocas. Atuou também como professora de violão, lecionando na academia criada pelos compositores Carlos Lyra e Roberto Menescal, em Copacabana (RJ). Ficou conhecida como “a musa da bossa nova”, denominação dada pelo cronista Sérgio Porto.

Dados artísticos

Iniciou sua carreira profissional em 1963, integrando o elenco do musical “Pobre menina rica”, de Vinicius de Moraes e Carlos Lyra, apresentado na Boate Au Bon Gourmet (RJ). Nesse mesmo ano, gravou as faixas “É tão triste dizer adeus” e “Promessas de você”, ambas de Carlos Lyra e Nélson Lins de Barros, no disco “Depois do Carnaval”, de Carlos Lyra. Também em 1963, participou da trilha sonora de “Ganga Zumba, rei dos Palmares”, filme de Cacá Diégues, com quem viria a se casar mais tarde, interpretando a canção “Nanã” (Moacir Santos). Ainda nesse ano, apresentou-se na França e no Japão com o trio de Sérgio Mendes.

Em 1964, lançou seu primeiro LP, “Nara”, gravando obras de compositores da bossa nova e de representantes do chamado “samba de morro”. No repertório, “Marcha da quarta-feira de cinzas” (Carlos Lyra e Vinicius de Moraes), “Diz que fui por aí” (Zé Kéti e Hortêncio Rocha), “O morro (Feio não é bonito)” (Carlos Lyra e Gianfrancesco Guarnieri), “Canção da terra” (Edu Lobo e Ruy Guerra), “O sol nascerá” (Cartola e Élton Medeiros), “Luz negra” (Nélson Cavaquinho e Hiraí Barros), “Berimbau” (Baden Powell e Vinicius de Moraes), “Vou por aí” (Baden Powell e Aloysio de Oliveira), “Maria Moita” (Carlos Lyra e Vinicius de Moraes), “Réquiem por um amor” (Edu Lobo e Ruy Guerra), “Consolação” (Baden Powell e Vinicius de Moraes) e “Nanã” (Moacyr Santos e Vinicius de Moraes). Nesse mesmo ano, lançou mais um LP, “Opinião de Nara”, contendo as canções “Opinião” e “Acender as velas”, ambas de Zé Kéti, “Derradeira primavera” (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), “Berimbau (Ritmo de capoeira)” (João Mello e Codó), “Sina de caboclo” (João do Vale e J. B. de Aquino), “Deixa” e “Labareda”, ambas de Baden Powell e Vinícius de Moraes, “Esse mundo é meu” (Sérgio Ricardo e Ruy Guerra), “Em tempo de adeus” (Edu Lobo e Ruy Guerra), “Chegança” (Edu Lobo e Oduvaldo Vianna Filho), “Na roda da capoeira” (Folclore baiano) e “Malmequer” (Newton Teixeira e Cristóvão de Alencar). Ainda em 1964, integrou, ao lado de Zé Kéti e João do Vale, o elenco do histórico espetáculo “Opinião”, de autoria de Armando Costa, Oduvaldo Vianna Filho e Paulo Pontes, com direção de Augusto Boal. O show, realizado no Teatro Opinião (RJ), tematizava questões sociais e políticas do Brasil, então sob ditadura militar, e foi registrado em disco, contendo canções como “Peba na pimenta” (João do Vale, J. Batista e Rivera), “Pisa na fulô” (João do Vale, E. Pires e Silveira Júnior), “Samba, samba, samba” (Zé Kéti), “Borandá” (Edu Lobo), “Carcará” (João do Vale e José Cândido), “Guantanamera” (P.Seeger), “Malvadeza Durão” (Zé Kéti), “Esse mundo é meu” (Sérgio Ricardo e Ruy Guerra) e “Marcha da quarta-feira de cinzas” (Carlos Lyra e Vinicius de Moraes), entre outras.

Em 1965, lançou o LP “O canto livre de Nara”, no qual registrou as canções “Corisco” (Sérgio Ricardo e Glauber Rocha), “Samba da legalidade” (Carlos Lyra e Zé Kéti), “Não me diga adeus” (Paquito, L. Soberano e J. C. Silva), “Uricuri” (João do Vale e José Cândido), “Canto livre” (Bené Nunes e Dulce Nunes), “Suíte dos pescadores” (Dorival Caymmi), “Carcará” (João do Vale e José Cândido), “Malvadeza Durão” e “Nega Dina”, ambas de Zé Kéti, “Aleluia” (Edu Lobo e Ruy Guerra), “Minha namorada” (Carlos Lyra e Vinicius de Moraes) e “Incelença” (Folclore). Ainda nesse ano, convidou Maria Bethânia para substituí-la no show “Opinião”, registro da primeira atuação profissional da cantora baiana no cenário artístico carioca. Atuou, em seguida, no espetáculo “Liberdade liberdade”, de Flávio Rangel e Millôr Fernandes, também apresentado no Teatro Opinião (RJ). O show gerou disco homônimo, lançado pelo selo Forma no ano seguinte, contendo a gravação do “Hino da Proclamação da República” (Leopoldo Miguez e Osório Duque Estrada), além das canções “Marcha da quarta-feira de cinzas” (Carlos Lyra e Vinicius de Moraes), “Aruanda” (Carlos Lyra e Geraldo Vandré), “Acertei no milhar” (Wilson Batista e Geraldo Pereira), “Eu não tenho onde morar” (Dorival Caymmi), “Com que roupa” (Noel Rosa), “Estatuto da gafieira” (Billy Blanco), “Tempo feliz” (Baden Powell e Vinicius de Moraes), “Nobody knows the troubles Ive seen” (Burleigh), “If you miss me at the back of the bus” (Adpt. arr. P. Seeger), “Summertime” (G. Gershwin e D. Heyward), “Leilão” (Heckel Tavares e Joracy Camargo) “Zumbi” (D. de Oliveira), “Jota dos três irmãos” (Folclore espanhol), “Cara al sol” (Folclore – adpt. Millôr Fernandes e Flávio Rangel), “Rumba la rumba” (Folclore espanhol), “Marinera” (Folclore espanhol), “Tiradentes – Joaquim José da Silva Xavier” (Mano Décio da Viola, E. Silva e Penteado) e “Marcha da quarta-feira de cinzas” (Carlos Lyra e Vinicius de Moraes). Ainda em 1965, apresentou-se, ao lado de Edu Lobo e do Tamba Trio, na Boate Zum Zum (RJ) e no Teatro Paramount (SP), onde o show, “Cinco na bossa. Nara Leão, Edu Lobo e Tamba Trio”, foi gravado ao vivo e lançado em LP homônimo, contendo as canções “Carcará” (João do Vale e José Cândido), “Reza” (Edu Lobo e Ruy Guerra), “O trem atrasou” (Vilarinho, Estanislau Silva e Paquito), “Zambi” (Edu Lobo e Vinicius de Moraes), “Consolação” (Baden Powell e Vinicius de Moraes), “Aleluia” (Edu Lobo e Ruy Guerra), “Cicatriz” (Zé Kéti e Hermínio Bello de Carvalho), “Estatuinha” (Edu Lobo e Gianfrancesco Guarnieri),” Minha história” (João do Vale e Raymundo Evangelista) e “O morro não tem vez” (Tom Jobim e Vinicius de Moraes).

Em 1966. gravou o LP “Nara pede passagem”, lançando os compositores Sidney Miller (“Pede passagem”) e Chico Buarque (“Olê-olá”, “Pedro pedreiro” e “Madalena foi pro mar”). O disco incluiu, ainda, “Amei tanto” (Baden Powell e Vinicius de Moraes), “Palmares” (Noel Rosa de Oliveira, Anescar do Salgueiro e Walter Moreira), “Recado” (Paulinho da Viola e Casquinha), “Amo tanto” (Jards Macalé), “Quatro crioulos” (Élton Medeiros e Joacyr Santana), “Pranto de poeta” (Nélson Cavaquinho e Guilherme de Brito), “Pecadora” (Jair do Cavaquinho e Joãozinho) e “Deus me perdoe” (Humberto Teixeira e Lauro Maia). Também nesse ano, participou do II Festival da Música Popular Brasileira (TV Record), interpretando “A Banda” (Chico Buarque), canção que dividiu a primeira premiação com “Disparada” (Geraldo Vandré), defendida por Jair Rodrigues. A canção de Chico Buarque foi registrada em seu LP “Manhã de liberdade”, lançado ainda em 1966. O repertório do disco incluiu, também, “Morena dos olhos d’água” e “Funeral de um lavrador” (c/ João Cabral de Mello Neto), do mesmo compositor, “Ana vai embora” (Franklin Dario), “Como dois e dois são quatro” (Denoy de Oliveira e Ferreira Gullar), “Favela” (Padeirinho e Jorginho), “Menina de Hiroxima” (Luis Carlos Sá e Francisco de Assis), “Ladainha” (Gilberto Gil e Capinam), “Canção do bicho” (Geni Marcondes, Denoy de Oliveira, Ferreira Gullar e Oduvaldo Vianna Filho), “Canção da primavera” (Carlos Elias) e “Faz escuro mas eu canto” (Monsueto e Thiago de Mello), além da faixa-título (Nélson Lins de Barros e Marco Antônio).

Em 1967, gravou o LP “Vento de maio”, contendo canções de Chico Buarque (“Quem te viu, quem te vê”, “Com açúcar e com afeto”, “Noite dos mascarados” e “Um chorinho”) e Sidney Miller (“Maria Joana”, “A praça”, “O circo”, “Passa passa gavião” e “Fui bem feliz”, essa última com Jorginho), além de “Morena do mar” (Dorival Caymmi), “Rancho das namoradas” (Ary Barroso e Vinicius de Moraes) e “Vento de maio” (Gilberto Gil e Torquato Neto). Participou, também nesse ano, do III Festival da Música Popular Brasileira (TV Record), interpretando “A estrada e o violeiro”, ao lado do autor da música, Sidney Miller. A canção foi contemplada com o prêmio de Melhor Letra. Nessa época, apresentou, com Chico Buarque, “Pra ver a banda passar”, programa transmitido semanalmente pela TV Record. Ainda em 1967, lançou o LP “Nara”, com as faixas “Tique-taque do meu coração” (Alcyr Pires Vermelho e Valfrido Silva), “Lancha nova” (João de Barro e Antônio Almeida), “Por exemplo você” (Sueli Costa e João Medeiros Filho), primeiro registro de uma canção da compositora, “Corrida de jangada” (Edu Lobo e Capinam), “De onde vens” (Dori Caymmi e Nélson Motta), “Se você quiser saber” (Cristóvão de Alencar e Silvio Pinto), “Camisa amarela” (Ary Barroso), “Cabra macho” (Guto e Mariozinho Rocha), “No cordão da saideira” (Edu Lobo), “Inspiração” (Ubenor Santos), “Soneto de separação” (Tom Jobim e Vinicius de Moraes). O disco contou com a participação de Oscar Castro Neves, como arranjador e violonista.

Em 1968, gravou o LP “Nara Leão”, contendo músicas de Caetano Veloso (“Lindonéa”, “Mamãe, coragem” e “Deus vos salve esta casa santa”, as duas últimas com Torquato Neto), além das canções “Quem é?” (Custódio Mesquita e Joracy Camargo), “Donzela por piedade não perturbes” (J. S. Arvelos), “Anoiteceu” (Francis Hime e Vinicius de Moraes), “Modinha” (Villa-Lobos e Manuel Bandeira), “Infelizmente” (Lamartine Babo e Ari Pavão), “Odeon” (Ernesto Nazareth e Vinicius de Moraes), “Mulher” (Custódio Mesquita e Sadi Cabral), “Medroso de amor” (Alberto Nepomuceno e Juvenal Galeno) e “Tema de Os Inconfidentes” (Chico Buarque e Cecília Meirelles). Ainda nesse ano, interpretou a faixa “Lindonéa” (Caetano Veloso) no disco “Tropicália ou Panis et Circensis”, emblemático registro do movimento tropicalista.

Em 1969, gravou o LP “Coisas do mundo”, no qual registrou as versões de sua autoria para “Parabién la paloma” (Rolando Alarcón), “Little boxes” (Reynolds) e “La colombe” (Jacques Brel), seus versos sobre “Apanhei-te cavaquinho” (Ernesto Nazareth) e as canções “Coisas do mundo minha nega” (Paulinho da Viola), “Me dá… me dá…” (Cícero Nunes e Portelo Juno), “Atrás do trio elétrico” (Caetano Veloso), “Azulão” (Jaime Ovalle e Manuel Bandeira), “Tambores da paz” (Sidney Miller), “Pisa na fulô” (João do Vale, Ernesto Pires e Silveira Júnior), “Fez bobagem” (Assis Valente) e “Poema da rosa” (Jards Macalé e Augusto Boal), primeiro registro em disco de uma canção de Jards Macalé. Ainda nesse ano, já casada com o cineasta Cacá Diégues, mudou-se para Paris.

Em 1971, gravou o LP “Dez anos depois”, uma retrospectiva da bossa nova, em que incluiu as canções de Tom Jobim “Insensatez”, “Garota de Ipanema”, “Chega de saudade”, “O grande amor”, “Por toda minha vida” e “O amor em paz”, todas com Vinicius de Moraes, “Samba de uma nota só”, “Desafinado” e “Meditação”, todas com Newton Mendonça, “Retrato em branco e preto”, “Pois é” e “Sabiá”, todas com Chico Buarque, “Demais” (c/ Aloysio de Oliveira), “Estrada do sol” (c/ Dolores Duran), “Corcovado”, “Fotografia”, “Este seu olhar”, “Outra vez” e “Bonita” (em versão de Ray Gilbert), além de “Você e eu”, “Minha namorada” e “Primavera”, todas de Carlos Lyra e Vinicius de Moraes, “Rapaz de bem” (Johnny Alf) e “Vou por aí” (Baden Powell e Aloysio de Oliveira). Nesse mesmo ano, voltou para o Brasil.

Em 1972, No ano seguinte, como cantora e atriz, integrou, ao lado de Chico Buarque e Maria Bethânia, o elenco do filme de Cacá Diégues “Quando o Carnaval chegar”, cuja trilha sonora foi registrada em LP.

Ainda no começo da década de 1970, realizou algumas apresentações e participou de discos de outros artistas, como Fagner, ao mesmo tempo em que cursou Psicologia, na PUC-Rio. Lançou, nessa época, o compacto simples “A senha do novo Portugal” contendo “Grândola Vila Morena”, canção-hino da Revolução dos Cravos, e “Maio, maduro maio”, ambas do compositor português José Afonso.

Em 1975, gravou o LP “Meu primeiro amor”, contendo as canções “Atirei um pau no gato” (folclore), “Marcha dos gafanhotos” (Roberto Martins e Frazão), “Canta Maria” (Ary Barroso), “Sabiá laranjeira” (Milton de Oliveira e Max Bulhões), “Andorinha preta” (Breno Ferreira), “Menino de Braçanã” (Luiz Vieira e Arnaldo Passos), “Trevo de quatro folhas (Im looking over a four leaf clover)” (Dixon-Woods – vrs. Nilo Sergio), “Fiz a cama na varanda” (Dilu Melo e Ovídio Chaves), “Prenda minha” (folclore), “Colar de estrelas” (Breno Ferreira), “Casinha pequenina” (folclore), “Cabecinha no ombro” (Paulo Borges), “Upa! Upa! (Meu trolinho)” (Ary Barroso), “A saudade mata a gente” (Antônio Almeida e João de Barro) e “Meu primeiro amor (Lejania)” (Gimenez – vrs. José Fortuna e Pinheirinho Júnior).

Em 1977, lançou o LP “Meus amigos são um barato”, que contou com a participação de Tom Jobim, Chico Buarque, Edu Lobo, Carlos Lyra, Roberto Menescal, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Erasmo Carlos, entre outros. No repertório, as canções “Sarará miolo” (Gilberto Gil), “Odara” (Caetano Veloso), “Meu ego” (Roberto Carlos e Erasmo Carlos), “Chegando de mansinho” (Dominguinhos e Anastácia), “Repente” (Edu Lobo e Capinam), “Nonó” (Nélson Rufino), “João e Maria” (Chico Buarque e Sivuca), “Amazonas” (João Donato e Lysias Ênio), “Flash back” (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli), “Cara bonita” (Carlos Lyra), “Fotografia” (Tom Jobim).

Em 1978, gravou o LP “Que tudo mais vá pro inferno”, homenageando a obra de Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Registrou no disco as canções “Como é grande o meu amor por você” (Roberto Carlos), além de “As curvas da estrada de Santos”, “Além do horizonte”, “Dia de chuva”, “Olha”, “Cavalgada”, “Proposta”, “Debaixo dos caracóis dos seus cabelos”, “A cigana”, “O divã”, “Se você pensa” e a faixa-título, parcerias dos dois compositores.

Em 1980, lançou o LP “Com açúcar, com afeto”, registrando as composições de Chico Buarque “A Rita”, “Onde é que você estava”, “Ela desatinou” “Trocando em miúdos” (c/ Francis Hime), “O que será (À flor da pele)”, “Baioque”, “Dueto”, “Vence na vida quem diz sim” (c/ Ruy Guerra), “Samba e amor”, “Homenagem ao malandro”, “Olhos nos olhos” e “Mambembe”.

No ano seguinte, gravou o LP “Romance popular”, contendo as canções de Fausto Nilo “Amor nas estrelas” (c/ Roberto de Carvalho), “Laranja da China” (c/ Fagner), “Bloco do prazer” (c/ Moraes Moreira), “Romance popular” (c/ Stélio do Vale e Xico Chaves) e “Luz brasileira” (c/ Nonato Luis), além de sua parceria com Fagner e Fausto Nilo “Cli-Clé-Cló” e das canções “Moça bonita” (Geraldo Azevedo e Capinam), “Seja o meu céu” (Robertinho do Recife e Capinam), “Por um triz” (Clodô, Climério e Clésio), “Traduzir-se” (Fagner e Ferreira Gullar) e “Marinheira” (Fernando Falcão e Fausto), com destaque para “Penas do tiê” (folclore – adpt. Fagner).

Em 1982, lançou o LP “Nasci para bailar”, com arranjos de João Donato e Antonio Adolfo. No repertório, a faixa título (João Donato e Paulo André), “Pede passagem” (Sidney Miller), “Luz do sol” (Caetano Veloso), “Maravilha curativa” (Miltinho e Kledir Ramil), “Tô com o diabo no corpo” (Sivuca e Paulinho Tapajós), “Questão de tempo” (Kleiton Ramil), “Manto negro” (Élton Medeiros e Antônio Valente), “Gaiolas abertas” (João Donato e Martinho da Vila), “Caso do acaso” (David Tygel), “Penar” (Antonio Adolfo e Paulinho Tapajós) e “A primeira sentença” (Túlio Mourão), além das versões de Chico Buarque “Supõe” e “Imagina só” para as canções de Sílvio Rodrigues “Supon” e “Imaginate”.

Em 1983, gravou o LP “Meu samba encabulado”, registrando as músicas “Meu cantar” (Noca da Portela e Joel Menezes), “14 anos” (Paulinho da Viola), “Relembrando” (Luiz Carlos da Vila), “De mal pra pior” (Pixinguinha e Hermínio Bello de Carvalho), “Há música no ar” (Dona Ivone Lara e Délcio Carvalho), “Eu e a brisa” (Johnny Alf), “Como será o ano 2000?” (Padeirinho), “Isso é Brasil” (José Maria de Abreu e Luís Peixoto), “Fundo azul” (Nelson Sargento), “Firuliu” (Teca Calazans), “Brasileirinho” (João Pernambuco e José Leal) e “Quando a saudade apertar” (Jayme Florence e Leonel Azevedo). Participou, também do Projeto Pixinguinha, acompanhada pelo conjunto Camerata Carioca, quando foram apresentados shows nas cidades de Niterói, Fortaleza, Natal, Recife, Salvador e Brasília, registrando o recorde de público de toda a história do projeto.

Em 1984, lançou o LP “Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim…”, com a participação de César Camargo Mariano, como arranjador e pianista. No repertório, as canções de Tom Jobim “Outra vez”, “Eu preciso de você” (c/ Aloysio de Oliveira), “Por causa de você” (c/ Dolores Duran), “Mágoa” (c/ Marino Pinto), “Este seu olhar”, “Wave” e “Caminhos cruzados”, além de “Você e eu” e “Sabe você”, ambas de Carlos Lyra e Vinicius de Moraes, “Lá vem você” e “Até quem sabe”, ambas de João Donato e Lysias Ênio, “Sublime tortura” (Bororó) e “Telefone” (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli).

Em 1985, lançou, com Roberto Menescal, seu amigo do começo da bossa nova, o LP “Um cantinho, um violão”, contendo “Transparências” (Roberto Menescal e Abel Silva), “Blusão” (Roberto Menescal e Xico Chaves), “O negócio é amar” (Carlos Lyra e Dolores Duran), “Tristeza de nós dois” (Durval Ferreira, Maurício Einhorn e Bebeto), “Sabor a mi” (Álvaro Carrilho), “Da cor do pecado” (Bororó), “Resignação” (Geraldo Pereira e Arnô Provenzano), “Vestígios” (Marcos Valle e Paulo Sergio Valle), “There will never be another you” (Mack Gordon e HarryWarren), “Comigo é assim” (Luiz Bittencourt e José Menezes), “Mentiras” (João Donato e Lysias Ênio) e “Inclinações musicais” (Geraldo Azevedo e Renato Rocha).

Em 1986, gravou, no Japão, onde sempre foi muito admirada, o CD “Garota de Ipanema”, primeiro registro de disco de um artista brasileiro nesse suporte. No repertório, as canções de Tom Jobim “Garota de Ipanema”, “A felicidade”, “Chega de saudade” e “Água de beber”, todas com Vinicius de Moraes, “Meditação”, “Samba de uma nota só” e “Desafinado”, todas com Newton Mendonça, “Wave”, “Corcovado”, “Águas de março” e “Samba do avião”, além de “O barquinho” (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli), “Manhã de carnaval” (Luiz Bonfá e Antônio Maria), “Berimbau” (Baden Powell e Vinicius de Moraes), “Você e eu” (Carlos Lyra e Vinicius de Moraes) e “O que será” (Chico Buarque).

Em 1987, lançou o LP “Meus sonhos dourados”, contendo clássicos da música norte-americana, em versões escritas por autores brasileiros. No repertório, as versões de sua autoria “Um sonho de verão” (“Moonlight serenade”, de Miller e Parish), “Além do arco-íris” (“Over the rainbow”, de Arlen-Harburg), “Me abraça” (“Embraceable you”, de George e Ira Gershwin) e “Como vai você?” (“Whats new”, de Haggart-Burke), e as versões “Eu gosto mais do Rio” (“How about you”, de Lane e Freed), de Pacífico Mascarenhas, “Garoto levado” (“Lullaby of birdland”, de Shearing e Foster), de Carlos Colla, “Milagre” (“Misty”, de Garner e Burke), de Ronaldo Bôscoli, “Bobagens de amor” (“Tea for two”, de Youmans e Caesar), de Paulo Sérgio Valle, “Jamais” (“The boy next door”, de Martin e Blane), de Fátima Guedes, “Aqui no mesmo bar” (“As time goes by”, de Hupfeld), de Edmundo Souto, e “Coisas que lembram você” (“These foolishing things”, de Stracey. Marvell e Link), de Aloysio de Oliveira.

Em 1989, lançou o LP “My foolish heart”, dando seqüência ao tema do disco anterior. No repertório, “Maravilha” (“Wonderful”, de George e Ira Gershwin), “Adeus no cais” (“My funny valentine”, de R.Rodgers e L.Hart), “Mas não pra mim” (“But not for me”, de George e Ira Gershwin), “Só você” (“Night and day”, de Cole Porter), “Onde e quando” (“Where or when”, de R.Rodgers e L.Hart) e “A saudade me bateu” (“Sentimental journey”, de B.Gree, L.Brown e B.Homer), todas de sua autoria, e as versões assinadas por Nélson Motta “Cartas de amor” (“Love letters”, de E.Heyman e V.Youngrs), “Sonhos” (“Dream”, de J.Mercer), “E se depois” (“Tenderly”, de J.Lawrence e W.Gross), “Descansa coração” (“My foolish heart”, de N.Washington e V.Young), “Pleno verão” (“Summertime”, de George Gershwin, Ira Gershwin e D.B.Heyword), “Fumaça nos olhos” (“Smoke gets in your eyes”, de J.Kern e O.Harbach), “Sem querer” (“Youll never know”, de M.Gordon e H.Warren) e “Um beijo” (“Kiss”, de H.Gillespie e L.Newman), além da versão de Zé Rodrix “Alguém que olhe por mim” (“Someone to watch over me”, de George e Ira Gershwin).

Considerada “a musa da bossa nova”, esteve ligada a outros movimentos musicais, como o tropicalismo, tendo sido responsável, ao longo de sua carreira, pelo lançamento de vários compositores novos e pelo resgate de outros veteranos, realizando um mapeamento da música popular brasileira e destacando-se pela excelência do seu repertório.

Faleceu no dia 7 de junho de 1989..

Após sua morte, os compositores Sivuca e Paulinho Tapajós compuseram, em sua homenagem, “Canção que se imaginara”, registrada pelo primeiro no CD “Enfim solo”, lançado em 1997.

Em 1999, em tributo à cantora, foi realizado o espetáculo “Nara, uma senhora opinião”, com Roberto Menescal e Cris Delano. O show, idealizado e produzido por Solange Kafuri, foi transmitido para todo o Brasil pela TVE, através do programa “Ao vivo entre amigos”, apresentado por Ricardo Cravo Albin. Ainda nesse ano, o BNDES abriu a exposição “Nara pede passagem”, mostrando facetas de sua vida e obra.

Em 2001, Sérgio Cabral publicou “Nara Leão – uma biografia” (Lumiar Editora).

No ano seguinte, a Universal Music lançou a caixa “Nara”, contendo os 13 primeiros álbuns da cantora, gravados entre 1964 e 1975, e um CD exclusivo de raridades, com músicas gravadas entre 1968 e 1975. Nove dos 13 discos trazem duas faixas-bônus, pesquisadas por Marcelo Fróes, responsável pela concepção e produção executiva do projeto. As capas foram reproduzidas dos originais, incluindo textos e fichas técnicas. O projeto gráfico foi assinado pela sobrinha da cantora, a artista plástica Pink Wainer, responsável também pela edição do livreto que acompanha os CDs, com texto de Tárik de Souza e várias fotos.

Em 2003, a Universal Music lançou a caixa “Leão”, projeto igualmente produzido por Marcelo Fróes, contendo, além dos 11 discos de carreira gravados pela cantora entre 1977 e 1989, o CD “Nara canta em castellano”, versão em espanhol do LP “Que tudo mais vá pro inferno”, um CD com a trilha sonora do espetáculo “Liberdade, liberdade” (1966) e outro com raridades extraídas de compactos.

Em 2006, foi lançado o DVD “Nara Leão – Ensaio”, registro do programa da TV Cultura, rodado em película no ano de 1973, com depoimentos da cantora a Fernando Faro, ilustrados pela interpretação de canções de seu repertório, acompanhada por seu violão.

Em homenagem à cantora, Fernanda Takai, vocalista do grupo Pato Fu, lançou, em 2007, o CD solo “Onde brilhem os olhos seus”. Idealizado por Nelson Motta, o disco reviveu canções do repertório da musa da bossa nova, como “Diz que fui por aí” (Zé Kéti e Hortênsio Rocha), “Com açúcar, com afeto” (Chico Buarque), “Seja o meu céu” (Capinam e Robertinho Do Recife), “Debaixo dos caracóis dos seus cabelos” (Roberto Carlos e Erasmo Carlos), “Lindonéia” (Caetano Veloso e Gilberto Gil), “Luz negra” (Nelson Cavaquinho e Amâncio Cardoso) e “Estrada do sol” (Tom Jobim e Dolores Duran), entre outras. Nesse mesmo ano, a TV Globo exibiu uma homenagem especial à cantora no programa “Por toda a minha vida”, com depoimentos de familiares e amigos, dramatização e trechos de shows e reportagens.

Em 2012, ano em que a cantora completaria seu 70º aniversário, entrou na rede o site oficial http://www.naraleao.com.br, contendo cronologia artística, fotos, documentos, discografia e gravações. Nesse mesmo ano, foi homenageada na série “MPB na ABL”, realizada no Teatro R. Magalhães Jr. da Academia Brasileira de Letras (RJ), com o show “Um banquinho, um violão e uma franjinha”, roteirizado e apresentado por Ricardo Cravo Albin e realizado por Roberto Menescal e Cris Delanno, com a participação de Adriano Giffoni (contrabaixo) e João Cortez (bateria). No repertório, canções emblemáticas da carreira da cantora: “O barquinho”/“Você”, ambas de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli, “Primavera” (Carlos Lyra e Vinicius de Moraes), “Diz que fui por aí” (Zé Kéti e Hortêncio Rocha), “O Morro não tem vez” (Zé Kéti), “Feio não é bonito” (Carlos Lyra e Gianfrancesco Guarnieri), “Missa agrária”/”Carcará” (João do Valle), “Opinião” (Zé Kéti), “João e Maria” (Sivuca e Chico Buarque), “Nara”(Roberto Menescal e Joyce), “A banda” (Chico Buarque) e “Nasci para bailar” (João Donato).

Foi lançada, em 2014, uma compilação de entrevistas suas, editadas dentro da série “Encontros”, pela editora Azougue.

 

Em 2016 foi tema de palestra do músico Rafael Cortez, um expert em Nara Leão. A palestra teve audição comentada a partir das pesquisa e histórias conhecidas. Aconteceu no Espaço Uirapuru, um pequeno centro de estudos da música brasileira, em Vila Mariana, SP.

Completaria 75 anos em 2017. Na ocasião, o especial “Nara Leão, 75 anos” foi exibido na RCB (Rede Brasil de Comunicação), com produção, roteiro e apresentação de Alexandre Ingrevallo, apoio de produção de Wesley Barbarino e Igor Monteiro e trabalhos técnicos de Maria Cleidiane e Carlos Lima.

Sua história se tornou peça musical em 2018. “Nara, a menina disse coisas” foi o título do musical escolhido pelos escritores da peça, Hugo Sukman e Marcos França. Idealizado pelo jornalista Christovam Chevalier, que convidou a atriz Aline Carrocino para protagonizar Nara, o musical transitou por sua vida e obra, com músicas que a marcaram. Canções como A Banda, João e Maria Desafinado e A História de uma Gata estiveram no roteiro. Segundo Hugo, “o musical foi definido a partir das falas da Nara, dos depoimentos, das entrevistas que ela deu. Então, o espetáculo seria um recorte muito importante do pensamento dela.” A direção artística foi de Priscila Vidca e a direção musical de Guilherme Borges.

Segundo a crítica, o espetáculo retratou um olhar mais inquieto e combativo sobre ela, e se iniciou com a participação da cantora no show de Carlos Lyra na década de 1980.

Estreou, em fevereiro de 2024, no Teatro Firjan Sesi Centro,no Rio de Janeiro, o musical “Nara”, escrito e dirigido por Miguel Falabella. A cantora foi interpretada por Zezé Polessa. A direção musical e os arranjos foram de Josimar Carneiro. No repertório foram incluídas músicas como “Corcovado” (Antonio Carlos Jobim), “Diz que fui por aí” (Zé Kétti e Hortênsio Rocha), “A banda” (Chico Buarque). No mesmo ano foi escolhida como a homenageada póstuma do  Women’s Music Event, premiação dedicada à mulheres nas áreas artística, técnica, jornalística e de gestão empresarial.

Discografias
2018 Discobertas Anos 60/70/80 ao vivo
2013 Universal Music Nara rara
2009 Universal Music Nara Leão Naturalmente
2008 Universal Music Nara Tropicália
2006 Biscoito Fino DVD Nara Leão – Ensaio (Nara Leão)
2005 Universal Music Pure Bossa Nova
2003 Universal Music Leão (Nara Leão)
2002 Universal Music Nara (Nara Leão)
2002 Universal Music Raridades II
1996 Universal Music Obras primas
1989 Philips LP Grandes autores: Ary Barroso - participação
1989 PolyGram LP My foolish heart (Nara Leão)
1988 CBS LP Bossa nova... Prá fazer feliz a quem se ama - participação
1988 Discobertas Corcovado/Insensatez

Single

1987 PolyGram LP Meus sonhos dourados (Nara Leão)
1986 PolyGram CD Garota de Ipanema (Nara Leão)
1985 Tycoon LP Lira do povo (Hermínio Bello de Carvalho) - participação
1985 Discobertas Nara Leão 1985(Ao vivo)
1985 PolyGram LP Um cantinho, um violão

Nara Leão e Roberto Menescal

1984 PolyGram LP Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim (Nara Leão)
1983 Forma LP Carnaval liberou geral - participação
1983 PolyGram LP Meu samba encabulado
1982 Polyfar LP A música de Fogaça - participação
1982 PolyGram LP Nasci para bailar
1982 Philips LP Viagem encantada - participação
1981 CBS LP João do Vale (João do Vale) - participação
1981 PolyGram LP Romance popular
1980 PolyGram LP Com açúcar, com afeto
1980 Polydor LP Erasmo Carlos convida (Erasmo Carlos) - participação
1979 Clack LP 20 anos de bossa nova-Show gravado ao vivo no Teatro Municipal de São Paulo - participação
1979 Universal Music Nara canta em Castellano
1979 Philips LP Ópera do malandro (Vários artistas) - participação
1978 Discobertas Nara Leão 1978 (Ao vivo)
1978 Phonogram LP Que tudo mais vá pro inferno
1977 Cia. Internacional de Seguros LP A modinha

participação

1977 Phonogram LP Meus amigos são um barato (Nara Leão)
1977 Som Livre LP O casarão - Trilha sonora da novela (Vários artistas) - participação
1977 Philips LP Os saltimbancos (Vários artistas) - participação
1976 Philips CD Música popular infantil - participação
1976 Philips LP Palco, corpo e alma. Ao vivo, Boate Flag (RJ) - participação
1975 Phonogram LP Meu primeiro amor
1975 Philips LP Os maiores sambas-enredos de todos os tempos-vol. III - participação
1974 Philips Compacto simples A senha do novo Portugal (Nara Leão)
1974 Marcus Pereira LP Música popular do Centro-oeste/Sudeste 1 - participação
1974 Marcus Pereira LP Música popular do Centro-oeste/Sudeste 2 - participação
1974 Marcus Pereira LP Música popular do Centro-oeste/Sudeste 3 - participação
1974 Marcus Pereira LP Música popular do Centro-oeste/Sudeste 4 - participação
1973 Mercury LP As divinas... e maravilhosas - Trilha sonora da novela (Vários artistas) - participação
1973 Philips LP Manera Fru-fru, manera (Fagner) - participação
1973 Philips LP Phono 73-O canto de um povo vol. 3. Ao vivo, Anhambi (SP) (Vários artistas) - participação
1972 Discobertas Nara Leão 1972(Ao vivo)
1972 Philips LP O Carnaval chegou - participação
1972 Philips LP Orações profanas (Vários artistas) - participação
1972 Philips LP Os maiores sambas-enredos de todos os tempos-Vol II - participação
1972 Philips LP Quando o Carnaval chegar

-Trilha sonora do filme (Vários artistas) - participação

1971 Polydor LP Dez anos depois (Nara Leão)
1971 Philips LP Os maiores sambas-enredos de todos os tempos - participação
1969 Philips LP Coisas do mundo
1969 Philips Compacto Duplo Pinóquio - participação
1968 Philips LP II Festival Estudantil da Música Popular Brasileira (Vários artistas) - participação
1968 Philips LP IV Festival de Música Popular Brasileira vol. II (Vários artistas) - participação
1968 Philips LP IV Festival de Música Popular Brasileira vol. III (Vários artistas) - participação
1968 Philips LP Nara Leão
1968 Philips LP O Brasil canta no Rio. I Festival Nacional de Música Popular Brasileira (Vários artistas) - participação
1968 Forma LP Samba do escritor (Dulce Nunes) - participação
1968 Philips LP Tropicália ou Panis et Circensis (Vários artistas) - participação
1967 Philips LP Garota de Ipanema - Trilha sonora do filme (Vários artistas) - participação
1967 Philips LP II Festival Internacional da Canção Popular (Vários artistas) - participação
1967 Philips LP Nara
1967 Elenco LP Sidney Miller (Sidney Miller) - participação
1967 Philips LP Vento de maio
1966 Forma LP Liberdade, liberdade-Ao vivo - participação
1966 Philips LP Manhã de liberdade
1966 Philips LP Nara pede passagem
1965 Philips LP Cinco na bossa

Nara Leão, Edu Lobo e Tamba Trio

1965 Discobertas Nara Leão 1965(Ao vivo)
1965 Philips LP O canto livre de Nara
1965 Philips Show Opinião

Single com Nara Leão, Zé Kéti e João do Vale

1964 Elenco Nara (Nara Leão)
1964 LP O fino da bossa - Gravado ao vivo no Teatro Paramount (SP) - participação
1964 Philips LP Opinião de Nara (Nara Leão)
1962 Philips LP Depois do Carnaval - participação
Shows
5 na Bossa. Nara Leão, Edu Lobo e Tamba Trio. Zum Zum, RJ
Liberdade, Liberdade. Teatro Opinião, RJ.
Opinião. Teatro Opinião, RJ.
Os Inconfidentes. Teatro Municipal, RJ.
Pobre Menina Rica. Au Bon Gourmet, RJ.
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

ALBIN, Ricardo Cravo. MPB: a história de um século. Rio de Janeiro: Ed. Funarte, 1997.

ALBIN, Ricardo Cravo. O livro de ouro da MPB – A História de nossa música popular de sua origem até hoje. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.

CABRAL, Sérgio. Nara Leão – uma biografia. Rio de Janeiro: Lumiar, 2001.

CASTRO, Ruy. Chega de saudade: a história e as histórias da bossa nova. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

CAVALCANTE, Cássio. Nara Leão – A musa dos trópicos. Recife. Editora Companhia de Pernambuco. 2009

COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.

Encontros – Nara Leão. Ed. Azougue.2014

FUSCALDO, Chris. Discobiografia Mutante: Álbuns que revolucionaram a música brasileira. Rio de Janeiro: Editora Garota FM Books, 2018. 2ª ed. Idem, 2020.

MELLO, Zuza Homem de. A era dos festivais – uma parábola. São Paulo: Ed. 34, 2003.

Crítica

Dizer que Nara Leão foi importante para a MPB pelo fato de ter sido a musa da bossa-nova é uma temeridade. Mais que isso, uma injustiça, além de falta de compostura histórica.

É claro que Nara foi musa, sim, e ninguém negará isso, ao menos nós que vivemos os anos dourados da bossa entre 1960 e 1964. Aliás, não apenas musa do mais poderoso movimento musical que existiu no Brasil. Mas até musa individualizada de quase todos nós, que caíamos de quatro ante a sedução sem par daquela franjinha, daquela boca carnuda, daquela voz grave ao falar, daquele par de olhos que encarava o interlocutor com uma firmeza capaz de demonstrar qualquer alma menos prevenida, um misto de luz celestial de anjo e raio dardejante de mulher sedutora. Sedutora? Muito, muitíssimo mais que isso.

Assim era Nara, que não queria ser musa de ninguém, e era, que não queria sequer que a chamassem de musa da bossa-nova, e era.

Mas muito além da musa jamais autodeclarada, estava um poderoso ser humano, dotado da melhor antena que registra a MPB. Nara Leão, com seu faro de perdigueiro para cheirar talentos novos, não apenas institucionalizou os compositores da bossa nova, na sua fase mais eloqüente, o comecinho dos anos 60, quando cantou Menescal e Bôscoli, Carlos Lyra, Vinícius e Tom. Nara, na verdade, foi muito mais longe. Teve a sensibilidade de abraçar os ideais de justiça social apregoados pelo CPC da UNE e pelo Cinema Novo, ouvir e deixar-se encantar pela magia dos poetas do morro, a turma mais ligada às escolas de samba, acusada de “quadradona” por certos setores da bossa nova.

Lembro-me do quase escândalo que foi o primeiro LP da Nara, gravado para a Elenco, de Aloísio de Oliveira. A cantora – de quem boa parte da crítica esperava apenas bossa e balanço, sol, céu, mar e azul, teve o topete de apresentar as visceralidades de Cartola (“O Sol Nascerá”, com Elton Medeiros) e Nelson Cavaquinho (“Luz Negra”, uma pura obra-prima de tensão e dramaticidade). Além de Zé Kéti, com o êxito triunfal que viria a ser “Se Alguém Perguntar por Mim”, samba antecipatório de “Alegria, Alegria” (de Caetano, quatro anos depois), inaugurando o Tropicalismo.

Aliás, o LP inaugural de Nara viria a ser o seu retrato 3×4. Um firme, veemente retrato: alguém que só lançaria gente fundamental, daí pra frente.

A começar pelo maior de todos os compositores populares dos anos 60 pra cá, Chico Buarque, de quem Nara registrou os iniciais “Olé, Olá” e “Pedro Pedreiro”. Basta?

Ricardo Cravo Albin