
Instrumentista (pianista e tecladista). Compositor. Cantor. Produtor musical.
Irmão de Dadi (baixista, compositor e cantor), Sergio de Carvalho (produtor musical) e Heloisa Tapajós (pesquisadora de MPB). Primo, pelo lado paterno, de Beto Carvalho (radialista e produtor musical) e Guti Carvalho (produtor musical). Tio de Daniel Carvalho (músico e produtor musical). Primo, pelo lado materno, do pianista Homero Magalhães e de seus filhos músicos Homero Magalhães Filho, Alain Pierre, Alexandre Caldi e Marcelo Caldi. É casado com a instrumentista Ana Zingoni.
Foi criado em Ipanema (RJ), ouvindo sua mãe executar peças eruditas ao piano e em constante contato com músicos e compositores que freqüentavam sua casa. Estudou no Colégio Rio de Janeiro, onde foi contemporâneo de Claudio Nucci, Lobão, Cazuza, Zé Renato e Claudio Infante, entre outros. Inicialmente autodidata, teve aulas de técnica de piano com Homero Magalhães.
Em 2012, recebeu, da Berklee College of Music (Boston, EUA), o Certificado de Especialista em Orquestração para Cinema e TV, por ter concluído satisfatoriamente o curso oferecido pela Berkleemusic Online Extension School daquela instituição acadêmica.
Iniciou sua carreira artística aos 16 anos de idade, apresentando-se com o grupo Semente em shows no Rio de Janeiro.
Em 1974, acompanhou Jorge Ben (hoje Jorge Benjor) em shows, como tecladista da Banda do Zé Pretinho.
Atuou, em seguida, com Moraes Moreira, com quem gravou os LPs “Moraes Moreira” (Som Livre/1975) e “Cara e coração” (Som Livre/1977).
Obteve destaque como compositor, em 1976, com sua canção “Sapato velho” (c/ Claudio Nucci e Paulinho Tapajós), gravada pelo conjunto Roupa Nova com grande sucesso.
No ano seguinte, participou do Festival de Chorinho (TV Bandeirantes), com sua composição “Espírito infantil”, classificada em 5º lugar no evento.
Ainda em 1977, fundou, juntamente com Dadi (baixo), Armandinho (guitarra), Gustavo Scroeter (bateria) e Ary Dias (percussão), o grupo A Cor do Som, com o qual se apresentou em shows pelo Brasil e no exterior, e lançou os discos “A Cor do Som” (Warner/1977), “A Cor do Som ao vivo no Montreux International Jazz Festival” (Warner/1978), “Frutificar” (Warner/1979), “Transe total” (Warner/1980), “Mudança de estação” (Warner/1981), “Magia tropical” (Warner/1982), “As quatro fases do amor” (Warner/1983), “Intuição” (Warner/1984), “O som da Cor” (Warner/1985), “Gosto do prazer” (RCA Victor/1987) e “A Cor do Som ao vivo no Circo” (Movieplay/1996).
Em 1978, tocou com Gilberto Gil no Festival de Jazz de Montreux. O espetáculo gerou o disco “Gilberto Gil ao vivo – Montreux International Jazz Festival” (Elektra/WEA). Nesse mesmo ano, acompanhou o cantor e compositor em turnê de shows pela França, Argentina e Brasil. Também em 1978, atuou com Baby do Brasil na gravação do LP “O que vier eu traço” (Atlantic/WEA).
No ano seguinte, gravou com Chico Buarque, juntamente com os demais integrantes do grupo A Cor do Som, a faixa “Hino de Duran” (Chico Buarque), da trilha sonora da peça teatral “Ópera do Malandro”, registrada no LP “Ópera do Malandro – Trilha sonora da peça teatral” (Polygram).
No início da década de 1980, atuou com Alceu Valença, participando da gravação dos discos “Coração bobo” (Ariola/1980) e “Cinco sentidos” (Ariola/1981).
Foi contemplado, em 1981, com o Prêmio “Os Melhores da Música de 1980”, na categoria Melhor em Teclados/Nacional, conferido pela Rede Bandeirantes.
Em 1985, gravou seu primeiro disco solo, “Meu continente encontrado”, contendo suas composições “O despertar dos mágicos”, “Toda a felicidade pra você (Gabriel)”, “O elefante equilibrista”, “O continente perdido de Mu”, “Bruno e Daniel”, “Valsa do amor (n 1)”, “Essa é pra Cor”, “Escuta esse chorinho”, “O sanfoneiro mais rápido do Oeste” e a faixa-título. O LP, produzido por Egberto Gismonti, contou com a participação especial de Egberto Gismonti (piano e teclados, na faixa “Toda a felicidade pra você (Gabriel)”), Luiz Eça (piano, em “Valsa do amor”) e Zé Luis Oliveira (sax soprano, na faixa “Essa é pra Cor”).
Em 1988, participou da gravação do LP “Muito obrigado” (Polydor), de Luiz Caldas.
Em 1990, acompanhou o Legião Urbana em turnê pelo Brasil e gravou com o grupo o disco ao vivo “Música para acampamento” (EMI-Odeon/1992).
Integrou, com Vinicius Cantuária (voz e bateria), Claudio Zoli (voz), Ritchie (voz e guitarra), Dadi (baixo) e Billy Forguieri (teclados), o grupo Tigres de Bengala, com o qual lançou, em 1993, disco homônimo.
Ao longo de sua carreira, atuou, em shows e gravações, com diversos artistas, como MPB-4, Fernanda Abreu, Paulinho Moska, Gabriel O Pensador, Paulinho Tapajós e Marina Lima, entre outros, além dos já citados.
Em teatro, participou, como compositor e instrumentista, da trilha sonora dos musicais infantis “Verde que te quero ver”, de Paulinho Tapajós e Edmundo Souto, e “Eternos meninos”, de Paulinho Tapajós, e da peça “No escurinho do cinema”, de Jorge Fernando.
Para o cinema, compôs as trilhas incidentais dos filmes “A dama do lotação”, “Os sete gatinhos”, “Navalha na carne”, todos de Neville de Almeida, e “O noviço rebelde”, “Xuxa requebra” e “Xuxa popstar”, todos de Tizuka Yamazaki, “Xuxa e os Duendes 2”, dirigido por Rogério Gomes e Paulo Sérgio Almeida, “Didi, o cupido trapalhão”, dirigido por Alexandre Boury e Reynaldo Boury, “Didi quer ser criança”, dirigido por Paulo Aragão e Alexandre Boury, e “Sexo, amor e traição”, dirigido por Jorge Fernando.
Participou, como compositor, das trilhas sonoras das novelas “Os ricos também choram” (SBT), com a canção “Coisas do coração” (c/ Paulinho Tapajós), “O direito de amar” (TV Globo), com a canção “Minha pequena princesa” (c/ Paulinho Tapajós), “Era uma vez” (TV Globo), com “Terra do nunca” (c/ Aldir Blanc), “Um anjo caiu do céu” (TV Globo) e “As filhas da mãe” (TV Globo).
Na década de 1990, começou a trabalhar como produtor musical na TV Globo. Começou assinando a produção musical e a criação e execução de trilhas incidentais das novelas “Zazá” (Rede Globo/1997), “Era uma vez” (Rede Globo/1998) e “Meu bem-querer” (Rede Globo/1998), bem como do programa “Você decide” (Rede Globo/1996).
Em 1998, fundou, com Ana Zingoni, o estúdio de gravação Boogie Woogie, destinado à produção, criação e execução de trilhas incidentais para cinema e televisão. Nessem mesmo ano, produziu a coleção “Bíblia Sagrada”, em 24 volumes, com locução de Cid Moreira. Por esse trabalho, que atingiu uma vendagem superior a 15 milhões de cópias, recebeu o CD de 15 diamantes.
Em 2000, assinou a produção musical e a criação e execução de trilhas incidentais da novela “Vila Madalena” (Rede Globo).
Em 2001, também em sociedade com Ana Zingoni, fundou o selo Boogie Woogie, especializado em música brasileira. Ainda nesse ano, assinou a produção musical e a criação e execução de trilhas incidentais das novelas “Um anjo caiu do Céu” (Rede Globo) e “As filhas da mãe” (TV Globo). Para esta última, além de compor as bases dos raps, com letras de Felipe Falcão, que eram veiculados diariamente na novela (numa média de oito a dez por capítulo, no início, e de cinco, na continuidade), alternou a interpretação dos mesmos com o cantor Paulinho Soledade.
Lançou, em 2002, o CD instrumental acústico “O pianista do cinema mudo”, primeiro lançamento do selo Boogie Woogie, com distribuição da Kuarup. O disco registrou suas composições inéditas “Hotel Guadalupe”, “O sol da noite de Les Baux”, “Em algum lugar no futuro”, “Uma tarde ao cair do piano”, “A dança dos camundongos”, “Chapliniana Z” e “Hello, Chick” (uma homenagem ao pianista Chick Corea), músicas de sua autoria registradas pelo grupo A Cor do Som, como “Semente mágica”, “Apanhei-te mini-moog”, “Intuição” e “Viver pra sorrir” (c/ Armandinho), além de sua canção “O elefante equilibrista” (registrada no LP “Meu continente encontrado”) e da regravação de “Tico-tico no fubá”, de Zequinha de Abreu. Formando o trio da base, o próprio compositor, ao piano, Jorge Helder, no baixo acústico, e Marcos Suzano, na percussão. O disco contou, ainda, com a participação especial de Armandinho (bandolim), Marcio Montarroyos (trompete), Carlos Malta (flauta), Nivaldo Ornellas (sax soprano e arranjos de cordas), Oswaldinho (acordeom), Ary Dias (percussão) e Cidinho (percussão). Escreveu o arranjo da canção “Narizinho”, da trilha sonora do “Sítio do pica-pau amarelo” (Rede Globo Globo). Compôs a música “Bambuluá” (c/ Dudu Falcão), tema de abertura do programa diário da apresentadora Angélica (Rede Globo). Ainda em 2002, atuou no CD “Reencontro”, gravando a faixa “Prelúdio Pai e Filho”, composta por Luiz Eça em homenagem ao artista e seu pai, Haroldo de Carvalho. Também nesse ano, assinou a produção musical e a criação e execução de trilhas incidentais das novelas “Desejos de mulher” (Rede Globo) e “O beijo do vampiro” (Rede Globo), para a qual compôs a canção “O beijo do vampiro” (tema de Zeca), registrada no CD da novela. Também nesse ano, compôs e executou a trilha sonora do filme “Xuxa e os duendes 2 – No caminho das fadas”.
Em 2003, foi responsável pela produção musical e pela criação e execução dos temas incidentais de “Chocolate com pimenta” (Rede Globo), para a qual compôs, em parceria com Aldir Blanc, a canção homônima, tema de abertura da novela.
Em 2005, lançou seu terceiro disco solo, “Óleo sobre tela”, contendo suas composições “Tagarelo”, “Manhã azul”, “Veneza”, “Baile na roça”, “Acenda a fogueira”, “Paisagem carioca”, “O Farol de Anita”, “Pra onde foram todas as flores?”, “Dança cigana”, “Relógio de Dali”, “Caffè Florian”, “O licor das bruxas” e “Joinville”, esta última em homenagem a seu pai. Nesse mesmo ano, assinou a produção musical da trilha sonora da novela “Alma Gêmea” (Rede Globo). Ainda em 2005, integrando a formação original do grupo A Cor do Som, ao lado de Armandinho, Dadi, Ary Dias e Gustavo Schroeter, apresentou-se no Canecão (RJ). O espetáculo contou com a participação de Caetano Veloso, Daniela Mercury, Moraes Moreira, Davi Moreira e o Coral dos Canarinhos de Petrópolis, e gerou o CD e o DVD “A Cor do Som Acústico”, com produção musical de Sérgio de Carvalho. Na virada do ano, apresentou-se, com A Cor do Som, no Reveillon A Cor do Sonho, realizado no Rock in Rio, em Salvador.
Lançou, em 2008, o CD “Ao vivo”, gravado no dia 9 de abril de 2006 na casa noturna Mistura Fina, ainda em seu tradicional endereço na Lagoa (RJ), ao lado de uma banda formada por Marcelo Mariano (baixo), Zé Canuto (sax alto, sax soprano e flauta), Chico Chagas (acordeom) e Cesinha (bateria), contando ainda, em algumas músicas, com a participação de Sergio Chiavazolli (violão em “Joinville”, bandolim em “Tagarelo”, “Em algum lugar do futuro” e “Apanhei-te minimoog”), Fernando Vidal (guitarra em “Acenda a fogueira” e “Baile na roça”), Cecelo Frony (guitarra em “O relógio de Dali”), Ana Zingoni (guitarra em “Manhã azul”), Marcos Nimrichter (piano em “Manhã azul”, “Frutificar” e “Saudação à paz”), Armandinho (guitarra baiana em “Frutificar” e “Saudação à paz”), Dadi (baixo em “Frutificar” e “Saudação à paz”) e Jorginho Gomes (bateria em “Frutificar” e “Saudação à paz”). Também no repertório, suas canções “Paisagem carioca” e “Tagarelo”. Lançou o disco na Rádio MEC AM e FM no segundo semestre desse mesmo ano, a convite do apresentador Ricardo Cravo Albin.
Em 2010, apresentou-se no Solar de Botafogo (RJ), interpretando suas composições para cinema e TV, como convidado de Ricardo Leão no projeto “Cinematecla”.
Em parceria com a cantora Ana Zingoni, lançou, em 2011, o CD “Vôo silencioso”, contendo suas composições “Venha leve” e “Vamos somar meu bem”, ambas com Galvão, “Cântico azul e branco” (c/ Pierre Aderne, Alexia Bomtempo e Marcelo Costa Santos), “Olhos d’água” (c/ Pierre Aderne e Alexia Bomtempo), “Swingue menina” (c/ Moraes Moreira), “Um bom Bordeaux” (c/ Marcelo Costa Santos), “Quando a gente ama pra valer” (c/ Paulinho Tapajós), “Convite pra Gafieira” (c/ Luiz Caldas) e “Onde todos estão” (c/ Cazuza), além de “A lua é testemunha” (Edu Krieger). O disco contou com a participação de Ricardo Silveira (guitarra e violão), Jorge Helder (contrabaixo), Jurim Moreira (bateria) e Sidinho Moreira (percussão), formando a banda de base, além da participação especial de Vittor Santos (trombone e arranjo de sopros), David Ganc (flauta), Joana Queiroz (clarinete e clarone), Nivaldo Ornelas (sax), Aquiles Moraes (flugel), Nicolas Krassic (violino), Armandinho (bandolim), Edu Morelenbaum (clarinetes e clarone), Paulo Cesar Barros (baixo) e Paulinho Soledade (apoio vocal).
Em 2012, apresentou-se no Teatro Rival BR com seu grupo A Cor do Som. Nesse mesmo ano, assinou a produção musical e a composição de temas incidentais para “Dercy de verdade” (Rede Globo), microssérie em quatro capítulos dirigida por Jorge Fernando. Também em 2012, apresentou-se em Montpellier, Lyon e Marselha, na França, dividindo o palco com o músico Armandinho, seu companheiro do grupo A Cor do Som. Ainda nesse ano, apresentou-se com seu grupo A Cor do Som para uma plateia de cerca de 5.000 pessoas na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador.
Em 2013, lançou o CD “Elétrico Nazareth – Mú Carvalho interpreta Ernesto Nazareth”, com as seguintes faixas: “Apanhei-te cavaquinho”, “Fon-Fon”, “Julita”, “Brejeiro”, “Confidências”, “Escorregando”, “Coração que sente”, “Tenebroso”, “Turbilhão de beijos” e “Variação sobre o tema Odeon”. Nesse mesmo ano, apresentou-se com seu grupo A Cor do Som dentro da “Corrente Cultural”, no Palco da Praça da Espanha, em Curitiba. Também em 2013, apresentou-se no CCBB, em Belo Horizonte, dentro do projeto “Ernesto Nazareth: 150 anos depois”, com o show “Elétrico Nazareth”.
Durante os anos 2010, Mu Carvalho também atuou como produtor musical na TV Globo. Entre os trabalhos que fez estão “Guerra dos Sexos”(2012), “Eta mundo bom”(2016), “Verão 90″(2021) e “Um lugar ao sol”(2021).
Em 2021 lançou o álbum autoral “Alegrias de Quintal“, com inéditas e regravações. Este foi o sexto álbum autoral do músico. A faixa título é a abertura do álbum. Ela é um pot-pourri de introduções que criou para obras interpretadas pelo grupo A Cor do Som, como “Menino Deus“ (Caetano Veloso), “Abri a porta” (Gilberto Gil e Dominguinhos) e “Palco“ (Gilberto Gil). O trabalho teve duas músicas inéditas: “Simplesmente pode acontecer”, feita em parceria com Tuca Oliveira com participação de Ana Zingoni; e “A voz de um amigo”, feita com Tuca Oliveira e Jonas Myrin, interpretada por Mu e Tuca. As outras cinco músicas são regravações de antigos sucessos, tais como “Sapato velho” (Mu Carvalho/ClaudioNucci/Paulinho Tapajós), que contou com a participação de Zé Renato (Boca Livre). Também estão no disco “Magia Tropical” (Mu Carvalho/Evandro Mesquita), “Semente do amor“ e “Suingue Menina“, ambas parcerias de Mu com Moraes Moreira. O pianista foi acompanhado por Júlio Raposo (guitarra), Lancaster Lopes (baixo) e Pedro Mamede (bateria).
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.