4.002
©
Nome Artístico
Moreira da Silva
Nome verdadeiro
Antônio Moreira da Silva
Data de nascimento
1/4/1902
Local de nascimento
Rio de Janeiro, RJ
Data de morte
6/6/2000
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Cantor. Compositor.

Seu pai era músico, trombonista da Polícia Militar e morreu quando ele tinha dois anos. Foi obrigado a deixar a escola para ajudar a mãe no sustento da casa. Carioca da Tijuca e criado no Morro do Salgueiro, teve uma infância e uma juventude muito pobres, passadas na própria Tijuca e nos subúrbios da Leopoldina.

Com 13 anos, já tinha feito todo tipo de trabalho, tendo sido empregado de fábrica de cigarros e tecelagens.

Mais tarde, foi funcionário fixo na Assistência Municipal, mudando-se do Morro da Cruz para o bairro do Estácio.

Demitido de vários empregos, sempre se reunia com amigos em serenatas e encontros de samba no Morro da Babilônia. Descobriu sua vocação junto à nata da malandragem no bairro do Estácio dos anos 20.

Aos 19 anos comprou um táxi e começou a trabalhar como motorista de praça. Mais tarde sairia do emprego para se tornar motorista de ambulância, profissão que o segurou até aposentar-se. Em 1928, casou-se.

Segundo todos que o conheceram, sua imagem de malandro e boêmio se tratava apenas de um personagem. Ela era, na verdade um cidadão exemplar e cumpridor de seus deveres. Originalmente como seresteiro, firmou-se como cantor e compositor e tornou-se um verdadeiro mito, uma unanimidade na música popular brasileira. Em quase um século de vida, teve uma trajetória de acontecimentos surpreendentes. Morreu em 6 de junho de 2000, no Rio de Janeiro, de falência múltipla dos órgãos.

Dados artísticos

 

Iniciou a carreira artística ainda na década de 1920,

cantando música romântica em bares e em bailes pela cidade do Rio de Janeiro. Em 1931, foi contratado pela Odeon e lançou seu primeiro disco, com as macumbas “Ererê” e “Rei de Umbanda”, ambas de Getúlio Marinho. No ano seguinte, gravou mais duas obras de Getúlio Marinho: os sambas “Na favela” e “Eu sou é bamba”. No selo desse disco, seu nome apareceu como Antônio Moreira “Mulatinho”. Ainda em 1932, gravou pela Columbia os sambas “Vejo lágrimas”, de Ventura e Osvaldo Vasques e “Arrasta a sandália”, de Aurélio Gomes e Osvaldo Vasques, esse último, seu primeiro grande sucesso. Ainda nesse ano, gravou pela Victor as marchas “Pra lá de boa” e “Oi Maria”, ambas de Assis Valente. Em 1933, fez sucesso com o samba “É batucada”, de Caninha e Visconde de Bicoíba. Gravou também o maxixe “Xandica”, de Paraguassu e os sambas “Tudo no penhor”, de Benedito Lacerda, “Cabrocha Inteligente” e “Quando a noite vem chegando”, de Ary Barroso, e “No morro de São Carlos”, de Hervê Cordovil e Orestes Barbosa.

Para o carnaval de 1934, lançou a marcha “Levante o dedo” e o samba “Cadê você, meu bem?”, ambas de Assis Valente. Ainda nesse ano, lançou o samba “Confissão do malandro”, de Guilherme Santos, o primeiro que fazia referências ao malandro e à malandragem, que se tornaram marcos em sua carreira. Em 1935, voltou a gravar pela Columbia e lançou as marchas “Gosto de você iaiá”, de Gomes Filho sobre tema de Schubert e “Coração constipado”, de Gomes Filho. Gravou ainda  marcha “Sá Miguelina”, sua primeira composição gravada, parceria com Heitor Leite Sodré. Fez sucesso no carnaval de 1935 com o samba “Implorar”, de Kid Pepe, Germano Augusto e J.S. Gaspar. Gravou em 1936, os sambas “Qual é teu desejo”, de Heitor Catumbi; “Adeus… vou partir”, de sua autoria e Djalma Esteves; “Olha a lua”, de sua autoria e Siqueira Filho, e “Tenho tudo”, de sua autoria, além da valsa “Roxa de saudade”, de Heitor Catumbi, e a marcha “Depois de você”, de Donga e Eduardo de Almeida. No ano seguinte, gravou os sambas “O trabalho me deu o bolo”, de sua autoria e João Golô, que retomava o tema da malandragem, e “O que tem iaiá”, de Antonico do Samba e Getúlio Marinho; “Todo mundo está esperando”, de sua autoria e Ernesto Sepe; “Mineiro sabido”, com Cícero Nunes; “Fraco abusado”, com Clóvis Vieira e Vespasiano Luz, e “Do amor ao ódio”, de Luiz Bittencourt e Heitor Catumbi. Notabilizou-se pelos sambas de breque que compôs e interpretou, tornando-se o maior nome neste gênero musical. Sua primeira intervenção improvisada foi em 1937, durante uma apresentação no Teatro Meyer, no Rio, quando interrompeu bruscamente o acompanhamento do samba “Jogo proibido”, de T. Silva, D. Silva e R. Cunha e inseriu uma frase no compasso. Neste mesmo ano, César Ladeira, responsável pelo apelido artístico “Moreira da Silva”, ouviu-o cantar no Cassino Atlântico e convidou-o para trabalhar na Rádio Mayrink Veiga. Em 1938, lançou os sambas “Cassino”, com Manoel Fernandes; “Nega Zura”, de José Gonçalves, o Zé com Fome, e “Nega de gafieira”, de sua autoria e C. de Farias.

Em 1939, retornou para a gravadora Odeon e lançou as batucadas “O trabalho me deu o bolo”, de sua autoria e João Golô, já gravada anteriormente na Columbia e “Adeus, orgia adeus”, de Djalma Esteves e Felisberto Martins. Nesse ano, excursionou por Portugal, onde chegou a trabalhar no filme “A varanda dos rouxinóis”, dirigido por Leitão de Barros.

Gravou em 1940 o samba “Casinha amarela”, de Djalma Esteves, Edgar Freitas e F. Santos, e o samba-choro “Acertei no milhar!”, de Wilson Batista e Geraldo Pereira, com o qual fez grande sucesso com uma interpretação marcante. Nesse ano, lançou pela Victor o samba “A deusa da vila”, de Djalma Esteves e David Nasser e a batucada “Com açúcar”, de Wilson Batista e Darci de Oliveira. Para o carnaval de 1941, lançou pela Victor a marcha “Olha a cara dela”, de sua autoria e Geraldo Pereira, e o samba “Assim termina um grande amor”, de sua autoria, Djalma Esteves e Miguel Baúso. Nesse ano, fez sucesso com o samba “Amigo urso”, de Henrique Gonçalez. Em 1942, gravou os sambas-choro “Dormi no molhado”, de sua autoria; “Fui a Paris”, com Roberto Cunha; “Lembranças da Bahia”, com Geraldo Pereira e “Mentiras de madame”, de Henrique Gonçalves. Para o carnaval de 1943 lançou o samba-choro “Diplomata”, de Henrique Gonçales e o samba “Voz do morro”, de sua autoria e Geraldo Pereira. No ano seguinte, gravou entre outras, o choro “Meu grande amigo”, de Henrique Gonçales e o samba “Meu pecado”, de Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins. Em 1945, gravou os sambas “O samba na Gamboa”, de Raul Marques; Ciro Souza e Ary Alexandrino e “Lindo Lar”, de Moacyr Bernadino e Norberto Martins. Em 1946, gravou o choro “Amigo-da-onça”, de Henrique Gonçalves;  o samba-de-breque “Noiva da gafieira”, de Ludovico Guimarães e Valdemar Pujol e os sambas “O relógio da matriz”, de Côrrea Filho e José Bruni e “Adeus, Aurora”, parceria com Moacyr Bernadino. Em 1948, lançou os dois últimos discos pela Odeon com os sambas “Amigo desleal”, com José Conde; “Margarida”, com Zózimo Ferreira e “Estácio de Sá”, de Antenor Borges e F. Marques e a marcha “A volta da jardineira”, com Zózimo Ferreira. Nesse ano, transferiu-se para a recém criada gravadora Star na qual estreou com a marcha “Rei dos ciganos”, de Bucy Moreira; Henrique Almeida e Mario Amorim, e a batucada “Ela é feia, mas é boa”, de Príncipe Pretinho e Oldemar Magalhães. No ano seguinte, gravou os sambas “Mulher que eu gosto”, de Afonso Teixeira e A. F. Marques; “Falta de elegância”, de sua autoria, Henrique Almeida e Walfrido Silva; “Pra cubano ver”, com Henrique Almeida e “Alto, moreno e simpático”, de Frazão e Roberto Martins.

Gravou em 1950, a marcha “Arraiá do Barnabé”, de Paquito e Romeu Gentil; o samba “Olhai pelo Brasil”, de sua autoria, Zezinho e Crispim Alves, e os sambas-choro “Entrevista”, de sua autoria e “Sou motorista”, de Átila Nunes e Altamiro Carrilho. Em 1951, teve uma rápida passagem pelo selo Carnaval no qual gravou dois discos com as marchas “Viva o elefante”, de Anadion Glauco e Diógenes Lima e “Boquinha de siri”, de Pereira Matos e Airton Amorim, e os sambas “Ele tem que voltar”, com Isidoro e “Sempre a mulher”, de Rubens Campos e Gesta. Em 1952, transferiu-se para a gravadora Continental e no disco de estréia lançou os sambas “Cavaleiro de Deus”, de Airton Amorim e Ferreira Gomes, e “Na subida do morro”, de sua autoria e Ribeiro Cunha, com acompanhamento de Severino Araújo e Orquestra Tabajara. O samba “Na subida do morro” se constituiria num de seus maiores sucessos. No mesmo ano, lançou outro clássico de seu repertório, o samba “Olha o Padilha”, de sua autoria juntamente com Bruno Gomes e Ferreira Gomes, música que satirizava um delegado de polícia de grande notoriedade na época.

Em 1953, gravou os sambas “1.296 mulheres”, parceria com o humorista Zé Trindade; “Falsa Grã-fina”, de Alfredo Costa e Oldemar Magalhães; “Na carreira do crime”, com Lourival Ramos e “Poeta dos negros”, J. Santos, João Batista e Valdir Machado. No ano seguinte, lançou os sambas “Diploma de pobre”, de João Batista da Silva, Príncipe Veludo e Jorge Santos; “Bamba de Caxias”, de sua autoria e Ribeiro Cunha e “Laranja tem vitamina”, de sua autoria, e a marcha “A mão do Alcides”, de Bruno Gomes, Ferreira Gomes e Wilson Batista. Em 1955, gravou pelo pequeno selo Santa Anita o LP “Moreira da Silva o tal” que incluiu sucessos como “Acertei no milhar”, de Geraldo Pereira e  Wilson Batista; “Noiva da gafieira”, de Waldemar Pujol e Ludovico Guimarães; “Bamba de Caxias”, de sua autoria e Ribeiro Cunha; “Na subida do morro”, com Ribeiro Cunha e “Amigo urso”, de Henrique Gonçalez.

Em 1957, retornou para a Odeon e lançou o samba-de-breque “Chang Lang”, de sua autoria e Ribeiro Cunha, com o qual fez bastante sucesso, e o choro “Escuta moreninha”, de sua autoria e Heitor Catumbi. No ano seguinte, lançou o LP “O último malandro”, no qual cantou, entre outras, “Que barbada”, com Jucata e Walfrido Silva; “Vara criminal”, com Ribeiro Cunha; “Olha o Padilha”, com Bruno Gomes e Ferreira Gomes e “Dormi no molhado” e “Dona história com licença”, de sua autoria. Em 1959, seguindo sua linha de identificação com a figura do malandro, lançou o LP “A volta do malandro”, no qual interpretou “Gago apaixonado”, de Noel Rosa; “Pé e bola”, com Waldemar Pujol; “Meu pecado”, de Felisberto Martins e Lupicínio Rodrigues e “Zé Carioca”, de Zé da Zilda e Zilda do Zé. Nesse ano, recebeu o troféu Disco de Ouro escolhido pela revista Radiolândia como o melhor sambista do ano.

Gravou em 1961, o LP “Malandro em sinuca”, no qual interpretou “O conto do pintor”, de Miguel Gustavo; “A volta de Chang-Lang”, de Almir Castro Barbosa e Kiabo; “Antigamente”, com Heitor Catumbi; “Malandro em sinuca”, de sua autoria, e “Meritíssimo” e “Malandro bombardeado”, com Ribeiro Cunha. No ano seguinte gravou dois novos LPs com a temática da malandragem: “Malandro diferente” e “Moreira da Silva, o “Tal”…malandro”. No primeiro, registrou sambas como “O pugilista de fama”, com Claudionor Martins; “Carango assaltado”, com Kiabo; “Reminiscências”, com Heitor Catumbi; “Fui a Paris”, com Ribeiro Cunha e “Aquele adeus”, de Mário Teresópolis. No outro LP gravou “Fraco abusado”, com Vespasiano Luz; “Aviso aos fazendeiros”, com Lourival Ramos e Ribeiro Cunha; “Deu o bode pra polícia”, de Silvino Neto; “Bailarinos do gramado”, com Lourival Ramos e Ribeiro Cunha, e “Que loura é essa?”, de Oldemar Magalhães e Alberto Costa. Com a fama de malandro, passou a interpretar um personagem nos enredos de seus sambas de breque, Kid Morengueira, presente no enorme sucesso “O rei do gatilho”, de Miguel Gustavo, que originou uma série de sambas do mesmo autor, que ele gravou dentro do tema cinematográfico. O disco de maior sucesso dentro deste tema foi “O rei do gatilho”, de 1962.

Por essa época, gravou vários discos de 78 rpm por pequenas gravdoras como Albatroz, Magistral e Regency, sem grande repersussão.

Em 1963, gravou pela EMI-Music o LP “O último dos moicanos”, com destaque para a música título, de Miguel Gustavo; ” Mil e uma atrapalhadas”, de Wilson Batista e Sinhô; “Chave-de-cadeia”, com Geraldo Gomes e “Patrulha da cidade”, com Kiabo. No ano seguinte, lançou o LP “Morengueira 64”, que trazia entre outras composições, os sambas “Gilda”, de Erasmo Silva e Mário Lago; “Aquela dama de preto”, de Mário Rossi e Newton Teixeira; “Mulher que tem cabeça”, de sua autoria e Gomes Filho; “Judia rara”, com Jorge Faraj e “Mulher má”, com Zé Pretinho. Dois anos depois, gravou o LP “Conversa de botequim”, música título de Noel Rosa, além de “Avisa a Maria que amanhã tem baile”, de Haroldo Lobo e Milton Oliveira; “Minha palhoça”, de J. Cascata; “Homenagem”, de sua autoria; “Pistom de gafieira”, de Billy Blanco e “Pedra que rolou”, de Pedro Caetano.

Em 1968, pelo selo Cantagalo, lançou o LP “O sucesso continua”, que trazia alguns sucessos antigos como “Na subida do morro”, com Ribeiro Cunha, além de “Resposta ao amigo urso”, de Maria Nazaré Maia; “Beijo de amor”, com Buci Moreira; “Baile da Piedade”, de Raul Marques e Jorge Veiga; “A carne”, com Amorim Roxo; ” Apressado queima a boca”, com H. Carvalho, e  “Baianinha cheirosa”, de sua autoria. Em 1970, retornou à gravadora Continental e lançou o LP “Mo “Ringo” eira”, que brincava com o sucesso de filmes de bang bang com o personagem Ringo, muito em voga na época. Esse disco apresentava entre outras, “O seqüestro de Ringo”, de Miguel Gustavo; “Rebocador Laurindo”, com Geraldo Gomes;  “A fera de ouro”, com Lourival Ramos; “Samba aristocrático”, com José Dilermando; “Moreira na ópera”, de Henrique Batista e Marília Batista e “Paraíso de malandro”, de Sereno. Dois anos depois, comemorando seus 70 anos de idade lançou pelo selo Tropicana o LP “70 anos de samba”, disco no qual interpretou música como “Moreira enfrenta Verdugo”, de Cyro de Souza e Ribeiro Cunha, e que aludia a um famoso personagem de luta livre da televisão e sucesso na época; “Restaurante chinês”, de Zé da Zilda e Adilson Gonçalves; “Os versos e a valsa”, com Heitor Catumbi; “Estou naquela do Roberto Carlos”, de Darcy Nascimento; “A nega da gafieira”, com João Correia de Faria e “Otário feliz”, com João Correia da Silva. Em 1976, gravou as faixas “Acertei no milhar” e “Dinheiro não é semente” no LP “O dinheiro na música popular brasileira”, produzido por Ricardo Cravo Albin.

Em 1979, gravou pela Polydor o LP “O jovem Moreira”, registrando as faixas “Idade não é documento”, com Cyro Aguiar; “Homenagem a Noel”, de sua autoria; “Gago apaixonado”, de Noel Rosa; “Partido alto dos passarinheiros”, de sua autoria e Aidran Carvalho e “Eu vou partir”, com Zé Keti, entre outras. Nesse ano, convidado por Chico Buarque, participou das gravações do LP “Ópera do malandro” na faixa “Meus doze anos”, fazendo dueto com Chico Buarque.

Em 1980, no Projeto Pixinguinha, excursionou por todo o Brasil. Desde os anos 1980, era sempre lembrado no dia de seu aniversário, 1º de abril, conhecido como o Dia da Mentira. Nesta data, costumava desfilar de carro na Rua da Carioca, no Centro do Rio de Janeiro, vestido de terno branco e chapéu-panamá, encarnando o estereótipo do “malandro”. Fora sua atuação como cantor, ficou famoso por seu temperamento irreverente, com resposta para tudo na ponta da língua. Lançou pela Top Tape em 1986, o LP “Cheguei e vou dar trabalho”, no qual gravou alguns antigos sucessos como “Amigo urso”, de Henrique Gonçalez e outras músicas como “Inadimplente”, de sua autoria; “Último desejo”, de Noel Rosa; “Já não posso andar na rua”, com J. Cristiano; “Garota de Copacabana”, de Zilda do Zé; “A volta do boêmio”, de Adelino Moreira, e “As rosas não falam”, de Cartola.

Em 1989, pelo selo Fama/CID, o LP “50 anos de samba de breque”, no qual interpretou seus maiores sucessos e outras músicas como “Fui ao dentista”, de Cícero Nunes e Sebastião Fonseca; “Cidade lagoa”, de Cícero Nunes e Sebastião Fonseca e “Fenômeno”, de Nilton Moreira e Joaquim Domingos, além do pot-pourri: “Aquele retrato lindo”, com M. Micelli; “Implorar”, de Kid Pepe e Germano Augusto; “Abre a janela”, de Arlindo Marques Jr. E Roberto Roberti; “Até amanhã”, de Noel Rosa; “É bom parar”, de Rubens Soares e “Que samba bom”, de Geraldo Pereira e Arnaldo Passos.

Em 1992, foi homenageado pela Escola de Samba Unidos de Manguinhos, que desfilou com o samba-enredo “Moreira da Silva – 90 anos de um malandro”. Em 1995, apresentou-se com grande sucesso no Teatro João Caetano, no “Projeto Seis e meia”. Nesse ano, lançou seu último disco, o CD, “Três malandros in Concert”, em parceria com Bezerra da Silva e Dicró, uma sátira ao disco “Três tenores in Concert” , de Plácido Domingo, José Carreras e Luciano Pavarotti.

Em 1996, seus 94 anos de idade foram comemorados na Boite Ritmo, em São Conrado, Rio de Janeiro, com participação especial de vários artistas. Ainda em 1996, virou tema de livro com o lançamento de “Moreira da Silva – O último dos malandros”, de Alexandre Augusto.  Em 1998, participou do CD comemorativo “Brasil são outros 500”, gravando as faixas “Amigo-urso” e “Resposta ao amigo”, cantando em duo com Gabriel O Pensador. Morreu em 2000, quando foi homenageado com um show beneficente no Canecão, destinado a pagar dívidas contraídas no hospital, dirigido por Ricardo Cravo Albin, que reuniu diversos artistas como Paulinho da Viola, Beth Carvalho, Sandra de Sá, Elza Soares, Carmen Costa, Emilinha Borba, Jads Macalé e Billy Blanco. Em 2001, foi homenageado por Jads Macalé no CD “Macalé canta Moreira”.

Seus maiores sucessos foram “Acertei no milhar”, de Wilson Batista e Geraldo Pereira; “Amigo-urso”, de Henrique Gonçalves, “Fui a Paris” e “Na subida do morro”, com Ribeiro Cunha. Até seus 98 anos de idade, apresentava-se constantemente em shows. Foi assim que chegou aos 69 anos de carreira, com 20 discos lançados, mais quatro CDs e mais de 100 discos em rpm. Conviveu com músicos de variadas gerações e estilos, desde Pixinguinha até Gabriel O Pensador, passando por  Chico Buarque de Holanda, Ary Barroso, entre outros. Em 2009, foi homenageado pelos cantores Jards Macalé e Maria Alcina no espetáculo “Homenagem ao malandro” no Teatro Nelson Rodrigues, na Caixa Cultural. Na ocasião foram relembrados sucessos do cantor como “Acertei no milhar”, “Piston na gafieira”, “Na subida do morro”, “O último dos moicanos” e “Faustina”. Em 2012, foram lançadas pelo selo Discobertas duas caixas com 4 CDs cada uma reunindo oito LPs lançados pelo cantor na Odeon entre 1958 e 1966. Na primeira caixa, intitulada “O último malandro”  estão os álbuns do mesmo no, de 1958, “A volta do malandro”, de 1959; “Malandro em sinuca”, de janeiro de 1961, e “Malandro diferente”, de setembro do mesmo ano. Na caixa dois, intitulada “O Tal Malandro” estão os LPs “O Tal Malandro”, de 1962; “Moreira da Silva”, de 1963; “Morengueira 64”, de 1964, e “Conversa de botequim”, de 1966. No mesmo ano, foi lançada pelo selo Discobertas a caixa “Moreira da Silva – Anos 50”, com três CDs. O primeiro, trás a reedição do LP “O tal”, de 1955. Os outros dois reunem gravações realizadas por ele entre  1950 e 1955. Num deles, com gravações feitas entre 1950 e 1953, incluiu composições como “Arraiá do Barnabé”, de sua autoria; “Ele tem que voltar”, com Izidoro de Freitas, e “Cavaleiro de Deus”, de Ayrton Amorim e Ferreira Gomes, e no último, raridades como “Poeta dos negros”, samba exaltação de J. Santos, João Batista da Silva e Valdir Machado, em homenagem a Castro Alves, e “Na carreira do crime”, de sua autoria e Lourival Ramos.

 

Discografias
1995 CID CD Os três malandros in Concert

(c/Bezerra da Silva e Dicró)

1994 Continental CD Mestres da MPB
1993 EMI CD Moreira da Silva fotografa o Rio
1990 EMI-Odeon CD Moreira da Silva especial
1989 Fama LP 50 Anos de samba de breque
1986 Top Tape LP Cheguei e vou dar trabalho
1985 PolyGram LP O rei do gatilho
1983 Jangada LP O astro
1981 PolyGram LP A arte de Moreira da Silva
1979 PolyGram LP O jovem Moreira
1977 CID LP Talento brasileiro
1973 CID LP Consagração
1972 Tropicana LP 70 anos de samba
1970 Cantagalo LP Manchete do dia
1970 Continental LP Mo"Ringo"eira
1968 Imperial LP Morengueira
1968 Cantagalo LP O sucesso continua
1967 Odeon LP Moreira da Silva-O Tal Malandro
1966 Odeon LP Conversa de botequim
1964 Repertório 78 A carta/Céu sem balões
1964 Odeon LP Morengueira 64
1963 Regency 78 Botafogo/Herdeiros do Brasil
1963 Odeon LP O último dos moicanos
1963 Magistral 78 Rio alegre/Vem Emilinha
1963 Albatroz 78 Tradição da Lapa;Pai Adão
1962 Odeon 78 Bailarinos do gramado/Que loura é essa?
1962 Odeon 78 Dancê mademoisele/O último dos moicanos
1962 Odeon LP Malandro diferente
1962 Musidisc 78 Meu desejo/Fingida
1962 Odeon LP Moreira da Silva-O Tal Malandro
1962 Orion 78 Mundo de lata/Meu prazer
1961 Odeon 78 Aquele adeus/O rei do gatilho
1961 Odeon LP Malandro em sinuca
1960 Odeon 78 Cardápio de Chang-Wu/Cachorro da madame
1960 Odeon 78 Cinderela em negativo/Antigamente
1960 Odeon 78 Dona justina/O canto do pintor
1959 Odeon LP A volta do malandro
1959 Odeon 78 Gago apaixonado/Bamba de Caxias
1959 Odeon 78 Madona de minh'alma/Feliz Natal, minha mãe
1958 Odeon 78 Jogando com o capeta/Despreso
1958 Odeon LP O último malandro
1957 Odeon 78 Chang Lang/Escuta moreninha
1956 LP Moreira da Silva, O Tal!Santa Anita
1956 Santa Anita 78 Turma do funil/Brotinho bom
1956 Santa Anita 78 Zé Trombone/Tentação
1955 Continental 78 Portuguesa da minha rua/Aluga-se uma casa
1954 Continental 78 Bamba de Caxias/Laranja tem vitamina
1954 Continental 78 Diploma de pobre/A mão do Alcides
1954 Todamérica 78 Vote em mim/Capitão Guerreiro
1953 Continental 78 1.296 mulheres/Falsa Grã-fina
1953 Continental 78 Arrependida/Viva o Cabral
1953 Continental 78 Bilhete premiado/Dormi no molhado/Jogo proibido/Malandro bombardeado
1953 Continental 78 Na carreira do crime/Poeta dos negros
1952 Continental 78 Cavaleiro de Deus/Na subida do morro
1952 Continental 78 Olha o Padilha/Rosinha
1952 Continental 78 Três-três/São Sebastião
1951 Carnaval 78 Sempre a mulher/Boquinha de siri
1951 Carnaval 78 Viva o elefante/Ele tem que voltar
1950 Star 78 Arraiá do Barnabé/Olhai pelo Brasil
1950 Star 78 Entrevista/Sou motorista
1950 Star 78 Papai das coroas/Meu sapato
1949 Star 78 Céu azul/Presépio encantado
1949 Star 78 Helena querida/Resignado
1949 Star 78 Mulher que eu gosto/Falta de elegância
1949 Star 78 Pra cubano ver/Alto, moreno e simpático
1948 Odeon 78 Amigo desleal/Margarida
1948 Odeon 78 Estácio de Sá/A volta da jardineira
1948 Star 78 Rei dos ciganos/Ela é feia, mas é boa
1947 Odeon 78 Rica cigana/São Cristóvão
1947 Odeon 78 Samba triste/Pernambuco, você é meu!
1946 Odeon 78 Amigo-da-onça/Noiva da gafieira
1946 Odeon 78 O relógio da matriz/Adeus, Aurora
1945 Odeon 78 Cremilda/Estúdio azul
1945 Odeon 78 Falavas de mim com ela/O relógio lá de casa
1945 Odeon 78 O samba na Gamboa/Lindo Lar
1944 Odeon 78 Foi-se meu azar/Juracy, boca-de-siri
1944 Odeon 78 Meu grande amigo/Meu pecado
1943 Odeon 78 Antes, porém.../Conversando com satanás
1943 Odeon 78 Cigano/Copa Roca
1943 Odeon 78 Samba pro concurso/Maestro, toque aquela
1942 Odeon 78 Conversa de camelô/Qu'este-ce que tu pense?
1942 Odeon 78 Diplomata/Voz do morro
1942 Odeon 78 Dormi no molhado/Fui a Paris
1942 Odeon 78 Lembranças da Bahia/Mentiras de madame
1941 Victor 78 Doutor em futebol/Bilhete branco
1941 Victor 78 Esta noite eu tive um sonho/Amigo urso
1941 Odeon 78 Nicolau/Dança do espalha
1941 Victor 78 O homem que se casa é feliz/Mendigo do amor
1941 Odeon 78 Pára-quedista do amor/O jantar está na mesa
1940 Odeon 78 A casinha amarela/Acertei no milhar
1940 Odeon 78 A deusa da vila/Com açúcar
1940 Odeon 78 Marcha ABC/Quando o sol apareceu
1940 Victor 78 Olha a cara dela/Assim termina um grande amor
1939 Odeon 78 O trabalho me deu o bolo/Adeus, orgia adeus
1938 Columbia 78 Cassino/Nega Zura
1938 Columbia 78 Fraco abusado/Do amor ao ódio
1938 Columbia 78 Mineiro sabido/Chang-Lang se queimou
1938 Columbia 78 Nega de gafieira/Beijo furtado
1938 Columbia 78 Não sou mais aquele/Meu sofrimento
1938 Columbia 78 Todo mundo está esperando/Mineiro sabido
1937 Columbia 78 O trabalho me deu bolo/O que tem iaiá
1936 Columbia 78 Depois de você/Adeus... vou partir
1936 Columbia 78 Olha a lua/Tenho tudo
1936 Columbia 78 Qual é teu desejo/Roxa de saudade
1935 Columbia 78 Gosto de você iaiá/Coração constipado
1935 Columbia 78 Sá Miquilina/Foi em 1500...
1934 Columbia 78 Devias ser condenada/Implorar
1933 Victor 78 Abre a boca e feche os olhos/Olha à direita
1933 Victor 78 Cabrocha Inteligente/Quando a noite vem chegando
1933 Victor 78 Cadê você?
1933 Victor 78 Confesso/Homem não chora
1933 Victor 78 Desperta/Confissão de malandro
1933 Victor 78 Empurra/Implorei sua amizade
1933 Victor 78 Levante o dedo/Cadê você, meu bem?
1933 Victor 78 No Morro de São Carlos/Eu vou comprar
1933 Columbia 78 Vou vender jornal
1933 Columbia 78 Xandica
1933 Columbia 78 É batucada/Tudo no penhor
1932 Odeon 78 A baiana de nagô/Martirizado
1932 Odeon 78 Auê/Cafioto
1932 Parlophon 78 Era meia-noite!
1932 Odeon 78 Na favela/Eu sou é bamba
1932 Odeon 78 Na mata virgem/Auê de Ganga
1932 Victor 78 Pra lá de boa /Oi, Maria
1932 Columbia 78 Vejo lágrimas/Arrasta a sandália
1931 Odeon 78 Ererê/Rei da umbanda
Obras
1296 mulheres (c/ Zé Trindade)
A bamba de Caxias (c/ Ribeiro Cunha)
A bela e a fera
A carne (c/ Amorim Roxo)
A dama do cemitério (c/ Kiabo)
A fera de ouro (c/ Lourival Ramos)
A lagosta é nossa (c/ Kiabo)
A rosa do meu amor (c/ Rubens Machado)
A turma do funil (c/ Adelino Moreira)
A volta da jardineira (c/ Zózimo Ferreira)
A volta do cigano (c/ Dalmo)
Adeus inferno verde
Adeus, Aurora (c/ Moacyr Bernadino)
Adeus... vou partir (c/ Djalma Esteves)
Alma in fiesta (c/ J. Alex)
Amigo desleal (c/ José Conde)
Antigamente (c/ Heitor Catumbi)
Anúncio para mulher (c/ Kiabo)
Apressado queima a boca
Aquele retrato lindo (c/ M. Micelli)
Arraiá do Barnabé
Assim termina um grande amor (c/ Djalma Esteves e Miguel Baúso)
Aviso aos fazendeiros (c/ Lourival Ramos e Ribeiro Cunha)
Baianinha cheirosa
Bailarinos do gramado (c/ L. Ramos e Ribeiro Cunha)
Beijo de amor (c/ Buci Moreira)
Bilhete premiado (c/ Tancredo Silva e Ribeiro Cunha)
Cabrito com bronca (c/ Lourival Ramos)
Cachorro de madame (c/ Wilson Pires)
Carango assaltado (c/ Kiabo)
Cassino de malandro (c/ Raul Marques)
Chang-lang (c/ Ribeiro Cunha)
Chave de cadeia (c/ Geraldo Gomes)
Choro esdrúxulo (c/ Zé Ferreira)
Ciumento (c/ Ayrton Amorim)
Companheiro sincero (c/ Almeidinha)
Copa Roca (c/ Lourival Ramos)
Cálice amargo
Céu azul (c/ Cézar Cruz)
Dancê mademoiselle (c/ Ribeiro Cunha)
Desculpa de soldado (c/ Jehovah Barbosa)
Dona Justina (c/ Kiabo)
Dona história com licença
Doralice
Dormi no molhado
Ele tem que voltar (c/ Isidoro)
Em boa companhia
Esta noite tive um sonho (c/ Wilson Batista)
Estúdio azul (c/ Cézar Cruz)
Eu não sou baiano
Eu vou partir (c/ Zé Kéti)
Falso gaiato (c/ Lourival Ramos e Jorge Gonçalves)
Falta de elegância (c/ Henrique Almeida e Walfrido Silva)
Filmando na América (c/ Waldemar Pujol)
Fingida (c/ Sulamita Guimarães)
Fraco abusado (c/ Clóvis Vieira e Vespasiano Luz)
Fui a Paris (c/ Ribeiro Cunha)
Fui ao Japão (c/ Zé Ferreira)
Homenagem
Homenagem a Noel
Homenagem a Paulistinha (c/ Graça Batista)
Idade não é documento (c/ Ciro Aguiar)
Inadimplente
Jogando com o capeta (c/ Ribeiro Cunha)
Jogo proibido (c/ Tancredo Silva e David Silva)
José e João (c/ Anderson Ferrari)
Judia rara (c/ Jorge Faraj)
Já não posso andar na rua (c/ J. Cristiano)
Kleuza
Lapa na década de 30
Laranja tem vitamina
Lei do céu (c/ Tito Mendes)
Lembranças da Bahia (c/ Geraldo Pereira)
Malandro bombardeado (c/ José Gonçalves)
Malandro em sinuca
Manchete do dia (c/ Lourival Ramos)
Marcha ABC (c/ Davina Anita)
Margarida (c/ Zózimo Ferreira)
Melô dos passarinhos (Aidran Carvalho)
Meritíssimo (c/ Ribeiro Cunha)
Meu desejo (c/ Aristóteles Silva)
Meu prazer (c/ Ribeiro Cunha)
Meu sofrimento (c/ Vespasiano Luz)
Mineiro sabido (c/ Cícero Nunes)
Mironga e gronga (c/ Nelson Santos e Talismã)
Moreninha poliglota (c/ Milton Goulart)
Mulher má (c/ Zé Pretinho)
Na carreira do crime
Na subida do morro (c/ Ribeiro Cunha)
Nega de gafieira (c/ C. de Farias)
No seca-suvaco (c/ Ribeiro Cunha e José Gonçalves)
Não sou mais aquele (c/ Vespasiano Luz)
O conto da mala (c/ Kiabo)
O maior do mundo (c/ Wilson Pires e Ribeiro Cunha)
O novo rico
O pugilista de fama (c/ Claudionor Martins)
O rei do cangaço
O relógio lá de casa (c/ Inezita Falcão)
O trabalho me deu bolo (c/ João Golô)
O urubu está voando baixo (c/ João Correa)
Olha a cara dela (c/ Geraldo Pereira)
Olha a lua (c/ Siqueira Filho)
Olha o Padilha (c/ Bruno Gomes e Ferreira Gomes)
Os versos e a valsa (c/ Heitor Catumbi)
Otário feliz (c/ João Correia da Silva)
Partido-alto dos passarinheiros
Patrulha da cidade (c/ Kiabo)
Pesadelo
Petição
Plantel de bois e cavalos
Pra cubano ver (c/ Henrique Almeida)
Presépio encantado (c/ B. Mota)
Pé de laranjeira
Pé e bola (c/ Waldemar Pujol)
Quando o sol apareceu (c/ J. Portela)
Que barbada (c/ Walfrido Silva e Jucata)
Que malandro sou eu
Rainha da Pérsia (c/ M. Micelli)
Rebocador Laurindo (c/ Geraldo Gomes)
Reconciliação
Reminiscências (c/ Heitor Catumbi)
Resignado (c/ D. Provenzano)
Resposta ao amigo-urso (c/ Mário Nazaré Maia)
Rosinha (c/ Airton Moreira e Ferreira Gomes)
Samba aristocrático (c/ José Dilermando)
Samba pro concurso (c/ Geraldo Pereira)
Samba triste (c/ Côrrea Filho)
Sambista de consultório (c/ Renné Bittencourt)
Sapoti (c/ Adelino Moreira)
Sou o primeiro
Sá Miquilina (c/ Heitor Catumbi)
São Jorge meu protetor (c/ Wilson Pires)
Só Deus é capaz (c/ Fito Fernandes Cardoso)
Te amo querida (c/ Moes Filho)
Telefonista
Tenho tudo
Tira os óculos e recolhe o homem (c/ Jards Macalé)
Todo mundo está esperando (c/ Ernesto Sepe)
Tudo bem
Vara criminal (c/ Ribeiro Cunha)
Viagem espacial (c/ Nelson Barros)
Vou cassar o seu mandato
Vou mudar de escola (c/ Nelson Barros)
Vou voltar para a Lapa (c/ H. Rocha)
Voz do morro (c/ Geraldo Pereira)
Shows
94 anos. Boate Ritmo, RJ.
Projeto Pixinguinha.
Projeto Seis e Meia. Teatro João Caetano, RJ.
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.

AUGUSTO, Alexandre. Moreira da Silva – O último dos malandros. Rio de Janeiro: Record, 1996.

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da música Popular. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1965.

COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.

SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume1. São Paulo: Editora: 34, 1999.

Crítica

Antônio Moreira da Silva criou essa coisa extraordinária que foi o comentário falado, nascido imediatamente depois da célebre paradinha, o breque, no desenvolvimento da melodia. Repararam que só o Moreira conseguia que o discurso tivesse a conveniência da musicalidade? Há onze anos atrás dirigi um show no João Caetano em seu benefício – numa dessas aperturas de grana tão comuns aos sambistas cariocas. Pelo meu roteiro, Moreira encerraria a noite e devia falar em rápidas palavras sobre o time de artistas que se solidarizaram. Mas logo disparou: “- Negativo, meu negócio não é blablablá! Eu vou é agradecer dentro dos meus breques”.

Bem dito e melhor feito. Ele sapecou apenas a frase inicial do “Acertei no Milhar” (Geraldo Pereira e Wilson Baptista) e produziu um breque maravilhoso, dizendo, de improviso, que acertou no milhar, com as presenças dos artistas que lá estavam e do público que pingava com dinheirinho cada entrada.

Moreira da Silva foi genial no improviso, na graça carioca da “persona” que ele incorporou, o malandro do Rio – logo ele, um cidadão exemplar, honesto e honrado, cuja alma era lírica e seresteira como a de um passarinho. A tal ponto que a última vez que o vi, já no leito de morte, ele me tomou a mão e, aflitíssimo, pediu que o ajudasse a levantar fundos para quitar as despesas da clínica particular onde estava internado. Aliás, graças a Emilinha Borba, ele se internaria logo depois no Hospital dos Servidores, a custo zero. O que fez cessar a sua ansiedade de homem probo, o único malandro do mundo que não admitia calote.

Ricardo Cravo Albin