
Cantor.
Proveniente de uma família de músicos, seu avô, Feliciano Constantino de Moraes, era maestro, condecorado pelo imperador d. Pedro II, no Rio de Janeiro, cidade onde atuava . A mãe, Augusta de Moraes Anoni, tocava piano e acompanhava os artistas que aportavam para se apresentar no Teatro de Machado. O pai era comerciante. Em 1946, casou-se com Maria Fraga Moraes Neto, funcionária da embaixada brasileira, com quem teve um filho. Com a transferência da esposa para servir em Buenos Aires, o casal lá permaneceu entre 1975 e 1982.
Em 1936, aos 18 anos de idade, foi para Belo Horizonte a convite de Israel Pinheiro, tendo sido aprovado em teste que lhe possibilitou atuar na Rádio Inconfidência, vínculo que manteve por três anos. Em seguida, convidado a apresentar-se na Ceará Rádio Clube (PRF-9) de Fortaleza, manteve-se na cidade durante todo o ano de 1940. No ano seguinte, ingressou na Tupi, do Rio de Janeiro, onde se firmou, conquistando a admiração de Ary Barroso, que o chamava de Boi, por “não saber a força que tinha” como cantor. Ary preparou então duas músicas para seu disco de estréia: a marcha “Chula-ô” e o samba “Isto aqui o que é” , numa gravação com orquestra comandada pelo maestro Fon-Fon, ambas para o carnaval de 1942.
Gravou oito discos na Odeon, caracterizando-se sempre pelo bom gosto na escolha de seu repertório. Ainda em 1942, participou do famoso filme “Tudo é verdade” (Its All True), de Orson Welles. Cantou nos estúdios da Cinédia três músicas: “Carinhoso” (com Odete Amaral no contracanto), “Alô, alô, América” e “Escravos de Jó”, substituindo Francisco Alves. No mesmo ano, gravou o samba “Brasil novo”, de Saint Clair Sena e Alcyr Pires Vermelho e a valsa “Alma dos violinos”, de Lamartine Babo e Alcyr Pires Vermelho. Na mesma época, engajado no esforço de guerra gravou o dobrado “Pelo Brasil! Pela vitória”, de Humberto Teixeira e Caio Lemos. Em 1943, gravou acompanhado ao acordeom por Antenógenes Silva a canção “Luar do sertão”, de Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco. No mesmo ano, voltou a gravar duas músicas de Ary Barroso, a marcha “Quem cabras não tem…” e o samba “Madrugada”. No mesmo ano, gravou de Lupicínio Rodrigues, a quem conheceu em Porto Alegre e de quem se tornou amigo, o samba “Eu é que não presto”. Em 1944, gravou as primeiras composições de Jair Amorim em parceria com José Maria de Abreu, a valsa “Adeus, amor” e o fox-canção “Bisarei esta canção”. Em 1945, gravou a valsa “Sonhando”, de Joyce, com versão de Paulo Roberto e o fox “Hei de encontrar-te algum dia”, de Steiner e Washington, com versão de Mário Mendes.
Em 1949, passou a atuar na Rádio Nacional, regressando posteriormente à Tupi. Transferiu-se para a Argentina, onde atuou em várias rádios e casas noturnas, sempre acompanhado pelo violonista Paulinho de Pinho. Ao regressar, fixou-se em Curitiba, onde continuou cantando. Em 2000, a EMI/Copacabana relançou sua gravação de “Isto aqui é que é”, no CD “Cantores do rádio volume 1”.
AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.