Cantor. Compositor.
Seu primeiro instrumento foi a sanfona. Logo depois, passou a tocar violão e guitarra. Em 1966, transferiu-se para a cidade de Salvador e foi morar em uma pensão, onde conheceu Paulinho Boca de Cantor e Luis Galvão, com os quais formaria mais tarde o grupo Os Novos Baianos. Por essa época trabalhava como bancário.
Em 1968, juntamente com Paulinho Boca de Cantor, Luis Galvão, Pepeu Gomes e Baby Consuelo (hoje Baby do Brasil), formou o grupo Os Novos Baianos, que fez sua estréia com o show “Desembarque dos bichos depois do dilúvio”, em Salvador.
No ano seguinte, participou, com o conjunto, do V Festival da Música Popular Brasileira da TV Record de São Paulo, com sua composição “De Vera” (c/ Galvão). A canção foi registrada no primeiro LP do grupo, lançado nesse mesmo ano, ao lado de outras da mesma dupla de parceiros como “É ferro na boneca” e “A casca de banana que pisei”.
Em 1970, Baby Consuelo lançou um compacto simples, pela RGE, contendo outra música de sua autoria, “Curto de véu e grinalda” (c/ Galvão).
Ainda no início dos anos 1970, transferiu-se com os outros integrantes do conjunto Os Novos Baianos para o Rio de Janeiro, vivendo inicialmente em um apartamento em Botafogo e, mais tarde, em um sítio em Vargem Grande.
Em 1972, o grupo incorporou o baixista carioca Dadi e os percussionistas Jorginho Gomes, Baixinho e Luis Bolacha. Redirecionado musicalmente pela influência de João Gilberto, amigo de infância de Luis Galvão, o conjunto gravou, pela Som Livre, o LP “Acabou Chorare”, contendo, entre outras, canções de sua parceria com Galvão, como a faixa título, “Mistério do planeta”, “A menina dança”, “Um bilhete pra Didi”, “Tinindo trincando” e “Preta, Pretinha”, esta última vindo a se tornar um dos maiores sucessos do grupo, que também ficaria conhecido pela releitura de “Brasil pandeiro” (Assis Valente), incluída nesse mesmo LP.
Em 1973, ainda com o grupo, lançou o LP “Novos Baianos Futebol Clube”. Neste disco, foram registrados outros sucessos de sua autoria, como “Besta é tu” (c/ Pepeu e Galvão), “Sorrir e cantar como Bahia” e “Só se não for brasileiro nessa hora”, ambas em parceria com Galvão, entre outras. O disco incluiu também uma releitura de “Samba da minha terra” (Dorival Caymmi), que se tornaria outro grande sucesso do conjunto.
Em 1974, ainda com o grupo, lançou pela Continental o LP “Linguagem do alunte”, no qual foram incluídas, de sua parceria com Galvão, a faixa-título, “Ao poeta”, “Reis da bola”, “Ladeira da praça” e “Fala tamborim”, entre outras. Com a dissolução do conjunto, partiu para carreira solo. Nesse mesmo ano, participou da trilha sonora da novela “Gabriela” (TV Globo), na qual interpretou sua música “Guitarra baiana”.
Em 1975, lançou seu primeiro disco solo, “Moraes Moreira”.
No ano seguinte, iniciou uma parceria com o poeta Fausto Nilo, com quem compôs “Santa fé”, tema de abertura da novela “Roque Santeiro” (Rede Globo). Ainda em 1976, participou, como cantor, do Trio Elétrico de Dodô e Osmar.
Lançou, em 1977, o LP “Cara e coração”.
Em 1978, lançou o LP “Alto falante”. Nesse mesmo ano, Zezé Motta interpretou sua música “Crioula” em disco lançado pela gravadora Atlantic.
Em 1979, lançou o LP “Lá vem o Brasil descendo a ladeira”. Nesse mesmo ano, Terezinha de Jesus incluiu no repertório do LP “Vento Nordeste” (CBS) sua composição “Fogo fátuo” (c/ Chacal). Também em 1979, Zizi Possi e o grupo A Cor do Som interpretaram “Fruto maduro”, de sua autoria. Ainda nesse ano, Paulinho Boca de Cantor, ex-integrante dos Novos Baianos e também seguindo carreira solo, incluiu diversas composições de sua autoria em disco lançado pela gravadora Epic: “Nossa trajetória” (c/ Paulinho e Galvão), “Mambeando à beira mar” (c/ Jorginho, Paulinho e Galvão), “Leva o vento” (c/ Galvão) e “Eu sou um padeiro”.
Em 1980, lançou o LP “Bazar brasileiro”. Nesse mesmo ano, Terezinha de Jesus registrou, no LP “Caso de amor”, sua música “Tua sedução” (c/ Fausto Nilo).
Em 1981, lançou o LP “Moraes Moreira. Elza Maria incluiu, no disco “Entra na Rosa” (PolyGram), lançado também nesse ano, sua canção “Pelo microfone” (c/ Fausto Nilo). A música seria regravada mais tarde, também com sucesso, por Elba Ramalho. Ainda em 1981, a dupla Bendegó, formada por Capenga e Gereba, gravou “Do I Ching ao Xingu”, de sua parceria com Capenga e Antonio Risério.
Lançou, em 1982, o LP “Coisa acesa”. Nesse mesmo ano, com direção e roteiro de Fred Góes, montou o show “Pintando o oito”, apresentado no Anhembi (SP). Também em 1982, Ângela Maria gravou sua canção “Sempre Ângela” (c/ Fred Góes e Paulo Leminski).
No ano seguinte, lançou o LP “Pintando o oito”.
Em 1984, gravou o LP “Mancha de dendê não sai”. Também nesse ano, Zezé Motta incluiu, no LP “Frágil força”, sua música “Nega Dina” (c/ Capinan) e Zizi Possi regravou “Dê um rolê” (c/ Galvão), sucesso dos anos 1970 na voz de Gal Costa.
Em 1985, Beth Carvalho interpretou “O encanto do Gantois”, de sua parceria com Edil Pacheco. Ainda nesse ano, compôs com Fausto Nilo “Olhos de Xangô”, incluída na minissérie “Tenda dos Milagres” (Rede Globo). Também em 1985, Luiz Gonzaga gravou “Instrumento bom”, de sua parceria com Fred Góes.
Em 1986, lançou o LP “Tocando a vida”. Nesse ano, sua composição “Dança do amor” (c/ João Donato) foi interpretada por Tânia Alves, no LP “Dona de mim” (CBS).
Em 1987, gravou o LP “Mestiço é isso?”. Nesse ano, Fausto Nilo lançou o disco “12 Letras de Sucesso”, no qual o letrista compilou algumas de suas músicas mais conhecidas, em gravações de grandes artistas da MPB, algumas de autoria da dupla, como “Bloco do prazer”, com Gal Costa, e “De noite e de dia”, com Maria Bethânia, além de sua própria gravação de “Meninas do Brasil” e “Santa Fé”.
Em 1988, lançou os LPs “Bahiano fala cantando” e “República da música”. Também nesse ano, apresentou-se, ao lado de Armandinho, em turnê de shows nos Estados Unidos.
Em 1989, Elba Ramalho interpretou “Popular brasileira”, de sua parceria com Fred Góes, faixa que deu título ao disco da cantora. Nesse mesmo ano, Fred Góes fez o roteiro de seu especial para a Rede Manchete. Ainda em 1989, participou do disco de Armandinho.
Em 1990, fez dupla com Pepeu Gomes, com quem lançou o disco “Moraes e Pepeu”. No ano seguinte, o disco foi lançado no Japão.
Em 1991, gravou o disco “Cidadão”, no qual registrou, entre outras, “Leda” (c/ Paulo Leminski) e a faixa-título, de sua parceria com Capinan.
Um ano depois, convidado por Almir Chediak, participou do songbook de Gilberto Gil, interpretando ao lado de seu filho Davi Moraes a música “Procissão”.
Em 1993, lançou o CD “Terreiro do mundo”, com destaque para sua canção “Agradeça ao Pelô” (c/ Neguinho do Samba), e o CD “Tem um pé no Pelô”.
Gravou, no ano seguinte, o CD “O Brasil tem conserto”.
Em 1995, lançou o CD “Acústico Moraes Moreira”, interpretando 15 sucessos de sua carreira, dentre os quais “Lá vem o Brasil descendo a ladeira” (c/ Pepeu), “Festa do interior” (c/ Abel Silva), “Coisa acesa” (c/ Fausto Nilo), “Acabou chorare” e “Preta Pretinha”, ambas com Galvão.
Em 1996, lançou o CD “Estados”.
No ano seguinte, juntamente com Baby do Brasil, Paulinho Boca de Cantor, Luis Galvão e Pepeu Gomes, entre outros componentes do grupo Novos Baianos, apresentou o show “Infinito Circular”, no Metropolitan (RJ). O espetáculo foi gravado e deu origem ao disco homônimo, lançado no mesmo ano. Ainda em 1997, gravou gravou o CD “50 Carnavais”, contendo sete músicas inéditas e cinco regravações de antigos sucessos.
Em 1999, lançou o CD “500 sambas”.
Em 2001, participou do Rock In Rio, apresentando-se, com seu trio elétrico, no Palco Mundo.
Lançou, em 2003, o CD “Meu nome é Brasil”, contendo suas canções “Violão cidadão” e “Mais que palavras”, ambas com Fred Góes, “Minha pérola”, “Choro novo” (c/ Armandinho), “Indagações de um analfabeto” (c/ Zé Walter), “Rainha da cocada preta” (c/ Tavinho Paes), “Me azara meu amor” (c/ Abel Silva), “Eu sou o caso deles” (c/ Galvão) e “Tô fazendo” (c/ Fred Góes e Maria Vasco), além de “Gente humilde” (Garoto, Chico Buarque e Vinícius de Moraes), “Respeita Januário” (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira), “Aos pés da Cruz” (Marino Pinto e Zé da Zilda) e “Trem das Onze” (Adoniran Barbosa). Fez show de lançamento do disco no Teatro Rival BR (RJ).
Em 2005, gravou o CD “De repente”, contendo suas canções “Povo brasileiro” (c/ Armandinho), “Pra vida inteira”, “Baião D2”, “Palavra de poeta” (c/ Fred Góes) e “Na glória do samba”, entre outras. Fez show de lançamento do disco na Feira de São Cristóvão, ponto de encontro do povo nordestino no Rio de Janeiro, e na Modern Sound (RJ).
Constam da relação dos intérpretes de suas canções, além dos já citados, Daniela Mercury (“Monumento vivo”, com Davi Moraes), Ney Matogrosso, Luis Melodia (“Mistério do planeta”, com Luis Galvão), Fagner, Simone (“Pão e poesia”, com Fausto Nilo), Marisa Monte (“Dê um rolê”, com Galvão) e Gal Costa (“Festa do Interior”, com Abel Silva, música mais tocada em 1982), entre vários outros.
Em linguagem de cordel, lançou, em 2007, o livro “A história dos Novos Baianos e outros versos” (Língua Geral Editora), acompanhado de um CD que registra sua voz na leitura do cordel e também de poemas inéditos e letras de sua autoria. O lançamento foi celebrado na Modern Sound (RJ), com leitura de trechos do livro e performance musical, ao lado de seu filho, o guitarrista Davi Moraes.
Lançou, em 2009, o CD e DVD “Moraes Moreira – A História dos Novos Baianos e Outros Versos”, gravado na Feira de São Cristovão, com direção de João Falcão. No repertório, suas canções “Ferro na boneca”, “Acabou Chorare”, “Mistério do Planeta”, “A menina dança” e “Preta Pretinha”, todas em parceria com Galvão, “Lá vem o Brasil descendo a ladeira” (c/ Pepeu Gomes), “Sintonia” (c/ Zeca Barreto e Fred Góes), “Eu também quero beijar” (c/ Pepeu Gomes e Fausto Nilo), “Bloco do prazer” (c/ Fausto Nilo”, “Spok Frevo Spok” (c/ Fernando Caneca), “Chame gente” (c/ Armandinho) e “Festa do interior” (c/ Abel Silva), além de “Um bilhete pra Didi” (Jorge Gomes), “Brasil Pandeiro” (Assis Valente) e “Vassourinhas” ( Matias da Rocha e Joana Batista Ramos).
Em 2010, lançou o livro “Sonhos elétricos”, reunindo crônicas, cordéis, letras de músicas e fatos de sua biografia.
Apresentou-se, em 2011, no Instituto Moreira Salles, com o repertório do disco “Acabou Chorare”, LP antológico lançado, em 1972, pelo grupo Os Novos Baianos, do qual é fundador. O show, recheado de histórias do conjunto, contou com a participação de Davi Moraes.
Lançou, em 2012, o CD “A revolta dos ritmos”, primeiro disco de inéditas em sete anos. No repertório, “Feito Jorge Ser Amado”, “A dor do poeta”, “Brasileira Academia” e a faixa-título, entre outras. Também nesse ano, participou da série “Grandes nomes, grandes discos”, na casa Miranda (RJ), falando sobre o LP “Acabou Chorare” e interpretando canções do disco que gravou com o grupo Os Novos Baianos em 1972. A mesa contou com a participação do pesquisador Fred Góes. Ainda em 2012, foi um dos palestrantes da série “De conversa em conversa” do 3º Salão de Leitura, realizado no Teatro Popular de Niterói. Nesse mesmo ano, celebrando os 40 anos de lançamento do disco “Acabou chorare”, que gravou como integrante do grupo Os Novos Baianos, fez show ao lado do filho, Davi Moraes, no Instituto Moreira Salles. Em seguida, saiu em turnê comemorativa, que teve estreia no Studio RJ, no Rio, desta vez com a participação de outros músicos.
Em 2013, fez show de lançamento do CD “A revolta dos ritmos” no espaço Miranda (RJ). Nesse mesmo ano, foi contemplado com o Prêmio da Música Brasileira, nas categorias Melhor Cantor Regional e Melhor Álbum Regional, pelo CD “A revolta dos ritmos”. Ainda em 2013, apresentou o show “Pé de Serra” no Teatro Net Rio (RJ).
Em 2016, voltou a se unir a Baby do Brasil, Pepeu Gomes, Luiz Galvão e Paulinho Boca de Cantor para a turnê “Acabou Chorare: os novos baianos se encontram”, 37 anos após a dissolução do grupo e mais de 20 anos desde o último reencontro. A nova reunião foi celebrada com shows em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Salvador.
Em 2017, lançou, às vésperas do Carnaval, o single “Doidinho”, disponibilizado em plataformas digitais. O refrão “”Vem pra Bahia / Vem ficar doidinho / Nesse verão que é sem igual / Praia, avenida, praça e Pelourinho / É Tropicália o nosso Carnaval” fez alusão aos 50 anos da Tropicália, tema do Carnaval da Bahia nesse mesmo ano.
Em 2018 lançou o CD “Ser Tão”, inspirado na literatura de cordel. Com 9 faixas autorais, sendo uma delas em parceria com Armandinho, o CD foi produzido por ele mesmo e pelo músico Alexandre Meu Rei, que também atuou como músico tocando viola caipira e fazendo programações da faixa-título, “Ser Tão”.
Em 2020 iniciou uma série de shows, de músicas inéditas e de outros compositores, e projetos de literatura com livros de poemas e cordéis. O show de inéditas se referiu ao último CD lançado, “Ser Tão” (2018), e o projeto com músicas de outros compositores foi batizado de “Elogio à Inveja”, onde o repertório, segundo o mesmo declarou em entrevista ao jornal O Globo, teria sido formado por músicas de outros compositores que ele mesmo gostaria de ter composto. Os escolhidos por ele para compor esse repertório foram Noel Rosa, Ataulfo Alves, Gilberto Gil, Alcyr Pires Vermelho, David Nasser, Assis Valente, Garoto, Vinicius de Moraes, Luiz Gonzaga, Roberto e Erasmo Carlos e Dorival Caymmi.
No mesmo ano, aos 72 anos, faleceu em decorrência de um infarto agudo.
Em dezembro de 2023 foi retomado o perfil no Instagram e foi lançada, nas plataformas de streaming, a discografia completa. Para possibilitar a disponibilização, a filha de Moraes, Cecília Moraes, teve a ajuda da advogada de direitos autorais Gabriela Lacombe, que deu o apoio na atualização dos contratos e negociações com as gravadoras detentoras dos álbuns. Também foi inaugurada uma exposição no Museu da Cidade, no Rio de Janeiro(RJ), dedicada à vida e obra do compositor chamada “Mancha de dendê não sai”. Quando estava aberta em Salvador(BA) a exposição teve 25 mil visitantes.
Em janeiro de 2024 foi lançado, pela Orquestra Frevo do Mundo, o álbum homenagem “Moraes é frevo”. Além de Davi Moraes e Pupillo, o álbum conta com a participação de Agnes Nunes, Céu, Criolo, Davi Moraes, Lenine, Luiz Caldas, Maria Rita, Moreno Veloso, Otto e Uana. O trabalho teve incluida ainda gravação póstuma de Davi Moraes com Moraes Moreira. A produção foi de Pupillo, Marcelo Soares e Davi Moraes. Os arranjos de sopro foram feitos por Duda (José Ursicino da Silva), Henrique Albino, Nilsinho Amarante e Spok. As músicas incluídas foram “Vassourinha elétrica”(Moraes Moreira), “Pombo correio”(Moraes Moreira), “Pernambuco ‘meu’”(Moraes Moreira e Paulo Leminski), “Festa do interior” (Moraes Moreira e Abel Silva), “Preta pretinha” (Moraes Moreira e Luiz Galvão), “Coisa acesa” (Moraes Moreira e Fausto Nilo), “Sintonia”(Moraes moreira) , “Todo mundo quer”(Moraes Moreira), “Eu sou o Carnaval”(Moraes Moreira e Antonio Risério) e “Guitarra baiana” (Moraes Moreira).
Em 2024 a revista NOIZE Record Club lançou, no seu número 147, kit exclusivo do álbum “Moraes Moreira”, de 1975, o primeiro álbum solo dele. A reedição foi feita em disco de vinil vermelho e revista. O lançamento teve encarte inédito e a faixa bônus “A Dança da Multidão”, que foi lançada originalmente como single em 1974 e não foi incluída no LP original.
Álbum póstumo por Orquestra Frevo do Mundo, Davi Moraes e Pupillo
Single com Davi Moraes e Carlos Rennó
Single
Single
Single com Gerônimo Santana
Single
Single
Single
Coletânea
Com Davi Moraes
Single
Coletânea
Coletânea
Coletânea
Coletânea
Single
(Participação:) (Vários artistas)
Com Elba Ramalho e Toquinho
Single
(Participação:) (Vários artistas)
(Participação:) (Vários artistas)
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. A Letra & a Poesia na MPB: Semelhanças & Diferenças. Rio de Janeiro: EAS Editora, 2019.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.
AMARAL, Euclides. O Guitarrista Victor Biglione & a MPB. Rio de Janeiro: Edições Baleia Azul, 2009. 2ª ed. Esteio Editora, 2011.3ª ed. EAS Editora, 2014.
GALVÃO, Luis. Anos 70: Novos e Baianos. São Paulo: Ed. 34, 1997.
REPPOLHO. Dicionário Ilustrado de Ritmos & Instrumentos de Percussão. Rio de Janeiro: GJS Editora, 2012. 2ª ed. Idem, 2013.
MPB DESCE A LADEIRA COM MORAES MOREIRA.
Nesses tempos de pandemia as mortes vão ficando mais amortecidas.
Isso ,contudo, não aconteceu com o súbito desaparecimento de Moraes Moreira. Ao contrário, recebi a notícia perplexo e consciente da falta que ele nos fará. Aliás, já que falei da pandemia, um dos seus últimos trabalhos chama-se exatamente “Quarentena”, cujos os versos podem parecer um tanto proféticos. E são. Na verdade uma quase despedida em confissão de afirmações.
Emocionadamente transcrevo alguns deles:
“ Eu temo o coronavírus
E zelo por minha vida
Mas tenho medo de tiros
Também de bala perdida,
A nossa fé é vacina,
O professor que me ensina
Assombra-me a pandemia
Que agora domina o mundo.
Mas tenho uma garantia,
Não sou nenhum vagabundo,
Porque todo cidadão merece mais atenção.
O sentimento é profundo
Eu não queria essa praga
Que não é mais do Egito
Não quero que ela traga
O mal que sempre eu evito.”
E por aí nosso muitíssimo pranteado segue na tradição alongada do cordel, em que ele clama por justiça, contra a violência e a abominação do preconceito. Qualquer um.
Moraes Moreira, não vou lhe registrar toda a longa e bela vida que durou 72 anos. Mas cabe lhe dizer que poucos personagens na nossa MPB atingiu a beleza do ritmo, a coragem de ser o que sempre foi, a qualidade e criatividade tanto de suas músicas alojadas na alma do Brasil, quanto do seu Novos Baianos. Conjunto que não só fez história, porque provocou sentimentos benéficos em momentos escuros do País: a alegria, a vontade de viver, a descontração em proceder.
Por isso tudo, e porque toda gente sabe tanto dele, resta-me depositar em sua memória uma lágrima, uma lágrima pequena, como todas as lágrimas. Exatamente o oposto do seu talento e de sua contribuição para o cancioneiro popular, em especial aquele que se incendeia nos trios elétricos de Salvador.
Ricardo Cravo Albin
Presidente do Instituto Cultural Cravo Albin