4.001
Nome Artístico
Monsueto
Nome verdadeiro
Monsueto Campos Menezes
Data de nascimento
4/11/1924
Local de nascimento
Rio de Janeiro, RJ
Data de morte
17/2/1973
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Cantor. Compositor. Instrumentista. Pintor. Ator.

Nasceu na Gávea e foi criado no Morro do Pinto. Com menos de três anos ficou órfão de mãe e pai e foi criado pela avó e por uma tia. Na adolescência, trabalhou como guardador de carros no Jockey Club.

Estudou até o quinto ano primário. Aos 15 anos, já tocava em baterias de escola de samba e aos 17 começou a trabalhar como baterista free lancer em bailes de gafieira e cabarés. Prestou serviço militar no Forte de Copacabana e ao sair casou-se com Maria Aparecida Carlos, indo morar em Vieira Fazenda, subúrbio carioca. Lá, abriu uma tinturaria, a exemplo de seu irmão Francisco, que também fora proprietário de uma tinturaria na qual chegou a trabalhar. Apesar de ter seu próprio negócio, continuou tocando na noite, freqüentando os pontos de encontro de músicos, principalmente nas redondezas do Teatro João Caetano. Teve seis filhos.

Dados artísticos

Na década de 1940, atuou como baterista em vários conjuntos, entre os quais, a Orquestra de Copinha, que tocava no Copacabana Palace Hotel. Teve sua primeira composição gravada em 1951, o samba “Me deixe em paz”, parceria com Aírton Amorim, lançado por Linda Batista na RCA Victor e que fez bastante sucesso no carnaval do ano seguinte. Em seguida, teve várias músicas incluídas no show “Fantasia, fantasias”, do Copacabana Palace Hotel.

Em 1953, teve os sambas “Mulher de mau pensar”, com Elói Marques e “A fonte secou”, com Tufyc Lauar e Marcléo gravadas por Raul Moreno na Todamérica. O samba “A fonte secou” foi o grande sucesso no carnaval seguinte e seu maior êxito. 

Em 1954, fez com R. Filho o samba “Maldição” gravado por Francisco Carlos na RCA Victor. Nesse ano, seu samba “Quando vem a noite”, com Álvaro Gonçalves foi gravado na Todamérica por Virgínia Lane; os sambas “Rosto bonito”, com Caribé da Rocha e “Carrasco”, com Raul Marques e F. Fernandes foram lançados por Carlos Augusto na Sinter e o xote “Sem amor”, parceria com João do Vale foi gravado na Columbia por Índio e seu conjunto. Ainda nesse ano, Marlene gravou para o carnaval o samba “Mora na filosofia”, com Arnaldo Passos, que fez muito sucesso, fazendo com que a expressão “mora”, no sentido de percebe, entrasse para o vocabulário popular carioca. Esta música, aliás, havia substituído uma outra, “Couro do falecido”, em show do Copacabana Palace, apresentado pela mesma Marlene, em virtude do suicídio de Getúlio Vargas, um pouco antes.

Teve mais dois sambas gravados por Raul Moreno na Todamérica em 1955, “Me empresta teu lenço”, com Elano de Paula e Nicolau Durso e “Cachimbo da paz”, com Raul Moreno e Plínio Gesta. Nesse ano, Marlene lançou na Sinter os sambas “Canta, menina, canta” e “Na casa de corongondó”, ambos parcerias com Arnaldo Passos. Ainda em 1955, gravou seu primeiro disco, pelo selo pernambucano Mocambo, com os sambas “Nega Pompéia”, de Estanislau Silva e Ferreira Gomes e “Q. G. do samba”, parceria sua com Rossini Pacheco e Sebastião Nunes.  Também em 1955, seu samba “Mora na filosofia” foi escolhido por uma comissão julgadora reunida no Teatro João Caetano como uma das cinco melhores letras e melodias do carnaval daquele ano.

Em 1956, Linda Batista gravou o samba “Levou fermento”, parceria com José Batista. Nesse ano, teve mais três sambas gravados na Todamérica, “Rua Dom Manoel” e “Senhor Juiz”, com Jorge de Castro na voz de Raul Moreno e “Tô chegando agora”, com José Batista na voz de Odete Amaral. Na Sinter, Marlene gravou o samba “O lamento da lavadeira”, com Nilo Chagas e João Violão.

Em 1957, teve três sambas gravados na RCA Vcitor: “O gemido da saudade”, com José Batista, por Linda Batista; “Fogo na marmita”, com Aldacir Louro e Amado Régis, por Marlene e “Não se sabe a hora”, com José Batista, por Dircinha Batista. Nesse ano, atuou no filme “13 Cadeiras”, com Oscarito, dirigido por Franz Eichhorn. Também no mesmo ano, gravou um disco pela Copacabana com os sambas “Prova real”, de Odelandes Rodrigues, Amado Régis e Edson Santana e “Bola branca”, de Estanislau Silva, Otávio Lima e Antônio Guedes.

Em 1958,  participou como cantor nos números musicais do filme “Na corda bamba”, de Eurides Ramos e compôs músicas para os filmes “O cantor milionário” e “Quem roubou meu samba?”, ambos de José Carlos Burle. Ao todo, teve participação em dez filmes brasileiros, três argentinos e um filme italiano. Ainda em 1958, teve gravados na Todamérica o samba-canção “Boa noite”, por Ted Moreno; o samba “Giro pelo norte”, por Ari Cordovil e o choro “Trote”, com Dilermando Rodrigues, por Cora Mar. Por essa época, fez vários shows com Herivelto Martins. Pouco depos criou seu próprio grupo com o qual excursionou pelo Brasil e países da América, Europa e África.

Em 1959, foi convidado a participar do programa humorístico “Noites Cariocas”, da TV Rio, onde recebeu o apelido de “Comandante” e fez muito sucesso com seu quadro, lançando gírias como: “castiga”, “vô botá pra jambrá”, “mora”, “ziriguidum”. Nesse ano, seus sambas “O bafo do gato” e “Comício no morro” foram lançados por Edgardo Luiz na Polydor. No mesmo ano, seu samba “A fonte secou”, com Tufic Lauar e Marcléo, foi gravado pelo instrumentista Ladico no LP “Posto 1 ao posto 6 – Ladico e Seu Conjunto” pela gravadora Todamérica. Ao final da década de 1950, teve composições incluídas em espetáculos de Carlos Machado como “Copacabana de tal” e “Zelão Boca Rica”. Em 1960, gravou a marcha “Virou bagunça”, com Amado Régis e Renato Araújo, para o LP “Carnaval do povo”, da gravadora Columbia. No mesmo ano, teve os sambas 

“O Bafo do Gato” e “Comício no Morro”, gravados por Edgardo Luis incluídos no LP “Guanabara Capital do carnaval”, da Polydor. Em 1961, gravou pela Odeon os sambas “Ajudai o próximo” e “Eu quero essa mulher assim mesmo”, ambos de sua autoria. Nesse ano, Agostinho dos Santos gravou “Na casa do Antônio Jó”, parceria com Venâncio. Em 1962, lançou seu único LP, “Mora na filosofia dos sambas de Monsueto”, lançado pela Odeon e cujo destaque foi o samba “Lamento da lavadeira”, parceria com Nilo Chagas e João Violão. No ano seguinte, também na Odeon, gravou os sambas “Chica da Silva”, de Anescar e Noel Rosa de Oliveira e “Mané João”, de sua autoria e José Batista. Nesse ano, teve o samba “Ai meu calo”, com José Batista gravado por Ivon Curi na Odeon. Ainda em 1963, gravou pelo selo Orion os sambas “Sambamba”, de sua autoria e “Retrato de Cabral”, com Raul Marques e o samba “Mora na filosofia” foi regravado por Walter Santos no LP Bossa nova – Walter Santos”, com acompanhamento do conjunto de Walter Wanderley. Por volta de 1964, tentou sem sucesso criar um selo de gravações com seu nome, mas que, no entanto, somente lançou um disco com ele mesmo interpretando os sambas “O sucesso está na cara”, parceria com Linda Batista e “Larga o meu pé”, com Aloísio França. 

Em meados da década de 1960, começou a ser redescoberto pelos grandes nomes da MPB. Em 1965, gravou a marcha “A maré tá braba”, de sua autoria, Catupiri e Flora Mattos, incluída no LP “Baile do diabo – Carnaval Rio” do selo Albatroz. Em 1968, Maria Bethânia regravou “Mora na filosofia”. Em 1971, Caetano também gravou “Mora na filosofia”, em seu LP “Transa”. No ano seguinte, Milton Nascimento gravou “Me deixa em paz”, em seu LP “Clube da Esquina” ao lado de Alaíde Costa. Nessa época, passou a se interessar por pintura e acabou tornando-se profissional, sendo premiado com uma medalha de bronze no Salão Nacional de Belas-Artes do Rio de Janeiro, em 1972. Seu quadro mais conhecido é uma Santa Ceia em que Jesus e seus apóstolos são negros. 

Sem nunca ter se ligado oficialmente a nenhuma escola de samba, passou por várias delas, a última, foi a Unidos Vila Isabel. Em 1973, quando participava na Bahia das filmagem do filme “O Forte”, de Olney São Paulo, passou mal, foi hospitalizado e veio a falecer, em decorrência de um câncer no fígado. Nesse ano, Caetano Veloso regravou “Eu quero essa mulher assim mesmo”, em seu LP Araçá Azul com um arranjo de rock, popularizando ainda mais o compositor entre os jovens. Na mesma época, pot-pourris com composições suas foram gravados por Martinho da Vila e MPB-4. Na década de 1990, teve o samba “Lamento da lavadeira” regravado pela cantora Marisa Monte.

Em maio de 2002, foi um dos grandes homenageados no show “Marleníssima”, estreado pela cantora Marlene no Teatro Rival-BR, escrito e dirigido por R. C. Albin, quando, em cena, eram lembrados e cantados um a um dos seus sucessos criados por ela, tais como “Aperta o cinto”, “Lamento da lavadeira” e “Fogo na marmita”, este um forte libelo social com versos que diziam: “Todo dia ele acorda pro trabalho/Levando a marmita na mão.” Em 2004, recebeu homenagem especial durante a entrega do Prêmio Rival BR de música que foi dedicado a ele. Na ocasião foram cantadas músicas de sua autoria e exibidos trechos de filmes nos quais atuou.

Discografias
1964 Monsueto 78 O sucesso está na cara/Larga o meu pé
1963 Odeon 78 Chica da Silva/Mané João
1963 Orion 78 Sambamba/Retrato de Cabral
1962 Odeon LP Mora na Filosofia dos Sambas de Monsueto
1961 Odeon 78 Ajudai o próximo/Eu quero essa mulher assim mesmo
1957 Copacabana 78 Prova real/Bola branca
1955 Mocambo 78 Nega Pompéia/Q. G. do samba
Obras
A fonte secou (c/ Tufi Lauar e Marcleo)
Ai meu calo (c/ José Batista)
Aperta o cinto
Boa noite
Cachimbo da paz (c/ Raul Moreno e Plínio Gesta)
Canta, menina, canta (c/ Arnaldo Passos)
Carrasco (c/ Raul Marques e F. Fernandes)
Comício no morro
Eu quero essa mulher assim mesmo (c/ José Batista)
Fogo na marmita
Giro pelo norte
Lamento de lavadeira (c/ Nilo Chagas João Vieira Filho)
Larga o meu pé (c/ Aloísio França)
Levou fermento (c/ José Batista)
Maldição (c/ R. Filho)
Mané João (c/ José Batista)
Me deixa em paz (c/ Aírton Amorim)
Me empresta teu lenço (c/ Elano de Paula e Nicolau Durso)
Mora na filosofia (c/ Arnaldo Passos)
Mulher de mau pensar
Na casa de Antônio Jó (c/ Venâncio)
Na casa de corongondó (c/ Arnaldo Passos)
O bafo do gato
O couro do falecido (c/ Jorge de Castro)
O gemido da saudade (c/ José Batista)
O lamento da lavadeira (c/ Nilo Chagas e João Violão)
O sucesso está na cara (c/ Linda Batista)
Q. G. do samba (c/ Rossini Pacheco e Sebastião Nunes)
Quando a noite vem (c/ Álvaro Gonçalves)
Retrato de Cabral (c/ Raul Marques)
Rosto bonito (c/ Caribé da Rocha)
Rua Dom Manoe (c/ Jorge de Castro)
Sambamba
Sem amor (c/ João do Vale)
Senhor Juiz (c/ Jorge de Castro)
Só eu não (c/ Silva Correia e Diplomata)
Trote (c/ Dilermando Rodrigues)
Tá pra acontecer (c/ José Batista e Ivan Campos)
Tô chegando agora (c/ José Batista)
Ziriguidum
Bibliografia Crítica

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da música Popular. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1965.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.

SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume1. São Paulo: Editora: 34, 1999.

VASCONCELOS, Ari. Panorama da música popular brasileira – volume 2. Rio de Janeiro: Martins, 1965.