
Compositor. Baterista.
Nasceu no Espírito Santo, mas foi viver com a família em Niterói (RJ), ainda menino. Jovem, aprendeu o ofício de alfaiate. Herdou do pai o gosto e o talento para a música. Teve um tumultuado relacionamento amoroso com a cantora Carmen Costa, com quem teve uma filha.
Iniciou a carreira artística como baterista de boates. Na mesma época já começava a compor. Autor de grandes sucessos gravados, principalmente nos anos 1950, entre eles a marcha “Cachaça”, com versos como: “Você pensa que cachaça é água…”, parceria de Lúcio de Castro, Heber Lobato e Marinósio Filho, lançada por Carmen Costa e Colé em 1953 na Copacabana. A música, segundo Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello “deflagrou um ciclo etílico de marchinhas que imperaria nos carnavais seguintes”. Nesse mesmo ano, Carmen Costa, cantora que o lançou, gravando cerca de 30 músicas suas, gravou na Copacabana o samba “Defesa”, com Vital de Oliveira e Jorge Gonçalves e o samba-canção “Resposta”.
Em 1954, Carmen Costa lançou o samba-canção “Quase”, pela Copacabana, que passou meses a fio entre os discos mais vendidos do ano e que foi sequência direta e cronológica de “Cachaça”, do ano anterior. Em 1955, Carmen Costa lançou a marcha “Tem nego bebo aí” também pela Copacabana, grande sucesso carnavalesco do ano, e que foi escolhida por um júri reunido no Teatro João Caetano como um das dez mais populares marchas do carnaval daquele ano. Chegou a esboçar uma polêmica com o compositor Ataulfo Alves, que havia composto o samba “Pois é”. A pedido de Carmen Costa, fez o samba – resposta “A morena sou eu”. A polêmica, contudo, não prosperou, apesar das investidas da dupla Carmen Costa – Mirabeau.
Em 1956, Francisco Carlos gravou a marcha “Amor ingrato”, parceria com Jorge Gonçalves e Don Madri, pseudônimo de Carmen Costa e Linda Batista o samba “Violeta”, com Don Madrid. Nesse ano, Aloísio e seu conjunto gravou o samba “Obsessão” em ritmo de tango e Carmen Costa o samba “Amor barato”, parceria dos dois. Também nesse ano, seu samba “Fala Mangueira”, em parceria com Milton de Oliveira, foi lançado por Ângela Maria e a marcha “Turma do funil”, parceria com Milton de Oliveira e Urgel de Castro, foi gravada pelos Vocalistas Tropicais os dois na Copacabana.
Em 1957, Linda Rodrigues gravou o samba “Quando o sol raiar”, com Sebastião Mota e Urgel de Castro, Carlos Gonzaga a marcha “Macaco, não”, com Rutinaldo e Don Madrid; Marlene o samba “Foi o fim”, com Nilton Ribeiro e Jorge Gonçalves e Aracy de Almeida a marcha “Mais vale um gosto”, com Don Madrid e Urgel de Castro e o samba “Oh! Senhor”, com Don Madrid. Ainda nesse ano, Jorge Veiga gravou o samba “Labariri (Tudo lembra você), com Sebastião Gomes e Don Madrid e Dolores Duran o samba “Minha agonia”, com Valdir Rocha e Paulo Gracindo, os dois na Copacabana e Linda Batista o samba “Violeta”, com Don Madrid. Esse ano, por sinal, foi de muitas composições suas gravadas: Carmen Costa gravou o samba “Gato escaldado”, com Geraldo Blota e a marcha “Nem só de pão”, com Paulo Gracindo, participando ainda das composições dessas músicas, Carmélia Alves o samba “Você e mais ninguém”, com Airton Amorim e Don Madri, Adelaide Chiozzo a marcha “A sempre viva” e os Vocalistas Tropicais a marcha “Vida de casado”, as duas últimas em parceria com o ator Paulo Gracindo. Também no mesmo ano, gravou em dueto com Carmen Costa os sambas “Jarro da saudade”, um de seus maiores sucessos, parceria com Daniel Barbosa e Geraldo Blota e “Cai sereno”, com Valdir Rocha e Paulo Gracindo.
Em 1958, Carmen Costa gravou na RCA Victor os sambas “Lágrimas de sangue”, com Pedro de Almeida e Don Madrid e “Augusto Calheiros”, homenagem ao cantor alagoano falecido no ano anterior. A mesma Carmen Costa gravou na Copacabana o samba “Como eu chorei”, com Nelinho e Colatino. Em 1959, o palhaço de circo Carequinha gravou a valsa “Missa do galo”, parceria dos dois. Em 1960, Carequinha gravou a marcha “Canção das mães”, parceria com Jorge Gonçalves.
Em 1961, Ângela Maria gravou o rock balada “Quando a noite vem”, parceria com Valdir Rocha e Carequinha gravou a marcha “Salve Papai Noel”, parceria dos dois. Também em 1961, a gravadora pernambucana Mocambo lançou o LP “EIS: Haroldo Lobo / Milton de Oliveira”, um Tributo à dupla de compositores com sambas interpretados por Patrício Teixeira, Carmélia Alves, Isnard Simone e Miro. Estão presentes seus sambas “Obcessão”, com Milton de Oliveira, cantado por Isnard Simone, e o clássico “Fala Mangueira”, também com Milton de Oliveira, cantado por Carmélia Alves. Em 1963, Carmen Costa gravou o samba-canção “Quase”, parceria com Jorge Gonçalves. Em 1967, seu samba “Fala, Mangueira”, com Milton Oliveira, foi gravado por Elis Regina e Jair Rodrigues no “Pout pourri de Mangueira”, faixa do LP “Dois na bossa nº3” lançado por eles na gravadora Philips.
Em 1980, Tom Jobim e Miúcha relançaram com sucesso a marcha “A turma do funil”. Nos anos 1990, Caetano Veloso recriou em shows o samba-canção “Jarro da saudade” e o samba “Fla Mangueira”, que a partir daí começaram a ser cantados com mais frequência. Em 1996, suas composições “Quase”, com Jorge Gonçalves; “Jarro da saudade”, com Daniel Barbosa e Geraldo Blota; “Defesa”, com Jorge Gonçalves e Viltal de Oliveira; “Obsessão”, com Milton de Oliveira”; “Tem nego bebo aí”, com Airton Amorim, e “Cachaça”, com Lúcio de Castro, Heber Lobato e Marinósio Filho, receberam novas gravações de Carmen Costa para o CD “Tantos caminhos”, lançado por ela pela Som Livre.
AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.
CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da música Popular. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1965.
MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.
SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume1. São Paulo: Editora: 34, 1999.
VASCONCELOS, Ari. Panorama da música popular brasileira – volume 2. Rio de Janeiro: Martins, 1965.