Cantor. Instrumentista. Faleceu aos 86 anos de idade, de parada cardíaca, no Hospital do Amparo, no Rio Comprido, zona norte do Rio de Janeiro, onde estava internado.
Na década de 1940 participou como ritmista e vocalista de quatro importantes grupos musicais: Cancioneiros do Luar, Namorados da Lua, Anjos do Inferno que chegou a viajar aos Estados Unidos acompanhando Carmen Miranda e Quatro Ases e Um Coringa. De 1950 a 1957, foi crooner da Orquestra Tabajara, de Severino Araújo, e do grupo Milionários do Ritmo, de Djalma Ferreira com quem chegou a gravar como crooner. Apesar de ter surgido como pandeirista, a imagem do cantor de voz anasalada logo se firmou em interpretações de sambas de teleco-teco e canções românticas. Em 1960, passou a seguir carreira solo e lançou o LP “Um Novo Astro”, pelo selo Sideral, que obteve grande sucesso. Nesse disco de estréia cantou entre outras, as músicas “Ri”, de Luiz Antônio; “Idéias erradas”, de Ribamar e Dolores Duran; “Teimoso”, de Ari Monteiro e Luiz Bandeira e “Mulher de trinta”, de Luiz Antônio, que se constituiu no maior sucesso de sua carreira. No mesmo ano, lançou um segundo LP, intitulado “O diploma de astro”, que trazia “Não emplaca 61” e “Saudade da pobreza”, de Ari Monteiro e Monsueto, entre outras. Em 1961, lançou LP pela RCA Victor, com destaque para “Murmúrio”, de Djalma Ferreira e Luiz Antônio, “Eu quero um samba”, de Janet de Almeida e Haroldo Barbosa, “”Se você disser que sim”, de Luiz Bandeira, “O amor e a rosa”, de Pernambuco e Antônio Maria e “Rosa morena”, de Dorival Caymmi.
Ainda em 1961, transferiu-se para a RGE e lançou um disco em 78 rpm com o samba “A canção que virou você” e o samba canção “Poema do adeus”, ambas de Luiz Antônio. Em 1962, lançou o LP “Poema do adeus”, que além da música título tinha “Palhaçada”, uma gravação marcante em sua carreira, de Luiz Reis e Haroldo Barbosa, “Estou só”, de Benil Santos e Raul Sampaio, que foi um grande sucesso, “Mulata assanhada”, de Ataulfo Alves e “Solução”, de Raul Sampaio e Ivo Santos. No mesmo ano, fez razoável sucesso com o samba-canção “Lembranças”, de Raul Sampaio e Benil Santos e “Meu nome é ninguém”, de Luiz Reis, Haroldo Barbosa e Nazareno de Brito. Em 1963, gravou em 78 rpm os sambas “Zé da Conceição”, João Roberto kelly e “E o tempo passou”, de Herivelto Martins e David Nasser. No mesmo ano lançou o LP “Poema do olhar”, música título de Jair Amorim e Evaldo Gouveia, que continha ainda “Samba do balanço”, de Luiz Reis e Haroldo Barbosa e “Mais uma lágrima”, de Heitor Carrilho e Betinho. Também no mesmo ano, gravou o LP “Miltinho é samba”, com “Lamento bebop”, de Luiz Reis e Haroldo Barbosa, “O tema é solidão”, de Hianto de Almeida e Edson Borges, “Saudade, fique comigo”, de Cyro Monteiro e “Que sabe você de mim”, de Fernando César e Britinho. Em 1964, gravou o LP “Canção do nosso amor”, música título de Raul Sampaio e Benil Santos, que tinha ainda “Samba do trouxa”, de Luis Reis e Haroldo Barbosa e “O que fariam vocês”, de Miguel Gustavo. No mesmo ano, lançou mais dois LPs “Bossa e balanço”, com músicas como “Morro mas um samba eu faço”, de Lúcio Alves e “Faça como eu”, de Gilvan Chaves e, “Eu, Miltinho”, com “Samba do crioulo”, de Miguel Gustavo e “Caminho perdido”, de Luiz Antônio.
Em 1965, gravou “Miltinho ao vivo”, no qual cantou sucessos como “Eu chorarei amanhã”, “Meu nome é ninguém” e “Mulher de trinta”. No mesmo ano, lançou seu último disco pela RGE, “Poema do fim”, que trazia entre outras, “Sorrisos” e “Coitadinho de mim”, da dupla Raul Sampaio e Benil Santos, “Eu não sabia”, de Fernano César e Britinho e “Canção do meu amor dormindo”, de Jota Jr e Alcyr Pires Vermelho. Em 1966, transferiu-se para a gravadora Odeon e lançou o LP “Samba + Samba = Miltinho”, com “E o juiz apitou”, de Antônio Almeida e Wilson Batista, “Amuleto” e “Quase”, de Herivelto Martins e Klécius Caldas e “Exaltação ao sonho”, de Claudionor Cruz e Pedro Caetano. Em 1967, gravou com a cantora Elza Soares o LP “Elza, Miltinho e samba”, no qual interpretaram “Lampião vadio”, de Luis Reis e Luiz Antônio, “Mais um triste carnaval”, de Raul Mascarenhas e Haroldo Barbosa, “”Telefone no morro”, de João Roberto Kelly, “Bicho papã”, de Catulo de Paula e “Samba do pingo dágua”, de Raul Mascarenhas e Haroldo Barbosa. Ainda no mesmo ano, levou ao público o LP “Miltinho, samba e cia”, no qual cantou pot pourris como a que incluiu “Beijo na boca”, de Augusto Garcez e Cyro de Souza, “Requebre que eu dou um doce”, de Dorival Caymmi e “Tem que ter mulata”, de Tulio Piva, além outros sucesos como “Mal de amor”, de Benil Santos e Raul Sampaio e ” Antonico”, de Ismael Silva.
Em 1970, lançou o LP “Dóris, Miltinho e charme”, o primeiro de uma série de quatro discos com a cantora Dóris Monteiro lançados nos anos seguintes. Nesse primeiro disco da séire interpretaram “Leva e traz”, de Orlandivo e Roberto Jorge e mais sete pot-pourris com sucessos como “A felicidade”, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes e “Foi um rio que passou em minha vida”, de Paulinho da Viola. No mesmo ano, gravou “Miltinho e a seresta” interpretando músicas consagradas nas serestas tais como “Deusa da minha rua”, de Jorge Faraj e Newton Teixeira, “Malandrinha”, e Freire Júnior, “No rancho fundo”, de Ary Barroso e Lamartine Babo e “Queixumes”, de Henrique Brito e Noel Rosa.
Em 1971, lançou o LP “Novo recado”, com músicas de antigos e novos compositores como “Samba no Leblon”, Luiz Ayrão e “Corrente de aço”, de João Nogueira, ambos em início de carreira. No mesmo ano, gravou o segundo disco da série com Dóris Monteiro. Nos dois anos seguintes lançou dois discos com Dóris Monteiro. Em 1973, foi lançado o quarto e último volume da série “Dóris, Miltinho e charma”, na mesma formulação dos anterios, com pot-pourris e sucessos como “Manias”, de Flávio Cavalcanti e Celso Cavalcanti, “Lendas do Abaeté”, samba enredo da Escola de samba Portela”, de autoria de Jajá, Manoel e Preto Rico e “Quando eu vim de Minas”, samba de Xangô da Mangueira. No ano seguinte, gravou “Retalhos de cetim”, de Benito de Paula. Em meados da década de 1970, passou a investir mais em shows pelo interior, ficando afastado dos palcos nas grandes cidades. Em 1976, voltou a gravar músicas de compositores ligados a escolas de samba como “Palavra de um preto velho”, de Dedé da Portela e Sérgio Fonseca. No princípio dos anos 1980 deixou a Odeon. Em 1986, lançou LP pelo selo “Inverno e Verão”, com antigos sucessos seus como “Mulher de trinta” e “Poema do adeus”, ambas do compositor de Luiz Antônio e “Lembranças”, de Raul Sampaio e Benil Santos.
Em 1997 lançou pelo selo Movieplay o CD “Em tempo de bolero”, clássicos do gênero como “Estou pensando em ti” e “Palavra de carinho”, de Raul Sampaio e Benil Santos e “Sonhar contigo”, de Armelindo Leandro e Adilson Ramos. Em 1998, gravou pela Columbia Records o CD “Miltinho convida”, reunindo participações especiais de Chico Buarque, Fafá de Belém, Nana Caymmy, Doris Monteiro, Elza Soares, Martinho da Vila, MPB 4, João Bosco, Emílio Santiago, João Nogueira e Tito Madi, em dueto com ele em músicas como “Menina moça”, de Luiz Antônio, “Notícia de jornal”, de Luiz reis e Haroldo Barbosa” e “Bolinha de papel”, de Geraldo Pereira.
Seus maiores sucessos foram composições de Luís Antônio como “Mulher de Trinta”, “Eu e o Rio”, “Poema das Mãos”, “Menina Moça”, “Poema do Adeus”, “Ri”, “A Canção que Virou Você”, “Volta”, “Devaneio”, “Recado”, “Lamento” e “Murmúrio” . E também uma parceria de Luís Antônio com Djalma Ferreira, “Cheiro de Saudade”. Gravou também com sucesso a dupla Luís Reis/Haroldo Barbosa como os já clássicos “Canção da Manhã Feliz”, “Palhaçada”, “Notícia de Jornal”, “Meu Nome É Ninguém”, “Só Vou de Mulher”, “Convencionemos” e “Momentos”. De Raul Sampaio e Benil Santos registrou com igual êxito “Lembranças” e “Estou Só”. Fez também sucesso com “Poema do Olhar”, de Jair Amorim e Evaldo Gouveia e “Mulata Assanhada”, de Ataulfo Alves. Gravou alguns discos em espanhol que lhe renderam fama em países da América Latina. Em 2003, apresentou-se com Dóris Monteiro no Centro Cultural Banco do Brasil no show “Estamos aí”.
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