Cineasta. Ator. Cantor. Ainda criança, mudou-se para a cidade de Taubaté, no interior paulista, onde os pais foram trabalhar numa tecelagem.
Estudou muito pouco e não chegou a terminar o curso ginasial. Quando adolescente, era fã da dupla de atores Genésio e Sebastião de Arruda. Aos dez anos de idade, ensaiou os primeiros passos do caipira em uma festa de escola. Com 15 anos de idade, assistindo a um espetáculo de circo, sem saber como, acabou indo parar nos bastidores e dali terminou trabalhando como pintor de letreiros. Em 1968, comprou uma fazenda na cidade de Taubaté onde ergueu o maior estúdio cinematográfico da América Latina. Em homenagem ao seu centenário foi inaugurada uma estátua em tamanho natural a ser exibida durante todo o ano no centro de Taubaté, indo depois para o Museu Mazzaropi.
Iniciou a carreira artística apresentando-se em circos, pois logo trocou os pincéis por um personagem vestido de caipira. Foi para o interior e começou a apresentar monólogos cômico-dramáticos. O sucesso foi imediato, porém os rendimentos eram extremamente baixos. O salário de cerca de 25 mil-réis quase não dava para as despesas diárias. Quando formou sua própria companhia, a situação começou a mudar, tornou-se conhecido e todos os circos começaram a requerer a sua presença. Em 1946, iniciou-se na Rádio Tupi de São Paulo. Em 1950, estreou na TV, no Canal 6, Tupi do Rio de Janeiro. De 1959 a 1962, apresentou programa na TV Excelsior de São Paulo. Em 1952, participou de seu primeiro filme. Foi convidado pelo autor de peças para o Teatro Brasileiro de Comédia, Abílio Pereira de Almeida, que ficara deslumbrado ao vê-lo atuar em um programa de televisão, para fazer um teste. Passou e Abílio Pereira dirigiu Mazzaropi no filme “Sai da frente”. Nascia naquele filme o personagem característico de Mazzaropi, o Jeca, um tipo caipira de andar desengonçado, fala mansa, usando roupas curtas e sujas. Em 28 anos de carreira fez 31 filmes, entre os quais “Chofer de praça”, “Pedro Malazartes”, “O vendedor de lingüiças”, “O corinthiano”, “Casinha pequenina”, “Lamparina”, uma sátira a Lampião, “No paraíso das solteironas”, “Jeca Tatu”, um de seus maiores sucessos, “Uma pistola para Djeca”, “Betão Ronca Ferro”, O grande xerife”, “Um caipira em Bariloche”, “Portugal… minha saudade”, “O jeca macumbeiro”, “Jeca e seu filho preto”, “O jeca contra o capeta”, “Um fofoqueiro no céu”, “A banda das velhas virgens” e seu último filme “O jeca e a égua milagrosa”. Em 1961, filmou um dos maiores sucessos do cinema brasileiro, “Tristeza do jeca”, inspirado na música de autoria de Angelino de Oliveira, com o mesmo título e gravada por diversos artistas. O filme, com direção musical de Hector Lana Fietta, apresentava-o e Agnaldo Rayol cantando e solos de acordeom por conta de Mário Zan. Em seus filmes Mazzaropi sempre incluiu música popular, da sertaneja ao rock. A maioria deles foi musicada pelo paulista Elpídio dos Santos. Como cantor, Mazzaropi fez sua primeira gravação em 1956, num 78 rpm pela RGE. Num dos lados cantou sozinho o fox “Na piscina de madame”, de Elpídio dos Santos e Conde, e no outro, com Lolita Rodrigues, a marcha “Nhá Carola”, de Hudson Gaia “Petit”. Em 1958, gravou duas composições de Bolinha, a guarânia “Não chores mais” e o baião “Isabé”. Em 1960, o xote “Azar é festa”, de Ado Benatti e Zé do Rancho, e a toada “Fogo no rancho”, de Elpídio dos Santos e Anacleto Rosas Jr. Em 1961, gravou as toadas “Saudade”, de Bolinha, e “Jóia do sertão”, de Eli Silva e César Brasil. Praticamente a totalidade de suas interpretações musicais em seus filmes está registrada nas coletâneas “Os grandes sucessos de Mazzaropi” e “Os grandes sucessos de Mazzaropi”, volume I. Mazzaropi foi homenageado pela dupla Pena Branca e Xavantinho, que, no LP “Cantadó de mundo afora”, gravado em 1990 pela Continental, interpretou a toada “Mazzaropi”, de Jean e Paulo Garfunkel. Querido pelo povo, os cinemas, especialmente os do interior, enchiam com a simples menção de seu nome. Mazzaropi foi popularmente saudado como sendo O Carlitos brasileiro, em alusão ao universalmente conhecido personagem de Charles Chaplin. Faleceu em 1981, no Hospital Albert Einstein, de câncer na medula, deixando como herança, além de seus filmes, uma produtora com tudo funcionando perfeitamente, estúdios, máquinas e filmes virgens, que foi tocada adiante por seus filhos adotivos, Péricles Batista e João Batista de Souza. Deixou parte de sua imensa herança para seus antigos funcionários. Em 2012, em comemoração ao seu centenário de nascimento, recebeu uma série de homenagens, entre as quais, exibições de seus filmes em praça pública, na cidade de Taubaté, uma série especial apresentada no canal Brasil ao longo de todo o mês de abril e uma edição do programa “Viola, minha viola”, apresentado na TV Cultura de São Paulo por Inezita Barrozo, dedicada a sua memória, com a presença de seus filhos. Na ocasião, além da apresentação de cenas de filmes em que aparece cantando, foram interpretadas músicas de sua autoria pelo Grupo Paranga, integrado pelo filho de Eupídio dos Santos, seu principal parceiro.