
Cantora. Compositora. Pesquisadora.
Irmã da jornalista e escritora premiada Ana Maria Nóbrega Miranda.
Casada com o fotógrafo Marcos Santili.
Nascida em Fortaleza, mudou-se para o Rio de Janeiro aos cinco anos de idade.
Em 1959, mudou-se para Brasília. Na Capital Federal, graduou-se em Arquitetura pela Universidade de Brasília e em Regência na Faculdade Santa Marcelina.
No ano de 1971 voltou a morar no Rio de Janeiro.
Estudou também no Conservatório Villa-Lobos.
Estudou violão com Turíbio Santos, Oscar Cárceres, Jodacil Damasceno, João Pedro Borges e Paulo Bellinati. A partir de 1974 trabalhou com pesquisa de tradições musicais dos povos da Amazônia.
Em 1968, venceu um festival de música estudantil e acabou trocando o curso de Arquitetura pelo de Música. Pouco depois, iniciou pesquisas sobre a música indígena.
No ano de 1971, retornou ao Rio de Janeiro, estudando violão clássico. Em seguida, começou a fazer apresentações com diversos artistas, entre os quais Jards Macalé, Taiguara, Milton Nascimento e Egberto Gismonti.
Compôs com o poeta Xico Chaves e Jards Macalé o tema para o personagem Tio Barnabé do Sítio do Pica-Pau Amarelo, programa infantil apresentado na TV Globo no início da década de 1970.
Em 1977, a dupla Sá e Guarabyra interpretou de sua autoria “Marimbondo” (c/ Xico Chaves).
A partir de 1978 organizou grupos de discussão com advogados, antropólogos e várias instituições visando à correção de falhas na legislação sobre direitos autorais aos povos indígenas.
No ano de 1979 lançou “Olho dágua”, o primeiro disco solo editado pela gravadora Continental. Neste LP, interpretou “Sodade, meu bem sodade” (Zé do Norte), “Acorda Maria Bonita” (Volta Seca), “Grupo Krahó”, música dos índios Krahó, e “No pilar”, de autoria de Jararaca, além de composições próprias, como “Vinho do porto” (c/ Ana Maria Baiana), “Pitanga” (c/ Capinam), “Estrela do Indaiá” (c/ Xico Chaves) e “Herculano”, também em parceria com o poeta Xico Chaves. Ainda nos anos 70, produziu com o fotógrafo Marcos Santilli o audiovisual “Nharamaã”, a partir das pesquisas realizadas sobre a colonização de Rondônia.
No ano de 1983, gravou o disco “Revivência”, pelo selo Memória. No ano seguinte, também pelo selo Memória, lançou o LP “Paitér Merewá”, sobre a música dos índios Suruí de Rondônia, reunindo 13 canções suruís recolhidas por ela e pela antropóloga Betty Mindlin.
Em 1986, lançou o disco “Rio acima”, também pelo Selo Memória. No mesmo ano, recebeu apoio para pesquisa da “The Jonh Simon Gugenheim Memorial Foundation”, dos Estados Unidos.
Ao longo dos anos 90, outras instituições de apoio à pesquisa prestaram apoio, entre as quais Fundação Vitae de São Paulo, The Rockfeller Foundation dos Estados Unidos, Fundação Rio Arte do Rio de Janeiro e Pronac – Programa Nacional de Apoio à Cultura, entre outros.
Em 1990, teve participação como supervisora musical e solista do filme “Brincando nos campos do Senhor”, de Hector Babenco.
No ano de 1992, ficou responsável pela recriação da música indígena na obra “Ópera dos 500”, de Naum Alves de Souza e Grupo Pau Brasil, tendo atuado também como solista. No ano seguinte, ao lado do grupo Pau Brasil, compôs a trilha sonora do documentário “Arawetê”, produzido pelo Cedi, Centro de Documentação e Informação.
Como integrante do Grupo Pau Brasil (com Teco Cardoso, Lelo Nazários e Rodolfo Stroeter), fez apresentações em vários teatros da Europa, Estados Unidos e Japão e lançou o CD “Série música viva – Grupo Pau Brasil e Hermeto Pascoal”. Ainda em 1993, participou da Comissão “Índios do Brasil”, presidida pelo Senador Severo Gomes. No mesmo ano, produziu para a gravadora alemã Sonoton o CD Amazon Reinforest Music.
Em 1995, gravou o CD “Ihu – todos os sons”, pelo selo Pau Brasil, com músicas e sons de povos indígenas brasileiros (Tukano, Suruí, Pkaa Novas, Nhambikwara, Yanomani, Suyá, Jaboti, Kaiapó, Juruna, e Tupari), contando com a participação de Gilberto Gil, Grupo Uakti, Bugge Wessltoft, Rodofo Stroeter, Caíto Marcondes, Paolo Vinaccia, Grupo Beijo e Coral da USP. Do disco resultou o show “Ihu-todos os sons”, editado como especial pela TV Cultura. No mesmo ano, realizou no Departamento de Antropologia da UNICAMP a palestra “Trilhas para alcançar a música indígena brasileira”. Lançou também o songbook “Ihu- todos os sons”, pela Editora Terra de São Paulo.
Em 1996, o CD “Ihu – todos os sons”, foi lançado pela gravadora Exile, na Alemanha.
Realizou shows nos Estados Unidos, Áustria, Suíça e Alemanha. No mesmo ano, recebeu com o grupo Pau Brasil o “Prêmio Sharp” de “Melhor Grupo Instrumental”. Logo depois, apresentou na Catedral da Sé, em São Paulo, por ocasião dos 400 anos da morte do padre Anchieta, a missa indígena “Kewere: Rezar”, inspirada em motivos de diversos povos indígenas com coral de 90 vozes e participação da Orquestra Jazz Sinfônica. Ainda em 1996, integrando o Pau Brasil, lançou o CD “Babel”. No ano seguinte, lançou com o gupo Pau Brasil o CD “2ihu Kewere: Rezar”, que foi lançado também nos Estados Unidos no mesmo ano, pelo selo The Blue Jackel.
Ganhou os prêmios de melhor CD de Word Music do ano, recebendo da Academia Alemã de Crítica o “Preises Der Deutschen Schallplattenkritik” pelo CD “Ihu-todos os sons”, e da Associação dos Distribuidores Independentes Norte-Americanos, na mesma categoria. No ano seguinte, em 1998, juntamente com Gilberto Gil e Rodolfo Stroeter, lançou pelo selo Pau Brasil o disco “O sol de Oslo”, no qual foram incluídas de sua autoria “Sebastiana” e “Eu te dei meu ané”, esta última em parceria com Gilberto Gil. Ainda neste ano, realizou a palestra “Trilhas para alcançar a música indígena brasileira”, desta vez no Departamento de Letras da USP.
Em 1999, realizou diversas palestras, entre elas, “Influência da cultura indígena na música brasileira” e “Hiperantropia: Desenvolvendo parcerias com os povos Indígenas Brasileiros”, “Visão geral da música indígena brasileira”, na The University of Chicago; “Aldeias sem cruz: Missionários e a transfiguração da música indígena no Brasil”, em seminário em Salzburg, na Áustria. No Center of Latin American Estudies in Wiscosin-Madison University, No mesmo ano, recebeu o prêmio de melhor CD de música latina pela Native American Society. Participou também do Festival de Música Sagrada na Casa do Tibet, em Los Angeles, na Califórnia, Estados Unidos, organizado pelo Dalai Lama.
Em 2000, foi lançado o filme “Hans Staden”, de Luís Alberto Pereira, com trilha sonora de sua autoria.
Realizou diversas excursões à Europa e aos Estados Unidos com seu show “Ihu-todos os sons”.
No ano de 2002 com a Orquestra Popular de Câmara (de São Paulo), apresentou-se na “4ª Edição do Festival do Mercado Cultural da Bahia”. Interpretou e adaptou cantos tradicionais de muitas nações indígenas brasileiras.
Gravou, interpretou e realizou turnês com importantes nomes da música popular brasileira, entre os quais Egberto Gismont, Gilberto Gil e Naná Vasconcelos. Reconhecida internacionalmente como intérprete da música indígena. Dividiu palco com Milton Nascimento e tem composições gravadas por Ney Matogrosso e diversas parcerias com o cartunista Ziraldo.
No ano de 2014 lançou o CD “Fala de bicho, fala de gente”, no qual contou com as participações especiais de Nelson Ayres, Caíto Marcondes, Jhon Surman e Rodolfo Stroeter. No ano posterior, em 2015, foi a vencedora do “Prêmio Música Popular Brasileira” na “Categoria REGIONAL – Melhor Cantora” com o CD “Fala de bicho, fala de gente”.
Em 2017 apresentou o show “Fala de bicho, fala de gente”, no projeto “Quintas no BNDES”, no Espaço Cultural BNDES, no Rio de Janeiro. Na ocasião, foi acompanhada por uma banda integrada por Paulo Bellinati, Caíto Marcondes, Rodolfo Stroeter e Ricardo Mosca.
(Trilha sonora do filme)
(c/ Gilberto Gil e Rodolfo Stroeter)
(Hermeto Pascoal e grupo Pau Brasil)
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