Cantor. Violonista.
Era provavelmente filho de uma enfermeira cearense. Ao que parece, fugiu de casa aos oito anos de idade, vindo para o Rio de Janeiro. Viveu na Itália entre os anos de 1913 e 1917, onde conheceu Aída, harpista da orquestra do Teatro Scala de Milão, com quem se casou. Tiveram dois filhos, um deles violinista, e que foi integrante da orquestra da Rádio Gazeta de São Paulo e da orquetra do maestro Izo. Separaram-se por volta de 1918. Durante os últimos anos de sua vida teve grandes dificuldades financeiras. Internado na Casa de Saúde Afonso Dias, no Rio Comprido, com volvo ou, como se dizia, nó na tripa, ali veio a falecer na mais completa miséria. Aída faleceu em São Paulo por volta de 1962.
Um dos intérpretes mais populares da música brasileira em seu tempo. Estreou sem sucesso como palhaço de circo na Piedade, bairro do subúrbio carioca. Apresentou-se depois como cantor no Passeio Público, acompanhando-se ao violão. Entre 1904 e 1909, gravou modinhas, lundus e cançonetas para a Casa Edison, introdutora no Brasil da gravação de discos de gramofone. Esses discos, nos quais se apresentava apenas como Mário, obtiveram enorme vendagem, tornando-o conhecido em todo o Brasil. Devido à sua perfeita dicção, tornou-se o principal anunciador de discos da Casa Edison. Fez sua primeira gravação para a Odeon em 1904 registrando as modinhas “Carmen” e “Gentil Formosa”, de autores desconhecidos. Nesse mesmo ano, gravou as cançonetas “Saudades do ninho”, “O que nasceu primeiro” e “Lágrimas do passado”, todas de autores desconhecidos além da modinha “Ave Maria”, com letra o poeta romântico Fagundes Varela e da “Canção do índio”, de Carlos Gomes. Provavelmente em 1905, gravou as clássicas modinhas “Na casa branca da serra”, de Guimarães Passos e Miguel Emídio Pestana, “O talento e a formosura”, de Catulo da Paixão Cearense e Edmuno Otávio Ferreira e “O Fadário”, de Anacleto de Medeiros e Catulo da Paixão Cearense e o tango “O sertanejo enamorado”, de Catulo da Paixão Cearense e Ernesto Nazareth, além da cançoneta “A vacina obrigatória”, de autor desconhecido e alusiva à campanha de vacinação levada à cabo na cidade do Rio de Janeiro no ano anterior e que serviu de estopim para uma grande revolta popular. Por volta de 1906, gravou em dueto com Pepa Delgado o tango “O gaúcho”, de Chiquinha Gonzaga, constando no selo do disco o título “Corta-jaca” e a modinha “Vem cá mulata”, de Arquimedes de Oliveira. Gravou também o tango cançoneta “O boêmio (Os boêmios)”, de Catulo da Paixão Cearense e Anacleto de Medeiros e a modinha “Ao desfraldar da vela (Clélia)”, de Catulo da Paixão Cearense e Luiz de Souza.
Por volta de 1907, gravou novas composições de Catulo da Paixão Cearense: a polca “O teu mistério”, com Juca Kalut, a modinha “Perdoa”, com Anacleto de Medeiros e a canção “O meu ideal”, com Irineu de Almeida. Gravou ainda as modinhas “Pálida morena” e “Eugênia” com letra do poeta Castro Alves. Por essa época gravou oito composições do poeta e pintor cearense Ramos Cotoco: as cançonetas “O diabo da feia”, “Pela porta de detrás”, “Só angu”, “Não faz mal”, “A cozinheira”, “Rosa e eu” e “A engomadeira”, além do lundu “A sogra e o genro”. Gravou ainda a cançoneta “Dona Adelaide”, de Chiquinha Gonzaga e a barcarola “O gandoleiro do amor”, com melodia de Salvador Fábregas sobre versos do poeta Castro Alves. Gravou com Isaura Lopes, Eduardo das Neves e Nozinho a cançoneta “Ai Joaquina” e o cômico “Em um café concerto”. Ainda por volta de 1908, gravou diversas músicas na Victor Record entre as quais a modinha “Casinha pequenina”, de motivo popular. Em 1909 participou do espetáculo que inaugurou o Teatro Municipal do Rio de Janeiro, fazendo o papel de Tapir na ópera Moema, de Delgado de Carvalho. Ainda nessa época, gravou a canção “Quis debalde varrer-te da memória”, de Xisto Bahia e Plínio de Lima e a serenata “Estela”, de Abdon Lira e Adelmar Tavares. Na mesma época, gravou na Victor Record a serenata “Os namorados da lua” e o tango “Menina faceira”, de Chiquinha Gonzaga.
Em torno de 1910, registrou na Odeon diversas canções de Catulo da Paixão Cearense com diferentes parceiros: “Adeus da manhã”, com Emile Pessard, “O pé”, com Saint-Saens, “Rasga coração (Iara)”, com Anacleto de Medeiros e “A tuas mão”, com Francisco Braga, além do tango “Favorito”, com Ernesto Nazareth. Gravou ainda a canção “O bem-te-vi”, de Melo Morais Filho e Miguel Emídio Pestana e, com Eduardo das Neves, gravou em dueto o lundu “O malandro” e o cômico “Os dois bêbados”, de autores desconhecidos. Por volta de 1910, gravou alguns discos na Columbia norte-americana. Foi em seguida contratado pela Victor tendo viajado pelos Estados Unidos, onde gravou (New Jersey) mais de100 discos de 10 a 12 polegadas para essa companhia. Presume-se que lá tenha vivido entre os anos de 1910 e 1912. Ainda em 1912, gravou as modinhas “O que tu és”, de Anacleto de Medeiros e Catulo da Paixão Cearense, “Resposta ao talento e formosura”, de Edmundo Otávio Ferreira e Catulo da Paixão Cearense e “Meu lar” e “Meus oito anos”, além da canção “Amor e medo”, as três do poeta Casemiro de Abreu. Viajou em seguida para a Itália, onde viveu por cerca de quatro anos, para lá foi enviado por conta da Victor, para aperfeiçoar sua técnica vocal.
Em 1918, já de volta ao Brasil, apresentou-se no Teatro São Pedro (hoje Teatro João Caetano), numa grande festa em homenagem a Catulo da Paixão Cearense, onde cantou diversas músicas com letras de Catulo. Consta que tenha retornado ao Brasil como baixo-cantante de uma companhia lírica italiana, após ter atuado no Scala de Milão. Teria por diversas vezes representado os papéis de Sparafucile no Rigoletto, de Verdi e o de Coline em La Bohème, de Puccini. Nesse mesmo ano, gravou o cateretê “O matuto”, de Marcelo Tupinambá e Claudino Costa e o tanguinho “Pierrô”, de Marcelo Tupinambá. Também nessa época, gravou oito modinhas de Catulo da Paixão Cearense: “Não partas”, “Cabocla bonita”, “No sertão”, “Como tem amo”, “Lágrimas sonoras”, “Improviso”, “Arrufos” e “Sobre uma campa”. Gravou ainda em dueto com o cantor Bahiano os desafios “Chico Mironga no casamento do seu Zé Pinho” e “Os dois violeiros”, também de Catulo da Paixão Cearense.
Sua discografia é a mais extensa realizada por qualquer cantor de sua época, incluindo gravações entre 1902 a 1919, para as etiquetas Casa Edison, Odeon-Record, Colúmbia, Phonograph e Victor Record. Entre 1917 e 1920, ainda gravou alguns discos na Casa Edison, mas o surgimento de novos cantores, entre eles Vicente Celestino, determinou o declínio de sua atividade musical. Morreria logo depois.
(com Bahiano)
(Com Bahiano)
(Com Eduardo das Neves)
(Com Eduardo das Neves)
(Com Nozinho, Mário Pinheiro, Nina Teixeira e Eduardo das Neves)
(Com Nozinho e Eduardo das Neves)
(Com Nozinho e Eduardo das Neves)
(Com Nozinho e Eduardo das Neves)
(Com Nozinho e Eduardo das Neves)
(Com Isaura Lopes, Eduardo das Neves e Nozinho)
(Com Isaura Lopes e Eduardo das Neves)
(Com Isaura Lopes, Eduardo das Neves e Nozinho)
(Com Eduardo das Neves e Edmundo André)
(Com Pepa Delgado)
(Com Bahiano)
(Com Pepa Delgado)
(Com Pepa Delgado)
(Com Pepa Delgado)
(Com Pepa Delgado)
AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.
MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.
SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume1. São Paulo: Editora: 34, 1999.
VASCONCELLO, Ary. Panorama da Música Popular Brasileira – volume 2. Rio de Janeiro: Martins, 1965.