5.002
Nome Artístico
Maria Bethânia
Nome verdadeiro
Maria Bethânia Vianna Telles Veloso
Data de nascimento
18/6/1946
Local de nascimento
Santo Amaro da Purificação, BA
Dados biográficos

Cantora.

Filha de José Telles Veloso, funcionário público do Departamento de Correios e Telégrafos, e de Claudionor Vianna Telles Veloso, mais conhecida como dona Canô. Irmã de Caetano Veloso, que sugeriu seu nome aos pais devido a uma valsa do compositor pernambucano Capiba. Aos 13 anos de idade, mudou-se, com a família, de Santo Amaro para Salvador.

Dados artísticos

Iniciou sua carreira artística em 1963, atuando na peça teatral “Boca de ouro”, de autoria de Nelson Rodrigues e direção de Alvinho Guimarães. A peça foi musicada por Caetano Veloso, que abria o espetáculo cantando um samba de Ataulfo Alves. Ainda nesse ano, conheceu, em Salvador, Gilberto Gil, Gal Costa, Tom Zé, Djalma Correa, Pitti, Alcivando Luz e Fernando Lona, grupo com o qual se apresentou nas comemorações da inauguração do Teatro Vila Velha de Salvador, em 1964, nos shows “Nós por exemplo” e “Nova Bossa Velha, Velha Bossa Nova”. Apresentou, também em 1964, “Mora na filosofia”, seu primeiro show individual, quando conheceu Nara Leão.

Em 1965, a musa da bossa nova convidou-a para substituí-la na peça “Opinião”, apresentada no Teatro Opinião (RJ), com direção musical de Dori Caymmi e direção geral de Augusto Boal. Seguiu, então, para o Rio de Janeiro, acompanhada por seu irmão Caetano Veloso. Estreou no dia 13 de fevereiro, dividindo o palco com Zé Kéti e João do Vale, no lugar de Suzana de Moraes (filha de Vinícius), pois Nara Leão já havia se afastado semanas antes. Destacou-se no cenário artístico por sua marcante interpretação de “Carcará”, passando a figurar entre as estrelas da época. Do Rio, o espetáculo seguiu para São Paulo, onde foi apresentado, com o mesmo sucesso, no Teatro Ruth Escobar. Ainda em 1965, gravou seu primeiro disco, um compacto simples contendo “Carcará” e a canção “É de manhã”, primeiro registro de uma composição de Caetano Veloso. Lançou, nesse mesmo ano, um compacto duplo, com as músicas “Carcará”, “No Carnaval”, “Mora na Filosofia” e “Só eu sei”, seguido por seu primeiro LP, “Maria Bethânia”, e pelo disco “Maria Bethânia canta Noel Rosa”. Participou, também nesse ano, do espetáculo “Arena canta Bahia”, dirigido por Augusto Boal, ao lado de Gal, Gil, Caetano, Pitti e Tom Zé, que estreou no TBC, antigo palco do Teatro Brasileiro de Comédia, em São Paulo. Também com direção de Boal, o mesmo grupo realizou o show “Tempo de Guerra”. A imagem de cantora de protesto, gerada pelo espetáculo “Opinião”, não a agradou, uma vez que preferia o perfil de cantora de boleros e canções românticas, apesar de toda a sua dramaticidade teatral. Decidiu, então, voltar para Salvador.

Em 1966, retornou ao Rio de Janeiro, assinando, em seguida, um contrato de seis meses com a TV Record. Nesse mesmo ano, dividiu o palco do Teatro Opinião com Vinicius de Moraes e Gilberto Gil, apresentando o show “Pois é”, com roteiro de Capinam, Torquato Neto e Caetano Veloso, direção musical de Francis Hime e direção geral de Nélson Xavier. Participou, ainda, do I Festival Internacional da Canção, defendendo “Beira Mar”, de Caetano Veloso e Gilberto Gil.

Em 1967, lançou, com Edu Lobo, o LP “Edu Lobo e Maria Bethânia”.

Apresentou-se, até 1970, em casas noturnas, como Cangaceiro e Boite Barroco, no Rio de Janeiro, e Blow Up, em São Paulo. Atuou nos espetáculos “Yes, nós temos Maria Bethânia” (Teatro de Bolso, RJ) e “Comigo me desavim” (Teatro Miguel Lemos, RJ).

Foi contratada pela Odeon, em 1968, lançando os LPs “Recital na Boite Barroco”, “Maria Bethânia” e “Maria Bethânia ao vivo”.

Em 1970, apresentou-se no espetáculo “Brasileiro profissão esperança”, de Paulo Pontes, com direção de Bibi Ferreira, no Teatro Casa Grande (RJ).

No ano seguinte, gravou o LP “A tua presença”, disco elogiado pela crítica especializada, devido à sua qualidade técnica e artística. Ainda em 1971, estreou, no Teatro da Praia (RJ), o show “Rosa dos Ventos”, com direção de Fauzi Arap, e lançou LP homônimo, com produção de Roberto Menescal. Nesse mesmo ano, viajou para a Europa, apresentando-se no Midem, em Cannes (França) e no Teatro Sistina (Itália).

Em 1972, participou, ao lado de Chico Buarque e Nara Leão, do filme “Quando o carnaval chegar”, de Cacá Diegues. Após nova viagem à Europa, lançou, ainda nesse ano, o LP “Drama – anjo exterminado”, produzido por Caetano Veloso. Nesse disco, estreou como letrista na canção “Trampolim”, uma de suas parcerias com o irmão.

Em 1973, estreou, no Teatro da Praia, o show “Drama, luz da noite”, dirigido por Antônio Bivar e Isabel Câmara, o qual deu origem ao disco “Luz da noite”.

No ano seguinte, comemorou seus 10 anos de carreira com o show “A cena muda”, dirigido por Fauzi Arap, no Teatro Casa Grande (RJ). O espetáculo gerou disco homônimo, gravado ao vivo.

No dia 6 de junho de 1975, apresentou-se, pela primeira vez, ao lado de Chico Buarque, em um show idealizado por Caetano Veloso, Ruy Guerra e Oswaldo Loureiro. Os melhores momentos do show foram reunidos no LP “Chico Buarque e Maria Bethânia gravado ao vivo no Canecão”.

Em 1976, gravou o LP “Pássaro proibido”, que lhe valeu seu primeiro Disco de Ouro. Ainda nesse ano, juntou-se a Caetano Veloso, Gilberto Gil e Gal Costa, formando o grupo Os Doces Bárbaros, que estreou, nacionalmente, no dia 24 de junho, no Anhembi de São Paulo. Nessa ocasião, foi realizado, pelo diretor Jom Tob Azulay, um longa-metragem musical registrando a trajetória do grupo.

No dia 13 de janeiro de 1977, estreou, no Teatro da Praia, o show “Pássaro da manhã”, dirigido por Fauzi Arap, com cenários de Flávio Império. O show, gravado em estúdio, foi registrado em um LP, pelo qual recebeu o segundo Disco de Ouro da sua carreira. Nesse ano, passou a ser considerada uma das cantoras que mais vendia discos no país, o que lhe abriu novos campos na indústria fonográfica.

Em maio de 1978, estreou, ao lado do irmão, o espetáculo “Maria Bethânia e Caetano Veloso ao vivo”, no Teatro Santo Antônio, também registrado em LP. Ainda nesse ano, foi lançado o LP “Álibi”, que lhe conferiu o terceiro Disco de Ouro. Apresentou-se, sob a direção de Fauzi Arap, em show homônimo, com cenário de Flávio Império, no Teatro Cine Show Madureira (RJ).

Em 1979, lançou o disco “Mel” e participou do especial de fim de ano de Roberto Carlos, produzido pela Rede Globo.

Em janeiro de 1980, estreou o show “Mel” no Canecão (RJ), com direção de Waly Salomão. Ainda nesse ano, lançou o LP “Talismã”.

Em 1981, apresentou-se, no Teatro da Praia, com o espetáculo “Estranha forma de vida”, novamente dirigida por Fauzi Arap, com cenário de Flávio Império. Lançou, também nesse ano, o disco “Alteza”.

Em 1982, apresentou-se, no Canecão (RJ), com o show “Nossos momentos”, dirigido por Bibi Ferreira.

No ano seguinte, lançou o disco “Ciclo”, elogiado pela crítica, mas recebido com frieza pelo grande público.

Em 1984, estreou, no Canecão (RJ), o show “A hora da estrela”, espetáculo baseado na obra de Clarice Lispector, com direção de Naum Alves de Souza. Lançou, ainda, o disco “A beira e o mar”. Comemorando 20 anos de carreira, realizou o espetáculo “20 Anos”, dirigido por Bibi Ferreira, no Canecão (RJ) e no Palace (SP).

Em 1987, gravou canções inéditas de Tom Jobim, Chico Buarque, Caetano Veloso e Milton Nascimento no LP “Dezembros”. A faixa “Anos dourados” (Tom Jobim e Chico Buarque) foi tema da minissérie de mesmo nome, da TV Globo. Nesse mesmo ano, participou das gravações do álbum “Há sempre um nome de mulher”, ao lado de diversos artistas, cantando, pela primeira vez, a canção que lhe originou o nome: “Maria Bethânia”, do compositor Capiba. O arranjo do maestro Orlando Silveira utilizou-se de uma orquestra quase completa, mas o produtor do disco, Ricardo Cravo Albin, foi obrigado a fazer um corte na faixa, diminuindo seu tempo de duração.

Em 1988, gravou o LP “Maria”, que contou com a participação especial da atriz francesa Jeanne Moreau e da cantora Gal Costa. Estreou show homônimo no Scala (RJ), com direção de Fauzi Arap. No ano seguinte, gravou “Memória da pele”, com canções de Djavan e Chico Buarque, entre outros.

Em 1990, comemorando seus 25 anos de carreira, lançou o disco “25 Anos”. O show homônimo foi dirigido por José Possi Netto e estreou no Imperator (RJ).

Em 1992, lançou “Olho d’água”, contendo a canção “Além da última estrela”, incluída na trilha sonora de uma novela de televisão.

No ano seguinte, lançou o CD “As canções que você fez pra mim”, registrando, exclusivamente, obras de Roberto e Erasmo Carlos. O disco representou grande sucesso fonográfico, atingindo a marca de 1,5 milhão de cópias vendidas. Apresentou-se no Canecão, em show homônimo, com direção de Gabriel Villela.

Em 1994, apresentou-se, ao lado de Caetano Veloso, Gal Costa e Gilberto Gil, no show “Doces Bárbaros na Mangueira”, referência à homenagem feita a eles por essa escola de samba, com o enredo “Atrás da verde e rosa só não vai quem já morreu”. No carnaval, estreou na passarela do samba como destaque em carro alegórico, sendo aclamada pela arquibancada. Em 1996, lançou o CD “Âmbar”. O show homônimo foi dirigido por Fauzi Arap.

No ano seguinte, saiu o registro do show no CD duplo “Imitação da vida”.

Em 1999, gravou o CD “A força que nunca seca”, contendo, além da faixa-título (Vanessa da Mata e Chico César), “Trenzinho caipira” (Villa-Lobos e Ferreira Gullar), “Luar do sertão” (João Pernambuco e Catulo da Paixão Cearense), “É o amor” (Zezé di Camargo), “Espere por mim morena” (Gonzaguinha) e “As flores do jardim da nossa casa” (Roberto Carlos e Erasmo Carlos), entre outras.

Em 2000, atuou, ao lado de Gal Costa, nos shows comemorativos da virada do milênio, no Metropolitan (atual ATL Hall), no Rio de Janeiro. Participou, também nesse ano, do “Pão Music 2000”, projeto que reuniu artistas brasileiros e portugueses, apresentando-se na praia de Ipanema (RJ), ao lado dos lusitanos Antônio Chainho e Filipa Pais. Ainda em 2000, gravou o CD “Cânticos, preces, súplicas à Senhora dos Jardins do Céu”, lançado em tiragem limitada, O disco contou com arranjos e regências de Jaime Alem.

Em 2001, gravou o CD “Maricotinha”, contendo as canções “Moça do sonho” (Edu Lobo e Chico Buarque), do musical “Cambaio”, “Primavera” (Carlos Lyra e Vinicius de Moraes), “Quando você não está aqui” (Herbert Vianna e Paulo Sérgio Valle), “Antes que amanheça” (Chico César e Carlos Rennó) e “Se eu morresse de saudade” (Gilberto Gil), entre outras, além da faixa-título, de Dorival Caymmi. Realizou show de lançamento do disco no Canecão (RJ). O espetáculo contou com a participação de Caetano Veloso, Carlos Lyra, Chico Buarque, Nana e Dori Caymmi, Adriana Calcanhoto e Gilberto Gil, entre outros artistas. Ainda em 2001, comemorando 35 anos de carreira, voltou ao Canecão, em temporada de três semanas, com o espetáculo “Maricotinha”, que gerou o CD duplo “Maricotinha ao vivo”, gravado no DirecTV Hall, em São Paulo, com produção musical de Moogie Canazio e direção musical de Jaime Alem. No dia 8 de dezembro desse mesmo ano, apresentou-se para 100.000 pessoas na Praia de Copacabana (RJ), ao lado de Caetano Veloso, Gilberto Gil e Gal Costa, no show “Doces Bárbaros”, que encerrou o projeto “Pão Music”.

Em 2003, o espetáculo apresentado em 2001 no Canecão foi lançado no DVD “Maricotinha ao vivo”, com direção de André Horta. Também nesse ano, lançou, em circuito comercial, o CD “Cânticos, preces e súplicas à Senhora dos Jardins do Céu”. Ainda em 2003, foi indicada para o Prêmio Multishow, nas categorias Melhor Show e Melhor CD, por “Maricotinha ao vivo”. Também nesse ano, criou seu próprio selo, Quitanda, em parceria com a gravadora Biscoito Fino, inaugurado com o lançamento do CD “Brasileirinho”, contendo canções que têm como fio condutor a religiosidade e a brasilidade, com a participação de Nana Caymmi, Miúcha, Denise Stoklos e Ferreira Gullar, além dos grupos Tira Poeira e Uakti, e do CD “Vozes da Purificação”, primeiro disco solo de Dona Edith do Prato. Na entrevista coletiva concedida pela cantora para a apresentação dos lançamentos de seu selo Quitanda, na sede da Biscoito Fino, recebeu das mãos de Bibi Ferreira o Disco de Ouro conquistado pela vendagem de 120.000 cópias do CD “Maricotinha ao vivo”.

Em 2004, apresentou no Canecão (RJ) o show “Brasileirinho”, com cenário de Gringo Cardia, iluminação de Maneco Quinderé, direção musical de Jaime Alem e a participação de Nana Caymmi, Denise Stoklos e Miúcha, além dos grupos Tira Poeira e Uakti. O espetáculo, gravado ao vivo, gerou DVD homônimo lançado nesse mesmo ano. Também em 2004, foi contemplada com o Prêmio Tim, nas categorias Melhor Cantora, Melhor Disco e Melhor Projeto Visual da MPB, com o Prêmio Rival BR, na categoria Melhor CD, e com o Prêmio da Academia Brasileira de Letras, na categoria Melhor Cantora, além de ter recebido indicação para o Grammy Latino. Ainda nesse ano, produziu e participou como cantora, ao lado de outros artistas, do CD “Namorando a Rosa”, disco tributo à violonista Rosinha de Valença, lançado por seu selo Quitanda.

Em 2005, lançou o CD “Que falta você me faz”, registrando obras de Vincius de Moraes, em parceria com Tom Jobim, Garoto, Chico Buarque, Carlos Lyra, Baden Powell, Toquinho, Adoniran Barbosa e Jards Macalé, além de uma versão assinada por Caetano Veloso para “Nature boy” (Eden Ahbez), incluindo um antigo registro da voz de Vinicius, recuperado pela cantora. Nesse mesmo ano, estreou no Canecão (RJ) o show “Tempo Tempo Tempo Tempo”, seguindo com apresentações pelas principais capitais brasileiras e também em Portugal, Espanha e Argentina. Voltou ao Canecão para o show de encerrando da turnê, ao final de 2005, em temporada popular que marcou o lançamento do DVD “Tempo Tempo Tempo Tempo”, gravado ao vivo no Cie Music Hall (SP). Ainda em 2005, foi tema do documentário “Música é perfume”, dirigido por Georges Gachot, lançado em DVD, no ano seguinte, pela Biscoito Fino.

Em 2006, recebeu três troféus do Prêmio Tim: nas categorias Melhor Cantora MPB e Melhor Disco MPB, pelo CD “Que falta você me faz”, produzido por Moogie Canazio; e na categoria Especial, pelo DVD Tempo tempo tempo tempo, dirigido por Bia Lessa. Nesse mesmo ano, lançou o projeto “Dentro do mar tem rio”, inspirado nas águas, composto de dois CDs, vendidos em separado: “Mar de Sophia”, entremeado por versos da poetisa portuguesa Sophia de Mello Breyner (1919-2004), e “Pirata”, entremeado por versos de Guimarães Rosa, João Cabral de Melo Neto e Fernando Pessoa. Em “Mar de Sophia”, registrou as faixas “Canto de Oxum” (Toquinho e Vinicius de Moraes), “Yemanjá Rainha do Mar” (Pedro Amorim e Paulo César Pinheiro)/”Beira Mar” (Roberto Mendes / Capinan), “Marinheiro Só” (Caetano Veloso)/”O marujo português” (Linhares Barbosa e Arthur Ribeiro), “Poema azul” (Sérgio Ricardo), “Kirimurê” (Jota Velloso), “Grão de mar” (Márcio Arantes e Chico César), “Quadrinha: o mundo é grande” (Carlos Drummond de Andrade e Sueli Costa)/”Cirandas (Domínio Público), “Debaixo d´água” (Arnaldo Antunes)/”Agora” (Tony Bellotto, Charles Gavin, Branco Mello, Nando Reis, Marcelo Fromer, Paulo Miklos, Sérgio Britto e Arnaldo Antunes), “As praias desertas” (Tom Jobim), “Dona do raio: o vento” (Dorival Caymmi)/”A dona do raio e do vento” (Paulo César Pinheiro), “Lágrima” (Roque Ferreira), “Noiva: cantiga da noiva” (Dorival Caymmi)/”Floresta do Amazonas” (Heitor Villa Lobos), “Portela: das maravilhas do mar, fez-se o esplendor de uma noite” (David Corrêa e Jorge Macedo) e “Canto de Nana” (Dorival Caymmi). Em “Pirata”, registrou as faixas “Pedrinha miudinha” (Domínio Público)/”História pro Sinhozinho” (Dorival Caymmi), “O tempo e o rio” (Edu Lobo e Capinam), “Os argonautas” (Caetano Veloso), “Santo Amaro” (Roque Ferreira e Délcio Carvalho), “De papo pro ar” (Joubert de Carvalho e Olegário Mariano), “Sereia de água doce” (Vanessa da Mata), “Eu que não sei quase nada do mar” (Ana Carolina e Jorge Vercilo), “A saudade mata a gente” (João de Barro e Antonio Almeida), “Serenô” (Antonio Almeida), “Memória das águas” (Roberto Mendes e Jorge Portugal), “Água de cachoeira” (Jovelina P. Negra, Labre e Carlito Cavalcante), “Cantigas Populares” (Domínio Público)/”A coroa” (Humberto do Boi de Maracanã), “Onde eu nascí passa um rio” (Caetano Veloso), “Francisco, Francisco” (Roberto Mendes e Capinam) e “Meu Divino São José” (Dominio Público). Nesse mesmo ano, iniciou, em São Paulo, turnê brasileira do show “Dentro do mar tem rio”, dirigido por Bia Lessa, apresentando grande parte das músicas dos dois discos, utilizando samplers cedidos pelo percussionista Naná Vasconcelos, responsável pela sonoridade do trabalho e tendo a direção musical de Jaime Alem, dando continuidade à parceria que vem mantendo com o maestro e violonista há mais de vinte anos. Também em 2006, apresentou o espetáculo “Dentro do mar tem rio” no Vivo Rio (RJ).

Em 2007, foi a grande vencedora da quinta edição do Prêmio Tim de Música Brasileira, como Melhor Cantora e Melhor Disco (com o CD “Mar de Sophia), na categoria MPB, além de Melhor Canção (com “Beira-mar”, de Capinam e Roberto Mendes) e Melhor Projeto Visual (Gringo Cardia, para o CD “Pirata”).

Em parceria com a cantora cubana Omara Portuondo, lançou, em 2008, “Omara Portuondo e Maria Bethânia”, nos formatos CD e CD/DVD documentário das gravações, com produção musical de Jaime Alem e Swami Jr. O CD traz as faixas “Lacho” (Facundo Rivero e Juan Pablo Miranda), “Menino grande” (Antonio Maria), “Nana para un suspiro” (Pedro Luis Ferrer), “Poema LXIV” (Dulce María Loynaz)/”Palabras” (Marta Valdés)/”Palavras” (Gonzaguinha), “Talvez” (Juan Formell), “Você (Hekel” Tavares e Nair Mesquita), “Arrependimento” (Dolores Duran e Fernando Cesar), “Mil Congojas” (Juan Pablo Miranda), “Só vendo que beleza” (Rubens Campos e Henricão), “Para cantarle a mi amor” (Orlando De La Rosa), “Caipira de fato” (Adauto Santos) e “El amor de mi Bohio” (Júlio Brito). O DVD traz as canções “Lacho” (Facundo Rivero e Juan Pablo Miranda), “Menino grande” (Antonio Maria), “Palabras” (Marta Valdés), “Palavras” (Gonzaguinha), “Mil Congojas” (Juan Pablo Miranda), “Só vendo que beleza” (Rubens Campos e Henricão), “Nana para un suspiro” (Pedro Luis Ferrer), “Caipira de fato” (Adauto Santos), “Talvez” (Juan Formell). Nesse mesmo ano, as duas cantoras apresentaram-se no Canecão (RJ), estreando a turnê de lançamento do disco. O espetáculo teve cenografia de Gringo Cardia e iluminação de Maneco Quinderé.

Foi a vencedora do Prêmio Shell de Música 2008, que pela primeira vez foi concedido a um intérprete, já que até o ano anterior era restrito apenas a compositores. A cantora foi escolhida por um júri formado por Luiz Fernando Viana, Arthur Dapieve, Fernando Mansur Bruno Levinson, Moogie Canazio e Zuza Homem de Mello.

Em 2009, lançou, simultaneamente, dois discos de inéditas: “Tua” e “Encanteria”, este último com a participação de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Constam do repertório do CD “Tua” as canções “É o amor outra vez” (Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro), “A mão do amor” (Roque Ferreira), “O que eu não conheço” (Jorge Vercilo e J. Velloso), “Até o fim” (César Mendes e Arnaldo Antunes), “Remanso” (Moacyr Luz e Aldir Blanc), “Fonte” (Saul Barbosa e Jorge Portugal), “Dama, Valete e Rei” (Bill Farr), “Você perdeu” (Márcio Valverde e Nélio Rosa), “Guriatã” (Roque Ferreira), “Saudade” (Chico César e Paulinho Moska), “Lamentação” (Mauro Duarte), “O nunca mais” (Roberto Mendes e Capinan) e “Domingo” (Roque Ferreira), além da faixa-título, de Adriana Calcanhotto. No CD “Encanteria”, tendo a fé como fio condutor, registrou as canções “Santa Bárbara”, “Feita na Bahia”, “Coroa do mar” e “Minha rede”, todas de Roque Ferreira, “Saudade dela (Roberto Mendes e Nizaldo Costa), “Linha do caboclo” (Paulo César Pinheiro e Pedro Amorim), “Estrela” (Vander Lee), “Doce viola” (Jaime Alem), “É a Senhora” (Vanessa da Mata), “Batatinha roxa” (domínio Público, adaptação de Roberto Mendes), “Sete trovas” (Consuelo de Paula, Etel Frota e Rubens Nogueira) e a faixa-título, de autoria de Paulo César Pinheiro. Ainda em 2009, apresentou-se no Canecão (RJ), com o espetáculo “Amor, festa, devoção”, em show de lançamento dos CDs “Tua” e “Encanteria”, incluído na relação “Os Melhores Shows de 2009” do jornal “O Globo”, publicada final do ano.

Em 2010, recebeu a medalha da Ordem do Desasossego, criada pela Casa Fernando Pessoa para homenagear divulgadores da obra do poeta português. Nesse mesmo ano, estreou, no Vivo Rio (RJ), o espetáculo “Amor, Festa e Devoção”, para gravação do DVD. Nesse mesmo ano, foi contemplada com o Prêmio da Música Brasileira, nas categorias Melhor Cantora e Melhor Disco de MPB, pelo CD “Encantería”. Também em 2010, recebeu indicação ao Grammy Latino, na categoria Gravação do Ano, pelo registro de “Tua”, canção de autoria de Adriana Calcanhotto. Ainda nesse ano, lançou o DVD e CD duplo “Amor, Festa e Devoção”. O primeiro CD trouxe as faixas “Santa Bárbara” (Roque Ferreira), “Rosa dos Ventos” (vinheta) (Chico Buarque)/“Vida” (Chico Buarque), “Olho de lince” (texto) (Waly Salomão), “Feita na Bahia” (Roque Ferreira), “Coroa do mar” (Roque Ferreira), “Encanteria” (Paulo César Pinheiro), “Linha de caboclo” (Pedro Amorim e Paulo César Pinheiro), “É o amor outra vez” (Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro), “Tua” (Adriana Calcanhoto), “Fonte” (Saul Barbosa e Jorge Portugal), “Explode coração” (Gonzaguinha), “Queixa” (Caetano Veloso), “Você perdeu” (Márcio Valverde e Nélio Rosa), “Dama do Cassino” (Caetano Veloso), “Até o fim” (César Mendes e Arnaldo Antunes), “Serenata do Adeus” (Vinicius de Moraes), “Balada da Gisberta” (Pedro Abrunhosa) e um pout pourri com “Zanzibar” (Edu Lobo), “Seara” (Jaime Alem), “Lia de Itamaracá” (domínio público), “Desenredo” (Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro), “Santo Antônio” (Hermeto Pascoal) e “Fica mal com Deus” (Geraldo Vandré). No repertório do segundo CD, as faixas “Não identificado” (Caetano Veloso), “Curare” (Alberto de Castro Simões da Silva), “Estrela” (Vander Lee), “Serra da Boa Esperança” (Lamartine Babo), “Doce viola” (Jaime Alem), “Guriatan” (Roque Ferreira), “Pescaria” (Wilson Ribeiro Pimentel e Conceição Alves), “Saudade” (Chico César e Paulinho Moska), “É o amor” (Zezé de Camargo)/”Vai dar namoro” (citação) (Chico Amado e Dedé Badaró), “O nunca mais” (Roberto Mendes e Capinan), “Bom dia” (Herivelto Martins), “Andorinha” (Silvio Caldas), “Bandeira branca” (Max Nunes e Laércia Alves), “Domingo” (Roque Ferreira), “Pronta pra cantar” (Caetano Veloso), “O que é, o que é” (Gonzaguinha), “Encanteria” (Paulo César Pinheiro), “Reconvexo” (Caetano Veloso) e um pout pourri com “Saudade dela” (Roberto Mendes e Nizaldo Costa), ”É senhora” (Vanessa da Mata), “Batatinha roxa” (citação) (domínio público, adaptação: Roberto Mendes ) e “A mão do amor” (Roque Ferreira).

Lançou, em 2012, o CD “Oásis de Bethânia”, contendo, entre outras, as canções “Fado” e “Barulho”, ambas de Roque Ferreira, “O Velho Francisco “(Chico Buarque), “Vive” (Djavan), “Casablanca”, “Calmaria” (Jota Velloso), “Lágrima” (Sebastião Nunes, José Garcia e José Gomes Filho), “Calúnia” (Marino Pinto e Paulo Soledade), “Carta de amor” (Paulo César Pinheiro) e “Salmo” (Raphael Rabello e Paulo César Pinheiro). Nesse mesmo ano, o disco foi indicado ao “XIII Grammy Latino”, na categoria Melhor Álbum MPB. Inaugurando nova direção musical, assinada por Wagner Tiso, após  30 anos de parceria com Jaime Alem, apresentou-se, nesse mesmo ano, no Vivo Rio (RJ), com o show “Carta de amor”. Ao lado dela no palco, os músicos Jorge Helder (baixo), Gabriel Improta (violão e guitarra), Paulo Dafilin (violão e viola), Marcio Mallard (violoncelo), Pantico Rocha (bateria) e Marcelo Costa (percussão), além de Wagner Tiso (piano).

Em 2013, apresentou-se no Vivo Rio (RJ), em show de gravação do DVD “Carta de amor”. Nesse mesmo ano, foi lançado o DVD “Noite Luzidia”, contendo o espetáculo realizado em 2001 na extinta casa de shows Canecão (RJ), celebrando seus 35 anos de carreira, com a participação de Adriana Calcanhotto, Ana Carolina, Arnaldo Antunes, Caetano Veloso, Carlos Lyra, Chico Buarque, Dori Caymmi, Edu Lobo, Gilberto Gil, Lenine, Nana Caymmi, Roberto Mendes e Vanessa da Mata, entre outros artistas. O DVD trouxe também depoimentos de vários convidados e cenas de bastidores do espetáculo. Também em 2013, foi contemplada com o Prêmio da Música Brasileira, na categoria Melhor Cantora/MPB, pelo CD “Oásis de Bethânia”, e na categoria Melhor Canção, por “Carta de amor”, de sua parceria com Paulo Cesar Pinheiro, incluída no CD “Oásis de Bethânia”, co-produzido com Jorge Helder. Pelo mesmo disco, recebeu também indicação ao prêmio na categoria Melhor Álbum/MPB. Também em 2013, encerrou a turnê “Carta de amor” no Vivo Rio, em apresentação única.

Em 2014, lançou o CD “Meus quintais”, no qual interpretou as músicas  “Alguma voz” (Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro); “Xavante” (Chico César); “Casa de caboclo” (Roque Ferreira); “Lua bonita” (Zé Martins e Zé do Norte); “Candeeiro velho” (Roque Ferreira); “Imbelezô eu” / Vento de lá (Roque Ferreira); “Mãe Maria” (Custódio Mesquita e Davi Nasser); “Uma Iara” (Adriana Calcanhoto); “Uma perigosa Yara” (Adriana Calcanhoto e texto de Clarice Lispector, editado por Fauzi Arap e Bethânia); “Moda da onça” (Paulo Vanzolini); “Povos do Brasil”; (Leandro Fregonesi); “Arco da velha índia” (Chico César); “Folia de reis” (Roque Ferreira); “Dindi” (Tom Jobim e Aloysio de Oliveira).

 

No fim de 2014, estreou o show “Abraçar e agradecer”, no Vivo Rio, em homenagem aos seus 50 anos de carreira. Dirigido por Bia Lessa e produzido por Guto Graça Mello, o show trouxe clássicos de Gonzaguinho, Caetano Veloso, Chico Buarque, Paulo Cesar Pinheiro e Tom Jobim, imortalizados em sua voz ao longo dos anos, além de músicas inéditas, como “Voz de mágoa” e “Viver na fazenda”, de Dori Caymmi e Paulo Cesar Pinheiro, e “Silêncio”, de Flavia Wenceslau.

Em 2015, foi homenageada no 26º Prêmio da Música Brasileira, no qual cantou, entre outras músicas, “Carcará”, que emocionou toda a plateia do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, onde aconteceu a premiação.

No mesmo ano, e ainda em homenagem aos seus 50 anos de carreira, foi inaugurada a exposição “Maria de todos nós”, no Paço Imperial, RJ. Mantida em segredo por dois anos, tempo que levou para ser organizada, a mostra trouxe 1402 peças que exploraram o seu universo e a sua carreira, misturando trabalhos inéditos de 160 artistas plásticos, músicos, escritores, fotógrafos, amigos e fãs, além de itens do seu acervo pessoal. Todo o material foi escolhido por Bia Lessa e Ana Basbaum. Paralelamente à mostra, uma programação que incluiu filmes e saraus com nomes como Egberto Gismonti, Pedro Sá, Moreno Veloso e Jorge Mautner. Dentre as peças que mais chamaram atenção do público, uma estrutura portátil de ferro que funciona há anos como camarim pessoal. Nas palavras das organizadoras: “Quisemos usar as emoções que a Bethânia provoca nas pessoas e os elementos do seu imaginário. Não houve curadoria, os trabalhos foram agregados muito espontaneamente, os amigos foram se juntando, oferecendo, e tudo sem que ela soubesse.”. Algumas obras inéditas foram feitas especialmente para a exibição, tais como uma poltrona dos irmãos Campana que remete à casa de um joão-de-barro, pinturas de Roberto Tavares de diferentes carcarás e os orixás em ferro de Tatti Moreno. Do acervo pessoal, peças entalhadas pela própria cantora, fotos inéditas de Dona Canô e do dia a dia em família e anotações pessoais. Por conta da magnitude da mostra, o espaço foi dividido em treze ambientes, cada um deles destinado a explorar aspectos diferentes de sua vida e carreira.

No mesmo ano, foi capa da Revista Carioquice, publicação trimestral do Instituto Cultural Cravo Albin.

Em fevereiro de 2016, foi homenageada pela escola de samba carioca Estação Primeira de Mangueira, que a escolheu para tema. O enredo, “Maria Bethânia: a menina dos olhos de Oyá”, garantiu à agremiação o primeiro lugar. Idealizado pelo carnavalesco Leandro Vieira, o enredo foi mais uma homenagem aos seus cinquenta anos de carreira,

Muito emocionada, participou do desfile no último carro alegórico. Em outro carro, estiveram presentes “os amigos de Bethânia”, dentre eles Caetano Veloso e seu filho Tom, Ricardo Cravo Albin, as atrizes Renata Sorrah e Lúcia Veríssimo, as cantoras Zélia Duncan, Adriana Calcanhotto, Vanessa da Mata, Ana Carolina e Mart´nalia, dentre outras personalidades.

Participou, em 2016, do Festival “Eu sou a Concha”, que marcou a reinauguração da Concha Acústica de Salvador, que permaneceu fechada por três anos devido à obras. Tombado pelo Iphan, o palco a céu aberto foi reaberto com uma série de shows que trouxe ainda nomes como Ney Matogrosso e os Novos Baianos.

Iniciou o show propondo ao público uma oração: “Hoje é dia de Nossa Senhora de Fátima, vamos inaugurar esse espaço rezando uma Ave Maria. O Brasil precisa de misericórdia. Dia 13 de maio é também dia da abolição da escravatura”. O pedido foi prontamente atendido e o público, de pé, a acompanhou na reza. Em seguida iniciou o show, cujo repertório contou com “Negue”, “Reconvexo”, “É o amor”, “Olhos nos olhos”, “Os mais doces bárbaros” , na companhia de Margareth Menezes, que também cantou “A luz de Tieta”, e “Menina dos olhos de Oyá”, que fechou a apresentação.

Em 2016, seu show acabou virando fragrância. A perfumista Samanta Alves misturou aromas de âmbar e lavanda para criar o perfume “Abraçar e agradecer”, numa referência direta ao nome do espetáculo. Gravado ao vivo, o DVD do show foi vendido em um kit especial que trouxe o perfume. 

Em 2017, entrou na lista de indicados ao 28º Prêmio da Música Brasileira na categoria álbum de MPB pelo disco Abraçar e Agradecer. Foi indicada também na categoria melhor cantora, pelo mesmo disco, disputando com Patrícia Bastos e Zizi Possi.

Em 2018 se juntou ao sambista Zeca Pagodinho para estrear união inédita em uma série de espetáculos pelo Brasil. A turnê “De Santo Amaro a Xerém” se iniciou em Recife com algumas composições inéditas que referenciavam Santo Amaro, cidade natal de Bethania, e Xerém, local de nascimento de Zeca. Pediu ao irmão, o cantor Caetano Veloso, que ele criasse uma composição inédita sobre esse encontro, e Caetano compôs os versos: “Aí amor, amor, Amaro, aí cheirinho de Xerém, ai amor – paro, ai amor – vem.” O compositor Fernando Fregonesi também fez uma canção em homenagem ao encontro com o samba de roda, “De Santo Amaro a Xerém”, que também dá título à turnê.

A crítica apontou que a junção da leveza do canto de Bethania e a malemolência do samba carioca de Zeca foram os fatores que deram uma narrativa de grande força e peso ao show. O samba do recôncavo baiano entoado pelo sambista carioca, e a aproximação entre esses cantos de sambas baianos e cariocas, tornaram o samba, o protagonista desse espetáculo. Em entrevista, Bethânia teria elogiado a memória musical de Zeca: “Quando a música toca, você (Zeca) pega. O samba de Caetano cantei uma vez e você cantou imediatamente, impressionante.”

A banda que acompanhou os cantores durante a turnê foi formada por um misto de músicos que já acompanhavam Bethânia e Zeca. A direção musical do espetáculo foi dividida entre Paulão Sete Cordas (músico que acompanha Zeca) e Jaime Alem (que acompanha Bethânia). A formação da banda ainda incluiu Rômulo Gomes (baixo), Paulo Dafilin (violão e viola), Marcelo Costa (bateria e percussão), Jaguara (percussão), Esguleba (percussão), Paulo Galeto (cavaquinho) e Vitor Mota (sax e flauta).

Além das composições inéditas de Caetano Veloso e Leandro Fregonesi, grandes sucessos como “Sonho Meu”, “Samba pras moças”, “A voz do morro”, “Portela na avenida”, “Ogum”, “Exaltação à Mangueira”, “Foi um rio que passou em minha vida”, “Reconvexo”, “Chão de Estrelas”, “Naquela Mesa”, “Diz que fui por aí”, “Falsa baiana”, “Desde que o samba é samba”, “Maneiras”, “Você não entende nada”, também foram incluídas no repertório. O show teve um total de 35 músicas.

 

Em 2019 ocorreu o lançamento do documentário “Fevereiros”, um registro da vitória da escola de samba carioca Estação Primeira de Mangueira no ano de 2016, e que teve enredo homenageando a própria, com co-produção de Debê, Globo Filmes, GloboNews e Canal Brasil.

Além de filmar a escola e os preparativos do barracão, a produção acompanhou-a nas festas da Nossa Senhora da Purificação, na Bahia. O documentário com direção de Marcio Debellian, edição de Diana Vasconcellos, roteiro de Marcio Debellian e Diana Vasconcellos, produção de Marcio Debellian e Daniel Nogueira, cinematografia de Pedro Von Krüger e Miguel Vassy, também contou com um elenco de entrevistados como Caetano Veloso, Chico Buarque, Leandro Vieira e outros.  Considerado por toda a crítica como filme excepcional, registramos abaixo algumas informações suplementares.

Em entrevista à imprensa, o diretor explicou que iniciou as filmagens no final de 2015 e começo de 2016, no período em que a Mangueira se preparava para o desfile da Sapucaí. Ele fez uma primeira montagem nessa época e voltou a filmar ao longo de 2016, incluindo a entrevista com o historiador Luiz Antônio Simas. A entrevista com ela mesma foi feita em fevereiro de 2017. Ainda em entrevista, o diretor afirmou que “O Brasil regrediu 100 anos com essa nova conformação de poder e governo, e “Fevereiros”, virava, segundo ele, “uma peça de resistência em defesa do sincretismo, com tudo o que representa de tolerância”.

Segundo a crítica, o filme retratou o sincretismo religioso baiano com maestria, abordando a ancestralidade da herança africana, o chamado dos atabaques e o cerimonial católico. Segundo Bethânia, o documentário sobre a sua espiritualidade e sobre o enredo campeão da Mangueira chamou-se “Fevereiros” porque dia 2 de fevereiro é o dia de festa no mar, e ela teria de estar em Santo Amaro para as festividades em honra de Iemanjá e da Senhora dos Navegantes. O mês de fevereiro seria portanto, a época de estar em casa. “Fé e festa, foi isso que aprendi com ela e o que o Leandro (carnavalesco) celebrou na Mangueira. Essa espécie de generosidade, de repente, ficou rara no Brasil, onde hoje, para celebrar um santo, despe-se outro”, declarou a cantora em entrevista à imprensa.

O filme chegou ao circuito brasileiro após ser exibido em 29 festivais, sendo premiado do festival In-Edit Brasil em 2018 e foi exibido em Santo Amaro na Praça Matriz da cidade de forma gratuita.

Em 2019 estreou o show “Claros Breus” no Manouche (RJ) interpretando músicas inéditas de Chico César, “A taça”, “Águia Nordestina” e “Luminosidade” e de Roque Ferreira, “Músicas, música”. O espetáculo foi dirigido por Bia Lessa, com textos de Ferreira Gullar e Carlos Drummond. Na ocasião foi acompanhada por Marcelo Galter (piano elétrico), Jorge Helder (baixo acústico), Pretinho da Serrinha e Luisinho do Jêje (percussões) e Carlinhos Sete Cordas (violão). No repertório, além das inéditas, interpretou “Anjo Exterminado” (Jards Macalé/Waly Salomão), “Tocando em frente” (Almir Sater/Renato Teixeira), “Grito de Alerta” (Gonzaguinha), “Brincando de Viver” (Guilherme Arantes), “História para ninar gente grande” (samba-enredo da Mangueira campeão de 2019), “Evidências” (José Augusto/Paulo Sérgio Valle), dentre outras.

Após o sucesso das apresentações intimistas na casa de shows Manouche (RJ), o espetáculo “Claros Breus” saiu em turnê por São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Salvador. Os shows incluíram projeções de sombras usando obras de Escher, Hélio Oiticica e grafismos de Arnaldo Antunes. A direção artística, assim como no Rio, foi assinada por Bia Lessa.

Em 2020 se apresentou na 17ª edição do “Show de Verão da Mangueira” no Vivo Rio (RJ), ao lado de Leci Brandão, Péricles, Chico Buarque, Mart’nália e Pretinho da Serrinha, que substituiu o maestro Ivan Paulo. O repertório foi selecionado por Túlio Feliciano, diretor-geral do show. Na ocasião interpretou “Negue” acompanhada pelos músicos Itamar Assiere (teclado), Pedro Franco (bandolim e violão), Dudu Oliveira (sopros), Cesinha (bateria) e Thiaguinho da Serrinha (percussão cavaquinho).

 

Em fevereiro de 2021 fez uma live com transmissão pela Globoplay em comemoração aos seus 56 anos de carreira. O show aconteceu na Cidade das Artes, Rio de Janeiro, sem plateia ou convidados por conta da pandemia do Coronavírus. Com a direção artística de LP Simonetti, a cantora foi acompanhada pelos músicos Jorge Helder (baixo acústico), João Camarero e Paulo Dafilin (violões) e Marcelo Costa (percussão).

Em julho de 2021 lançou o álbum “Noturno”, o primeiro desde Meus quintais”, de 2014. Com direção musical e arranjos de Letieres Leite e produção musical de Jorge Helder, o disco foi lançado pela gravadora Biscoito Fino nas plataformas de streaming e em CD. O trabalho contou com a colaboração de compositores como Adriana Calcanhoto (“Dois de junho”) e Chico Cesar (“Luminosidade”).

Em 2024 anunciou turnê pelo Brasil com o irmão, Caetano Veloso cidades escolhidas foram Rio de Janeiro(RJ), Belo Horizonte(MG), Belém(PA), Porto Alegre(RS), Brasília(DF), Salvador(BA) e São Paulo(SP). As músicas que fizeram parte do repertório do show foram interpretadas em sets com os dois juntos e individuais. Com os dois juntos na parte inicial do show: “Alegria, alegria” (Caetano Veloso), “Os mais doces bárbaros” (Caetano Veloso), “Gente” (Caetano Veloso), “Oração ao tempo” (Caetano Veloso), “Motriz” (Caetano Veloso), “Não identificado” (Caetano Veloso), “A tua presença morena” (Caetano Veloso), “13 de maio” (Caetano Veloso), “Samba de dois-dois” (Roque Ferreira e Paulo César Pinheiro), “A donzela se casou” (Moreno Veloso), “Milagres do povo” (Caetano Veloso), “Filhos de Gandhi” (Gilberto Gil), “Dedicatória” (Caetano Veloso), “Eu e água” (Caetano Veloso), “Tropicália” (Caetano Veloso), “Marginália II” (Gilberto Gil e Torquato Neto), “Um índio” (Caetano Veloso), “Cajuína” (Caetano Veloso). Com os dois juntos na parte final do show: “Sei lá, Mangueira” (Paulinho da Viola e Hermínio Bello de Carvalho), “Atrás da verde-e-rosa só não vai quem já morreu” (David Correia, Paulinho Carvalho, Carlos Senna e Bira do Ponto), “A menina dos olhos de Oyá” (Alemão do Cavaco, Almyr, Cadu, Lacyr D Mangueira, Paulinho Bandolim e Renan Brandão), “Exaltação à Mangueira” (Enéas Brittes da Silva e Aloísio Augusto da Costa), “Onde o Rio é mais baiano” (Caetano Veloso), “Baby” (Caetano Veloso), “Vaca profana” (Caetano Veloso), “Gita” (Raul Seixas e Paulo Coelho), “O quereres” (Caetano Veloso), “Fé” (Iza, Sérgio Santos, Pablo Bispo, Ruxell, Lukinhas, Henrique Bacellar, Junior Pierro e Fabinho Negramande), “Reconvexo” (Caetano Veloso), “Tudo de novo”(Caetano Veloso), “Odara” (Caetano Veloso). Apenas Caetano: “Sozinho” (Peninha), “O leãozinho” (Caetano Veloso), “Você não me ensinou a te esquecer (Fernando Mendes, José Wilson e Lucas), “Você é linda” (Caetano Veloso), “Deus cuida de mim” (Kleber Lucas).  Apenas Bethânia: “Brincar de viver” (Guilherme Arantes e Jon Lucien), “Explode coração” (Gonzaguinha), “As canções que você fez pra mim” (Roberto Carlos e Erasmo Carlos), “Negue” (Adelino Moreira e Enzo Almeida Passos), “Vida” (Chico Buarque). A turnê foi registrada para lançamento de audiovisual incluindo documentário sobre o show.  No mesmo ano foi lançada, pelo Itaú Cultural em São Paulo(SP), a mostra “Ocupação Maria Bethânia”. A mostra, com a curadoria de Bia Lessa, foi construída  a partir de um olhar poético sobre a trajetória da cantora, saindo da abordagem tradicional com momentos históricos, shows, figurinos e outras situações mais comuns neste tipo de exposição. Na mostra, foram expostos itens afetivos do acervo da cantora, com leituras de poemas e letras de música, obras de artes plásticas, bordados e fotos de família. Foram colocadas 98 fotos raras além da instalação audiovisual com 47 monitores mostrando imagens de diferentes períodos da vida e da obra da cantora colocados nos andares térreo e no primeiro do Itaú Cultural. Foi feita, no mesmo ano, uma reedição em vinil do álbum “Talismã”, de 1980. O vinil foi fabricado nas cores verde, laranja e marrom. A direção musical do álbum original ficou a cargo de Perinho Albuquerque. As músicas do disco reeditado são as mesmas do original, incluindo “Mergulho”(Gonzaguinha); “Vida Real”(Caetano Veloso); “Pele”(Caetano Veloso); “Gema”(Caetano Veloso); “Talismã”(Caetano Veloso e Waly Salomão); “O lado quente do ser”(Marina Lima e Antônio Cícero); “Cansei de ilusões”(Tito Madi); “Noite de um verão de sonho”(Nelson Motta e Xixa Motta), “Amo tanto viver”(Gilberto Gil); “Mentira de amor” (Lourival Faissal e Gustavo Carvalho) e “Eu tenho um pecado novo” (Mariano Mores e Alberto Laureano Martínez, versão em português de Lourival Faissal). Ainda em 2024 se apresentou em Salvador(BA) com o irmão por conta da turnê “Caetano e Bethânia”.

 

 

Discografias
2021 Biscoito Fino Noturno
2014 Biscoito Fino CD Meus quintais
2012 Noite luzidia (Maria Bethânia) – Biscoito Fino – DVD
2012 Oásis de Bethânia (Maria Bethânia) – Biscoito Fino - CD
2010 Amor, Festa e Devoção (Maria Bethânia) – Biscoito Fino – DVD e CD duplo
2009 Quitanda CD Encanteria (Maria Bethânia)
2009 Biscoito Fino CD Tua (Maria Bethânia)
2008 Biscoito Fino Omara Portuondo e Maria Bethânia ( Omara Portuondo e Maria Bethânia)
2006 Quintanda/Biscoito Fino CD Mar de Sophia (Maria Bethânia)
2006 Música é perfume (documentário Maria Bethânia) – Biscoito Fino – DVD
2006 Quintanda/Biscoito Fino CD Pirata (Maria Bethânia)
2005 Biscoito Fino CD Que falta você me faz (Maria Bethânia)
2005 Biscoito Fino DVD Tempo Tempo Tempo Tempo (Maria Bethânia)
2004 Quitanda/Biscoito Fino DVD Brasileirinho (Maria Bethânia)
2004 Biscoito Fino DVD Outros (Doces) Bárbaros (Doces Bárbaros)
2003 Quitanda/Biscoito Fino CD Brasileirinho (Maria Bethânia)
2003 Biscoito Fino CD Cânticos, preces e súplicas á Senhora dos Jardins do Céu (Maria Bethânia)
2003 Biscoito Fino DVD Maricotinha ao vivo (Maria Bethânia)
2002 Biscoito Fino CD Maricotinha ao vivo (Maria Bethânia)
2001 BMG Brasil CD Maricotinha (Maria Bethânia)
1999 BMG Brasil CD A força que nunca seca (Maria Bethânia)
1999 BMG CD Diamante verdadeiro (Maria Bethânia)
1997 EMI-Odeon CD Imitação da vida (Maria Bethânia)
1996 EMI/Odeon CD Ambar (Maria Bethânia)
1995 PolyGram CD Maria Bethânia ao vivo (Maria Bethânia)
1993 PolyGram CD As canções que você fez pra mim (Maria Bethânia)
1992 PolyGram CD Olho-d´água (Maria Bethânia)
1990 PolyGram CD Maria Bethânia - 25 anos (Maria Bethânia)
1989 PolyGram CD Memória da pele (Maria Bethânia)
1988 BMG/Ariola Maria (Maria Bethânia)
1987 BMG/Ariola Dezembros (Maria Bethânia)
1984 PolyGram A beira e o mar (Maria Bethânia)
1983 PolyGram Ciclo (Maria Bethânia)
1982 PolyGram Nossos momentos (Maria Bethânia)
1981 PolyGram Alteza (Maria Bethânia)
1980 PolyGram Talismã (Maria Bethânia)
1979 PolyGram Mel (Maria Bethânia)
1978 PolyGram Maria Bethânia e Caetano Veloso (Maria Bethânia e Caetano Veloso)
1978 PolyGram Álibi (Maria Bethânia)
1977 PolyGram Pássaro da manhã (Maria Bethânia)
1976 Phonogram LP Doces Bárbaros ao vivo (Doces Bárbaros)
1976 PolyGram Pássaro proibido (Maria Bethânia)
1975 PolyGram Chico Buarque e Maria Bethânia (Chico Buarque e Maria Bethânia)
1974 PolyGram LP Cena muda (Maria Bethânia)
1973 PolyGram Drama 3º ato (Maria Bethânia)
1972 PolyGram Drama (Maria Bethânia)
1972 PolyGram LP Quando o carnaval chegar (vários artistas) - participação
1971 PolyGram A tua presença (Maria Bethânia)
1971 PolyGram Rosa dos ventos (Maria Bethânia)
1971 RGE LP Vinícius Bethânia Toquinho (Vinicius de Moraes, Maria Bethânia e Toquinho)
1970 EMI-Odeon Maria Bethânia - Ao vivo (Maria Bethânia)
1969 EMI-Odeon Maria Bethânia (Maria Bethânia)
1968 EMI-Odeon Recital na Boite Barroco (Maria Bethânia)
1967 Elenco Edu e Bethânia (Edu Lobo e Maria Bethânia)
1965 RCA Victor Compacto simples Carcará/De manhã (Maria Bethânia)
1965 RCA Victor Compacto simples Carcará/No Carnaval/Mora na Filosofia/Só eu sei (Maria Bethânia)
1965 RCA Victor Maria Bethânia (Maria Bethânia)
1965 RCA Victor LP Maria Bethânia canta Noel Rosa (Maria Bethânia)
Obras
Caras e bocas (c/ Caetano Veloso)
Luz da noite (c/ Caetano Veloso)
O conteúdo (c/ Caetano Veloso)
Pássaro proibido (c/ Caetano Veloso)
Trampolim (c/ Caetano Veloso)
Shows
2019 Manouche, Rio de Janeiro, RJ Claros Breus
2018 Classic Hall, Recife, PE De Santo Amaro a Xerém
2013 Carta de amor – Vivo Rio, Rio de Janeiro
2013 Carta de amor. Show de gravação do DVD – Vivo Rio, Rio de Janeiro
2012 Carta de amor – Vivo Rio, Rio de Janeiro
2010 Vivo Rio, Rio de Janeiro. Amor, Festa e Devoção. Show de gravação do DVD.
2009 Canecão, Rio de Janeiro. Amor, festa, devoção. Show de lançamento dos CDs “Tua” e “Encanteria”.
2008 Canecão, Rio de Janeiro. Omara Portuondo e Maria Bethânia.
2006 Vivo Rio, Rio de Janeiro. Dentro do mar tem rio.
2005 Canecão, Rio de Janeiro. Tempo Tempo Tempo Tempo - Uma homenagem a Vinicius de Moraes.
2004 Canecão. Rio de Janeiro. Brasileirinho.
2001 Canecão. Rio de Janeiro. Maricotinha.
2000 ATL Hall, Rio de Janeiro. Show da virada do milênio. Maria Bethânia, Gal Costa.
1999 Canecão, Rio de Janeiro. A força que nunca seca.
1994 Quadra da escola de samba Mangueira, Rio de Janeiro. Doces Bárbaros na Mangueira. Maria Bethânia, Gilberto Gil, Gal Costa e Caetano Veloso.
1993 Canecão, Rio de Janeiro. As canções que você fez pra mim.
1984 Canecão, Rio de Janeiro. A hora da estrela.
1982 Canecão, Rio de Janeiro. Nossos momentos.
1977 Teatro da Praia, Rio de Janeiro. Pássaro da manhã.
1976 Anhembi, São Paulo. Doces Bárbaros. Maria Bethânia, Gal Costa, Gilberto Gil e Caetano Veloso.
1975 Canecão, Rio de Janeiro. Chico Buarque e Maria Bethânia.
1974 Teatro Casa Grande, Rio de Janeiro. A cena muda.
1971 Teatro da Praia, no Rio de Janeiro. Rosa dos ventos.
1970 Teatro Casa Grande, Rio de Janeiro. Brasileiro profissão esperança.
1966 Teatro Opinião, Rio de Janeiro. Pois é. Maria Bethânia, Vinícius de Morais e Gilberto Gil.
1965 TBC, São Paulo. Arena Ccnta Bahia. Maria Bethânia, Gilberto Gil, Gal Costa, Caetano Veloso, Tom Zé e Piti.
1965 Teatro Opinião. Rio de Janeiro. Opinião.
1964 Teatro Vila Velha. Bahia. Nova bossa velha e velha bossa nova. Maria Bethânia, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa e Tom Zé, entre outros.
1964 Teatro Vila Velha. Bahia. Nós, por exemplo. Maria Bethânia, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa e Tom Zé, entre outros.
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

ALBIN, Ricardo Cravo. O livro de ouro da MPB. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.

AMARAL, Euclides. A Letra & a Poesia na MPB: Semelhanças & Diferenças. Rio de Janeiro: EAS Editora, 2019.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.

AMARAL, Euclides. O Guitarrista Victor Biglione & a MPB. Rio de Janeiro: Edições Baleia Azul, 2009. 2ª ed. Esteio Editora, 2011. 3ª ed. EAS Editora, 2014. 4ª ed. EAS Editora, 2020.

COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.

DINIZ, Júlio. Catálogo da Exposição “Eu não sou o meu nome – Maria Bethânia”. Evento: Mostra dos 500 anos. Parque das Nações, Lisboa, maio 2000.

FUSCALDO, Chris. Discobiografia Mutante: Álbuns que revolucionaram a música brasileira. Rio de Janeiro: Editora Garota FM Books, 2018. 2ª ed. Idem, 2020.

SEVERIANO, Jairo e HOMEM DE MELLO, Zuza. A canção no tempo vol. 2. São Paulo: Editora 34, 1998.

Crítica

A arte de Maria Bethânia Vianna Telles Veloso é indissociável de sua própria vida. No palco, a entidade Maria Bethânia, impenetrável e misteriosa, enigmática criatura percorrendo a cena aberta como quem celebra a força dos deuses. Em casa, a mulher Maria Bethânia, filha de Canô e Zeca, devota de Nossa Senhora da Purificação, irmã de Caetano, amiga fiel de seus amigos. Em ambas, com maior ou menor intensidade, o movimento da paixão pela vida, o drama da existência humana, a enorme dor pelas coisas do mundo, mas também a alegria de se saber argonauta, humana, navegadora do céu dos viventes, lutadora incansável do som contra o silêncio, com esperanças de um mundo mais fraterno e feliz.

Bethânia é a concentração máxima de quatro forças vitais, a rosa-dos-ventos que traz a luz criadora de Clarice Lispector, a cor poética de Chico Buarque, o som transformador de Caetano Veloso e a palavra dramática de Fernando Pessoa.

A luz de Clarice fala de uma voz que traz na língua a beleza indizível dos poemas e das canções. Traz e reparte com todos nós – cariocas, baianos, portugueses, franceses, americanos, negros, brancos, marinheiros, donas de casa, estudantes, mulheres solitárias, homens vagando pelas cidades do mundo, professores, bailarinas – a magia do palco, o seu ofício humano, demasiado humano.

A cor de Chico conta da felicidade de se reconhecer pertencente ao teatro das palavras quando sua voz as retira do papel e a elas empresta corpo, alma, emoção. Sua voz, como a mão dos poetas, transforma o branco do papel e do silêncio em âmbar reluzente, brilho de azulejo lisboeta, contorno de montanha carioca, leveza de casa baiana.

O som de Caetano diz do sabor de ver a vida imitando a arte, a arte encenando a vida. Maria que não se vê atriz, mas incorpora a força da representação à sua própria pele, que reduz o palco à dimensão do mar; Maria que navega no estreito limite entre margens, filha da Maria mãe dos viventes ; Maria Be-atriz, a que acredita na busca incessante do inefável, nome misterioso e oculto a movimentar as engrenagens do mundo.

Finalmente, do inquieto silêncio de Pessoa a celebração da comunhão entre som e palavra. Quando finalmente o palco se iluminar e a voz estiver diante da vida encenada como arte e da arte imitada como vida, o poeta Fernando e seus cavalos estarão percorrendo os corredores da língua portuguesa, timidamente dispostos entre homens que não cessam de buscar a felicidade como o único esforço humano possível, o amor como substância vital traduzida pela mão de um poeta e pela voz de uma mulher, Maria Bethânia Vianna Telles Veloso.

Júlio Diniz