
Cantora.
Ainda no interior de Minas, cantava não profissionalmente em igrejas, festinhas e parques de diversões.
No início da década de 1970 foi levada para o Rio de Janeiro por Antônio Adolfo, mas só se tornou conhecida para o grande público em 1972, quando venceu o “VII FIC” interpretando “Fio Maravilha”, de Jorge Ben. No ano seguinte, fez sucesso regravando a música “Alô! Alô!”, de autoria de André Filho, samba anteriormente interpretado com muito sucesso por Carmem Miranda.
Apresentando uma androgenia não muito comum na época e usando roupas e maquilagem extravagantes – foi comparada à Carmem Miranda, mais pelo visual que pela voz – adotou um estilo irreverente, através de letras com duplo sentido, o que lhe acabou rendendo problemas com a censura do governo militar. Incluia sempre em seus shows boa parte do repertório da “Pequena Notável”, além de músicas do repertório de outras cantoras das décadas de 1930/1940, tais como Carmem Costa, Emilinha Borba, Marlene, Lana Bittencourt e Aracy de Almeida.
No ano de 1973 lançou o primeiro disco “Maria Alcina”, no qual incluiu “Fio Maravilha” de Jorge Ben. No ano seguinte, em 1974, no LP “Maria Alcina”, gravou mais um sucesso de sua carreira “Kid Cavaquinho”, de João Bosco e Aldir Blanc. Por essa época, gravou vários compactos, que logo depois foram aproveitados em seus novos discos.
No ano de 1979 lançou pela Copacabana Discos o LP “Plenitude”, no qual interpretou “Tua sedução” (Moraes Moreira e Fausto Nilo), “Tum tum” (Roberto de Carvalho e Rita Lee), “Escandalosa” (Djalma Esteves e Moacyr Silva), “Folia no matagal” (Eduardo Dusek e Luiz Carlos Goes), “Não venha tarde demais” (Octávio Burnier e Ivan Wrigg), “Quase” (Jorge Gonçalves e Mirabeau), “Haja o que houver” (Fernando César e Nazareno de Brito), “Torresmo à milaneza” (Adoniran Barbosa e Carlinhos Vergueiro), “Nova bandeira” (João Ricardo e Luli), “Voz da América” (Belchior), “É mais embaixo” (Domínio público) e a faixa-título “Plenitude” (Ubiquidade) de Walter Franco.
Na década de 1980, tornou-se jurada do programa de auditório de Raul Gil e deu uma guinada em sua carreira assumindo um lado mais folclórico na parte musical. Por essa época gravou composições mais picantes (de duplo sentido) como “Bacurinha” (alusão ao órgão genital feminino) e “Prenda o Tadeu”, composição que deu título ao disco lançado pela gravadora Copacabana em 1985. Neste disco incluiu a faixa-título “Prenda o Tadeu” de Antônio Sima e Clemilda, que fez razoável sucesso na época. Ainda neste LP, foram incluídas outras composições como “Forró do rela bucho (Rela o bucho da morena) (Luiz Wanderley), “É hoje que a paia da cana voa” (Venâncio e Corumba), “É mais embaixo” (Domínio público), “Torresmo à milanesa” (Adoniran Barbosa e Carlinhos Vergueiro), “Doida, bonita e gostosa” (Chico Evangelista e Jorge Alfredo), “Tutu à mineira” (Dedé Paraiso), “Sinal particular” (Zé Orlando e Alcymar Monteiro), “O aperto” (Bráulio de Castro) e “Bacurinha”, de domínio público e o grande sucesso do disco. Por essa época, participou do “Projeto Pixinguinha” ao lado de Moreira da Silva, apresentando-se em várias capitais brasileiras.
Ao lado de Emílio Santiago e Jamelão apresentou-se nos Estados Unidos.
No ano de 1992 lançou o LP “Bucaneira” pela gravadora Origem Produções. Neste disco regravou seu maior sucesso “Fio Maravilha” de Jorge Benjor e interpretou “Sem vergonha” (Jorge Ben Jor), “Menina sapeca” (Erivan Alves Almeida “Zinho”), “Sassaô” (João Bosco), “Desejo (Deseo) (Shaça, Beto di Franco e Laércio de Ilhabela), “Brasilidade” (Cacau Ganb), “Acredita no Véio” (Pelé) e “Ancestrais”, de autoria de Cacau Ganb, além da faixa-título “Bucaneira”, de autoria de Gracco, Caio Silvio e Belchior.
Em 1995 retornou aos Estados Unidos para participar de homenagens à Carmem Miranda, em shows e lançamento do disco “A lenda viva de Carmem Miranda (The living legen of Carmem Miranda)”, no qual também interpretou algumas composições do repertório da “Pequena Notável”.
Em 2023 participou, a convite de Edy Star, do CD “Meu amigo Sérgio Sampaio”, interpretando em dueto com o anfitrião a faixa “Eu quero é botar meu bloco na rua”. O disco, produzido por Thiago Marques Luiz, contou com apresentação do crítico musical Rodrigo Faour e com os músicos Rovilson Pascoal (direção musical, arranjos, guitarra, violão, cavaquinho, piano e samples), Fábio Sá (baixo elétrico e acústico); Caio Lopes (bateria); Michel Machado e Bianca Godói (percussão); Coro: Johnnata Doll, Tatá Martinelli e Tatá Aeroplano.
(participação)
(participação)
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
ALBIN, Ricardo Cravo. MPB – Mulher (FOTOS: Mario L. Thompson). Rio de Janeiro: Edição ICCA – Instituto Cultural Cravo Albin, SESC-Rio de Janeiro e ELPASO, 2006.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.
COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.