
Cantor. Compositor. Produtor. O pai era importador de frutas, tocava violão e cantava emboladas. Na família havia músicos e pintores. Desde cedo tomou contato com a música, aprendendo a tocar violão. Com oito anos, passou a aprender acordeom. Aos dez anos, sua família mudou para João Pessoa, na Paraíba, onde seu pai acabou falecendo precocemente. Na capital paraíba terminou os estudos, tendo freqüentado o Colégio Arquidiocesano Pio XII, onde a música era uma das disciplinas. No mesmo período, começou a tomar contato com a bossa nova. Em 1962, ainda no ginásio, criou com amigos o grupo Sanhauá de poesia, que publicava seus trabalhos em rudimentares edições mimeografadas. Nesta fase, publicou dois livros, “Poemas quase canto”, de 1962 e “Cinco tempos de olho”, em 1963. Fez o clássico no Instituto Superior de Educação Musical, e o curso médio de música.
Em 1967, participou do Festival da Paraíba, onde interpretou a composição “Poeira”, feita em parceria com Marcos Tavares, que também fazia parte do grupo Sanhauá. A composição classificou-se em terceiro lugar, pela votação do júri, obtendo do público o primeiro lugar. No mesmo ano, participou da II Feira de Música do Nordeste, festival de música no Recife, onde inscreveu cinco músicas, quatro das quais classificadas. “Chegança de fim de tarde” chegou em primeiro lugar, juntamente com “Rosa amarela”, de Geraldo Azevedo. Na mesma época, tomou contato com o grupo Construção, de músicos, que abrigava Geraldo Azevedo, Naná Vasconcelos, Teca Calazans e Marcelo Melo. Ainda em 1967, foi para o Rio de Janeiro como prêmio oferecido pelo festival. Ficou dois meses e desanimado resolveu voltar para o Recife e abandonar a carreira musical. Em Pernambuco, assinou o Manifesto Tropicalista, que lançava as raízes do movimento, e ao mesmo tempo, procurava novos rumos para seu trabalho artístico. Em 1968, lançou seu terceiro livro, “Cinco tempos do olho”. No mesmo ano, retornou ao Rio de Janeiro, onde ao lado de Naná Vasconcelos e Geraldo Azevedo, formou um grupo de pernambucanos que se apresentavam em diversos locais. No ano seguinte, os problemas políticos enfrentados pelo país, e que levaram ao exílio músicos como Chico Buarque, Edu Lobo, Caetano Veloso e Gilberto Gil, dificultavam o trabalho de novos artistas. Com Geraldo e Naná, passou a se apresentar no chamado circuito universitário. Em 1970, completou o curso superior de música no Instituto Villa-Lobos, onde passou a lecionar. No mesmo período, participou com Sérgio Ricardo e Sidney Muller do show “Opção”. Entrou em contato com a música atonal e com a música instrumental de varguarda. Ainda nessa época, demitiu-se do Instituto Villa-Lobos, devido a problemas políticos, que haviam começado com a invasão do Instituto por parte da polícia, sob a alegação de que lá havia maconha. Muitos professores acabaram demitidos, e outros saíram por conta própria. Foi então convidado por Sidney Muller para trabalhar no Múseu de Arte Moderna. No mesmo ano, casou-se com Ana Lúcia Leão, a cantora Annah, grande divulgadora da música de Marcus no Nordeste. Após cinco anos morando e atuando no Rio de Janeiro, mudou-se para São Paulo, onde ao lado do cantor Belchior, apresentou o show “A palo seco”. Em 1974, lançou seu primeiro disco, o LP “Dedalus”, com o qual obteve boa aceitação da crítica. No mesmo período, fez a direção musical do primeiro disco de Belchior. Montou ainda o show “Trem dos condenados”. Em 1975, sem perspectivas de nova gravação, escreveu a peça “Domingo Zepelin”, que foi premiado pelo Serviço Nacional do Teatro, o SNT, e encenada no ano seguinte. O texto falava de acontecimentos políticos na Paraíba, na época da Revolução de 30. Em 1976, lançou pelo selo Marcus Pereira seu segundo disco, o LP “Trem dos condenados”, que também foi bem recebido pela crítica e alcançou índices de venda superiores ao primeiro. No mesmo ano, estreou ao lado da mulher e cantora Annah, o espetáculo “Trem dos condenados”, no Teatro de Arena, em São Paulo. Pouco depois, tornou-se diretor artístico da Discos Marcus Pereira e passou a lecionar na Faculdade Paulista de Artes. Faz parte da Sombrás, Sociedade Musical Brasileira e ocupou lugar na diretoria da Sicam, Sociedade Independente de Cantores e Autores Musicais. Em 1978, produziu o primeiro disco do violeiro e cantor Dércio Marques. Em 1978, o Serviço Nacional do Teatro tornou a premiá-lo pela peça “Boca do inferno”, inspirada no poeta baiano Gregório de Matos Guerra. Em 1999 passou a ser o diretor artístico do selo fonográfico CPC-UMES, com sede em São Paulo, e pelo qual passou a lançar discos de artistas consagrados que estavam fora da chamada mídia. É considerado um compositor popular de vanguarda.