
Instrumentista. Clarinetista. Saxofonista. Compositor. Em 1918, foi servir ao exército na cidade de Jaguarão e, de lá, foi transferido para Juiz de Fora, em Minas Gerais, onde aprendeu a tocar clarinete e, posteriormente, sax alto. Foi aconselhado pelos colegas a mudar-se para Belo Horizonte e de lá seguir para o Rio de Janeiro. Mudou para Belo Horizonte, onde permaneceu algum tempo e, apesar dos convites para ir ao Rio de Janeiro, acabou retornando ao Rio Grande do Sul em 1934, indo morar em Porto Alegre.
Iniciou a carreira artística ainda em Belo Horizonte, tocando na noite e compondo. De volta a Porto Alegre em 1934, lá continuou a atuar musicalmente. Em 1939, passou a fazer parte da orquestra Jazz Guarany, de Ernani Oliveira, tocando o 3º sax alto. Atuou nessa orquestra até 1950. Em 1942 e 1943 atuou na Jazz Tamberlik, tocando sax alto e clarinete. Foi autor de muitas músicas, especialmente choros como “Vedana com suas camangas”, “Um domingo de junho”, “Na Avenida Borges” e “O violino do Miguel”. Apesar disso, não conseguia ver suas composições gravadas. Abandonou a carreira em 1950, devido a problemas cardíacos. Em 1961, teve sua primeira composição gravada, a valsa “Horizontina”, pela Bandinha Os Carijós, no LP “No tempo das retretas”, da RCA Candem. Depois que abandonou a carreira profissional, passou a tocar com os amigos e a lecionar música, o que pode ter contribuído para que suas obras caíssem no esquecimento, apesar de que os que o conheceram o considerarem um virtuose na clarineta e no saxofone. Deixou mais de 80 composições, a maioria choros. Embora sem conhecer novas gravações, seus choros vão sendo gradativamente incorporados ao repertórios de músicos gaúchos. Em 2010, seus choros “Depois do Carnaval” e “Saudades daqueles tempos” foram incluídos no repertório do projeto “Choro Carioca: Música do Brasil”, em comemoração aos 10 anos da Escola Portátil de Música com interpretações dos músicos Luiz Flavio Alcofra (violão); Rui Alvim (clarinete e saxofone); Aquiles Moraes (trompete e flugel horn); Marcilio Lopes (bandolim); Jayme Vignoli (cavaquinho) e Oscar Bolão (percussão e pandeiro). O projeto foi apresentado em 20 cidades do sul do país. Em 2011, o bandolinista Luis Barcelos, gaúcho radicado no Rio de Janeiro, apresentou-se com seu grupo na Grégora Arte Café, na Glória, incluindo choros do clarinetista negro que morreu esquecido.