
Cantor. Nascido em Portugal mudou com a família para o Rio de Janeiro em 1915, aos 14 anos. Dois anos mais tarde, seu pai regressou a Portugal, e ele passou a viver sozinho na cidade do Rio de Janeiro. Empregou-se no comércio, trabalhando como caixa.
Iniciou sua atividade artística em 1933, quando se apresentou no “Programa Luso-Brasileiro” da Rádio Educadora do Brasil. Na época, as rádios mantinham programas específicos de música portuguesa, para atender à demanda da numerosa colônia que emigrou para o Brasil.
No mesmo ano, foi contratado pela gravadora Odeon e lançou cincos discos em 78 rpm também em 1933, interpretando os tangos “O Teu Olhar” e ” O Último Fado”, de Carlos Campos, em disco que contou com o acompanhamento de Carlos Campos, na guitarra, e Henrique Xavier Pinheiro, o músico responsável pelo começo da carreira de Luiz Gonzaga no Rio de Janeiro. Nos demais, gravou com acompanhamento de orquestra típica a “Marcha das rosas” e a canção “Chora a cantar”, motivos populares, e, sem indicação de acompanhamento, os fados “Santa Cruz” e “Minha bandeira”, de Caramés e Domingos Santos, “Carta à minha mãezinha”, de Júlio Gonçalves Dias, e “Fado Brasil”, de Júlio Gonçalves Dias e Cravo Jr. Em 1934, com acompanhamento de João Fernandes e A. Rodrigues, nas guitarras, e novamente Henrique Xavier Pinheiro, no violão, os fados “A morte da ceguinha”, “Paixão”, e “Heroísmo de bombeiro”, de J. G. Fernandes e L. Marques, “Saudades de Portugal”, de J. Fernandes. “Meu Portugal” de João Fernandes e Alípio Rama, e “Altar do amor”, de João Fernandes e Luciano Marques, com acompanhamento de A. Russo e Carlos Campos, nas guitarras, e Pereira Filho no violão, os fados “Corações De Portugal”, de Carlos Campos, e “Amor De Um Filho”, de A. Russo e E. Eiras, com João Fernandes e A. Rodrigues, nas guitarras e Henrique Xavier Pinheiro no violão, os fados “Minha mãezinha”, de J. Fernandes e “Portugal pequenino”, de J. Fernandes e D. Santos. No mesmo ano, além de apresentações em programas de rádio, muitos, inclusive, dedicados a então grande colônia portuguesa no Brasil, gravou os fados “Perjura”,de A. Rocha e Luciano Marques, ” Troca de beijos”, de J. Fernandes e Luciano Marques e “Fé no fado”, de sua autoria e Luciano Marques, “O filho da velhinha” e “Beijos”, de A. Rodrigues e Luciano Marques, “Sentimento do fado” e “Odisséia de criança”, de J. Fernandes e Luciano Marques, além das marchas “Salada Portuguesa”, de Vicente Paiva e Paulo Barbosa, e “Moreninha Do Rancho”, de Vicente Paiva e Paulo Barbosa. Em 1935, gravou, com acompanhamento de Caramés na guitarra, e Henrique Xavier Pinheiro ao violão, a canção “Uma Porta Uma Janela”, de Antônio Viana, e o fado “Chorando Baixinho”, de Domingos Santos e Manoel Caramés. No mesmo ano, gravou os fados “Guitarras De Portugal”, e “Não Desdenhes”, de L. Marques e J. Fernandes, “Ditosa Pátria”, de D. Santos e M. Caramés, “Louquinho Por Ti”, de sua autoria e D. Santos, “Deus”, e “Lencinho De Lágrimas”, de D. Santos e M. Caramés, as marchas “João João João”, de Paulo Barbosa, e “Balãozinho Multicor”, de Paulo Barbosa e Luis Lamego, os fados-canção “Minha Terra”, e “Descoberta Do Brasil”, de Domingos Santos e Caramés, “Serenata”, de L. De Freitas Branco e A. Botto. Em fins de 1935, gravou com vistas ao carnaval do ano seguinte as marchas “Olé Carmen”, de Paulo Barbosa e Osvaldo Santiago, e “Sou Da Folia”, de Paulo Barbosa e Luis Lamego. Em 1936, registrou o vira “Cachopa Do Meu Cismar”, de Carlos Campos, as marchas “Caravela Da Saudade”, de Carlos Campos e Ruben Gill, “Zé Maria”, de Barbosa, Galhardo, Santana, Magalhães e Souza, a canção “Aldeia Pequenina”, de Antônio Viana, o fado-marcha “Portugal-Brasil”, de Antônio Russo e Otávio Rangel, e o fado “Meu Missal”, de sua autoria e D. Santos. No mesmo ano, pela gravadora Victor, lançou um disco em que, com acompanhamento do grupo Diabos do Céu, liderado por Pixinguinha, registrou as marchas “Amei Uma Cachopa”, de Milton de Oliveira e Max Bulhões, e “Chora Chora”, de José Maria de Abreu, lançado em janeiro do ano seguinte com vistas ao carnaval. Em 1937, novamente na Odeon, com acompanhamento de A. Ferreira e J. Lourenço, as guitarras, e J. Gonçalves Dias, no violão lançou com sucesso o fado-marcha “Lisboa Antiga”, de Raul Portela, Amadeu do Vale e José Galhardo, em disco que trazia no lado B o fado-canção “Fado Triste”, de L. Zamarra, A. Mantua e P. Bandeira. No mesmo ano, registrou a marcha “Alcachofras De São João”, de M. Helena Monteiro e L. Zamarro, o fado “Fado Manoel Monteiro”, de Gonçalves Dias, Antônio Ferreira e Luciano Marques, a marcha-canção “Salve Portugal”, de Cruz e Souza e Cardoso Dos Santos, e a marcha “Amores Da Aldeia”, de sua autoria e Luis Gouveia, interpretada em dueto com a cantora Esmeralda Ferreira. Em 1938, gravou com acompanhamento da orquestra Odeon as marchas “Eu Sou Turista”, e “Nos Calos Não Me Pise”, ambas da dupla Paulo Barbosa e Osvaldo Santiago, com a orquestra Copacabana, o fado “Cantando Espalharei Por Toda Parte”, de Domingos Santos e Inácio Costa, e a marcha ” Oração Ao Sol”, de José De Oliveira Cosme, e as marchas-canção “Beijos De Mãe”, de João Mateus Jr., e “A Igrejinha Da Minha Aldeia”, de Milton Amaral e Luciano Marques. Ainda em 1938, dentro da ideia de lançar músicas para o carnaval do ano seguinte, lançou com acompanhamento da orquestra Odeon as marchas “Terra Americana”, de Sá Róris e Jocafe, e “Não Vale A Pena”, de Sá Róris e Clóvis Mamede. Em 1939, registrou os fados-canção “Fado Do Marinheiro”, de Amadeu do Vale e Raul Ferrão, e “Vida da Minha Vida”, de Luis Gouveia e Miguel Ramos, as canções “Casinha Modesta”, de David Nasser, Kid Pepe e Paulo Actis, e “Alma Toureira”, de Raul Ferrão e João de Freitas, e as marchas “Cartão Postal”, de Kid Pepe e Germano Augusto, “Todo Mundo Assim Cantou”, de Kid Pepe e Germano Augusto, “O Meu Barquinho”, de Frederico Brito e Raul Ferrão, “Amores De Estudante”, de Kid Pepe e Germano Augusto, e “A Baratinha”, de Felisberto Martins e Max Bulhões, e o vira “Sete Mares”, de David Nasser e Kid Pepe. Ainda no mesmo ano, registrou em dueto com a cantora Isalinda Seramota o fox-blue “Tu És Meu Coração”, de Amadeu do Vale, Raul Ferrão e Vasco SantAna. Em 1940, com acompanhamento de A. Ferreira e Henrique Xavier Pinheiro nas guitarras, gravou os fados-canção “Serões Daldeia”, de João Mateus Jr. E Walda Rodéles Frausto, e “Rosas De Portugal”, de Luciano Marques e Carlos Campos. No mesmo ano, gravou com o acordeonista Antenógenes Silva no acompanhamento o vira-canção “Vira Das Ceifas”, de Jaime Andrade e Ernesto Pereira, em faixa que contou com o dueto da cantora Esmeralda Ferreira, e o vira “Até O Mundo Dança”, de Antenógenes Silva e Ernâni Campos. Ainda em 1940, registrou as canções “O Mundo Português”, de Domingos Santos, e “João Ninguém”, de J. Galhardo e Raul Ferrão, a marcha-hino “Glória A Portugal”, a marcha “Procura Por Aí”, ambas de Gomes Filho e Ramiro Cruz, os fados-canção “Quinze De Maio”, de Antônio Ferreira e Américo Morais, e “Perdoa Mãezinha”, de Almeida Batista e Frederico Rodrigues, e os viras “Maria Do Bosque”, de David Nasser e Kid Pepe, e “Pra Que Viver Triste”, de Almeida Batista e Carlito Moreno. Em 1941, contando com as guitarras de Antonio Rodrigues e de Henrique Xavier Pinheiro, registrou os fados “Marinheiros”, de sua autoria e Luis Gouveia, “Saudades”, de Miguel Ramos e João Freitas, “Cimbres”, de A. Morais e G. Dias, e “Fado Manoel Monteiro”, de Gonçalves Dias, Antônio Ferreira e Luciano Marques. No mesmo ano, registrou os fados-canção “Gente Sã”, de Antônio Rodrigues e João Freitas, e “Colete Encarnado”, de José Galhardo e Raul Ferrão, os fados “Terra Santa”, de Américo Morais e Carlos Campos, e “A Nossa Canção”, de Domingos Santos e Carlos Campos e as marchas “Aurora Do Brasil”, de Roberto Martins e Osvaldo Santiago, e “Quando O Bonde Vai”, de Roberto Martins, Osvaldo Santiago e P. Barbosa. Em 1942, com acompanhamento do Conjunto Odeon lançou a valsa “Cruz Da Saudade”, de Alberto Silva e Carlito Moreno, e “Assim É A Vida”, de Almeida Batista e Carlito Moreno, e os viras “Maria Não Quer”, de David Raw, J. Piedade e Almeida Batista, e “O Nome Dela É Maria”, de Alberto Silva e Carlito Moreno. Em 1943, com o acompanhamento do Conjunto Odeon, registrou a canção “Canção Das Descobertas”, de Neto Jr. E M. Vino, e regravou o fado ” Lisboa Antiga”, de Raul Portela, Amadeu do Vale e José Galhardo. No mesmo ano, com o Conjunto Odeon, gravou o vira-canção “Rosa Maria”, de Almeida Batista e Carlito Moreno, e o fado-canção “Fado Do Povo”, de José David e Vasco Machado, e, com a Orquestra Odeon, a valsa “Outra Valsa Pra Vocês”, de Almeida Batista e Carlito Moreno, e o fado-canção “Prêmio Da Vitória”, de Américo Morais e Carlos Campos. Em 1944, com o Conjunto Odeon, registrou o samba “Tudo Pode Acontecer”, de Luis Soberano, Antônio Almeida e Romeu Gentil, e o vira ” Vira Vira Maria”, de Felisberto Martins e Gomes Cardim. Em 1945, gravou os fados-canção “Pátria Distante”, de Gomes Cardim, e “Barquinhos Saudades”, de René Bittencourt e Graciete Branco. Por essa época suas gravações rarearam, e somente voltou gravar em 1949 com os fados “Chorando Baixinho”, de Domingos Santos e Manoel Caramés, e “Serões Daldeia”, de João Mateus Jr. E Walda Rodéles Frausto. Em 1950, saiu seu último disco pela Odeon com os fados “Uma Porta Uma Janela”, de Antônio Viana, e “Rosas De Portugal”, de Luciano Marques e Carlos Campos, já lançados anteriormente. Em 1951, foi contratado pela gravadora Todamérica e lançou a marcha “Cantiga da Rua”, de Antônio Melo e João Bastos, o baião “Baião Em Portugal”, de Almeida Batista e Carlito Moreno, e os fados-canção “Porquê Te Persigo”, de René Bittencourt, e “Duas Cartas”, de Luis Gouveia e Fernando Freitas. Em 1952, lançou os fados “Acreditei” e “Confissão”, ambos de Mário Gonçalves. Em 1953, gravou dois clássicos da música popular portuguesa: a canção “Uma Casa Portuguesa”, de Reinaldo Ferreira, Artur Fonseca e Vasco de Matos Sequeira, e o fado-canção “Madragôa”, de José Galhardo, Raul Ferrão e Vasco SantAna. No mesmo ano, registrou os fados-slow “Rosinha Dos Limões”, de Artur Ribeiro, e “Mariana”, de Fernando de Carvalho e Francisco Ribeiro, a dança portuguesa “Sebastião Come Tudo”, de J. Oliveira Santos e Alexandre S. Moreira, e o vira “Olha A Mala”, de Manoel Casimiro. Em 1954, gravou os fados-slow “Sinal Da Cruz”, de Ferrer Trindade, Linhares Barbosa e Maximiano de Souza, “Maria Rosa”, de Melo Júnior e A. do Vale, “Foi Deus”, de Alberto Janes, e “Perdida”, de Artur Ribeiro e José Carlos Rocha. Em 1955, ” registrou o fado-marcha “Chale E Lenço”, de J. Galhardo, D. Magalhães, B. Redondo e R. Portela, e o fado “Zé Ninguém”, de José Galhardo, Vasco SantAna e Alberto Barbosa, o fado-canção “Na Minha Aldeia”, de Silva Tavares e Belo Marques, e os fados “Fado Das Trincheiras”, de Antônio Melo, Felix Bermudes e João Santos, “Maria Morena”, de Francisco Radamanto e Casimiro Ramos, e “Nem Às Paredes Confesso”, de Ferrer Trindade, Artur Ribeiro e Maximiano de Souza. Em 1959, lançou o LP “Sempre Que Lisboa Canta”, música título de Aníbal Nazareth e Carlos Rocha, e que incluiu ainda as composições ” O Meu Barquinho”, de Frederico Brito e Raul Ferrão, “Machimbombo”, de Carlos Villaret, “Uma Casa Portuguesa”, de Reinaldo Ferreira, Artur Fonseca e Vasco de Matos Sequeira, “Lisboa Antiga”, de Raul Portela, Amadeu do Vale e José Galhardo, “Nem Às Paredes Confesso”, de Ferrer Trindade, Artur Ribeiro e Maximiano de Souza, “Colete Encarnado”, de José Galhardo e Raul Ferrão, “Santa Cruz”, de Domingos Santos e Caramés, “Fado Manoel Monteiro”, de Gonçalves Dias, Antônio Ferreira e Luciano Marques, “Minha Bandeira”, de Domingos Santos e Caramés, “Canto do Ceguinho”, de Luciano Marques e Caramés, e “Vida da Minha Vida”, de Luis Gouveia e Miguel Ramos. Especializou-se em músicas portuguesas mas também gravou músicas de autores brasileiros, especialmente marchas carnavalescas. Gravou mais de 60 disco em 78 rpm a maioria pelas gravadoras Odeon e Todamérica.
A morte da ceguinha/Paixão
AZEVEDO (Nirez), M. A . De et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.