0.000
Nome Artístico
Manezinho Araújo
Nome verdadeiro
Manoel Pereira de Araújo
Data de nascimento
27/9/1913
Local de nascimento
Cabo, PE
Data de morte
23/5/1993
Local de morte
São Paulo, SP
Dados biográficos

Cantor. Compositor. Jornalista. Pintor. Começou a interessar-se por música ainda menino. Na adolescência começou a freqüentar as rodas de boêmia no bairro de Casa Amarela, onde ficava o colégio em que estudava. Conheceu, nesse período, o artista Minona Carneiro, cantador de emboladas que lhe ensinou os segredos da arte de cantá-las. Em 1930, engajou-se como soldado na luta revolucionária que sacudia o país. Seu pelotão marchou até a Bahia, onde chegou com o conflito entre forças legalistas e revolucionárias já encerrado. Sua tropa recebeu como prêmio uma viajem até o Rio de Janeiro. Na então capital federal, apresentou um pouco de sua vocação de cantador de emboladas, apresentando-se em alguns cassinos. Pouco depois retornou para Pernambuco.

Dados artísticos

De retorno a Pernambuco, saindo do Rio de Janeiro, viu embarcarem em seu navio na Bahia, os consagrados artistas Carmen Miranda e Almirante, além de Josué de Barros e seu filho Betinho. Conheceu o quarteto durante uma roda musical a bordo do navio. Recebeu o incentivo da cantora Carmen Miranda e a promessa do violonista Josué de Barros, de lançá-lo no Rádio. Em 1933, voltou para o Rio de Janeiro, sendo hospedado por Josué de Barros em sua casa, em Santa Teresa. Pouco depois começou a apresentar-se na Rádio Mairynk Veiga, onde recebeu de Ademar Casé, apresentador do famoso programa “Casé”, o convite para assinar um contrato de exclusividade. Ainda em 1933, gravou seu primeiro disco, pela gravadora Odeon, interpretando as emboladas “A minha “prantaforma” e “Se eu fosse interventor”, ambas de sua autoria. Em 1936, participou do filme “Maria Bonita”, de Julien Mandel, onde interpretou as emboladas “De fazê admirá”, de Benedito Lacerda e “Segura o gato”, de sua autoria e José Carlos Burle. Atuou em diversos outros filmes, entre os quais, “Tudo azul” e “Laranja da China”. Tomou parte ainda em cerca de 22 cinejornais da Atlântida, onde aparecia ao final dos noticiários, cantando um verso de embolada ou contando uma história. Em 1937 gravou a marcha “Um sonho que durou três dias”, dos Irmãos Valença. Em 1939, gravou o samba “Dona Carola”, de João da Baiana e Francisco Santos. Em 1941, gravou as marchas “Onde vai a corda” e “Pega-me no colo” em parceria com Felisberto Martins. No mesmo ano, gravou a embolada “Futebol na roça” e o samba “Generosa”, ambas de sua autoria. Em 1942, gravou com o cantor e compositor mineiro De Morais a toada “Gavião do mar”, parceria da dupla, e a valsa “Minas Gerais”, que se tornaria o hino popular do estado de Minas Gerais. Em 1943, gravou o samba “Eu vi pau roncar”, dele e João da Baiana. No mesmo ano, gravou a rancheira “Rancheira da roça”, em parceria com João de Souza. Em 1944, gravou a embolada “Ai Maria”, de Luperce Miranda e Minona Carneiro. Em 1945, gravou um de seus maiores sucessos, o samba “Dezessete e setecentos”, de Luiz Gonzaga e Miguel Lima. Em 1951, Linda Batista gravou o coco “Bambu”, de sua autoria e Fernando Lobo e o samba “Ó de penacho”, de sua autoria e Armando Cavalcanti. Em 1952, teve a toada “Adeus Pernambuco”, em parceria com Hervê Cordovil, gravada por Luiz Gonzaga. No mesmo ano, o samba “Salgueiro mandou me chamar”, em parceria com Dozinho, foi gravado por “Os Cariocas”. Em 1956, gravou outro de seus grandes sucessos, a embolada “Cuma é o nome dele”, de sua autoria, que servia de prefixo para suas apresentações em shows por todo o país. Trabalhou em diversas rádios, entre elas, a Tupi, onde permaneceu por sete anos. Foi um dos pioneiros na gravação de jingles no Brasil, cantando em propagandas de produtos Lifeboy. Foi contratado para esse fim pela fábrica de óleos Peroba para cantar duas vezes por semana, uma na Rádio Nacional e outra na Rádio Mayrink Veiga, sendo pioneiro também nesse gênero de contratação. Apresentou diversos programas radiofônicos, entre os quais, “Pandemônio” na Rádio Tupi do Rio de Janeiro. Atuou, ainda, como jornalista,  escrevendo para a Revista do Rádio a coluna “Rua da Pimenta”. Ao longo de sua carreira, gravou diversas emboladas, muitas das quais faziam uma espécie de crônica bem-humorada das situações sociais e políticas, como em “A minha “prantaforma”, “Se eu fosse interventô” e “As metraia dos navá”. Gravou também cocos, frevos e sambas. Apresentou-se pelo Brasil afora cantando em diversos cassinos. Em 1954, discordando de diversos aspectos ligados ao meio artístico, entre os quais a auto-promoção dos fãs-clubes, resolveu abandonar o rádio e a carreira artística de vinte anos. Realizou um grande show no Tijuca Tênis Clube, ao qual compareceram cerca de 15 mil pessoas, entre amigos, artistas e admiradores. Com o dinheiro arrecadado neste show, montou o restaurante “Cabeça Chata”, no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro, com atrações típicas do Nordeste, realizando também ali seus shows. Em princípio dos anos sessenta, começou a pintar. Em 1962, fechou seu restaurante no Rio, tranferindo-se para São Paulo, onde abriu outro restaurante com o mesmo nome na Rua Augusta. Também neste ano, entretando, encerrou o negócio para dedicar-se integralmente à pintura. No mesmo ano, Jackson do Pandeiro gravou com enorme sucesso o rojão “Como tem Zé na Paraíba”, de sua parceria com Catulo de Paula. Foi aclamado como “O Rei da embolada”, ao longo de quase toda sua longa carreira artística. Em 2002 foi homenageado , com todo um quadro, no espetáculo “Marleníssima”, escrito e dirigido por R. C. Albin e encenado no Teatro Rival BR, em que a cantora Marlene lhe recordou suas principais composições por ela gravadas. Em 2007, teve a sua música “Cajueiro doce” (c/ Antônio Maria) gravada por Chico Salles, no CD “Tá no sangue e no suor”. Em 2012, sua embolada “Vapô de carangola”, com Fernando Lobo, foi gravada pela cantora Lúcia Menezes no CD “Lucinha”.

Discografias
2000 SESC - SP CD A música brasileira deste século por seus autores e intérpretes. Manezinho Araújo
1996 Revivendo CD Cuma é o nome dele?
1974 RCA Camden LP Cuma é o nome dele? Série documento
1963 Chanteclar LP Música e bom humor-O cabeça chata
1956 Sinter 78 Cuma é o nome dele/Vatapá
1956 Sinter LP Manezinho no Cabeça Chata
1953 Copacabana 78 Coco do bamba-lelê/Mulher barbada
1953 Continental 78 Tarado por mulher/Dendê trapiá
1951 Star 78 Fui eu que saí com ela/Quem for brasileiro, diga
1950 Continental 78 Palmatória/Lavadeira
1946 Continental 78 A mulher e o automóvel/As cadeiras de Iaiá
1946 Continental 78 Sou do Norte/Mamãe não quer dar
1945 Continental 78 Dezessete e setecentos/O chamego da Guiomar
1945 Continental 78 Loló/Dona Joaninha
1944 Odeon 78 Ai Maria/Quem me fez chorá
1944 Odeon 78 Mina Gerá/Não chore não moreninha
1943 Odeon 78 Eu gosto duma morena/Serra serradô
1943 Odeon 78 Parapapá/Eu vi pau roncar
1943 Odeon 78 Quando a rima me fartá/Rancheira da roça
1942 Odeon 78 A Maria tem/As metraia dos navá
1942 Odeon 78 A bezerra da Maroquinha/Toada de engenho
1942 Odeon 78 Gavião do mar/Minas Gerais
1942 Odeon 78 Julieta! Julieta!.../Meus quatro amores
1942 Odeon 78 Muié moderna/A muié do Zebedeu
1941 Odeon 78 Futebol na roça/Generosa
1941 Odeon 78 Onde vai a corda/Pega-me ao colo
1941 Odeon 78 Terra de moamba/Bello Tiá não deu!...
1941 Odeon 78 Veja como o coco é bom/Adeus baiana
1940 Odeon 78 Calu, meu bem/Revira os oio Julieta
1940 Odeon 78 Embolado do esquecimento/Dinheiro novo
1940 Odeon 78 Sordado aburrecido/Essas muié
1940 Odeon 78 Sá turbina/Beijocas do Brasil
1939 Odeon 78 A B C Iaiá/Dona Carola
1939 Odeon 78 O carreté do Coroné/Mulhé preguiçosa
1939 Odeon 78 Prá fazê inconomia/Uma de papagaio
1939 Odeon 78 Quando eu vejo Margarida/Coitadinho do Manezinho
1938 Odeon 78 Já que desse um chero/Pexe do má
1938 Colúmbia 78 No riacho da limeira/Dedê
1938 Odeon 78 É Lampa...é Lampa/Eu piso...mulata
1937 Odeon 78 Baile na roça/Mulhé rendera
1937 Odeon 78 De fazê admirá/Segura o gato
1937 Odeon 78 Eu me ri de iscangaiá/De cá um chero iaiá
1937 Odeon 78 Um sonho que durou três dias/Sebastiana
1936 Odeon 78 Arara quebrando coco/São João na roça
1936 Odeon 78 Piririguá/Tome cuidado, ioiô
1936 Odeon 78 Pro eco respondê/Arrisca um olho
1935 Odeon 78 Festa no arraiá/Cuidado com o coco
1933 Odeon 78 A minha "prantaforma"/Se eu fosse interventô
Obras
A Maria tem (c/ Evaldo Rui)
A bezerra da Maroquinha
A minha "prantaforma"
A muié do Zebedeu
A mulher e o automóvel
Adeus Pernambuco (c/ Hervê Cordovil)
Arara quebrando coco (c/ Francisco Sena)
Arrisca um olho
As metraia dos navá
Baile na roça
Bambu (c/ Fernando Lobo)
Beata mocinha (c/ Zé Renato)
Bello Tiá não deu!... c/ Felisberto Martins
Caiu, meu bem (c/ Felisberto Martins)
Cajueiro doce c/ Antônio Maria
Coco do bamba-lelê
Coitadinho do Manezinho
Como tem Zé na Paraíba (c/ Catulo de Paula)
Cuma é o nome dele
Dedê
Dez anos (c/ Carvalhinho)
Dinheiro novo (c/ Romualdo Miranda)
Dê cá um chero iaiá
Eu gosto duma morena
Eu me ri de iscangaiá (c/ Carlos Navarro)
Eu piso... mulata (c/ Potiguar Paranhos)
Eu vi pau roncar (c/ João da Baiana)
Fui eu que saí com ela
Futebol na roça
Gavião do mar (c/ De Morais)
Generosa
Julieta! Julieta!...
Já que desse um chero
Mina Gerá
Minas Gerais (c/ De Morais)
Mister Eco (c/ Carvalhinho)
Muié moderna
Mulher barbada (c/ Carvalhinho)
Mulhé preguiçosa
Mulhé rendera
No riacho da limeira
Não chore não moreninha (c/ Cachoeira)
Não sei o que é que faço
O carreté do Coroné
Onde vai a corda (c/ Felisberto Martins)
Palmatória
Parapapá (c/ Alfredo Godinho)
Pega-me ao colo (c/ Felisberto Martins)
Pexe do má
Por essa mulher (c/ Marino Pinto)
Pro eco respondê (c/ Darci de Oliveira)
Pula, caminha (c/ Marino Pinto)
Quando a rima me fartá
Quando eu vejo Margarida
Que confusão (c/ Marino Pinto)
Quem for brasileiro, diga (c/ Sebastião Lopes)
Rancheira da roça (c/ João de Souza)
Revira os oio Julieta
Romper da aurora (c/ Zé Renato)
Salgueiro mandou me chamar (c/ Dozinho)
Se eu fosse interventô
Segura o gato (c/ José Carlos Burle)
Serra serradô
Sordado aburrecido (c/ Pachequinho)
Sá turbina
Tarado por mulher (c/ Cláudio Sandoval)
Toada de engenho
Uma de papagaio
Vatapá
Voltinha na maçã (c/ Carvalhinho)
É Lampa... é Lampa
Ó de penacho c/ Armando Cavalcanti
Bibliografia Crítica

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.