Maestro. Pianista. Arranjador. Compositor.
Considerado um dos grandes maestros da Era de Ouro da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. De origem italiana, sempre frequentou ao começo de sua carreira os teatros Lírico e Municipal onde ia acompanhado muitas vezes por Lamartine Babo.
Em 1922, morando no Rio de Janeiro, ingressou no Instituto Nacional de Música. Em 1926, atuou como maestro e pianista da Companhia Negra de Revistas na revista “Preto e branco”, de Wladimiro di Roma no teatro Rialto. Compôs, com Lamartine Babo, a canção “Saias curtas”, um charleston editado ao começo da carreira de ambos, em 1927, e ainda o samba “Cai nágua”. Viajou para Queluz por questões familiares, organizando bandas e coros na cidade. Mudou-se novamente para São Paulo, onde trabalhou na Rádio Bandeirante de São Paulo. Em 1928, teve a valsa “Raios de um olhar”, com Lamartine Babo, gravada por Vicente Celestino na Odeon. Em 1937, seu fox-trot “Não voltes para mim” foi gravado por Cida Tibiriça em disco Columbia.
Em 1938, voltou para o Rio de Janeiro, contratado da Rádio Nacional, onde estreou no programa “Canção antiga”, de Almirante. Formou a Orquestra Melódica Lyrio Panicali e começou a compor temas musicais para as novelas transmitidas pela emissora, destacando-se as valsas “Encantamento” e “Magia”, em parceria com Raimundo Lopes, e “Ternura”, com Amaral Gurgel. Ainda nesse ano, compôs sua primeira trilha sonora para o cinema para o filme “Aves sem ninho”, de Raul Roulien. Em 1942, gravou o primeiro disco com sua orquestra interpretando o samba “Vale do Rio Doce”, de Alcyr Pires Vermelho e David Nasser.
Em 1943, escreveu a trilha sonora para o filme “Moleque Tião”, de José Carlos Burle. Em 1946, participou na Odeon juntamente com Eduardo Patané da gravação das canções “Deslumbramento”, de Antônio Rago e Raimuno Lopes e “Minha terra”, clássico de Waldemar Henrique, feitas por Francisco Alves. Em 1947, fez a trilha sonora para o filme Este mundo é um pandeiro”, de Watson Macedo. Em 1948, acompanhou com sua orquestra a gravação do bolero “Para que recordar”, feita por Francisco Alves para a Odeon. Em 1950, Dick Farney gravou seu samba-canção “Naquele tempo”, parceria com Klécius Caldas e Ari Ferreira, na flauta, gravou o choro “Ari no choro” na Sinter. Foi um dos fundadores da Sinter, ainda nesse ano, atuando também como diretor artístico da gravadora. Também nesse ano, gravou na Sinter com sua orquestra as canções “Canção de aniversário” e “Maringá”, de Joubert de Carvalho e o samba-canção “Somos dois”, de Klécius Caldas, Armando Cavalcanti e Luiz Antônio. Nesse mesmo ano, acompahou com sua orquestra gravações de Dick Farney, Os Cariocas, Heleninha Costa, Geraldo Pereira, Irmãs Meireles e Ari Ferreira. Ainda em 1950, gravou seu primeiro LP, intitulado “Orquestra Melódica de Lyrio Panicali”.
Em 1951, José Menezes gravou no violão elétrico a valsa “Um domingo no jardim de Alá”, Mary Gonçalves o bolero “Aquele beijo”, parceria com Claribalte Passos e Sílvio Caldas o samba Leonor, com Claribalte Passos e Marino Pinto. Nesse ano, com seu conjunto de boite acompanhou as cantoras Mary Gonçalves nos sambas-canção “Penso em você” e “Só eu sei”, de Paulo Soledade e Fernando Lobo e Zezé Gonzaga no samba-canção “Foi você”, de Paulo César e Ênio Santos e no bolero “Canção de Dalila”, de Young e Clímaco César. Fez ainda acompanhamento com sua orquestra para gravações de Ernâni Filho, Neusa Maria e Zezé Gonzaga. Em 1952, sua valsa “Um domingo no jardim de Alah” e o beguine “Enquanto houver” receberam letras de Evaldo Rui e foram gravadas por Lenita Bruno. Nesse ano, gravou com sua orquestra os beguines “Jezebel”, de Shanklin e “Dor de recordar”, de Joubert de Carvalho. Também nesse ano, acompanhou com sua orquestra gravações de Bill Farr, Ester de Abreu, Roberto Paiva e Carlos Augusto.
Em 1953, fez a trilha sonora para o filme “Dupla do barulho”, de Carlos Manga e no ano seguinte, para “Nem Sansão, nem Dalila”, também de Carlos Manga. Também em 1953, Carolina Cardoso de Menezes regravou a valsa “Um domingo no Jardim de Alah” e José Meneses gravou o choro “Vai ou não vai?”, parceria com Paulo César. Ainda no mesmo ano, gravou com sua orquestra o beguine “Limelight”, de Charles Chaplin e o baião “Ana”, de Giordano e Vatro. Por essa época, criou na Rádio Nacional com o radialista Paulo Roberto o programa “Lira de Xopotó”, sobre bandas do interior. O programa motivou a gravação des discos homônimos, com um repertório de músicas regionais.
Ainda em 1954, gravou com sua orquestra acompanhando Edu da Gaita o fox-slow “Ruby” e a valsa “Numa pequena cidade espanhola”. Teve ainda os dobrados “Dobrado Francisco Sena Sobrinho” e “Sonhador” gravados pela Lira do Xopotó. Em 1955, suas valsas “Magia”, parceria com Raimundo Lopes e “Valsa da formatura”, com Claribalte Passos, foram gravadas por Jorge Goulart, o samba-canção “Mentiras de amor”, com Paulo César, foi gravado pela Orquestra Tabajara e o samba “A procura do samba”, com Chico Anisio, pela cantora Eliana, todas na Continental. No mesmo ano, a Lira de Xopotó gravou seu dobrado “Mocinha do circo” e seu maxixe “Arregaça a saia”. Em 1956, gravou com sua orquestra a “Valsa de uma cidade”, de Antônio Maria e Ismael Neto e a marcha “Cidade maravilhosa”, de André Filho. Nesse ano, a Lira de Xopotó gravou a polca “Julieta” e a valsa “Saudade de Queluz”, de sua autoria.
Em 1957, gravou na Polydor o samba-canção “Naquele tempo”, de sua parceria com Klécius Caldas e o samba “Maracangalha”, de Dorival Caymmi. Nesse ano, seu dobrado “13 de maio” e seu choro “Arnaud no choro” foram gravados pela Lira de Xopotó. Em 1959, gravou na Columbia com o nome de “Lyrio Panicali, seu piano e seu ritmo” o samba “Just young”, e L. S. Roberts e a rumba calipso “Always and forever”, de Millet e Gold. Nesse ano, Lana Bittencourt gravou seu samba “Amor sem repetição”, parceria com Ester Delamare
Em 1960, fez alguns dos arranjos para o LP “Carinho e amor”, lançado por Tito Madi e Ribamar. Ainda nesse ano, gravou com sua orquestra acompanhando o cantor Tito Madi o compacto duplo “Amor para três” e dirigiu a orquestra no LP “Canção os olhos tristes” o mesmo cantor. No ano seguinte, fez os arranjos para o LP “Sonho e esperança”, de Tito Madi. Atuou como maestro contratado da Rádio MEC. Escreveu arranjos para artistas de diversas gravadoras, com destaque para Cauby Peixoto, Sérgio Murilo e Tito Madi, do cast da Columbia, e para várias orquestras como a Orquestra Zaccarias. Na década de 1960, participou de trilhas sonoras de novelas de televisão, registradas no LP “Panicali e as novelas”, lançado pela Odeon. Em 1963, fez a direção musical do LP “As grandes escolas de samba com orquestra e coro” com gravações dos sambas enredo “Chica da Silva”, “Rio dos vice reis”, “Mestre Valentim”, “Relíquias da Bahia”, “Palmares”, “Tristeza no carnaval”, “Mauá e suas realizações”, “Vem do morro” e “Toda prosa”. Em 1964, fez os arranjos e regeu a orquestra na gravação dos sambas “Mais valia não chorar”, de Normando e Ronaldo Bôscoli; “Ela diz que estou por fora”, de Orlan Divo; “Samba de negro”, de Roberto Corrêa e Sylvio Sion; “Jeito de sofrer”, de Wilson Simonal e José Luiz; “Ela vai, ela vem”, de Ronaldo Bôscoli e Roberto Menescal, e “Inútil paisagem”, de Tom Jobim e Alysio de Oliveira, no LP “A nova dimensão do samba” lançado por Wilson Simonal, pela Odeon.Na contra capa do LP, assim falou o crítico Sérgio Lobo sobre a faixa “Samba negro”: “O lado A finaliza com a composiçãoi “Samba negro”, de Roberto Corrêa e Sylvio Son, para o qual Lyrio Panicali escreveu um de seus arranjos mais inspirados e sugestivos. O “break” do baterista no final é um autêntico achado”.
AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.
CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da música Popular. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1965.
MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.
SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume1. São Paulo: Editora: 34, 1999.
VASCONCELOS, Ari. Panorama da música popular brasileira – volume 2. Rio de Janeiro: Martins, 1965.