3.003
Nome Artístico
Luiz Gonzaga
Nome verdadeiro
Luiz Gonzaga do Nascimento
Data de nascimento
13/12/1912
Local de nascimento
Exu, PE
Data de morte
2/8/1989
Local de morte
Recife, PE
Dados biográficos

Cantor. Compositor. Sanfoneiro. Conhecido como o Rei do Baião. Sua mãe Ana Batista, conhecida como Santana, era descendente, embora não totalmente reconhecida, dos Alencar, fundadores da cidade de Exu. Seu pai, Januário, era lavrador e reconhecido sanfoneiro na região. Casaram-se em 1909, indo morar no Baixio dos Doidos, hoje conhecido como Timorante, um povoado da fazenda Caiçara. Luiz foi o segundo filho do casal. Na hora do batizado, seu sobrenome acabou destoando daquele dos irmãos, Januário dos Santos. Foi chamado Luiz por ter nascido no dia de Santa Luzia; Gonzaga, por ser o complemento do nome de São Luiz; e Nascimento, por ser o mês de Natal, chamando-se então Luiz Gonzaga do Nascimento. Segundo um de seus biógrafos, Gildson Oliveira, uma de suas irmãs, Socorro Januário, dizia que ouvira a mãe dizer que “só tivera o direito de ganhar o filho, porque ele seria do povo até a morte”. Ainda segundo Gildson, quando Luiz tinha de seis a oito meses, uma cigana teria olhado para ele e predito que “ele será do mundo; vai andar tanto, por cima e por baixo, que criará feridas nos pés”. Com sete anos, Gonzaga já pegava na enxada, trabalhando na lavoura, e nas horas vagas ficava vendo o pai tocar sanfona e ia aprendendo a gostar do instrumento. Seu pai, além de tocador de fole, também consertava instrumentos e incentivava nos filhos o gosto musical. O resultado foi que em sua casa a música estava sempre presente. A família sempre comparecia a festas religiosas, batizados, casamentos e forrós, todos animados com bandas de pífanos, zabumba e concertina, além do fole de oito baixos, muitas vezes tocado por Januário. Com 12 anos de idade, Gonzaga já acompanhava o pai animando sambas em diversos terreiros pelo sertão do Araripe, onde fica a cidade de Exu. Aprendeu com o pai a afinação dos foles de oito baixos. Protegido pelo patrão de seu pai, conhecido como Sinhô Aires, aprendeu as primeiras letras com as filhas do fazendeiro. Ganhou de Sinhô Aires um empréstimo de 60 mil réis, que juntou a outros 60 mil que tinha guardados por ter combinado com o patrão de trabalhar sem receber ordenado, e comprou sua primeira sanfona, da marca “Veado”, em Ouricuri, cidade pernambucana. Ainda jovem costumava animar bailes em diferentes localidades como Granito, Baixio dos Doidos, Rancharia e Cajazeiras, tendo para isso de andar a pé mais de vinte léguas. Desde essa época, enquanto ia e voltava das localidades onde se apresentava, acalentava o desejo de ser artista. Em 1924, sua família teve a casa inundada pela cheia e foi obrigada a mudar-se, indo residir no povoado de Araripe, na fazenda Várzea Grande. Em 1926, com apenas 14 anos, já se apresentava profissionalmente, tocando em festas. Por essa época, radicou-se na cidade de Exu um grupo de escoteiros que se dedicou à alfabetização de jovens da região. Luiz foi convencido pelo amigo Gilberto, filho do coronel Aires, a mudar-se para a cidade a fim de estudar, sustentando-se com apresentações em festas particulares. Em 1930, antes de completar dezoito anos, um fato mudaria a trajetória de sua vida. Apaixonara-se por uma menina de família branca e tradicional na região, e o pai da mesma não permitia o namoro por considerar Gonzaga um sanfoneirozinho sem futuro. Luiz foi tirar satisfações com o Coronel, que foi falar com sua mãe que somente não o matara em respeito a ela. Luiz levou uma surra exemplar da mãe e resolveu fugir de casa, dirigindo-se para a cidade de Crato, no Ceará. Lá vendeu a sanfona para pegar um trem até Fortaleza, a capital cearense, onde entrou para o batalhão de Caçadores. No 23º Batalhão de Caçadores tornou-se o corneteiro 122, também conhecido como “Bico de aço”. Algum tempo depois, transferido para o sul de Minas e já servindo no Sudeste, prestou prova para sanfoneiro da banda da Polícia Militar de Minas Gerais, mas foi reprovado por desconhecer a escala musical. Passou então a estudar teoria musical e ao mesmo tempo a aprender as músicas que faziam sucesso no centro-sul do país, como polcas, valsas, boleros, rancheiras, tangos e outros ritmos. Por essa época, servindo em Juiz de Fora, costumava tocar em festas nas horas de folga. Em 1937 foi transferido para Ouro Fino, onde conheceu o advogado Raul Apocalipse, que organizava festas no Clube Éden local, e convidou Gonzaga para apresentar-se, propiciando-lhe a primeira oportunidade de tocar diante de um público urbano. Em 1938 foi vítima de um golpe de um caixeiro viajante que lhe vendeu uma sanfona branca de 80 baixos à prestação, que lhe seria entregue em São Paulo quando terminasse de pagar. Depois de pagar várias prestações, Gonzaga rifou a sanfona que tinha e com o dinheiro arrecadado foi para São Paulo. Quando lá chegou, descobriu que o endereço dado pelo caixeiro viajante era falso. No hotel em que se hospedara, que pertencia a um italiano, acabou conseguindo comprar uma sanfona idêntica à que o caixeiro lhe prometera, que pertencia ao filho do proprietário do hotel. Por 700 mil réis, Gonzaga obteve uma sanfona Horner branca de 80 baixos e retornou para Ouro Fino. Em 1939, ao completar dez anos de exército, teve de dar baixa, pois o regulamento não permitia a permanência de soldados com mais de 10 anos de serviço. No mesmo ano embarcou para o Rio de Janeiro, de onde pegaria um navio de volta para Pernambuco. No Rio de Janeiro conheceu o ex-marinheiro e violonista Xavier Pinheiro, que tocava na noite e apresentava-se em programas na Rádio Vera Cruz. Passou a apresentar-se no Bar Espanhol, no Mangue, zona de baixa prostituição carioca, além de tocar em festas de subúrbio, bares da Lapa e também nas docas, onde corria o chápeu para arrecadar uns trocados. Começou a aprimorar seu repertório tocando músicas da moda, como tangos, valsas e foxtrotes. No início da década de 1940 comprou uma sanfona de 120 baixos e foi apresentado por Xavier Pinheiro a Antenógenes Silva, o mais famoso acordeonista da época, com quem começou a estudar. Em 1947 conheceu Helena das Neves Cavalcanti com quem se casou no ano seguinte. O casal não teve filhos. Gonzaga homenageou a mulher com o baião “Madame baião”, composto em parceria com David Nasser.

Dados artísticos

Em 1940, no Rio de Janeiro, depois de algum tempo tocando em bares no Mangue e, em seguida, na Lapa, começou a freqüentar os programas de calouros “Calouros em desfile” de Ary Barroso na Rádio Tupi e “Papel carbono” de Renato Murce, na Rádio Clube. O sucesso nos programas de calouros entretanto não chegava e Gonzaga continuou a apresentar-se nos bares do Mangue e da Lapa. No Bar Cidade Nova, no Mangue, conheceu um grupo de estudantes cearenses que lhe pediu para tocar alguma coisa nordestina, o que ele até então não fizera, tentando adaptar-se ao modo de vida carioca e escondendo suas raizes nordestinas. Preparou então as músicas “Pé de serra”, uma polca mais tarde gravada com o título de “Xamego”, e “Vira e mexe”, música de sua terra natal. O sucesso da apresentação de “Pé de serra” foi imediato: o público aplaudiu delirantemente e até mesmo os passantes da rua se aproximaram, lotando o bar. Retornou então ao programa de calouros de Ary Barroso, impulsionado também pela necessidade de dinheiro para ajudar a família vitimada pela seca no Nordeste, conforme lhe dissera o irmão José Januário, que o procurara em busca de ajuda. No “Calouros em desfile”, em vez de apresentar o repertório da moda, apresentou o “Vira e mexe” e foi um sucesso, obtendo a nota máxima 5, raramente dada a alguém por Ary Barroso, e o prêmio de 150 mil réis. Por essa época costumava atuar na Rádio Transmissora acompanhando Zé do Norte e Manuel Monteiro, que por lá se apresentavam. Pouco depois foi convidado para atuar como sanfoneiro numa gravação de Genésio Arruda na RCA. Sua participação foi tão boa que logo após a gravação foi apresentado ao diretor da gravadora, Ernesto Matos, que lhe pediu para tocar uma valsa ou uma rancheira. Gonzaga tocou as valsas “Saudades de São João Del Rey” e “Numa serenata”, apresentando em seguida as rancheiras “Véspera de São João”, “Vira e mexe” e “Pé de serra”. Foi convidado a voltar no dia seguinte para fazer uma gravação. No mesmo dia, Genésio Arruda convidou-o para apresentar-se diariamente no teatro de revista no qual estava atuando. Ainda em 1940 foi contratado pela Rádio Clube do Brasil para substituir Antenógenes Silva no programa “Alma do sertão”, além de atuar em outros programas da rádio. Paralelamente apresentava-se com enorme sucesso em inúmeros dancings no centro da cidade, como “Assírio”, “Eldorado”, “Belas Artes” e “Farolito”. Em 1941 estreou em disco gravando pela Victor, gravadora na qual permaneceu a maior parte de sua carreira. Em maio saiu a mazurca “Véspera de São João”, de sua autoria e F. Reis, e a valsa “Numa serenata”, de sua autoria. Em junho saiu um segundo disco com a valsa “Saudades de São João del Rey”, de Simão Jandi, e o xamego “Vira e mexe”, de sua autoria. Ressalte-se que o xamego nunca existiu enquanto gênero musical; o nome provém de um comentário do irmão de Gonzaga, Januário, segundo o qual a música “Vira e mexe” era um xamego, talvez em referência à sensualidade com que era tocada. Gonzaga apropriou-se do termo e muitas de suas composições passaram a ser apresentadas como xamego. Por essa época suas músicas eram instrumentais. As letras apareceram com Miguel Lima, que começou a letrar temas apresentados por Gonzaga. No entanto, seu início como cantor acabou por custar-lhe o emprego na Rádio Tamoio, pois achavam sua voz inadequada. Por essa época foi considerado pelo jovem radialista César de Alencar como o “Maior Sanfoneiro Nordestino”. Os dois primeiros discos renderam a Gonzaga sua primeira reportagem, publicada na revista carioca “Vitrine”, com o título de “Luiz Gonzaga, o virtuoso do acordeom”. Em 1942 gravou, entre outras composições, o xamego “Pé de serra”, a polca “Apitando na curva”, o picadinho “Calangotango” e a mazurca “SantAnna”, todas de sua autoria. Em 1943 assinou o primeiro contrato para atuar fora do Rio de Janeiro, fazendo uma temporada no Cassino Ahu, em Curitiba, apresentado como o maior acordeonista do Brasil. No mesmo ano gravou, do antigo companheiro Xavier Pinheiro, a valsa “Yvonne” e, de sua autoria, o xamego “O xamego da Guiomar”, nome de uma namorada da época. Por essa época ganhou do violonista Dino, mais tarde conhecido como “Sete cordas”, o apelido de “Lua”, devido a sua cara redonda. O apelido seria popularizado por César de Alencar e Paulo Gracindo na Rádio Nacional. Em 1944 teve suas primeiras composições gravadas por outra artista, a cantora Carmem Costa, que gravou “Xamego”, de sua autoria, e “A mulher do Lino”, composta em parceria com Miguel Lima. No mesmo ano gravou, entre outras,o choro “Pingo namorando”, o xamego “Fazendo intriga” e a valsa “Vanda”, todas de sua autoria. Em 1945 teve gravadas suas primeiras parcerias com Miguel Lima, “Dezessete e setecentos” e o xamego “Xamego da Guiomar”, por Manezinho Araújo. No mesmo ano, Gonzaga gravou os primeiros discos como cantor. O primeiro continha a mazurca “Dança da Mariquinha”, com música de sua autoria e letra de Miguel Lima. Seu primeiro sucesso como cantor foi a mazurca “Cortando pano”, composta em parceria com Miguel Lima e J. Portella, que afirmou Gonzaga como cantor. Sua voz na época não era considerada boa, mas, com o sucesso de “Cortando o pano”, os critérios tiveram que ser modificados. No mesmo ano nasceu Luiz Gonzaga Jr., que, apesar de batizado e assumido por Gonzaga como filho, sempre teve essa paternidade colocada sob suspeita. Ainda em 1945 conheceu aquele que seria talvez o seu principal parceiro musical, o advogado cearense Humberto Teixeira. Mesmo com o sucesso obtido com Miguel Lima, Gonzaga continuava procurando alguém que o ajudasse a expressar melhor seu sentimento de nordestinidade. Encontrou-se com Lauro Maia, criador do balanceio, mas não chegou a um acordo. No primeiro encontro com Humberto Teixeira, no escritório de advocacia do mesmo, surgiu em dez minutos o esboço do xote “No meu pé de serra”, lançado em novembro do ano seguinte. Em 1946 lançou diversas composições feitas com parcerias diferentes, como o choro “É pra rir ou não é”, com Carlos Barroso, o calango “Calango da lacraia”, com J. Portella, que se tornou enorme sucesso, a marcha “Pão duro” com Assis Valente e o chamego “Xamego das cabrochas”, com Miguel Lima. No mesmo ano, Gonzaga provocaria uma revolução na música popular brasileira ao lançar um novo gênero no mercado, o baião, uma estilização e adaptação de ritmos ouvidos por ele em sua infância e adolescência. A composição de lançamento, um verdadeiro manifesto do novo gênero, foi “Baião”, feita em parceria com Humberto Teixeira e lançada pelo grupo vocal “Quatro Azes e Um Coringa” pela Odeon, com acompanhamento do próprio Gonzaga na sanfona. O novo gênero mudou o panorama musical brasileiro e impôs-se como o mais importante até o surgimento da Bossa Nova em fins dos anos 1950. Ainda em 1946, Gonzaga lançou, de sua parceria com Humberto Teixeira, o xote “Meu pé de serra”, além da polca “Pagode russo”, de sua autoria. Em outubro do mesmo ano tirou férias na Rádio Nacional e voltou à sua terra natal depois de 16 anos de ausência. Antes de retornar ao Rio passou pelo Recife, onde se encontrou com diversos artistas locais e travou conhecimento com o acadêmico de Medicina José de Souza Dantas Filho, que mais tarde se tornaria famoso parceiro de Gonzaga, conhecido como Zédantas. Em 1947 gravou de sua autoria e Humberto Teixeira a toada “Asa branca”, um de seus maiores sucessos e uma das músicas mais conhecidas e veneradas da música popular brasileira, regravada dezenas de vezes ao longo das décadas, entre outros por Altamiro Carrilho, Severino Januário, Sivuca e Rosinha de Valença, César do Acordeon, Trio Melodia, Dominguinhos, Julião da viola, Fagner, Téo Azevedo, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Carmélia Alves e Quinteto Violado. Com o sucesso retumbante de “Asa Branca” foi convidado a participar do filme “Esse mundo é um pandeiro” de Watson Macedo. Em 1948 lançou apenas um disco, cantando “A moda da mula preta” de Raul Torres e a polca “Firim firim firim”, parceria com Antonio Nogueira. No mesmo ano casou-se com Helena Cavalcanti. Em 1949 Gonzaga era o principal astro da música popular brasileira e lançou uma série de sucessos de sua parceria com Humberto Teixeira: a polca “Lorota boa”, que entrou na comédia musical “O mundo se diverte” da Atlântida; o xote “Mangaratiba”, que foi incluída na comédia musical “Estou aí”, da Cinédia; o baião “Juazeiro” e a toada “Légua tirana”, além de “Baião”, que finalmente recebeu gravação de seu autor. No mesmo ano lançou as primeiras parcerias com Zédantas, que tornaram-se sucesso rapidamente, como o baião “Vem morena” e o forró “Forró de Mané Vito”. Por essa época o baião tornou-se a coqueluche nacional, o novo ritmo do Brasil, e Gonzaga mudou seu visual, introduzindo o chapéu de couro que faria parte de sua indumentária até a morte. Em 1950 lançou de sua parceria com Zédantas o baião “A dança da moda”, que afirma que “No Rio está tudo mudado”, numa referência `as mudanças de comportamento introduzidas pelo baião. Inúmeros artistas, entre os quais Carmem Miranda, Carmélia Alves, Ivon Curi, Marlene, Isaura Garcia, Jamelão, Emilinha Borba, passaram a gravar músicas da dupla Gonzaga/Humberto Teixeira. No mesmo ano, estouram inúmeros outros sucessos da dupla, como os baiões “Xanduzinha”, “Qui nem jiló” e “Respeita Januário”, além da toada “Assum preto”. Ainda em 1950 foram sucessos na voz de Gonzaga o xote “Cintura fina” e a toada “A volta da Asa branca”, parcerias com Zédantas, além da toada “Boiadeiro” de Klécius Caldas e Armando Cavalcanti. Nessa mesma época Humberto Teixeira foi eleito deputado federal e a parceria se desfez. Getulista convicto, fez campanha para a presidência da República em apoio ao futuro presidente Getúlio Vargas. Em 1951 lançou com sucesso a marcha junina “Olha pro céu”, parceria com José Fernandes, e o baião “Sabiá”, parceria com Zédantas. Nessa época apresentava-se nas rádios Nacional e Mayrink Veiga. Ainda em 1951 a cantora Carmélia Alves, que ficaria conhecida como a Rainha do Baião, lançou juntamente com o sanfoneiro Sivuca um disco intitulado “No mundo do baião”, com um vasto pot-pourri de músicas de Luiz Gonzaga. No final desse mesmo ano foi contratado pelos Laboratórios Moura Brasil para uma grande excursão por diversas cidades do Brasil, apresentando-se entre outras em São Paulo, Florianópolis, Curitiba e Porto Alegre, terminando a tournê em Belém. Nesse mesmo ano sofreu o primeiro acidente automobilístico, em São Paulo, quebrando seis costelas e a clavícula, além de ter vários ferimentos na cabeça. No mesmo acidente feriram-se seus acompanhantes Zequinha e Catamilho. Em 1952 lançou vinte músicas, quantidade que na época do LP ou do CD daria para lançar um álbum duplo. Entre essas estavam as últimas parcerias com Humberto Teixeira, o baião “Respeita Januário”, a valsa toada “Légua tirana” e o baião “Paraíba”. De sua parceria com Zédantas gravou a marcha junina “São João na roça”, a toada “Acauã” e com Hervê Cordovil o baião “Baião da garoa” e o xaxado “Xaxado”, verdadeiro manifesto da nova dança lançada por Gonzaga dois anos antes. Todas se tornaram sucesso. No mesmo ano, apresentou-se durante os festejos juninos em uma temporada na Rádio Tupi-Tamoio acompanhado do pai Januário e dos irmãos Severino, Zé Januário, Chiquinha, Socorro e Aluísio, sob o nome de “Os sete Gonzaga”. Em 1953 lançou o xote “Xote das meninas” e a toada “Vozes da seca”, parceria com Zédantas, e “A vida do viajante”, parceria com Hervê Cordovil, que viria a ser, muito posteriormente, um dos prefixos da carreira do Rei do Baião, nos versos que dizem “Minha vida é andar por esse país”. Por essa época, trocou definitivamente o terno de casimira por um gibão de couro, o sapato de verniz por uma sandália e a gravata por uma cartucheira, adotando ainda um chapéu de couro maior afirmando sua nordestinidade. Em 1954, lançou, entre outras, os baiões “Vou pra casa” e “Noites brasileiras”, parcerias com Zédantas, o xamego “Cana só de Pernambuco” com Victor Simão e a polca “Lascando o cano” com Zédantas. Em 1955 lançou dez composições inéditas, entre as quais o xote “Riacho do navio”, parceria com Zédantas, e o rojão “Forró de Zé Tatu” de Jorge de Castro e Zé Ramos. No mesmo ano foi lançado o primeiro LP com suas músicas “A História do Nordeste na voz de Luiz Gonzaga”. Na excursão ao Nordeste naquele ano tomou conhecimento da existência de um grupo musical conhecido como a “Patrulha de Choque de Luiz Gonzaga”, composto pela cantora Marinês, seu marido, o sanfoneiro Abdias e Chiquinho da zabumba, especializada em anunciar a chegada de Luiz Gonzaga onde ele fosse se apresentar. O encontro entre eles se deu na cidade de Propriá em Sergipe. Em 1956, com a ida de Marinês e Abdias para o Rio de Janeiro, Gonzaga mudou o conjunto que o acompanhava, transformando-o em Luiz Gonzaga e Seus Cabras da Peste, do qual faziam parte Marinês, Abdias, Zito Borborema e Miudinho. O grupo chegou a participar de excursão a São Paulo e Minas Gerais, mas desfez-se no final do ano. No mesmo ano gravou o baião “Mané Zabé”, com Zédantas, o coco “Derramaro o gai”, com Zédantas, e o baião “Saudade da boa terra” de Ary Monteiro e Maruim, entre outras. Ainda em 1956 lançou seu segundo LP, “Aboios e vaquejadas”. Em 1957 gravou outro enorme sucesso, o baião “A feira de Caruaru” de Onildo Almeida, além do LP “No reino do baião”. Em 1958 lançou de sua autoria o forró “Forró no escuro”, outra de suas composições que ficou para a posteridade. No mesmo ano lançou os LPs “São João na roça”, com músicas juninas, e “Xamego”, com composições de sua parceria com Miguel Lima. Por essa época, ocorriam mudanças musicais no país, entre as quais a eclosão da Bossa Nova, dando início ao declínio da carreira de Gonzaga. Com novos gostos estético-musicais impondo-se no rádio, suas composições foram perdendo espaço e Gonzaga voltou-se para as platéias do interior para as quais sempre foi o Rei do Baião. Em 1959 lançou de João do Vale e Ari Monteiro o maracatu “O sertanejo do norte” e, de sua autoria e Carmelina, a marcha “Fogueira de São João”. No mesmo ano foi lançado o LP “Luiz Gonzaga canta seus sucessos com Zédantas”. Em 1960 gravou entre outras o xote “Vida de vaqueiro de sua autoria” e a toada “Testamento de caboclo” de R. Bittencour e R. Sampaio. Em 1961 Gonzaga não lançou, como fazia desde 1941, nenhum 78 rotações, mas em compensação a RCA Victor lançou seu primeiro LP, com músicas inéditas, a maioria de outros autores, como o baião “Capitão jagunço” de Paulo Dantas e Barbosa Lessa, o baião “Na cabana do rei” de Catulo de Paula e Jaime Florence e o xote “Só se rindo” de Alvarenga e Ranchinho. No mesmo ano Gonzaga sofreu um grave acidente automobilístico que quase pôs fim à sua vida. Seguia ele de Miguel Pereira para o Rio de Janeiro, quando numa curva a porta do carro cedeu e ele foi arremessado para fora, recebendo uma pancada da porta na cabeça e sofrendo traumatismo craniano e ferimento num olho. Ainda em 1961 morreu seu grande parceiro Zédantas. Pouco depois ele travou conhecimento com João Silva, que se tornaria o terceiro parceiro em importância na sua carreira. Em 1962 voltou a gravar discos em 78 rotações, incluindo, entre outras, o xote “Véio macho” de Rosil Cavalcanti, que daria nome a seu LP daquele ano. Os baiões “Pássaro Caraó” e “Sanfoneiro Zé Tatu”, de parceria com Zé Marcolino, foram incluídos também no LP. Por essa época foi contratado para uma temporada na Rádio Mayrink Veiga que duraria até o ano seguinte. Em 1963, além dos discos em 78 rotações, lançou o LP “Pisa no pilão”, que registrou alguns clássicos como “A morte do vaqueiro”, toada em parceria com Nelson Barbalho, e “Pra onde tu vai, baião?”, baião de João do Vale e Sebastião Rodrigues, quase um retrato da situação passada pelo Rei do Baião ao dizer em sua letra: “Pronde tu vai, baião? Eu vou sair por aí/Mas por que baião?/Ninguém me quer mais aqui.”. Por essa época, Gonzaga passa a apresentar-se em pequenas cidades do interior, cantando em circos e praças públicas. Se nas grandes cidades seu nome ficou em esquecimento, no interior manteve a força e o carisma. Certa vez, na cidade de Nanuque em Minas Gerais, ficou acertado que seu show seria apresentado no cinema às 21 horas, depois de um filme de Elvis Presley. Feita a divulgação da apresentação, foi tamanha a ocorrência de público que foi necessário realizar o show em duas sessões. Em 1964 lançou outro LP que se tornaria clássico, com a toada “A triste partida”, de Patativa do Assaré, que deu nome ao disco, verdadeiro manifesto sertanejo. Do mesmo disco constam ainda a toada “Cacimba nova” e o xote “Numa sala de reboco”, ambos de parceria com José Marcolino, e a valsa “Lembrança da primavera”, composta por Gonzaguinha quando tinha apenas 14 anos. Sua carreira prossegue no interior e a cada ano lança um novo LP, com sucessos como “Meu Araripe”, parceria com João Silva, ou “Canaã” de Humberto Teixeira. No mesmo ano adquiriu um terreno em Exu, Pernambuco, preparando seu retorno para a terra natal. Por essa época, a caminho da Rádio Mayrink Veiga no Rio de Janeiro, teve roubada sua sanfona preta da marca Universal. Conseguiu emprestada de Antenógenes Silva uma sanfona branca. A partir de então passou a somente usar sanfona branca. Encomendou uma à fabrica Todeschini e mandou cunhar a inscrição “É do povo”, numa irônica homenagem ao ladrão, frase que acompanharia doravante todos os seus instrumentos. Até 1966 não gravou nenhum disco novo. Nesse mesmo ano, as edições Fortaleza lançaram o livro “O sanfoneiro do riacho da Brígida”, autobiografia que ele ditou a Sinval Sá. O sucesso do livro foi imediato, tendo sido feitas mais quatro edições no mesmo ano. O livro não saiu em livrarias, tendo sido vendido pelo próprio Gonzaga, com auxílio de seus músicos, durante seus shows. Para reforçar as finanças cada vez mais difíceis, atuou como músico de estúdio e fez campanhas políticas, o que já fizera em outras épocas da carreira. Em 1967 gravou o LP “Óia eu aqui de novo”, novo marco em sua carreira, trazendo composições de sua autoria, Onildo Almeida, José Clementino, Luiz Guimarães e João Silva, um novo time de compositores que irá atuar com ele nas próximas duas décadas, quando do retorno paulatino de sua carreira ao reconhecimento nas grandes cidades e na grande mídia. Do disco constavam, entre outras, “Xote dos cabeludos”, parceria com José Clementino, “Garota Todeschine”, parceria com João Silva, “Hora do adeus” de Onildo Almeida e Luiz Queiroga, “Do lado que relampea” de Luiz Guimarães e “Óia eu aqui de novo” de Antônio Barros. No mesmo ano fez histórico depoimento para o MIS, entrevistado pelo diretor da instituição, seu amigo R. C. Albin. Nesta ocasião apresentou publicamente seu filho Gonzaguinha, então totalmente desconhecido. Em 1968 lançou três LPs: “O sanfoneiro do povo de Deus”, com composições de cunho místico religioso, como “Ave Maria sertaneja” de Júlio Ricardo e de Oliveira e “Padroeira do Brasil” de sua autoria e Raimundo Granjeiro. Lançou ainda “Canaã”, com música-título de Humberto Teixeira, e “São João do Araripe”, com música-título de sua parceria com João Silva e que trazia quatro composições do seu filho Luiz Gonzaga Jr: “Diz que vai virar”, “Pobreza por pobreza”, “Erva rasteira” e “Festa”. No mesmo ano gravou um compacto com a composição “Pra não dizer que não falei das flores” de Geraldo Vandré. No mesmo ano, Gilberto Gil, um dos líderes do movimento intitulado Tropicália, em entrevista concedida a Augusto de Campos, dizia ter sido Luiz Gonzaga “a primeira grande coisa significativa do ponto de vista da cultura de massa no Brasil”. Outro líder do movimento, Caetano Veloso, também deixava clara sua admiração pelo cantor, compositor e sanfoneiro nordestino. Por essa época, o radialista e jornalista Carlos Imperial divulgou o boato de que o conjunto de rock inglês The Beatles gravaria “Asa branca” em seu novo disco, o que levou a uma correria em torno de Luiz Gonzaga, que em entrevista concedida ao “O Pasquim”, em 1971, revelaria que ganhou cachê e gravou programa para falar sobre o assunto. Apresentou-se no mesmo período na TV Continental no programa “Noite Impecável”. Em 1969 não gravou nenhum disco, mas teve a composição “Dezessete légua e meia”, de parceria com Humberto Teixeira, regravada por Gilberto Gil no LP “Cérebro eletrônico”. Em 1970 gravou o LP “Sertão 70”, que traz, entre outras, “Já vou mãe”, primeira parceria de Dominguinhos e Anastácia, que na ocasião trabalhavam com ele. Por essa época, colaborou com o Padre João Câncio na preparação da “Missa do vaqueiro”, inspirada na toada “A morte do Vaqueiro”. A missa, um pungente protesto contra a miséria e a opressão do homem nordestino, foi financiada por Gonzaga até 1974. Juntamente com os irmãos Bandeira, repentistas cearenses, animou a missa durante vários anos. Em 1971, Caetano Veloso, exilado em Londres, gravou em seu novo disco, com músicas em inglês, a toada “Asa branca”, única música em português, que se tornou uma espécie de hino dos exilados pelo regime militar. No mesmo ano, por idéia do produtor da RCA Rildo Hora, gravou o LP “O canto jovem de Luiz Gonzaga”, interpretando diversas composições de jovens compositores brasileiros da época, como “Chuculatera” de Antônio Carlos e Jocafi, “Procissão” de Gilberto Gil, “Cirandeiro” de Capinam e Edu Lobo, “Fica mal com Deus” de Geraldo Vandré, “O dia em que eu vim me embora” de Caetano Veloso e Gilberto Gil, e outras. No mesmo ano, em show no Palais de La Mutualité em Paris, Gal Costa e Gilberto Gil incendiaram o público ao cantar uma versão de 45 minutos da toada “Acauã”, composta por Gonzaga e Zédantas nos idos de 1952. Ainda em 1971 concedeu longa entrevista ao jornal “O Pasquim” e recebeu da TV Tupi o título de “Imortal da Música Brasileira”. Na mesma época foi convidado por Carlos Imperial a assistir a um festival de rock na cidade de Guarapari, no Espírito Santo, e, como os artistas convidados não compareceram, acabou fazendo o show para a platéia composta de hippies e jovens politizados que dançaram ao som de sua sanfona. Em 1972 apresentou-se no show “Luiz Gonzaga volta para curtir”, com produção de Capinam, no Teatro Tereza Rachel no Rio de Janeiro. Na mesma época concedeu entrevista à vanguardista revista “O Bondinho”. Sua produção musical, entretanto, andava na contramão da popularidade que voltava a subir, pois tornava-se distante do que havia de autêntico em sua obra. Naquele ano ainda lançaria dois LPs pela RCA, “Aquilo bom” e “São João quente”, dos quais somente se sobressaiu um grande sucesso, “Ovo de codorna”, de Severino Ramos. Em 1973 transferiu-se para a gravadora Odeon onde lançou cinco LPs em dois anos, com muitas regravações e sem nenhuma música que tenha marcado a sua carreira. Recebeu no mesmo ano o título de “Cidadão Paulista”. No mesmo período a RCA lançou duas coletâneas de seus sucessos. Nessa época a decolagem de sua carreira parou em função do equivocado apoio que deu ao governo militar. Sua fama, entretanto, permaneceu e ele abriu durante dois anos o forró Asa Branca na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. Em 1975 participou da série “MPB 100, um século de m.p.b”, transmitida em cadeia nacional pelo Projeto Minerva e apresentada, ao vivo, por R. C. Albin. Os programas foram convertidos em 8 LPs de igual título, produzidos pelo mesmo apresentador, que incluiu a participação de Gonzaga em todo um lado do elepê número 4 da série. No mesmo ano lançou outro LP com coletânea de sucessos, “Asa Branca”, pela RCA gravadora, para a qual retornou. Em 1976, Janduhy Filizola, com quem compusera algumas músicas, musicou totalmente a “Missa do Vaqueiro”, gravada no mesmo ano pelo Quinteto Violado. Durante excursão naquele ano recebeu o título de “Cidadão cearense”, num show em Fortaleza. Ainda naquele ano, numa viagem de avião de Pernambuco a Brasília conheceu Edelzuita, o grande amor da última fase de sua vida. Ainda em 1976 lançou o LP “Capim novo”, com música-título de sua autoria e Severino Ramos, que obteve boa repercussão, mostrando de volta o velho estilo que o consagrara. A música-título virou tema da novela Saramandaia, da TV Globo, e o levou de volta às paradas de sucesso. Em agosto daquele ano a mesma TV Globo exibiu o “Especial Luiz Gonzaga”, na série “Brasil especial”, dirigida por Augusto César Vannucci e escrita por R. C. Albin, entre outros, com a participação de toda a família, incluindo o velho Januário, que aos 85 anos viajou para o Rio de Janeiro. Em 1977 lançou o elepê “Luiz Gonzaga e Carmélia Alves”, mesmo nome de um show realizado pela dupla no Teatro João Caetano. No Rio de Janeiro, dentro do projeto Seis e Meia. Lançou também no mesmo ano o LP “Chá cutuba”, música-título de Humberto Teixeira, que também assinou “Menestrel do Sol”. O disco trouxe ainda a regravação de “Baião de dois”, parceria de Gonzaga e Teixeira e um de seus grandes sucessos. Realizou na mesma ocasião uma excursão com Carmélia Alves e Dominguinhos, além de ter reproduzido em mais de 80 emissoras de rádio a série “O eterno Gonzaga”, produzida pelo estúdio Free de São Paulo. No mesmo ano entrou para a versão brasileira da “Enciclopédia Britânica”, com foto em cores para ilustrar o parágrafo a seu respeito. Em 1978 lançou o LP “Dengo maior” trazendo, entre outras, “Alegria de pé de serra” de Dominguinhos e Anastácia, “Salmo dos aflitos”, com Humberto Teixeira, “Umbuzeiro da saudade” com João Silva, “Serrote agudo” com José Marcolino e “Viola de Penedo” de Luis Bandeira. Em 1979 lançou o LP “Eu e meu pai”, numa homenagem a Januário, que falecera um ano antes. O disco trouxe algumas regravações como “Súplica cearense”, de Gordurinha e Nelinho, “A vida do viajante”, em parceria com Hervê Cordovil, e a clássica “Respeita Januário”, com Humberto Teixeira. No mesmo ano gravou o instrumental “Quadrilhas e marchinhas” com um pot-pourri de 24 composições de seu repertório. Nesse período retornou para Exu e iniciou uma campanha em prol da preservação da ave conhecida como Asa Branca. Foi criado o Parque Asa Branca. Nesse período atuou ativamente para acabar com as brigas de família na região de Exu. Em 1980 foi o indicado do Nordeste para cantar para o Papa João Paulo II em sua visita ao Brasil. No início da década participou da temporada “Sabor Brasil”, ao lado de Clara Nunes, Altamiro Carrilho, Waldir Azevedo, João Nogueira e João Bosco. Em 1981 lançou o LP “A festa”, contando com a participação de Luiz Gonzaga Jr, Emilinha Borba, Dominguinhos e Milton Nascimento, com quem cantou “Luar do sertão”, de Catulo da Paixão Cearense. No mesmo ano chegou às lojas o álbum duplo “Vida do viajante”, gravado ao vivo durante a excursão pelo Brasil feita com o filho Gonzaguinha no ano anterior. Durante essa excursão, Gonzaga ganhou o apelido de Gonzagão, que muitos críticos acham inapropriado, a partir de uma faixa colocada em um show em São Paulo que dizia: “Gonzagão e Gonzaguinha, a maior dupla sertaneja do Brasil”. Entre 1979 e 1984 engajou-se na luta contra a seca que assolou o Nordeste brasileiro naquele período, gravando até composições que aludiam ao fato, como foi o caso de “Sequei os olhos”, feita em parceria com João Silva, gravada no disco “70 anos de sanfona e simpatia”. Neste disco, lançado em 1983 houve as participações especiais de Alceu Valença, na faixa “Plano piloto” de Carlos Fernando e Alceu Valença e Téo Azevedo na faixa “A peleja de Gonzagão e Teo Azevedo”, de autoria deste último. Nessa época recebeu convite da cantora Nazaré Pereira, radicada em Paris, que organizou um show para ele na casa de espetáculos “Bobino”. Em 1984 lançou o disco “Danado de bom”, com algumas regravações, contando com a participação de Elba Ramalho na faixa “Sanfoninha choradeira” dele e João Silva. Nesse ano recebeu o primeiro disco de ouro de sua carreira, pelo disco “Danado de bom”. No mesmo ano recebeu o Prêmio Shell da Música Popular Brasileira. Por essa época, a RCA redirecionou a produção dos discos de Gonzaga, retornando a uma concepção mais original de seu trabalho. O resultado foi que seus discos deram um salto de vendagem, passando dos 25.000 anuais para 200.000 a partir de então. Também naquele ano gravou seu primeiro disco com Fagner, com diversas músicas que foram sucesso em sua carreira, além de “Sangue nordestino”, uma parceria com João Silva. Também em 1984, gravou especial para a Rede Globo com as participações especiais de Fagner, Elba Ramalho, Sivuca, Osvaldinho do Acordeon, Dominguinhos e Gadalupe. No começo do show declarou: “Quero aproveitar essa oportunidade que a TV Globo me dá para dizer que termino hoje minha profissão, a minha carreira. Fiz isso de surpresa porque quis fugir daquele esquema de festa de despedida.” A despedida no entanto não se confirmaria pois continuou atuando quase até sua morte.

Em 1985 foi lançado “Sanfoneiro macho”, com seis parcerias com João Silva, entre as quais “Forró do bom”, “A mulher do sanfoneiro” e “Deixa a tanga voar”. Esse disco contou com a participação especial de Dominguinhos, Gonzaguinha, Sivuca, Glorinha Gadelha, Gal Costa e Elba Ramalho e arrematou dois discos de ouro. 

Em 1986 participou na França do grande festival da música brasileira “Couleurs Brésil”, com apresentações de diversos artistas brasileiros durante cinco dias no Zenith, Olympia e na Grande Halle de La Villette. Gonzaga apresentou-se no show final na maior das três salas, a Grande Halle, juntamente com Fafá de Belém, Moraes Moreira, Armandinho Macedo e Alceu Valença. No mesmo ano gravou o disco “Forró de cabo a rabo” cujo lançamento ocorreu quando estava em Paris. Quando voltou, constatou que o disco havia estourado e era um grande sucesso, especialmente as composições feitas com João Silva, entre as quais a que deu título ao disco, “Rodovia asa branca”, “Viva meu Padim”, que contou com a participação de Benito de Paula, “Xote machucador” de João Silva e Dominguinhos e “Eu e meu fole” de Zé Marcolino, entre outras. O disco contou ainda com a participação do músico gaúcho Renato Borghetti na faixa “Forronerão-Jardim da saudade”, de Borghetti e L. Rodrigues. O disco recebeu dois discos de ouro e um disco de platina. Em 1987 lançou “Fia pavi”, disco que o reaproximou do parceiro João Silva com quem havia brigado. Nele aparecem quatro composições dos dois, entre as quais “Pobre do sanfoneiro” e “Nem se despediu de mim”. Havia ainda “Mariana” de Gonzaguinha e Gonzagão, com participação de Gonzaguinha. No mesmo ano começou a gravar um novo disco com Fagner, contando com a participação de Gonzaguinha. Em fins do mesmo ano sua saúde piorou com a descoberta de que tinha câncer de próstata e sofria de osteosporose. Ele mesmo não ficou sabendo. No entanto, continuou animadamente a desenvolver planos para instalar seu museu pessoal em Exu. Em 1988 chegou nas lojas o disco “Gonzagão e Fagner”, com o selo BMG, trazendo diversos sucessos de Gonzaga, entre os quais “ABC do sertão” e “Vem morena”, com Zédantas, “Estrada de Canindé” e “Juazeiro”, com Humberto Teixeira, “Pobre do sanfoneiro”, com João Silva, e “Xamego”, com Miguel Lima, num verdadeiro apanhado da obra do sanfoneiro. No mesmo ano realizou show com Elba Ramalho. Ainda em 1988 a BMG lançou o LP “Aí tem Gonzagão”, contando com a participação de Carmélia Alves na faixa “Vamos juntar os troços” de Antônio Barros Silva e de Geraldo Azevedo em “Taqui pra tu” de Gonzaga e João Silva. Foi lançada também a colecão “50 Anos de chão”, caixa com cinco LPs compilando o essencial de sua obra. Nessa época separou-se finalmente da mulher Helena e foi morar com Edeuzuita em Recife. Em 1989 lançou pela Copacabana seu último disco, “Vou te matar de cheiro”, que não teve grande repercussão e que trazia diversas composições da parceria com João Silva, como a faixa-título “Já era tempo” e “Meu arcoverde”, que conta com a participação do próprio Silva na gravação. Em 6 de junho daquele ano participou de seu último show, uma homenagem que artistas de todo o Brasil lhe prestaram no Teatro Guararapes em Recife. Estava com a agenda de São João repleta quando, em 21 de junho, foi internado no Hospital Santa Joana no Recife, vindo a falecer no dia 2 de agosto daquele ano. Quando do transporte de seu corpo até o aeroporto, de onde seguiria para o sepultamento no Ceará, ao passar pelas ruas do Recife, a multidão que se aglomerava nas ruas gritava “Hei, hei, Luiz é nosso Rei”. Ao chegar a Juazeiro do Norte no Ceará para ser abençoado no Memorial de Padim Ciço, o corpo de Luiz Gonzaga recebeu homenagens dignas de um rei. Milhares de pessoas se aglomeraram nas ruas e o cortejo fúnebre teve de percorrer diversas ruas e avenidas para que o povo se despedisse de Gonzaga. Depois seguiu para Exu onde ocorreu o sepultamento. Em sua cidade natal foi novamente reverenciado pelo povo nas ruas, acompanhando o féretro cantando suas músicas ao som dos sanfoneiros Dominguinhos, Valdones, José Torres de Menezes, Janduhy Finizola, José Marques Filho e Zé Manu, entre outros. Na hora do sepultamento, a multidão composta de cerca de 20 mil pessoas cantou em coro a “Asa branca”, canto de despedida ao Rei do Baião. Em 1993, a RCA/BMG lançou o CD “Volta pra curtir”, gravação ao vivo de show apresentado por Gonzaga em 1972 no Teatro Tereza Raquel. No show, o patriarca do baião toca acompanhando por Dominguinhos na sanfona, Renato Piau na guitarra e Maria Helena na percussão. São interpretadas, entre outras, “Moda da mula preta”, de Raul Torres, “Lorota boa”, com Humberto Teixeira, “Numa sala de reboco”, com José Marcolino, “Assum preto”, “Volta da asa branca” e “No meu pé de serra”, num show memorável. Em 1999, por ocasião dos dez anos de sua morte, o Museu de Caruaru abriu a exposição permanente do artista. No mesmo ano, recebeu homenagem no Lincoln Center em Nova York. Em 2001, dentro do programa “Em cena Brasil”, foi apresentado no Rio de Janeiro, depois de ter estreado em Salvador, o espetáculo musical “O vôo da asa branca”, dirigido por Deolindo Checcucci, contando a vida do Rei do Baião. Ainda em 2001, a BMG lançou o CD “Duetos com Mestre Lua – Gonzagão e convidados”, no qual, através do uso da tecnologia, são misturadas antigas gravações do Mestre do Baião e vozes de cantores atuais. Estão presentes no Cd, entre outros, Chico Buarque na faixa “Procissão”, de Gilberto Gil, Lenine em “No dia em que eu vim me embora”, de Caetano Veloso, Falamansa em “A hora do adeus” e “Rastapé”, em “Fulô da maravilha”, de Luiz Bandeira.

Em 2002, por ocasião dos seus 90 anos de nascimento foi homenageado com show no Armazén 5, na zona do Cais do Porto, no Rio de Janeiro, com a participação de Marinês, Daniel Gonzaga, Banda de Pífanos de Caruaru e Forroçacana. Na mesma ocasião, o Sesc Pompéia em São Paulo apresentou a série “São Luiz Gonzaga”, com a participação dos trios Virgulino, Araripe e Sabiá, além do sanfoneiro Oswaldinho do Acordeom. Também na mesma época, o Quinteto Violado lhe prestou homenagem com a exposição “Luiz Gonzaga – a saga de um rei”, na Fundação Quinteto violado, além do lançamento do CD “Retirantes, sanfona e violada”, músicas e casos relembrados a partir da longa vivência do grupo com o Rei do Baião. Além de clássicos como “Asa branca”, o CD trás também a música “São João de seu Luiz”, de Toinho Alves, composta no ano da morte do sanfoneiro. Em 2003, a BMG lançou o pacote “Danado de bom” constituído por um CD, um DVD e uma fita de vídeo com o anunciado, mas não cumprido “show de despedida” do Rei do Baião. O anúncio foi feito no início do especial gravado para a rede Globo em 1984. O áudio do show foi restaurado e o pacote inclui depoimentos dos convidados do show, uma visita dele à cidade de Exú, na casa de seu tio Jacó, citado na música “Respeita Januário”, um encontro com o filho Gonzaguinha e cenas de um show na TV Tupi em 1953. No mesmo ano, o selo Revivendo lançou o CD “Despedida”, no qual aparecem composições menos citadas normalmente, mas ainda assim de grande sucesso como “A dança da moda”, com Zé Dantas; “Pra onde tu vai baião”, de João do Vale e Sebastião Rodrigues; “Comício do mato” e “Estrada de Canindé”, com Humberto Teixeira; “Tambaú”, de Severino Araújo e Silvino Lopes; “Rei Bantu”, com Zé Dantas e “Baião da Penha”, de Guio de Moraes e David Nasser, entre outras. No mesmo ano, a Som Livre lançou o CD “Todos cantam Zé Dantas & Luiz Gonzaga”, em que grandes nomes da música brasileira interpretaram as principais obras que os dois compuseram juntos. No repertório, selecionado por Sami Elali, constaram “O xote das meninas”, interpretado por Chico Buarque; “Sabiá”, interpretado por Marina Elali; “Derramaro o Gai”, por Luiz Gionzaga, com participação especial de Gonzaguinha; “Vem morena”, por Gilberto Gil; “A Letra I”, por Elba Ramalho; “Riacho do Navio”, por Fagner; “Acuã”, por Gal Costa; “Cintura fina”, por Alceu Valença; “Riacho do Imbuzeiro”, por Dominguinhos; “ABC do sertão”, por Xuxa, com participação especial de Zé Ramalho; “A volta da Asa Branca”, por Sérgio Reis; “Farinhada”, por Luiz Gonzaga, com participação especial de Elba Ramalho; e “Algodão”, por Quinteto Violado. Em 2004, o selo Revivendo lançou o CD “Quarqué dia” traçando um verdadeiro painel da música nordestina com xotes, baiões, cocos, baiões e toadas, entre outros ritmos, registrando principalmente músicas menos conhecidas do “Rei do baião” como a faixa título e “Café”. No mesmo ano, “Asa Branca”, composta com Humberto Teixeira, foi apontada como uma das mais executadas, em diversas apresentações de palco, além de execuções no rádio, segundo dados da Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição). Em 2005, o  poeta Xico Bezerra lançou o CD Forroboxote 4, em homenagem ao Rei do Baião, cuja força musical fez nascer o que alguns denominam “escola Luiz Gonzaga”, à qual iúmeros artistas se declaram admiradores, ou mesmo, seguidores. Sobre esse fato, vale citar o  artigo de Tárik de Souza, publicado noJornal do Brasil em 18/08/2005, com o título “Os herdeiros do Rei”. Nele, o jornalista apresenta uma sequência de seguidores de Luiz Gonzaga, indo de Dominguinhos, Nando Cordel e Jorge de Altinho, passando por Petrúcio Amorim, Alcymar Monteiro, Maciel Melo, Carlos Moura e Targino Gondim, sem esquecer os que denomina pós-roqueiros, como Alceu Valença, Fagner, Zé Ramalho, Geraldo Azevedo, Belchior e Ednardo, além do sanfoneiro Genaro, ex-integrante do Trio Nordestino e Waldonys, entre outros. Ainda em 2005, o dia de seu nascimento, 13 de dezembro, foi transformado no “Dia Nacional do Forró”, comemorado a partir desse ano, conforme o projeto de lei da deputada Luiza Erundina, aprovado pela Câmara dos deputados. A aprovação contou com o lançamento de selo comemorativo e shows realizados em São Paulo, Campina Grande, Pernambuco e Bahia. Em 2006, foi homenageado pela escola de samba São Clemente, do Rio de Janeiro. Em dezembro desse mesmo ano, a editora Ediouro lançou o livro Gonzaguinha e Gonzagão, da escritora Regina Echeverria. Em 2007, Breno Silveira, o mesmo diretor do filme “Dois Filhos de Francisco”, reuniu a família Gonzaga para participar seu projeto de 2008 de levar às telas a história de Gonzagão e Gonzaguinha. Também em 2007, a gravadora Revivendo preparou a caixa tripla “Luiz Gonzaga: seu canto sua sanfona, seus amigos”, que inclíu, entre outras, uma gravação inédita de “Renascença”, de Onildo Almeida, além de um duo do compositor com Gonzaga, interpretando “Feira de Caruaru”, registrado nos estúdios da Rádio Jornal do Commércio, em 1958; “Polca fogueteira”, de um 78 rotações, de 1957, onde constava apenas o nome de Severino Januário, nos oito baixos, apesar de ter no vocal o autor, Luiz Gonzaga; “Erosão”, de Walter Santos e Teresa Souza, do disco “Som Brasileiro do Bamerindus” e “Forró das crianças”, parceria  com João Silva, com coro infantil para o LP Clube do Bozo, de 1984. Em 2008, teve sua composição “O Xamego da Guiomar”, parceria com Miguel Lima, gravada por Santanna, no CD “Forró A arte do abraço”, lançado pela Atração Fonográfica. Em 2009, o cantor e compositor Zé Ramalho, lançou um CD que homenageou  o Rei do Baião, e não deixou passar em branco os seus 20 anos de ausência: “Zé Ramalho canta Luiz Gonzaga”, pelo selo Descobertas. No álbum, que foi produzido por Marcelo Fróes, constaram as seguintes faixas de autoria de Luiz Gonzaga: “Baião”, “O xote das meninas”, “Asa Branca”, “No meu pé de serra”, “Qui nem jiló”, “Paraíba” e “Assum preto”, compostas em parceria com Humberto Teixeira; “Imbalança” e “São João na roça”,  compostas em parceria com Zé Dantas; “Pau de Arara”, compostas em parceria com Guo de Morais; “Olha pro céu”, compostas em parceria com José Fernandes; e “Fica mal com Deus”, compostas em parceria com Zé Ramalho. No mesmo anoEm dezembro de 2010, quando completaria 98 anos de idade, sua influência foi louvada através de diversos eventos pelo pais, inclusive no Rio de Janeiro, onde, entre outros, recebeu homenagem no programa “Puxa o Fole”, da Rádio Nacional (RJ), produzido e apresentado pelo compositor e cantor Sergival, cuja  edição foi dedicada à sua memória. Ainda em dezembro de 2010, no dia treze (data de seu aniversário) recebeu outra homenagem antecipada pelo seu centenário, com o lançamento do livro “O rei e o  baião”, uma iniciativa do Ministério da Cultura. O compêndio, que recebeu organização de Bené Fonteles, recebeu ilustrações modernas e mesclou textos analíticos com ensaios artísticos. Além disso, foi homenageado também, ao ser contemplado com o nome do mais novo museu pernambucano sobre cultura nordestina: Cais do Sertão Luiz Gonzaga. O livro lançado pelo Ministério da Cultura serviu como fundamento para o museu.  A inauguração contou com a presença do então presidente da república Luiz Inácio Lula da Silva. No mesmo ano, foi líder de execuções em todo o país, segundo o ECAD, no período das festas juninas. Esse feito já havia sido conquistado por ele na mesma época do ano em 2009. Ainda em 2010, o cantor e compositor Jurandy da Feira o homenageou, lançando o disco “Jurandy da Feira canta Gonzagão”. O CD, lançado de forma independente, teve produção do próprio Jurandy e arranjos de Roberto Stepheson, e trouxe gravações dos sucessos na voz de Luiz “Baião na garôa”, de Hervê Cordovil e Luiz Gonzaga, “Meu pageú”, de Luiz Gonzaga e Raimundo Granjeiro, “O xote das meninas”, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas, “A letra I”, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas, “Paulo Afonso”, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas, “Légua Tirana”, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, e “Noites brasileiras”, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas.  

Em 2011, foi lançada pelo selo Discobertas, em convênio com o ICCA – Instituto Cultural Cravo Albin, a caixa “100 anos de música popular brasileira”, com a reedição, em 4 CDs duplos, dos oito LPs que continham as gravações dos programas realizados pelo radialista e produtor Ricardo Cravo Albin, na Rádio MEC -RJ, em 1974 e 1975. Nesses CDs estão incluídas, em importante e inédita apresentação ao vivo perfilando o melhor de sua carreira, suas gravações para calango “Vira e mexe”, de sua autoria, e para os baiões “Dezessete e setecentos”, parceria com Miguel Lima; “Baião”, “Paraíba”, “Juazeiro”, “Magaratiba”, “Qui nem jiló” e “Asa branca”, todas com Humberto Teixeira, e “Vem morena”, “Cintura fina”, “Xote das meninas” e “Forró de Mané Vito”, com Zé Dantas. Em 2011, O instituto Cultural Cravo Albin, em parceria com o Grupo MPE, lançou uma caixa com 4 CDs exclusivamente em sua homenagem. O repertório, cuja seleção contou com supervisão de Ricardo Cravo Albin, apresentou apenas composições suas e em parceria com compositores como Zé Dantas e Humberto Teixeira. A coleção também apresentou Luiz cantando em parceria com outros artistas, como Carmélia Alves, Gonzaguinha e Fagner, além de interpretação de composições suas em outras vozes, como a de Elba Ramalho e Renato Teixeira.

Em 2012, dando abertura às comemorações do centenário de seu nascimento, Jonas Vieira e Simon Khoury lançaram, no Rio de Janeiro, no Centro de Tradições Nordestinas, o livro “Gonzagão Gonzaguinha – encontros e desencontros”, que teve como foco a ligação pessoal e musical entre Gonzagão e Gonzaguinha, bastante tumultuada durante muitos anos, até que os dois, finalmente, se abraçaram e seguiram carreira unidos até a morte, primeiro, de Luiz Gonzaga, e, pouco tempo depois,de Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior.O livro abordou ainda, entre outros assuntos, a paternidade de Gonzaguinha, e as principais composições de ambos, a começar por “Asa branca”, parceria de Luiz Gonzaga com Humberto Teixeira, que projetou e consagrou o Rei do Baião. 

No mesmo ano, foi homenageado no Rio de Janeiro pela G.R.E.S. Unidos da Tijuca, que apresentou em desfile na Marquês de Sapucaí o enredo “O Dia em que Toda a Realeza Desembarcou na Avenida para Coroar o Rei Luiz do Sertão”. Com esse enredo, comandada pelo carnavalesco Paulo Barros, e cantando o samba composto por Vadinho, Josemar Manfredini, Jorge Callado e Lias Augusto, a escola se sagrou campeão do carnaval carioca daquele ano. Dando continuidade às homenagens pelo seu centenário, foi lançado o filme “Gonzaga – De Pai Para Filho”, de Breno Silveira, mesmo diretor de “Dois Filhos de Francisco”. O longa metragem abordou a relação sua com seu filho,Gonzaguinha. Segundo reportagem do Correio Braziliense, a estreia do filme, ocorrida no cinema Odeon Petrobras, no Rio de Janeiro, “arrancou aplausos entusiásticos da plateia” e foi um dos destaques do Festival de cinema do Rio de 2012. Uma outra homenagem que recebeu em 2012 foi a peça teatral “Gonzaga – A Lenda”, de João Falcão, exibida no Teatro Sesc Ginástico, no Rio de Janeiro, RJ. No elenco, constaram o cantor Marcelo Mimoso, além de Laila Garin, Adrén Alves, Alfredo Del Penho, Eduardo Rios, Fábio Enriquez, Paulo de Melo, Renato de Paula e Ricca Barros. No mesmo ano, em ocasião do centenário de seu nascimento e também da repercussão alcançada pelo filme “Gonzaga – De pai pra filho”, a Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados (Brasília – DF) promoveu uma mesa de debates intitulada “100 anos do Gonzagão – a importância de Luiz Gonzaga para a cultura brasileira”. A mesa foi presidida pelo crítico e pesquisador Ricardo Cravo Albin, e teve participações de Chambinho do Acordeon, protagonista do filme “Gonzaga – De pai pra filho”, e Reivaldo Vinas, editor do livro “Luiz Gonzaga – o matuto que conquistou o mundo”. No fim do mesmo ano, o filme “Gonzaga – de pai pra filho”, a que mais de 2,5 milhões de pessoas já haviam assistido nos cinemas, foi editado e exibido em formato de microssérie, em quatro capítulos, pela Rede Globo de Televisão. Ainda em 2012, foi lançado o CD “Luiz Gonzaga – Baião de dois”, pela Sony Music e produzido por Fagner, em que interpretações de vários artistas da MPB e suas para obras como “Asa branca”, “Estrada de Canindé”, “Danado de bom”, “Qui nem jiló”, “A volta da Asa Branca”, “Deixa a tanga voar”, “Baião de dois” e “Onde Tú tá neném”, todas de sua autoria e com outros compositores, foram mescladas, formando “duetos virtuais”, nas músicas remasterizadas digitalmente. Do disco participaram nomes como Dominguinhos, Geraldo Azevedo, Zé Ramalho, Fagner, Jorge de Altinho, Alceu Valença, Elba Ramalho, Zélia Duncan, Zeca Pagodinho, Ivete Sangalo, Zeca Baleiro, Alcione e Gal Costa. Ainda em 2012, foi lançado o disco “Luas do Gonzaga”, produzido por Gereba, trazendo letras inéditas de artistas como Gilberto Gil, Abel Silva, Fernando Brant e Zeca BaleIro para choros e valsas que Luiz havia composto nos anos 1940. As músicas foram interpretadas, todas inéditas, foram interpretadas por nomes como Elba Ramalho, Jair Rodrigues, Jorge Vercilo, Lenine, Flávio Venturine, Margareth Menezes e o próprio idealizador do projeto, Gereba. Ainda no mesmo ano, dando seguimento às homenagens ao centenário de seu nascimento, Jorge de Altinho lançou o CD “100 anos de Gonzagão”, com os xotes e baiões de sua autoria “O fole roncou”, parceria com Nelson Va-lença, “Sabiá”, parceria com Zé Dantas, e “Mané gambá”, parceria com o próprio Jorge de Altinho. Ainda em 2012, foi homenageado também pelo grupo Fala Mansa no CD “As sanfonas do Rei”, lançado pela DeckDisk, que trouxe músicas gravadas ou compostas por ele, em duetos com nomes como Elba Ramalho, Dominguinhos, Trio Nordestino, Trio Virgulino e Miltinho Edilberto. Em 2013, ainda em celebração do centenário de seu nascimento, o Sebrae realizou uma exposição, que percorreu vários municípios do estado de Pernambuco, mostrando seu lado empreendedor, não muito conhecido do grande público. Foi homenageado também pelo grupo Fala Mansa no CD “As sanfonas do Rei”, lançado pela DeckDisk, que trouxe músicas gravadas ou compostas por ele, em duetos com nomes como Elba Ramalho, Dominguinhos, Trio Nordestino, Trio Virgulino e Miltinho Edilberto. 

Também celebrando seu centenário, no mesmo ano, foi realizada uma outra exposição, no Instituto Cultural Cravo Albin, no Rio de Janeiro (RJ), que percorreu sua vida pessoal e artística. 

A inauguração da exposição foi seguida de um show com o grupo Sotaque do Nordeste, que acompanha Fidélis do Acordeom, apresentando apenas obras suas emblemáticas. Em 2013, foi homenageado, junto com Zé Dantas, pela cantora Marina Elali, no DVD “Duetos – Homenagem a Luiz Gonzaga e Zé Dantas”. O álbum, gravado ao vivo e lançado pela Som Livre, teve participações especiais de nomes como Ivete Sangalo, Zezé di Camargo e Luciano, Elba Ramalho, Aviões do Forró, Gilberto Gil, Quinteto Violado, Waldonys, Tânia Mara, Geraldo Azevedo e Daniel Gonzaga.

Também no mesmo ano, Socorro Lira e Oswaldinho do Acordeon lançaram o CD “O Samba do Rei do Baião”, com apoio do Instituto Memória Brasil, Genesis Music, Banco do Nordeste e do Governo Federal.
No projeto, a palavra “samba” foi utilizada como sinônimo de festa.
O disco apresentou, na voz de Socorro e Oswandlinho, 14 obras de Luiz, compostas em parceria com nomes como Humberto Teixeira, Zé Dantas e Miguel Lima, em diversos ritmos, como baião, carimbo, fado, choro, maracatu, aboio, valsa e coco.

Ainda em 2013, foi homenageado também com o lançamento do livro “Lua estrela baião – A história de um Rei”, do jornalista Assis Ângelo, pela Cortez Editora. Com ilustrações de Luciano Tasso, o livro apresentou, de forma simples e acessível a todas as idades, um pouco da história e da trajetória artística de Luiz. 

Em 2014, também foi homenageado no disco “Quinteto Violado canta Gonzagão”, que foi premiado como melhor disco de música regional do ano pelo Prêmio da Música Brasileira.

Na virada de 2018 para 2019, recebeu, assim como Dominguinhos, homenagem na tradicional festa de réveillon na Avenida Paulista, em São Paulo (SP), através de um quadro de apresentações dos artistas de forró Trio Virgulino, Rastapé e Mestrinho, dentro da programação do evento.

Em 2020, seus filhos e netos veicularam nota pública de repúdio contra o governo federal, que teriam associado composições de Luiz com Zé Dantas em suas atuações de marketing. Na ocasião, seus familiares referiram-se ao então governo federal como “governo mortal”.  

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Discografias
2003 Revivendo CD Despedida

(COMPILAÇÕES E COLETÂNEAS)

2001 BMG CD Duetos com Mestre Lua-Gonzagão e convidados

(COMPILAÇÕES E COLETÂNEAS)

2001 BMG CD Luiz Gonzaga e Carmélia Alves ao vivo

(COMPILAÇÕES E COLETÂNEAS)

2001 RCA/BMG CD Volta pra curtir

(COMPILAÇÕES E COLETÂNEAS) (Gravado ao vivo)

1995 Revivendo CD Meu pé de serra

(COMPILAÇÕES E COLETÂNEAS)

1994 Revivendo CD Sanfona dourada

(COMPILAÇÕES E COLETÂNEAS)

1993 Revivendo CD Êta cabra danado de bom

(COMPILAÇÕES E COLETÂNEAS)

1989 RCA Victor / BMG Ariola LP Asa branca
1989 Magazine LP Missa de vaqueiro

Album duplo.

1989 Copacabana LP Vou te matar de cheiro
1988 RCA LP 50 anos de chão

(COMPILAÇÕES E COLETÂNEAS) (Em 5 discos.)

1988 RCA-Ariola LP Aí tem Gonzagão
1988 RCA (BMG) LP Gonzagão e Fagner 2
1987 RCA Victor LP De fiá pavi
1986 RCA Camden LP Forró de cabo a rabo
1985 RCA LP 45 anos de sucesso

(COMPILAÇÕES E COLETÂNEAS)

1985 RCA-Camden LP Sanfoneiro macho
1984 RCA/Camden LP Danado de bom
1984 RCA LP Luiz Gonzaga e Fagner
1984 RCA LP Luiz Gonzaga/Camargo Guanieri
1983 RCA LP 70 anos de sanfona e simpatia
1982 RCA LP Eterno cantador
1982 RCA LP O Rei volta para casa

(COMPILAÇÕES E COLETÂNEAS)

1982 Som Livre LP Os grandes momentos de Luiz Gonzaga

(COMPILAÇÕES E COLETÂNEAS)

1982 RCA LP Os grandes sucessos de Luiz Gonzaga

(COMPILAÇÕES E COLETÂNEAS)

1981 RCA LP A festa
1981 EMI-Odeon/RCA LP Gonzagão e Gonzaguinha ao vivo, a vida do viajante
1981 RCA LP Luiz Gonzaga. Vol. 3

(COMPILAÇÕES E COLETÂNEAS)

1980 RCA Compacto simples Luiz Gonzaga
1980 RCA Victor LP O homem da terra
1979 RCA LP Disco de Ouro Vol. 2
1979 RCA LP Discografia básica

(COMPILAÇÕES E COLETÂNEAS)

1979 RCA LP Eu e meu pai
1979 RCA LP Luiz Gonzaga. Vol. 2

(COMPILAÇÕES E COLETÂNEAS)

1979 RCA LP Quadrilhas e marchinhas Vol. 2
1978 Copacabana LP A grande música de Luiz Gonzaga
1978 RCA Camden LP Dengo maior
1977 RCA LP Luiz Gonzaga & Carmélia Alves
1977 Abril Cultural 33/10 pol. Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira

(COMPILAÇÕES E COLETÂNEAS)

1976 RCA Camden LP Capim novo
1975 RCA LP Asa Branca

(COMPILAÇÕES E COLETÂNEAS)

1975 RCA Camden LP Asa branca - Disco de Ouro
1975 RCA Camden LP Chá Cutuba
1974 EMI Odeon / Jangada LP A nova Jerusalém
1974 EMI LP Daquele jeito
1974 EMI - Odeon LP O fole roncou
1974 RCA LP Sanfona do povo

(COMPILAÇÕES E COLETÂNEAS)

1974 RCA LP São Paulo-QG do baião

(COMPILAÇÕES E COLETÂNEAS)

1973 Odeon LP Luiz Gonzaga
1973 RCA Camden LP Quadrilhas e marchinhas juninas
1972 RCA Camden LP Aquilo bom!
1972 RCA Victor LP São João quente
1971 RCA LP Luiz Gonzaga. Vol. 1

(COMPILAÇÕES E COLETÂNEAS)

1971 RCA Victor LP O canto jovem de Luiz Gonzaga
1970 RCA LP A triste partida

.

1970 RCA Camden LP Luiz Gonzaga canta seus sucessos com Zé Dantas
1970 RCA / Editora Abril Cultural 33/10 pol. Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira
1970 RCA LP O Nordeste na voz de Luiz Gonzaga
1970 RCA Victor LP Sertão 70
1968 RCA Victor LP Canaã
1968 RCA Camden LP Meus sucessos com Humberto Teixeira
1968 RCA LP Meus sucessos com Humberto Teixeira

(COMPILAÇÕES E COLETÂNEAS)

1968 RCA Victor LP O sanfoneiro do povo de Deus
1968 RCA Camden LP Os grandes sucessos de Luiz Gonzaga
1968 RCA LP Os grandes sucessos de Luiz Gonzaga

(COMPILAÇÕES E COLETÂNEAS)

1968 RCA Victor LP São João do Araripe
1967 RCA Victor LP Óia eu aqui de novo
1966 RCA Camden LP Luiz Gonzaga - sua sanfona e sua simpatia
1966 RCA LP Luiz Gonzaga, sua sanfona e sua simpatia

(COMPILAÇÕES E COLETÂNEAS)

1964 RCA Victor LP Sanfona do povo
1963 Victor 78 Linforme instravagante/Desse jeito sim
1963 Victor 78 Pedido a São João/A morte do vaqueiro
1963 RCA Victor LP Pisa no pilão
1962 Victor 78 Matutu aperriado/De Teresina a São Luiz
1962 RCA LP O Nordeste na voz de Luiz Gonzaga

(COMPILAÇÕES E COLETÂNEAS)

1962 Victor 78 O véio macho/Pássaro Caraó
1962 Victor 78 Sanfoneiro Zé Tatu/Baldrona macia
1962 RCA Victor LP São João na roça
1962 RCA Victor LP Véio macho
1961 RCA Victor LP Luiz "Lua" Gonzaga
1960 Victor 78 Amor da minha vida/Meu padrim
1960 Victor 78 São João do arraial/Testamento de caboclo
1960 Victor 78 Vida de vaqueiro/Maceió
1959 Victor 78 Fogueira de São João/Casamento atrapaiado
1959 RCA Victor LP Luiz Gonzaga canta seus sucessos com Zédantas

(COMPILAÇÕES E COLETÂNEAS)

1959 Victor 78 Marcha da Petrobrás/Calango da lacraia
1959 Victor 78 O sertanejo do Norte/Xote do véio
1958 Victor 78 A moda da mula preta/Xote das moças
1958 Victor 78 Chorei chorão/Balance eu
1958 Victor 78 Forró no escuro/Moça de feira
1958 Victor 78 Que modelo são os seus/Festa no céu
1958 Victor 78 Sertão sofredor/Gibão de couro
1958 RCA Victor LP São João na roça

(COMPILAÇÕES E COLETÂNEAS)

1958 RCA Victor LP Xamego

(COMPILAÇÕES E COLETÂNEAS)

1957 Victor 78 A feira de Caruaru/Capital do agreste
1957 Victor 78 Linda brejeira/Meu Pajeú
1957 Victor 78 O delegado no coco/Comício no mato
1957 Victor 78 O passo da rancheira/São João antigo
1957 RCA Victor LP O reino do baião

(COMPILAÇÕES E COLETÂNEAS)

1957 Victor 78 Quarqué dia/Malha de bois
1956 RCA Victor LP Aboios e vaquejadas
1956 Victor 78 Braia dengosa/Tesouro e meio
1956 Victor 78 Buraco do tatú/Açucena cheirosa
1956 Victor 78 Derramaro o gai/Vassouras
1956 Victor 78 Mané Zabé/Lenda de São João
1956 Victor 78 O cheiro de Carolina/Aboio apaixonado
1956 Victor 78 Siri jogando bola/Saudade da boa terra
1956 Victor 78 Tacacá/Chorão
1955 RCA Victor LP A História do Nordeste na voz de Luiz Gonzaga
1955 Victor 78 Baião dos namorados/Ai amor
1955 Victor 78 Baião grãfino/Só vale quem tem
1955 Victor 78 Café/Cabra da peste
1955 Victor 78 Forró do Zé Tatu/Riacho do navio
1955 Victor 78 Paulo Afonso/Padroeira do Brasil
1954 Victor 78 A canção do carteiro/Velho pescador
1954 Victor 78 Cana, só de Pernambuco/relógio Baião
1954 Victor 78 Cartão de Natal/Maria fulô
1954 Victor 78 Noites brasileiras/Lascando o cano
1954 Victor 78 Olha a pisada/Vô pra casa já
1953 Victor 78 A letra I/Algodão
1953 Victor 78 ABC do sertão/Vozes da seca
1953 Victor 78 Feira de gado/Velho novo Exu
1953 Victor 78 Moreninha tentação/Saudade de Pernambuco
1953 Victor 78 O xote das meninas/Treze de dezembro
1953 Victor 78 Para xaxar/A vida do viajante
1953 Victor 78 São João chegou/O casamento de Rosa
1952 Victor 78 Acauã/Adeus Pernambuco
1952 Victor 78 Baião da garoa/Piauí
1952 Victor 78 Baião de Vassouras/Beata mocinha
1952 Victor 78 Catamilho na festa/Pau-de-arara
1952 Victor 78 Cigarro de paia/Baião da garoa
1952 Victor 78 Marabaixo/Jardim da saudade
1952 Victor 78 Paraíba/Asa branca
1952 Victor 78 Respeita Januário/Légua tirana
1952 Victor 78 São João do carneirinho/Imbalança
1952 Victor 78 São João na roça/Juca
1952 Victor 78 Vamos xaxear/Xaxado
1951 Victor 78 Madama/Conversa de barbeiro
1951 Victor 78 Maria, coco-baião/Amanhã eu vou
1951 Victor 78 Propriá/Olha pro céu
1951 Victor 78 Sabiá/Baião da penha
1951 Victor 78 Tô sobrando/Morena, moreninha
1950 Victor 78 A dança da moda/Respeita Januário
1950 Victor 78 Adeus Rio de Janeiro/Rei Bantu
1950 Victor 78 Assum preto/Cintura fina
1950 Victor 78 Chofer de praça/No Ceará não tem disso não
1950 Victor 78 Macapá/Boiadeiro
1950 Victor 78 O torrado/Estrada de Canindé
1950 Victor 78 Vira e mexe/Qui nem jiló
1950 Victor 78 Xanduzinha/A volta da asa Branca
1949 Victor 78 Dezessete légua e meia/Forró de Mané Vito
1949 Victor 78 Juazeiro/Baião
1949 Victor 78 Lorota boa/Mangaratiba
1949 Victor 78 Siridó/Légua tirana
1949 Victor 78 Vem morena/Quase maluco
1949 Victor 78 Vou mudar de couro/Gato angorá
1948 Victor 78 A moda da mula preta/Firim firim firim
1947 Victor 78 Balanço do calango/Coração de mulher
1947 Victor 78 Quer ir mais eu?/Pau de sebo
1947 Victor 78 Todo homem quer/Tenho onde morar
1947 Victor 78 Vou pra roça/Asa branca
1946 Victor 78 Eu vou cortando/Caí no frevo
1946 Victor 78 Marieta/De Juazeiro a Pirapora
1946 Victor 78 No meu pé de serra/Pagode russo
1946 Victor 78 Não bate nele/Calango da lacraia
1946 Victor 78 Pão duro/Sabido
1946 Victor 78 Saudades de Matão/Brejeiro
1946 78 Toca uma polquinha/Feijão cum côve
1946 Victor 78 É pra rir ou não é/Devolve/Não quero saber
1946 Victor 78 Ó de casa/Xamego das cabrochas
1945 Victor 78 Bolo mimoso/Dança do macaco
1945 Victor 78 Caxangá/Cortando o pano
1945 Victor 78 Dança, Mariquinha/Impertinente
1945 Victor 78 Festa napolitana/Ovo azul
1945 Victor 78 Na hora H/Mara
1945 Victor 78 Penerô/Sanfona dourada
1945 Victor 78 Perpétua/Isto é o que nós queremos

(c/Ataulfo Alves cantando)

1945 Victor 78 Provocando as cordas/Última inspiração
1945 Victor 78 Queixumes/Zinha
1944 Victor 78 Catimbó/Despedida
1944 Victor 78 Escorregando/Madrilena
1944 Victor 78 Fazendo intriga/Vanda
1944 Victor 78 Luar do Nordeste/Bilu Bilu
1944 Victor 78 Passeando em Paris/Aperriado
1944 Victor 78 Recordações de alguém/Pingo namorando
1944 Victor 78 Subindo ao céu/Fuga da África
1944 Victor 78 Xodó/Caprichos do destino
1943 78 Apanhei-te cavaquinho/Yvonme
1943 Victor 78 Araponga/Meu passado
1943 Victor 78 Destino/Galo Garnizé
1943 Victor 78 Manolita/O xamego da Guiomar
1942 Victor 78 Aquele chorinho/Lygia
1942 Victor 78 Calangotango/Minha Guanabara
1942 Victor 78 Sanfonando/Verônica
1942 Victor 78 Saudade/Apitando na curva
1942 Victor 78 Saudades de Areal/Pisa de mansinho
1942 Victor 78 Saudades de Ouro Preto/Pé de serra
1942 Victor 78 Seu Januário/Sant'Anna
1941 Victor 78 Farolito/Segura a polca
1941 Victor 78 Nós queremos uma valsa/Arrancando caroá
1941 Victor 78 Saudades de São João Del Rey/Vira e mexe
1941 Victor 78 Véspera de São João/Numa serenata
Obras
A dança do Nicodemos (c/ José Marcolino)
A letra I (c/ Zédantas)
A morte do vaqueiro (c/ Nelson Barbalho)
A mulher do Lino (c/ Miguel Lima)
A mulher do sanfoneiro (c/ João Silva)
A puxada (c/ João Silva)
A vida do viajante (c/ Hervê Cordovil)
A volta da asa branca (c/ Zédantas)
ABC do sertão (c/ Zédantas)
Aboio apaixonado
Abraço do baião (c/ David Násser)
Acácia amarela (c/ Orlando Silveira)
Adeus Iracema (c/ Zédantas)
Adeus Rio de Janeiro (c/ Zédantas)
Ai amor (c/ Zédantas)
Ai, Miquilina (c/ Guio de Morais)
Ai, ai Portugal (c/ Humberto Teixeira)
Alembrando (c/ Severino Januário)
Algodão (c/ Zédantas)
Alvorada da paz (c/ Lourival Passos)
Amanhã eu vou (c/ Beduíno)
Aperriado
Apitando na curva
Apologia do jumento (c/ José Clementino)
Aquele chorinho
Aquilo bom (c/ Severino Ramos)
Aquilo sim que era vida (c/ J. Portela)
Araponga
Arcoverde meu (c/ João Silva)
Arrancando caroá
Asa branca (c/ Humberto Teixeira)
Assum preto (c/ Humberto Teixeira)
Baboleando (c/ Miguel Lima)
Baião (c/ Humberto Teixeira)
Baião da garoa
Baião de Vassouras (c/ David Násser)
Baião de dois (c/ Humberto Teixeira)
Baião do pescador (c/ Hervê Cordovil)
Baião dos namorados (c/ Sylvio M. de Araújo)
Baião granfino (c/ Marcos Valentim)
Baião no Braz (c/ Humberto Teixeira)
Balaio (c/ Zédantas)
Balaio de Veramundo (c/ Zédantas)
Balance Eu (c/ Nestor de Hollanda)
Balanço do calango (c/ J. Portella)
Bilu Bilu (c/ Miguel Lima)
Boi bumbá (c/ Luiz Gonzaga Jr. )
Braia Dengosa (c/ Zédantas)
Cabra da peste (c/ Zédantas)
Cabra macho (c/ Severino Januário)
Cachorro do má (c/ Severino Januário)
Cacimba nova (c/ José Marcolino)
Café (c/ Zédantas)
Calango da lacraia (c/ J. Portela)
Calangotango
Cana, só de Pernambuco (c/ Victor Simão)
Canastrinha (c/ Severino Januário)
Cantarino (c/ Nelson Valença)
Canto sem protesto (c/ Luiz Queiroga)
Capim novo (c/ José Clementino)
Capricho nortista (c/ Humberto Teixeira)
Carapina (c/ Severino Januário)
Cariri (c/ Humberto Teixeira)
Cartão de Natal (c/ Zédantas)
Casamento de Rosa (c/ Zédantas)
Catamilho na festa
Cavalo crioulo (c/ Janduhy Finizola)
Caxangá
Caí no frevo
Chapéu de coco e gratidão (c/ Aguinaldo Batista)
Chorei, Chorão (c/ Lorival Passos)
Choromingo
Cidadão sertanejo (c/ João Silva)
Cintura fina (c/ Zédantas)
Contraste de várzea (c/ José Clementino)
Conversa de barbeiro (c/ David Násser)
Corridinho Canindé (c/ Lourival Passos)
Cortando o pano (c/ Miguel Lima)
Creuza Morena (c/ Lourival Passos)
Criança má (c/ Giuseppe Ghiaroni)
Danado de bom (c/ João Silva)
Dança da moda (c/ Zédantas)
Dança de Nicodemos
Dança do macaco
Dança, Mariquinha (c/ Miguel Lima)
Daquele jeito (c/ Luiz Ramalho)
De Juazeiro a Pirapora
De Juazeiro pro Crato (c/ Julinho)
Dedo mindinho
Deixa a tanga voar (c/ João Silva)
Derramaro o gai (c/ Zédantas)
Desse jeito sim (c/ José Jataí)
Dezessete e setecentos (c/ Miguel Lima)
Dona Vera tricotando (c/ Humberto Teixeira)
Doutor do baião (c/ João Silva)
Dúvida (c/ Domingos Ramos)
Estrada de Canindé (c/ Humberto Teixeira)
Eu e minha branca (c/ Luiz Gonzaga Jr. )
Eu vou cortando (c/ Miguel Lima)
Eu vou pro Crato (c/ José Jataí)
Fazendo intriga
Feijão cum côve (c/ Jeová Portela)
Feira do gado (c/ Zédantas)
Firim firim firim (c/ Antonio Nogueira)
Flor de lírio (c/ João Silva)
Fogo sem fusil (c/ José Marcolino)
Fogueira de São João (c/ Carmelina)
Fole gemedor
Fole roncou (c/ Nelson Valença)
Forrofiar (c/ João Silva)
Forró das crianças (c/João Silva)
Forró de Mané Vito (c/ Zédantas)
Forró de Ouricuri (c/ João Silva)
Forró de Pedro Chaves
Forró de cabo a rabo (c/ João Silva)
Forró do Quelemente (c/ Zédantas)
Forró do bom (c/ João Silva)
Forró gostoso (c/ João Silva)
Forró no escuro
Fruta madura (c/ João Silva)
Fuga da África
Galo garnizé (c/ Antonio Almeida)
Garota Todeschini (c/ João Silva)
Gato angorá (c/ Humberto Teixeira)
Gauchita
Gibão de Couro
Imbalança (c/ Zédantas)
Impertinente
Juazeiro (c/ Humberto Teixeira)
Jumento é nosso irmão (c/ José Clementino)
Juvina (c/ Nelson Valença)
Já era tempo (c/ João Silva)
Karolina com K
Lampião era besta não (c/ Solange Veras)
Lascando o cano (c/ Zédantas)
Lenha de São João (c/ Zédantas)
Lenha verde (c/ João Silva)
Lorota boa (c/ Humberto Teixeira)
Luar do Nordeste
Lula meu filho (c/ Aguinaldo Batista)
Lygia
Lá vai pitomba (c/ Onildo Almeida)
Légua tirana (c/ Humberto Teixeira)
Macapá (c/ Humberto Teixeira)
Madame baião (c/ David Násser)
Madrilena (c/ Antonio Almeida)
Malhada dos bois (c/ Amânico Cardoso)
Mambo não (c/ Denis Brean)
Mangaratiba (c/ Humberto Teixeira)
Manoelito cidadão (c/ Helena Gonzaga)
Mané Gambá (c/ Jorge de Altinho)
Mané Zabé (c/ Zédantas)
Mané gambá c/ Jorge de Altinho
Mara
Marcha da Petrobrás (c/ N. Barbalho e J. Augusto)
Maria (c/ Zédantas)
Mariana (c/ Luiz Gonzaga Jr. )
Marieta
Marimbondo (c/ José Marcolino)
Matuto aperriado (c/ José Marcolino)
Matuto de opinião (c/ Luiz Gonzaga Jr. )
Mazurca (c/ Raimundo Granjeiro)
Me deixe em paz (c/ Humberto Teixeira)
Meu Araripe (c/ João Silva)
Meu Pajeú (c/ Raimundo Granjeiro)
Meu pandeiro (c/ Ari Monteiro)
Meu passado (c/ W. Gomes)
Minha Fulô (c/ Zédantas)
Morena bela (c/ João Silva)
Morena, moreninha (c/ Hervê Cordovil)
Moreninha tentação (c/ Moacyr de Araújo)
Mulher de hoje (c/ Nelson Valença)
Na hora H
Nem se despediu de mim (c/ João Silva)
No meu pé de serra (c/ Humberto Teixeira)
No pianco (c/ José Marcolino)
Noites brasileiras (c/ Zédantas)
Nordeste pra frente (c/ Luiz Queiroga)
Numa sala de reboco (c/ José Marcolino)
Numa serenata
Não vendo nem troco (c/ Luiz Gonzaga Jr. )
Não é só a Paraíba que tem Zé
O Papa e o jegue (c/ Otacílio Batista)
O bom improvisador (c/ Nelson Valença)
O fole roncou (c/ Nelson Valença)
O fole roncou c/ Nelson Valença
O jumento é nosso irmão (c/ José Clementino)
O machucado (c/ Zédantas)
O passo da rancheira (c/ Zédantas)
O passo do pinguim (c/ Humberto Teixeira)
O resto a gente ajeita (c/ Dalton Vogeler)
O tocador quer beber (c/ Carlos Diniz)
O torrado (c/ Zédantas)
O xamego da Guiomar
O xote das meninas (c/ Zédantas)
Olha a pisada (c/ Zédantas)
Olha pro céu (c/ José Fernandes)
Os bacamarteiros (c/ Janduhy Finizola)
Outro amanhã será (c/ João Silva)
Padroeira do Brasil (c/ Raimundo Granjeiro)
Pagode russo (c/ João Silva)
Para xaxar (c/ Sylvio M. Araújo)
Paraíba (c/ Humberto Teixeira)
Passeando em Paris
Pau de sebo (c/ Lunga)
Pau-de-arara (c/ Guio de Morais)
Pau-de-arara de Minas Gerais (c/ Carlos Antunes)
Paulo Afonso (c/ Zédantas)
Penerô Xerém (c/ Miguel Lima)
Perpétua (c/ Miguel Lima)
Pingo namorando
Piracuru (c/ Humberto Teixeira)
Pisa de mansinho
Pobre do sanfoneiro (c/ João Silva)
Polca fogueteira
Pra que mais mulher (c/ João Silva)
Projeto Asa Branca (c/ José Marcolino)
Pronde tu vai, Luiz (c/ Zédantas)
Propriá (c/ Guio de Morais)
Pássaro Caraó (c/ José Marcolino)
Pão duro (c/ Assis Valente)
Pé de serra
Quadrilha chorona (c/ Chico Anísio)
Quase maluco (c/ Victor Simão)
Que Modelos são os seus
Que é que tu qué (c/ Zédantas)
Quem é? (c/ Jararaca)
Quer ir mais eu? (c/ Miguel Lima)
Quero chá (c/ José Marcolino)
Qui nem jiló (c/ Humberto Teixeira)
Qui ri qui qui (c/ Audízio Brizeno)
Recado do velho (c/ João Silva)
Regresso do Rei (c/ Onildo Almeida)
Rei Bantu (c/ Zédantas)
Reis do baião (c/ Luiz Bandeira)
Respeita Januário (c/ Humberto Teixeira)
Retrato de um forró (c/ Luiz Ramalho)
Riacho do navio (c/ Zédantas)
Rio Brígida (c/ Luiz Gonzaga Jr. )
Rodovia Asa Branca (c/ João Silva)
Roendo unha (c/ Luiz Ramalho)
Sabido
Sabiá (c/ Zédantas)
Sabiá c/ Zé Dantas
Salmo dos aflitos (c/ Humberto Teixeira)
Sanfona do povo (c/ Luiz Guimarães)
Sanfona dourada
Sanfonando
Sanfoneiro macho (c/ Onildo Almeida)
Sanfoninha choradeira (c/ João Silva)
Sangue nordestino (c/ João Silva)
Sant'Anna
Santo Antônio nunca casou (c/ João Silva)
Sarapaté (c/ Anselmo Domingues)
Saudades de Ouro Preto
Se não fosse esse meu fole (c/ Severino Ramos)
Se quer ver vem cá (c/ Miguel Lima)
Sequei os olhos (c/ João Silva)
Serra talhada (c/ Severino Januário)
Serrote agudo (c/ José Marcolino)
Sertão de aço (c/ José Marcolino)
Seu Januário
Siri jogando bola (c/ Zédantas)
Siridó (c/ Humberto Teixeira)
São João antigo (c/ Zédantas)
São João chegou (c/ Mariza Coelho)
São João do carneirinho (c/ Guio de Morais)
São João na roça (c/ Zédantas)
São João nas Capitá (c/ Luiz Ramalho)
Só vale quem tem (c/ Zédantas)
Tacacá (c/ Lorival Passos)
Taqui prá tu (c/ João silva)
Tenho onde morar (c/ Dário de Souza)
Tesouro e Meio
Toca pai (c/ João Silva)
Toca sanfoneiro (c/ Stelinha Egg)
Toca uma polquinha
Toque de rancho (c/ J. Ferreira)
Treze de dezembro (c/ Zédantas)
Tudo é bão (c/ Zédantas)
Tá bom demais (c/ Onildo Almeida)
Tá legal (c/ Zédantas)
Tô sobrando (c/ Herve Cordovil)
Um pra mim, um pra tu (c/ João Silva)
Umbuzeiro da saudade (c/ João Silva)
Vamos xaxear (c/ G. Nascimento)
Vanda
Vassouras (c/ David Násser)
Velho novo Exu (c/ Sylvio M. Araújo)
Velho pescador (c/ Hervê Cordovil)
Vem morena (c/ Zédantas)
Verônica
Vida de vaqueiro
Vira e mexe
Viva meu Padim (c/ João Silva)
Vou mudar de couro (c/ Humberto Teixeira)
Vou pra roça (c/ Zé Ferreira)
Vou te matar de cheiro (c/ João Silva)
Vozes da seca (c/ Zédantas)
Véspera de São João (c/ F. Reis)
Vê se ligas pra mim (c/ João Silva)
Vô casá já (c/ Zédantas)
Xamego das cabrochas (c/ Miguel Lima)
Xanduzinha (c/ Humberto Teixeira)
Xaxado (c/ Hervê Cordovil)
Xeêm (c/ José Clementino)
Xodó
Xote dos cabeludos (c/ José Clementino)
É Pra rir ou não é (c/ Carlos Barroso)
É sem querer (c/ Onildo Almeida)
Ó de casa (c/ M. Rossi)
Shows
1972 - Teatro Tereza Rachel - Rio de Janeiro.
1977 - Com Carmélia Alves - Teatro João Caetano - Rio de Janeiro.
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.

COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.

DREYFUS, Dominique. Vida do viajante. A saga de Luiz Gonzaga. Editora 54, 1997.

ECHEVERRIA, Regina. Gonzaguinha e Gonzagão. Ediouro.2006

FONTELES, Bené (org.). O rei e o baião. Ministério da Cultura, Recife, 2010.

FUSCALDO, Chris. Discobiografia Mutante: Álbuns que revolucionaram a música brasileira. Rio de Janeiro: Editora Garota FM Books, 2018. 2ª ed. Idem, 2020.

KHOURY & VIEIRA, Simon e Jonas. Gonzagão Gonzaguinha – encontros e desencontros. Rio de Janeiro, 2012.

KHOURY, Simon e VIEIRA, Jonas. Gonzagão Gonzaguinha – encontros e desencontros. Rio de Janeiro, 2012.

OLIVEIRA, Gildson. Luiz Gonzaga. O matuto que conquistou o mundo. Letraviva, 2000.

REPPOLHO. Dicionário Ilustrado de Ritmos & Instrumentos de Percussão. Rio de Janeiro: GJS Editora, 2012. 2ª ed. Idem, 2013.

SA, Sinval. O sanfoneiro do riacho da Brígida. Governo de Pernambuco, 1986

Crítica

Gonzaga não é só o melhor dentre todos os cantores de alma sertaneja, mas também o mais importante cantor-músico-compositor que o nordeste já produziu. Exagero? Pelo contrário, estou sendo até muito reservado em lhe avaliar a justa dimensão. Até porque Gonzaga não é só gênio do nordeste, é gênio da MPB, na mesmíssima dimensão de Ary Barroso, Pixinguinha, Tom Jobim ou Chico Buarque. Mas isso são outros quinhentos, e essa história de comparação só me dá aborrecimentos, dos quais nunca tenho o bom-senso de fugir.

Para que se entenda a réstia de luz que sempre coroou a cabeça (chata, de bom pau-de-arara) do nosso Gonzaga, não se pode deixar de levar em consideração a persona, o personagem extraordinário que ele jogava com maestria em todas suas insuperáveis criações como cantor e sanfoneiro. Gonzaga não só representou, ele foi a personificação de um país ainda alegre e tragicamente exuberante durante trinta anos, 1945 a 1975, pelo menos. Ninguém o fez com mais força e mais visceralidade, nem antes dele (só abro exceção para Carmem Miranda), nem depois dele.

O grande artista não deixa de ter razão, porque nos anos 30, e subseqüentes, o eixo Rio-São Paulo sempre produziu três repertórios anuais: o carnavalesco, o junino e o meio do ano (que era todo o resto, apesar da impropriedade do termo que excluía, obviamente, o repertório junino).

Só que depois que chegou para a MPB como um foguete a partir de 1945, quando começou a cantar suas próprias músicas, Gonzaga se fez também o melhor intérprete do São João no Brasil. E por quê? As festas juninas, que tinham o forte numa música inspirada nas tradições do campo, adotou Gonzaga como modelo perfeito. E as rancheiras, além dos xotes, baiões e cocos, substituíram as marchinhas da época de ouro no período junino.

Portanto, esse modismo do forró de hoje tem suas melhores raízes plantadas em Luiz Gonzaga, mesmo antes dos anos 50.

Melhores? Vamos ser ainda mais claros e radicais: o certo é a palavra única. Gonzaga foi, com toda a certeza, a árvore, o sólido jacarandá, cujos galhos são todos os outros.

Trocando em miúdos: o pai do forró e pai dos filhos do forró. Mas sem qualquer responsabilidade, é claro, com as ervas daninhas que os passarinhos fazem crescer na copa da árvore. Essa escória, que sempre infesta o mercado fonográfico, nada tem a ver com a nobreza da árvore e de seus galhos.

Ricardo Cravo Albin