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Nome Artístico
Lucia Turnbull
Nome verdadeiro
Lucia Maria Turnbull
Data de nascimento
22/4/1953
Local de nascimento
São Paulo, SP
Dados biográficos

Cantora. Compositora. Multi-instrumentista (guitarra, violão, viola de 12 cordas).

Aos cinco anos de idade gravou um comercial para televisão, cantando o jingle dos Biscoitos Aymoré.

Integrou, ao lado de Renato Borghi, Analu Prestes e Esther Góes, entre outros, o grupo de teatro Pão e Circo, de Luiz Antonio Martinez Corrêa, com o qual encenou a peça “O Casamento do Pequeno Burguês”, de Bertold Brecht.

Atuou na área publicitária, compondo jingles e vinhetas. 

Residiu em Londres na adolescência na década de 1960 e na Escócia de 1990 a 1994.

Dados artísticos

Aos 16 anos mudou-se para Londres, onde formou o grupo folk Solid British Hat Band. 

Em 1971, de volta ao Brasil, tornou-se amiga dos Mutantes, sendo apresentada ao grupo pelo baterista Dinho Leme, na época, namorado de sua irmã Lillly. No ano seguinte, em 1972, fez o show de abertura da banda no Teatro Oficina, em São Paulo. Ainda em 1972, atuou como vocalista nas faixas “Vamos tratar da saúde” (Arnaldo Baptista, Liminha e Rita Lee) e “De novo aqui meu bom José” (Arnaldo Baptista, Liminha, Sérgio Dias e Rita Lee) no LP “Hoje é o primeiro dia do resto da sua vida”, segundo disco solo de Rita Lee. . Neste mesmo ano, de 1972, montou show individual no Teatro 13 de Maio, com a participação de Ritchie nas flautas e vocais. Ainda em 1972 formou com Rita Lee a dupla Cilibrinas do Éden, participando no ano seguinte, em 1973, ao lado de Gilberto Gil, Sérgio Sampaio, Chico Buarque, Raul Seixas, Jorge Benjor, Elis Regina, Gal Costa, MPB4, Odair José, Caetano Veloso e Wilson Simonal, entre outros, da mostra “Phono 73”, produzida por Roberto Menescal, Armando Pittigliani e Nelson Motta, realizada no Palácio das Convenções do Anhembi, em São Paulo nos dias 11, 12 e 13 de maio, no qual a dupla Cilibrinas do Éden executou as composições “Mamãe natureza” (Rita Lee), “Bad trip” e “Jardim elétrico”, de Arnaldo Baptista, Sérgio Dias e Rita Lee. Segundo a biógrafa da banda Mutantes, a pesquisadora Chris Fuscaldo:

 

“O evento foi documentado no LP Phono 73 – O Canto de Um Povo de três volumes, e reeditado em CD duplo, em 1997, Em 2005, foi lançada a caixa Phono 73, com dois CDs e um DVD editado com imagens inéditas registradas pelo cineasta Guga de Oliveira em 35 mm. Por causa das distorções que permearam as gravações das Cilibrinas do Éden e dos Mutantes, o som das bandas não foi parar em nenhum desses registros, apesar de uma foto ainda do tempo em que os Mutantes era um trio aparecer na capa de todos os produtos lançados pela gravadora.” 

 

Também em 1973 passou a atuar, como guitarrista e vocalista, no Tutti Frutti, banda de apoio de Rita Lee, com o qual excursionou pelo Brasil. De volta a São Paulo, o show foi gravado na íntegra, registrando a estreia, como produtor musical, de Liminha, então baixista dos Mutantes. 

No ano de 1974, recebeu o prêmio de “Melhor Guitarra Rítmica do Brasil”, conferido pela “Revista Pop”. 

No ano seguinte, em 1975, teve a oportunidade de tocar com Eric Clapton, durante uma festa realizada na casa de André Midani, então presidente da gravadora PolyGram, surpreendendo o guitarrista com o fato de ter sido a primeira mulher a tocar guitarra no Brasil. Ainda em m 1975, integrando a banda Tutti Frutti, participou como guitarrista e vocalista do disco “Fruto proibido”, de Rita Lee.

Em 1976, formou o grupo Bandolim, juntamente com Péricles Cavalcanti (violão) e Rodolfo Stroetter (contrabaixo), e participou da montagem do musical “Rocky Horror Show”, ao lado de Paulo Villaça, Antonio Bivar e Zé Rodrix, entre outros. No ano posterior, em 1977, foi convidada por Gilberto Gil para participar dos vocais de “Refavela” e excursionou pelo país com Gil e Rita Lee no show “Refestança”. 

Em 1979 lançou, pela gravadora EMI-Odeon, um compacto simples com as faixas “Música no ar” (Renato Ladeira e Marcus Veras) e “Ói nóis aqui tra veis”, de Geraldo Blota e Joseval Peixoto. O disco contou com produção e participação especial de Gilberto Gil. No ano posterior, em 1980, gravou o seu primeiro LP, pela EMI-Odeon, produzido pelo guitarrista Perinho Santana. No disco incluiu as suas composições “Capricónio”, “De leve, levantando”, “Vento”, as três em parceria com Mathilda Kóvak, e ainda, “Perto do infinito” e “Bobagem”, as duas últimas em parceria com Rita Lee. No LP também interpretou as músicas “Toda manhã brilha o sol” (Leninha e Perinho Santana); “Sete sílabas” (Gilberto Gil e Perinho Santana); “Você todo dia” (Vinícius Cantuária); “Burucuntum” (J. B. da Silva “Sinhô”) e “Luminosa”, de autoria de Gonzaguinha, além da faixa-título “Aroma”, composta especialmente por Gilberto Gil para ela. Neste mesmo ano, de 1980, a sua interpretação para a composição “Aroma”, de Gilberto Gil, foi incluída na trilha sonora da novela “Plumas & Paetês”, da Rede Globo, lançada em LP pela gravadora Som Livre.

Em 1981 fez dueto com Rita Lee na faixa “Mamãe natureza” (Mother nature), com versão em inglês de Rita Lee e Roberto de Carvalho, incluída no LP “Saúde”, de Rita Lee, lançado pela gravadora Som Livre.

No ano de 1985 participou do LP “Sossega Leão”, lançado pela gravadora Continental, do grupo Sossega Leão, integrado por Guga Stroeter, Skowa, Hamilton Moreno, Adriano Japonês, Chico Guedes, Eduardo Cabello, Fernando Marconi, Alaor, Dorival Galante, Marcelo Tuba, Matias Capovilla, Cláudio Gato Faria e Félix Wagner. No disco interpretou em trio com as cantoras Ná Ozzetti e Suzana Salles a faixa “Ninguém é um”, de autoria de Jean Garfunkel, Paulo Garfunkel e Jaime Prata.

Em 1992 teve a sua composição “Bobagem”, em parceria com Rita Lee, incluída no CD “O Marginal”, de Cássia Eller, lançado pela gravadora PolyGram. Dois anos depois, em 1994, formou uma banda com a qual se apresentou no Ballroom (RJ) e em cidades do interior de São Paulo.

No ano de 1996 participou do CD “Triângulo sem Bermudas – Uma homenagem à trois”, tributo ao grupo Mutantes lançado pela gravadora Natasha Records, dividindo a interpretação da faixa “2001” (Rita Lee e Tom Zé), com André Abujamra e Tom Zé. No ano seguinte, em 1997, foi citada no livro “Driblando a censura – De como o cutelo vil incidiu na cultura”, de Ricardo Cravo Albin, no qual foram incluídos relatos de três composições de Rita Lee proibidas pela censura e liberadas logo depois pelo Conselho Superior de Censura, sendo elas “Muleque sacana” (Rita Lee e Mú Carvalho); “As duas faces de Eva” (Rita Lee) e “Bobagem”, sua parceria com Rita Lee. O Conselho Superior de Censura tinha como função provocar a transição de um Estado de Exceção para um Estado de Direito, atuando, incisivamente, entre os anos de 1979/1989, na liberação de músicas, livros, peças, novelas, filmes e outras obras intelectuais proibidas pelo regime militar.

No ano 2000, teve a sua composição “Diga sim à paz”, em parceria com Mathilda Kóvak, gravada pela cantora Eliana. Posteriormente, em 2001, interpretando o tema “Miss Maggie” participou da trilha sonora do filme “Tainá – Uma Aventura na Amazônia”, dirigido por Tânia Lamarca e Sérgio Bloch. Lançado pela Art Filmes, com trilha sonora composta por Luiz Avellar, o filme foi premiado no “Festival de Cinema de Natal” nas categorias “Melhor Filme” e “Melhor Fotografia” e ganhou o prêmio de “Melhor Filme de Ficção” do “Festival do Rio” e no “Chicago International Childrens Film Festival”.

Em 2002, apresentou-se na primeira edição do projeto “Bolsa Nova”, realizado no SESC Copacabana (RJ).

Entre seus parceiros constam Rita Lee, Mathilda Kóvak, Suely Mesquita, Mauro Santa Cecília e Marcio Lomiranda.

Ao longo de sua carreira participou, como guitarrista e vocalista, de discos de Caetano Veloso (“Cinema transcendental”), Rita Lee (“Babilônia”), Moraes Moreira (“Lá vem o Brasil descendo a ladeira”), Guilherme Arantes (“Corações paulistas”) e Erasmo Carlos (“Erasmo convida”), entre outros.

Discografias
1996 Gravadora Natasha Records CD Triângulo sem Bermudas - Uma homenagem à trois - Tributo aos Mutantes (vários)
1985 Gravadora Continental LP Sossega Leão (participação)
1980 EMI-Odeon LP Aroma
1980 Gravadora Som Livre LP Saúde (participação)
1980 Gravadora Som Livre LP Trilha Sonora da Novela Plumas & Paetês (vários)
1979 Gravadora EMI-Odeon Compacto simples Música no ar/Ói nóis aqui tra veis
1975 Gravadora Som Livre LP Fruto proibido (c/ Rita Lee e Tutti Frutti)
1974 Gravadora Philips LP Atrás do porto tem uma cidade (c/ Rita Lee e Tutti Frutti)
Obras
Bobagem (c/ Rita Lee)
Capricórnio (c/ Mathilda Kóvak)
Classe média requentada (c/ Mathilda Kóvak)
De leve, levantando (c/ Mathilda Kóvak)
Diga sim à paz (c/ Mathilda Kóvak)
Paixão da minha existência atribulada (c/ Rita Lee)
Perto do infinito (c/ Rita Lee)
Vento (c/ Mathilda Kóvak)
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

ALBIN, Ricardo Cravo. Driblando a censura – De como o cutelo vil incidiu na cultura. Rio de Janeiro: Gryphus, 2002. ALBIN, Ricardo Cravo. MPB, a história de um século. Rio de Janeiro: Atrações Produções Ilimitadas/MEC/Funarte, 1997.

AMARAL, Beatriz Helena Ramos. Cássia Eller – Canção na voz do fogo. Escrituras Editora, 2002, SP.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.

FUSCALDO, Chris. Discobiografia Mutante: Álbuns que revolucionaram a música brasileira. Rio de Janeiro: Editora Garota FM Books, 2018. 2ª ed. Idem, 2020.

JUÇÁ, Maria. Circo Voador – A Nave. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2014.

MARAL, Euclides. A Letra & a Poesia na MPB: Semelhanças & Diferenças. Rio de Janeiro: EAS Editora, 2019.

THOMPSON, Mario Luiz. Música Popular Brasileira (vol. 1 e 2). São Paulo: Editora Bem Te Vi/Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2001.