
Clarinetista. Compositor.
Ainda criança, fez parte do Centro Musical Fluminense, nome da banda da Companhia Manufatora Fluminense, onde trabalhava.
Um dos intérpretes mais atuantes nas primeiras décadas do século. Formou seu próprio conjunto, o Grupo do Louro, constituído de clarinete, cavaquinho e violão. Este grupo realizou inúmeras gravações para a Casa Edison com um repertório de polcas, valsas, tangos e gêneros característicos da época. Foi responsável pela primeira gravação de “Urubu malandro”, em 1913 , que recebeu o título de “Samba do urubu”, classificado como “dança característica”. A autoria da composição foi atribuída a ele embora, tenha havido discordâncias a esse respeito. Jota Efegê afirmou que a polca foi composta por Francisco Antônio dos Santos em homenagem ao Grupo dos Urubus Malandros do Clube dos Fenianos editada em 1894 por Buschmann e Guimarães. Segundo Jairo Severiano, ele teria sido somente o autor das variações que a popularizaram, sendo o “Urubu malandro” um antigo tema folclórico da região norte do Estado do Rio de Janeiro. O pesquisador comparou a partitura da polca de Francisco dos Santos com a gravação realizada pelos Oito Batutas e verificou que se tratam de músicas diferentes. Excelente para improvisos, foi um dos temas preferidos de Pixinguinha e outros mestres do choro para a realização de variações. Ainda no mesmo ano, fez com seu grupo uma série de mais 13 gravações para a Phoenix, todas de sua autoria, incluindo o tango “Louro na zona”; a polca “Olga no choro”; a mazurca “A moça” e a valsa “Bela”.
Em 1914, fez diversas gravações para a Odeon com seu grupo interpretando, entre outras, as polcas “Sentida”, de Anacleto de Medeiros; “Ameno Resedá”, de Ernesto nazaré; “Bela madrugada”, de Otávio Dutra, o xote “As mágoas do Louro” e o tango “Catinga de mulato”, de sua autoria. Em 1915 gravou de sua autoria o tango “O boi no coqueiro” e teve o samba “Moleque vagabundo” gravado pelo Grupo Odeon. Em 1916 gravou com seu grupo, de sua autoria, a polca “Sai ranzinza” e a toada sertaneja “Meu boi morreu”, de autor desconhecido, entre outras.
Em 1919, apresentou-se com seu grupo no Teatro João Caetano no Rio de Janeiro. No mesmo ano, gravou com seu grupo a valsa “Amar e sofrer”, de Cardoso de Menezes; a polca “O peru na feijoada”, de sua autoria, e o xote “Silêncio do amor”, de Carmen S. Melo. Atuou na sala de espera do mesmo teatro. Frequentador da festa da Penha, consta que em um desafio ao flautista Alfredinho teria subido os degraus da igreja da Penha tocando sua composição “Choro do galo”. Em 1921, gravou pelo selo Jurity várias músicas de sua autoria como o xote “Olhos pretos”; a mazurca “Carolina”; o samba “Pro Rei Alberto ver” e a valsa “Saudades de Iraci”.
Em 1922, gravou pelo selo Popular o samba “Se a bomba arrebenta”, de Donga, e a marcha carnavalesca “Fala baixo”, de Sinhô, sucesso nos festejos de Momo daquele ano. Em 1976, seu choro “Urubu malandro”, foi gravado por Netinho do clarinete, no LP “Chorinho, cuíca e tamborim – Netinho e seu conjunto”, da RCA.
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