
Maestro. Compositor. Arranjador. Saxofonista. Nascido e criado na cidade de Salvador, tornou-se pintor auto-didata, atividade exercida na papelaria do pai. Aos 12 anos tornou-se aluno de percussão do mestre Moa Katendê, criador do bloco Afoxê Badauê. No entanto, seguiu o caminho das artes plásticas. Até os 19 anos viveu como artista plástico e chegou a cursar Artes na Universidade Federal da Bahia. Na década de 1980, foi estudar música na Áustria, ocasião em que começou a fazer a fusão entre as tradições afro-brasileiras e as orquestrações européias.
Em 2021 Letieres Leite foi vítima da pandemia de COVID-19, doença infecciosa causada pelo coronavírus SARS-CoV-2. O maestro, que recebeu as duas doses da vacina e a de reforço, seguia em isolamento social, se tratando em casa. Asmático, fazia uso do remédio inalatório conhecido como “bombinha”. Faleceu por insuficiência respiratória em decorrência da COVID-19, aos 61 anos no dia 27 de outubro de 2021.
Sua carreira musical começou tarde a partir de convites que recebeu para tocar com diferentes artistas. Aos poucos foi se dedicando mais e mais à música. De volta ao Brasil seguiu a carreira artística e em 2006, criou a Orkestra Rumpilezz, dedicada a unir as tradições musicais baianas, africanas e da orquestração européia. Em 2008, à frente do grupo gravou o primeiro CD da Orkestra Rmpilezz, que seria lançado no ano seguinte pelo selo Biscoito Fino com oito músicas de sua autoria. O CD foi bastante elogiado pela crítica e a orquestra recebeu duas indicações para o prêmio barsileiro de música. Entre seus trabalhos destaca-se a criação de uma escola de música em Salvador. É arranjador de Ivete Sangalo. Em 2010, à frente da Orkestra Rumpilezz, apresentou-se no Teatro Rival BR, quando foi lançado o CD da orquestra no Rio de Janeiro. No mesmo ano, dirigiu a Orkestra Rumpilezz em duas apresentações no Rio de Janeiro. Uma no Teatro Tom Jobim, na zona sul e outra nos arcos da Lapa no Festival Brasilidade promovido pelo Ministério da Cultura. Em 2015, entre outros espetáculos, regeu a Orkestra Rumpilezz durante o espetáculo de premiação do Prêmio Caymmi de Música, que fechou os festejos do centenário de nascimento do compositor Dorival Caymmi. No mesmo ano, comandou a orquestra na apresentação realizada na Sala Cecília Meireles, no bairo da Lapa, Rio de Janeiro, no espetáculo “Orkestra Rumpilezz visita Caymmi” no qual foram apresentadas obras como “Noite de Temporal; “Canto para Nanã”; “Acalanto”; “É doce morrer no mar” e “O samba da minha terra”, todas de Dorival Caymmi, além de “Na Baixa do Sapateiro”, de Ary Barroso, gravada por Caymmi, e “Samba nasceu na Bahia”, de sua autoria.
Em 2016, voltou a unir-se à Orquestra Rumpilezz, para gravar o disco “A saga da travessia”, que, no ano seguinte, foi indicado ao 28º Prêmio da Música Brasileira na categoria instrumental grupo . O disco também foi indicado na categoria melhor álbum instrumental. Figurou ainda na lista dos indicados a melhor arranjador, pelo mesmo disco. Em 2019, fez os arranjos e participou do CD “Canção da cabra – Sylvio Fraga Quinteto e Letieres Leite” lançado pela gravadora Rocinante em show no espaço Audio Rebel, no bairro de Botafogo, Rio de Janeiro.
Em maio de 2022 foi lançado postumamente, nas plataformas digitais e em LP, o álbum “Moacir de Todos os Santos”, homenagem ao maestro Moacir Santos. Concoitante ao lançamento do álbum, foi exibido, no canal Arte 1, documentário de 25 minutos sobre as gravações dirigido por João Atala, Michael Atallah e Sylvio Fraga. No álbum, Letieres criou novos arranjos novos para sete músicas do disco “Coisas”, de Moacir Santos: “Coisa Número 1″,”Coisa Número 2”, “Coisa Número 3”, “Coisa Número 4″,”Coisa Número 5″,”Coisa Número 7″,”Coisa Número 8” e “Coisa Número 9”. O álbum foi lançado pela gravadora Roncinate, de Sylvio Fraga e Pepê Monerat. O álbum foi gravado de forma analógica, em fitas magnéticas e teve a participação do trombonista Raul de Souza em sua última vinda a o Brasil antes de parar de tocar por conta de um cancer e falecer em 2021. Caetano Veloso participou em “Coisa no 5” (também conhecida como “Nanã”, Joander Cruz tocou sax alto em Coisas número 8 e Marcelo Martins o sax tenor em Coisas Número 9.
Ganhou, postumamente, com a Orquestra Rumpilezz, o prêmio na categoria Melhor Grupo Instrumental na edição de 2023 do Prêmio da Música Brasileira.