Compositor. Revistógrafo. Humorista. Radialista. Produtor.
Filho de Leopoldo de Azeredo Babo e Bernardina Gonçalves Babo. Nasceu na Rua Teófilo Otoni, no centro da cidade, numa época em que era hábito das famílias de classe média morar nessa região. Com a abertura da Avenida Central, atual Rio Branco, acabaram se mudando para a Tijuca. Sua família era extremamente musical. Sua mãe e irmãs tocavam piano e sua casa era freqüentada por músicos como Ernesto Nazareth e Catulo da Paixão Cearense. Cursou o primário em uma escola pública, e em 1915, foi matriculado no Colégio São Bento, onde cursou o ginásio. Ainda na época do São Bento, compôs um foxtrote, “Pindorama”, um desafio de fazer música usando apenas as notas sol, dó, mi. Por essa época, venceu concurso escolar com a poesia “O frade que pedia esmola” . Em 1917, fez sua primeira valsa, “Torturas de amor”, em homenagem a seu pai que faleceria neste mesmo ano. No ano de 1919, compôs “Ave-Maria”, feita exclusivamente para seu casamento, o que nunca se realizou, pois casou-se, posteriormente, apenas em cerimônia civil, portanto não solene, com Maria José Babo, com quem não teve filhos. Fez ainda outras músicas religiosas, inclusive o “Hino do Jubileu episcopal”. Concluído o ginásio, ingressou no Colégio Pedro II, onde se bacharelou em letras. Em 1920, desejou cursar a Escola Politécnica, mas foi impedido pelas circunstâncias – dificuldades econômicas pelas quais sua família passava. Foi então obrigado a empregar-se como office-boy da Light, o que lhe permitia vez por outra freqüentar as torrinhas do Teatro Municipal, do Teatro Lírico e do São Pedro de Alcântara (atual Teatro João Caetano). Nesse mesmo ano, ainda sem formação técnica musical, compôs “Cibele”, sua primeira opereta. A esta seguiram-se “Viva o amor”, iniciada em 1926 e concluída em 1940, na qual estava incluída a valsa “Eu sonhei que tu estavas tão linda” (parceria com Francisco Mattoso) e “Lola”. As referidas operetas não foram encenadas.
Em 1922, colaborou com o teatro de revista para o qual compôs “Agüenta seu Filipe”. Por volta de 1923, suas qualidades de bom humor e facilidade de inventar piadas lhe transformaram em colaborador da revista “Dom Quixote”, que, dirigida por Bastos Tigre, era uma publicação especializada em humorismo, sátiras e críticas aos costumes da época. No ano seguinte, passou a escrever em “Paratodos” e “Shimmy”, usando os pseudônimos de Frei Caneca, Poeta Cinzento, T. Mixto, Janeiro Ramos, entre outros. Ainda em 1924, desligou-se da Light, empregando-se na Companhia Internacional de Seguros. Por volta de 1928, para ajudar no orçamento, foi professor de dança nos clubes Tuna Comercial e Ginástico Português. Ficou também conhecido pelo apelido de “Lalá”. Em 1963, por ocasião de seu falecimento, o jornal O Globo publicou a seguinte nota: “Lamartine Babo, cuja morte surpreendeu sua família, pois ocorreu subitamente, quando ele experimentava sensíveis melhoras, teve ontem enterro concorridíssimo, no Cemitério de São Francisco Xavier. Praticamente todos os nomes da chamada velha guarda musical estiveram presentes, sendo incalculável o número de populares que foram levar o último adeus ao compositor. O caixão estava coberto com a bandeira do América, cumprindo-se assim, o desejo de Lamartine. Em 1960, quando o clube se sagrou campeão carioca, Lamartine prometeu e desfilou, de carro aberto, vestido de diabo”.
Em 1922, com apenas 18 anos, teve sua primeira música apresentada em teatro, na revista “Agüenta Felipe!”, de Carlos Bittencourt e Cardoso de Menezes. Em 1924, abandonou o emprego na Companhia de Seguros passando a viver do teatro musicado. Sua amizade com Eduardo Souto, compositor e proprietário da Casa Carlos Gomes, que financiava blocos para exibições na Festa da Penha e nas batalhas de confete que antecediam o carnaval, levou-o a sair pela primeira vez num desses blocos, o “Tatu subiu no pau”, cantando a marchinha “Não sei dizê”, de Eduardo Souto. A partir de 1925, começou a compor para os ranchos da época, dentre os quais Recreio das Flores, Africanos, Jardim dos Amores e Ameno Resedá, conquistando algum sucesso com a marchinha “Foi você”. Em 1926, estreou em São Paulo com a peça “Na penumbra”, feita em parceria com De Chocolat e montada pela Companhia Negra de Revista, espetáculo que contava com a participação de Pixinguinha na direção da orquestra. Durante a curta temporada, intermediou o encontro de Pixinguinha com o escritor, poeta e musicólogo Mário de Andrade, que estava na época coletando material para a feitura de um livro que teria fundamental importância para a literatura brasileira, “Macunaíma”. No mesmo ano, teve composiçoes incluídas nas revistas “A mascote”, de Alfredo Breda e Nelson de Abreu, apresentada no Teatro Carlos Gomes e “Prestes a chegar”, de Marques Porto e Luiz Peixoto.
Em 1927, o barítono Frederico Rocha gravou a sua primeira composição, a marcha “Os calças largas”, incluída na revista de mesmo nome, de sua parceria com Freire Júnior e que fez bastante sucesso no carnaval seguinte. No mesmo ano, incluiu músicas nas revistas “Paulista de Macaé”, de Marques Porto e Luiz Peixoto apresentada no Teatro Recreio e na revista “É da pontinha”. Também no mesmo período, escreveu a revista “Ouro a bessa”, com Djalma Nunes e Jerônimo Castilho, estreando como revistógrafo. Esta revista, encenada no Teatro João Caetano, alcançou cem apresentações e nela o compositor lançou a marcha-charleston “Oh! As mulheres”. Em 1928, escreveu a burleta “Este mundo vai mal”, que obteve grande sucesso. No mesmo ano, lançou a marcha “Seu Voronoff” na revista “Não é isso que eu procuro”, de Pacheco Filho e Horácio Campos, cantada por Francisco Alves, que, em seguida, a gravou na Odeon. Ainda nesse ano, compôs com Ary Barroso a marcha-charge “Cachorro quente”, editada pela Casa Carlos Wehrs, mas que nunca chegou a ser gravada. Em 1929, colaborou na revista “Vai haver o diabo”, de Alfredo Breda e Jerônimo Castilho, apresentada no Teatro Recreio. No mesmo ano, estreou no Rádio, cantando com sua voz de falsete, acompanhado ao piano por Ary Barroso, contando piadas e fazendo esquetes na Rádio Educadora. Ainda no mesmo ano, passou a apresentar na Rádio Educadora seu próprio programa, o “Horas lamartinescas”, no qual apresentava nomes importantes da música popular como Noel Rosa, Marília Batista e Mário Travassos, entre outros. Por essa época, colaborou nos jornais Gazeta de Notícias, Correio da Manhã e Diário de Notícias. Também no mesmo ano, Gastão Formenti gravou a toada “Meu Ceará” e a canção “Sonhos de Natal”, parcerias com J. Menra e Henrique Vogeler.
Em 1930, teve três composições gravadas pelo Bando de Tangarás na Parlophon, os sambas “Minha cabrocha”; “Cor de prata” e “Nega”, com vocalizações de João de Barro. No mesmo ano venceu o concurso de músicas carnavalescas da revista “O Cruzeiro”, com o samba “Bota o feijão no fogo”, gravado em seguida por Januário de Oliveira na Columbia. Em 1931, gravou seu primeiro disco, com a canção humorística “Canção para inglês ver”, de sua autoria. No mesmo ano, Elisinha Coelho lançou o samba-canção “No rancho fundo”, parceria com Ary Barroso. A música inicialmente se chamava “Na grota funda” e os versos eram de J. Carlos. Lamartine gostou da melodia mas achou que esta merecia versos seus. E assim, com a aprovação do parceiro melodista, nasceu o samba-canção “No rancho fundo”. Também na mesma época, fez versões para fox-trotes como “Dançando com lágrimas nos olhos” (Dancing with tears in my eyes) e “Night and day”, de Cole Porter. Ainda em 1931, ganhou o concurso de carnaval da Casa Edison com a marcha “Bonde errado”, gravada por Jaime Vogeler na Odeon.
Em 1932, gravou na Odeon com Mário Reis o samba “Só dando com uma pedra nela”, de sua autoria, grande sucesso no carnaval do ano seguinte. No mesmo ano, Castro Barbosa gravou a marcha “O teu cabelo não nega”, que, segundo o pesquisador José Ramos Tinhorão, seria responsável “pelo primeiro grande escândalo da música popular brasileira: a acusação de plágio feita pelos Irmãos Valença, de Pernambuco, por ocasião do lançamento da marcha Mulata sob o novo título de O teu cabelo não nega. Após processo contra a gravadora, teve que colocar o nome dos Irmãos Valença na co-autoria da música que se tornou verdadeiro hino do carnaval carioca. No mesmo ano, conheceu sucesso também a “Marchinha do amor” gravada em dueto por Francisco Alves e Mário Reis e com o samba “Ao romper da aurora”, parceria com Francisco Alves e Ismael Silva, gravado por Mário Reis. Também no mesmo ano, gravou na Victor a marcha “A.E.I.O.U”, parceria com Noel Rosa e a rancheira “Babo…zeira…”, de sua autoria. Também em 1932, foi levada à cena no Teatro Recreio a revista “Com a letra A”, dos Irmãos Quintilhiano, baseada em sucessos de sua autoria como “Só dando com uma pedra nela”, “Teu cabelo não nega” e “Marchinha do amor”. Em 1933, gravou com Mário Reis as marchas “Ai!…Hein!…” e “Boa bola”, parcerias com Paulo Valença e “Linda morena”, grande sucesso no carnaval daquele ano. A marcha “Ai!…Hein!…”, também um grande sucesso naquele ano, foi lançada na revista “Traz a nota”, de Jerdel Jércolis, pela atriz Aracy Cortes. No mesmo ano, por recomendação médica, afastou-se do Rio de Janeiro e foi passar uma temporda na estação de águas de Cambuquira em Minas Gerais. Ainda no mesmo ano, foi contratado com exclusividade pela Rádio Mayrink Veiga, onde permaneceu por quatro anos e onde apresentou programas como “A canção do dia” e “Clube da meia-noite”. Também em 1933, gravou com Carmen Miranda a marcha “Moleque indigesto” e teve gravada por Gastão Formenti a marcha-rancho “Bem-te-vi”. Ainda no mesmo ano, conheceu sucesso com a marcha junina “Chegou a hora da fogueira”, gravada em dueto por Carmen Miranda e Mário Reis. No mesmo período, Carlos Bittencourt e Nelson de Abreu escreveram a revista “Linda morena”, com músicas suas, apresentada no Teatro Recreio. Ainda em 1933, compôs a marcha “Uma andorinha não faz verão”, parceria com João de Barro, que se tornou sucesso na voz de Mário Reis. Em 1934, gravou com Carmen Miranda a marcha “Dois a dois”. No mesmo ano, teve diversas marchas gravadas por diferentes intérpretes: a mesma Carmen Miranda gravou “Marchinha nupcial”; Mário Reis gravou, com grande sucesso, “Ride palhaço”, marcha inspirada em motivo da ópera I Pagliacci de Ruggiero Leoncavallo; Almirante, “Menina oxigenada”, parceria com Hervê Cordovil e “História…do Brasil…” e o Bando da Lua, “Bis…”, parceria com Assis Valente. Ainda no mesmo ano, gravou com Carmen Miranda, as marchas ” O.K. …”, de Jurandir Santos e “Eu também”, de sua autoria, e teve a marcha “E foi assim…”, parceria com Alcyr Pires Vermelho, gravada por Patrício Teixeira. Nesse mesmo ano, os autores Marques Porto e Paulo Orlando escreveram a comédia carnavalesca “Ri…de palhaço”, apresentada no Teatro Carlos Gomes, com Sílvio Caldas interpretando, com acompanhamento do pianista Nonô, sua marcha que deu nome a revista. Em 1935, Mário Reis gravou o samba “Parei contigo!” e três marchas “Nada além”; “Idem” e “Moreninha da Tijuca ou Paquetá”, de sua autoria. No mesmo ano, gravou o pot-pourri “Rapsódia lamartinesca”, montagem feita a partir de trechos de diversas músicas de carnaval, com participação do “coro lamartinesco” composto por Murilo Caldas, irmão de Sílvio Caldas, Almirante e Cecília Miranda, irmã de Carmen Miranda. Com Barbosa Júnior, gravou a marcha “Antônio por favor”, parceria com José Maria de Abreu. Também no mesmo ano, Francisco Alves gravou as marchas “Moreninha sweepstake”, parceria com Hervê Cordovil; “A melhor das três”, parceria com Alcyr Pires Vermelho e “Grau dez”, parceria com Ary Barroso, um dos grandes sucesso do ano e que se tornou um clássico do carnaval carioca.
Em 1936, Almirante gravou, de sua parceria com Paulo Barbosa, a “Marchinha do grande galo” e Orlando Silva, numa inédita e única dupla com Gaúcho, da dupla Joel e Gaúcho, a marcha “Menina dos meus olhos”, parceria com Noel Rosa. No mesmo ano, gravou com Almirante as marchas “Esquina do pecado”, de Francisco Matoso e “As armas e os barões”, de Alberto Ribeiro e, sozinho, gravou a marcha “Janete”, de sua parceria com Assis Valente. Também no mesmo ano, Francisco Alves gravou a marcha “Rio”, parceria com Hervê Cordovil. Ainda neste ano, participou do filme “Alô,alô, Carnaval”, dirigido por Wallace Downey, onde cantava com Almirante a marchinha “As armas e os barões assinalados”. Esse ano praticamente marcou o fim de sua carreira como compositor de marchinhas carnavalescas, passando a voltar sua atenção para a composição de sambas-canção.
Em 1937, Carlos Galhardo gravou a valsa “Mais uma valsa…mais uma saudade”, parceria com José Maria de Abreu e a toada-rumba “Ganga”, e Jaime Brito a marcha “Pensão do Catete”, parceria com Milton Amaral. No mesmo, transferiu-se para a Rádio Nacional onde produziu os programas “Vida pitoresca e musical dos compositores” e “Clube dos fantasmas”. Este último programa, que na verdade era o antigo “Clube da meia-noite”, acabou saindo do ar devido a problemas com a censura do Estado Novo, pois o DIP, Departamento de Imprensa e Propaganda, descobriu que militantes de esquerda aproveitavam o programa para passar mensagens uns para os outros. Também no mesmo, conheceu um de seus maiores sucessos, o samba-canção “Serra da boa esperança”, composição na qual mostrou a excelência de sua arte, em que letrista e compositor se igualam em bom gosto e artesanato.
Em 1938, gravou com Aracy de Almeida as marchas “Vaca amarela”, parceria com Carlos Neto e “Esquina da sorte”, com Hervê Cordovil. Em 1939, gravou com Almirante a marcha “Tamanho não é documento”, de Enéas M. de Assis, com adaptação sua. No mesmo disco, Almirante gravou sozinho a marcha “Hino do carnaval brasileiro”, de sua autoria. No mesmo ano, Sílvio Caldas gravou o samba “Cessa tudo”, parceria com Celso Macedo. Neste mesmo ano, obteve destaque com o samba “Voltei a cantar” do musical “Joujoux e balangandãs”, que marcou o retorno ao disco do cantor Mário Reis. Após ausência das gravações por um período de três anos, o cantor voltou ao disco registrando também “Joujoux e balangandãs”, marcha também de sua autoria, grande sucesso do espetáculo beneficente de mesmo nome realizado no Rio de Janeiro no ano de 1939, patrocinado pela então primeira-dama, D. Darcy Vargas. A composição mostra um diálogo musical entre um brasileiro e uma francesa, vividos no palco e no disco por Mário Reis e Mariah (pseudônimo da senhora da alta sociedade da época, Maria Clara Correia de Araújo).
Em 1941, Orlando Silva gravou o fox-blue “Perdão amor”. No mesmo ano, Francisco Alves gravou na Odeon a valsa “Eu sonhei que tu estavas tão linda”, composta dois anos antes e que o autor pretendia incluir numa opereta inacabada intitulada “Viva o amor”. A melodia da valsa é de Francisco Mattoso. Em 1942, criou com Héber Bóscoli e Iara Sales, o “Trio de Ossos”, que passou a apresentar o programa “Trem da alegria”, um dos mais famosos do rádio brasileiro. No mesmo ano, Morais Neto gravou sua valsa “Alma dos violinos”, parceria com Alcyr Pires Vermelho. No ano seguinte, o programa “Trem da alegria” passou a ser apresentado na Rádio Mayrink Veiga. Em 1945, lançou no programa “Trem da alegria”, na proporção de um por semana, os hinos de 11 clubes de futebol da cidade do Rio de Janeiro, incluindo as grandes agremiações, como o América, time de seu coração, Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco da Gama. O programa “Trem da alegria” foi apresentado ainda nas Rádios Globo, Tupi, Mundial e novamente Mayrink Veiga. Em 1955, o programa saiu do ar devido à morte de Heber Bóscoli. No mesmo ano, abandonou o rádio e passou a dedicar-se à UBC, da qual foi diretor desde a fundação da mesma, além de presidente, secretário e tesoureiro em três gestões. Ainda no mesmo ano, saiu pela Sinter o LP “Carnaval de Lamartine Babo”, com 14 composições de seu repertório, incluindo clássicos como “O teu cabelo não nega”, “Grau dez”, “Linda morena” e a “Marchinha do grande galo”.
Em 1956, lançou também pela Sinter o LP “Noites de junho de Lamartine Babo” com composições de seu repertório de músicas de meio de ano. No mesmo ano, foi homenageado por Dircinha Batista no programa “Galeria musical Sanbra”. Retornou ainda ao Rádio na Roquete Pinto, emissora oficial do então Estado da Guanabara. Sua carreira no Rádio incluiu ainda, entre outros, os programas “Três mosqueteiros da garoa”; “Clube do toca-disco”; “Chute musical”; “Confete sonoro” e “Assustados carnavalescos”. Produziu programas para a televisão, foi produtor da Copacabana Discos e publicou livros humorísticos e alguns versos.
Em 1957, foi homenageado pelo flautista Altamiro Carrilho e pelo palhaço de circo Arrelia com o LP “Ride Palhaço – As Músicas de Lamartine Babo – Arrelia e Banda de Altamiro Carrilho”, da gravadora Copacabana, que contou com sua participação especial. Foram apresentadas suas composições “Ride Palhaço”, ” Moleque Indigesto”, ” História do Brasil”, ” Linda Morena”, ” Só Dando Com Uma Pedra Nela”, ” Isto É Lá Com Santo Antônio”, ” Babo… Zeira”, ” Chegou A Hora da Fogueira”, todas composições solo, além de ” Boa Bola” e “Aí, Hein!”, com Paulo Valença, ” O Teu Cabelo Não Nega”, com Raul Valença e João Valença, e ” A. E. I. O. U.”, com Noel Rosa.
Em 1958, teve o samba “Xamego” e a marcha-rancho “Os Rouxinóis” lançados pela cantora e atriz Aracy Cortes na revista “Bom mesmo é mulher”, de J. Maia, Max Nunes e Meira Guimarães. Segundo José Ramos Tinhorão, a marcha-rancho “Os Rouxinóis” foi a “última música de carnaval a transformar-se em sucesso partindo do teatro de revista”. Composta a pedido do Rancho Rouxinóis da Ilha de Paquetá, a música obteve sucesso e foi uma das mais executadas no carnaval do ano seguinte. No mesmo ano, o palhaço de circo Arrelia gravou com a banda de Altamiro Carrilho o LP “Ride palhaço – As músicas de Lamartine Babo”. Também no mesmo ano, Aracy de Almeida gravou seu samba “Minha cabrocha” na Polydor. Em 1960, o cantor Roberto Silva gravou pela Copacabana sua marcha-rancho “Ressurreição dos velhos carnavais”. Em 1963, compôs sua última música, a marcha-rancho “Seja lá o que Deus quiser”, gravada por Elizeth Cardoso na Copacabana. Nesse mesmo ano, Carlos Machado produziu na boate Golden Room do Copacabana Palace o show “O teu cabelo não nega”, baseado na vida do compositor. Lalá, como era conhecido, assistiu aos ensaios mas não chegou a ver a montagem do espetáculo. Faleceu dias antes da estréia vitimado por um ataque cardíaco. Também no mesmo ano, o Rancho Os Rouxinóis lançou o LP “Isto é Lamartine”.
Em 1968, sua marcha “Canção para inglês ver” foi regravada pelo conjunto de rock Os Mutantes e pelo maestro Rogério Duprat, que fez novos arranjos. Em 1981, a Escola de samba carioca Imperatriz Leopoldinense foi campeã do desfile de carnaval com o enredo “O teu cabelo não nega (Só dá Lalá)”, em homenagem ao compositor. Em 1983, Wagner Tiso e César Camargo Mariano regravaram “Serra da boa esperança”, em versão instrumental. No ano seguinte, a composição foi regravada por Eduardo Dusek.
Em 1994, por ocasião dos 90 anos de seu nascimento, o selo Revivendo lançou o CD “O carnaval de Lamartine Babo – Sua história sua glória”, com 27 composições de sua autoria cantadas por ele mesmo e por outros intérpretes. Para o pesquisador Ary Vasconcellos, ele seria um dos cinco maiores compositores brasileiros. Em 2003, o escritor e jornalista R. C. Albin iniciou os festejos do centenário do compositor com o show “Tra-la-lá – Lalá é cem” com as cantoras Carmélia Alves, Carminha Mascarenhas e Ellen de Lima e o cantor Eduardo Costa. Apresentados como um pré-réveillon, os dois espetáculos foram levados à cena no Bar do Tom, no Leblon (RJ). O repertório, além dos clássicos do compositor, contou com um choro inédito feito por ele por ocasião de seu 50 anos cantado por Carmélia Alves. Em 2004, estreou no CCBB a série de quatro espetáculos intitulado “Lamartine em revista”, com textos e músicas de sua autoria. Nesse ano, o selo Dabliú discos lançou o CD “E Lalá para cá” editado no Japão em 1997 e somente nessa data lançado no Brasil, no qual a cantora Marcia Salomon intercala obras de Lalá com músicas de Chico Buarque, João Bosco e Caetano Veloso. Ainda no mesmo ano, como parte dos festejos pelo seu centenário de seu nascimento, estreou em temporada no Teatro Ipanema com direção, roteiro e apresentação do jornalista R. C. Albin o espetáculo “Trá-lá-lá – Lalá é cem”, com as cantoras Carmélia Alves, Carminha Mascarenhas e Ellen de Lima e o cantor Márcio Gomes. Também em 2004, teve as marchas “A tua vida é um segredo”, “Verbo amar”, “Parei contigo”, “Tarde na serra”, “Eu queria um retratinho de você” e “O sol nasceu para todos”, as duas últimas em parceria com Noel Rosa, foram incluídas na caixa de três CDs “Um cantor moderno” lançada pela BMG com a obra do cantor Mário Reis. Nessa mesma coletânea, aparece cantando em dueto com Mário Reis nas marchas “Boa bola”, “Linda morena” e “Aí, hem!”, de sua autoria. Em 2005, foi homenageado no espetáculo “Lamartiníadas” no qual sua obra foi revisitada pelos cantores Alfredo Del-Penho, Pedro Paulo Malta e Pedro Miranda em espetáculo produzido por Henrique Cazes e apresentado no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, e que resultou em um CD homônimo no qual estão presentes obras como “História do Brasil”, “Isto é lá com Santo Antônio” e “Minha cabrocha”. Em 2010, foi homenageado pelo teatrólogo Antunes Filho com o espetáculo musical “Lamartine Babo”, primeiro texto teatral escrito pelo diretor e encenado no Sesc Consolação em São Paulo, dentro da “trilogia carioca” montada pelo teatrólogo. Ainda em 2010, seu samba-canção “No rancho fundo”, com Ary Barroso, foi gravado, em dueto de acordeom e violão, por Dominguinhos e Yamandu Costa, no CD “Lado B”, do selo Biscoito Fino. Em 2011, foi lançado pelo selo Discobertas em convênio com o ICCA – Instituto Cultural Cravo Albin a caixa “100 anos de música popular brasileira” com a reedição em 4 CDs duplos dos oito LPs lançados com as gravações dos programas realizados pelo radialista e produtor Ricardo Cravo Albin na Rádio MEC em 1974 e 1975. No volume 3 estão incluídas suas marchas carnavalescas “O teu cabelo não nega”, com os Irmãos Valença, e “Rasguei a minha fantasia” na interpretação de Gilberto Milfont e As Gatas; “Linda morena” na gravação so grupo vocal As Gatas, e “Grau dez”, com Ary Barroso, na interpretação de Zezé Gonzaga. Em 2012, foi homenageado pela cantora Nina Becker no espetáculo “Oh Nina!” música título do próprio compositor. No espetáculo apresentado em São e no OI Futuro, em Ipanema, no Rio de Janeiro, a cantora interpretou ainda “Joujoux e balangandãs”, “Rancho fundo”, com Ary Barroso, “Dia de jejum” e “Oh, as mulheres”, entre outras. Em 2014, foi lançada a terceira edição de sua biografia, “Trá-lá-lá, Lamartine”, de autoria de Suetônio Valença, editado pela Funarte, em 1981. Nessa terceira edição, revista e ampliada a partir de material de pesquisa entregue pelo autor do livro à sua então mulher, a escritora Raquel Valença. A revisão contou com as colaborações do músico Pedro Paulo Malta, na edição, e Alexandre Medeiros na atualização da musicografia e discografia. Em 2015, foi homenageado na ABL (Academia Brasileira de Letras) com o espetáculo “Lamartiníadas: Lamrtine Babo e o espírito musical do Rio” produzido e apresentado po Ricardo Cravo Albin dentro da série “MPB na ABL”. No espetáculo, que contou com as participações dos cantores Alfredo-Del Penho, Pedro Miranda e Pedro Pauilo Malta, e dos músicos Dirceu Leite, nos sopros; Henrique Cazes, no cavaquinho; Luís Felipe de Lima, no violão sete cordas, e Oscar Bolão, na bateria, com direção musical de Luís Felipe de Lima, foram interpretadas as seguintes obras lamartinescas: “Serra da Boa esperança”, “Minha Cabrocha”, “Canção para inglês ver”, “Isto é lá com Santo Antônio”, “Chegou a Hora da Fogueira”, “Hino do Carnaval Brasileiro” e “História do Brasil”, todas dele, além de “Cantores do Rádio”, com Alberto Ribeiro e João de Barro, “A.B. Surdo”, com Noel rosa, “No Rancho Fundo”, com Ary Barroso; “Eu Sonhei que Tu Estavas Tão Linda”, com Francisco Mattoso, e “O Teu Cabelo Não Nega”, com os Irmãos Valença.
Em 2020, a Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense reeditou seu enredo de 1981 em homenagem ao compositor e intitulado “O teu cabelo não nega (Só dá Lalá)”, no entanto o carnavalesco Leandro Vieira fez uma pequena alteração por achar o título “O teu cabelo não nega racista” e colocou apenas como título “Só dá lalá”. Com a reedição desse enredo a escola de samba do bairro carioca de Ramos sagrou-se campeã do grupo de acesso e retornou ao grupo especial.
Na voz de Márcia Cabral
- Sua história sua glória
Os Rouxinóis
(Com Almirante)
(Com Aracy de Almeida)
(Com Almirante)
(Com Barbosa Júnior)
(Com Carmen Miranda)
(Com Carmen Miranda)
(Com Mário Reis)
(Com Carmen Miranda, Almirante e Mário Reis)
(Com Carmen Miranda)
(Com Mário Reis)
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
ALBIN, Ricardo Cravo. O livro de ouro da MPB. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.
AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.
CABRAL, Sérgio. No tempo de Ary Barroso. Rio de Janeiro: Editora Lumiar, 1993.
CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da música Popular. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1965.
COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.
EPAMINONDAS, Antônio. Brasil brasileirinho. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1982.
LUNA, Paulo – No compasso da bola. Rio de Janeiro, Irmãos Vitale, 2011.
MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.
REPPOLHO. Dicionário Ilustrado de Ritmos & Instrumentos de Percussão. Rio de Janeiro: GJS Editora, 2012. 2ª ed. Idem, 2013.
SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume 1. São Paulo: Editora 34, 1999.
TINHORÃO, José Ramos. Música popular – teatro e cinema. Petrópolis: Vozes, 1972.
VALENÇA, Suetônio. Trá-lá-lá, Lamartine. Rio de Janeiro: Funarte, 1981.
VASCONCELOS, Ary. Panorama da música popular brasileira. Rio de Janeiro: Martins, 1965.