
Clarinetista, compositor, arranjador e regente.
Ainda menino, freqüentava os ensaios da banda de sua cidade natal, Taipu, da qual fez parte anos depois. Nessa época, iniciou-se na clarineta e em solfejo. Transferiu-se de Taipu para Natal (RN), com sua família, onde integrou a banda da Associação de Escoteiros do Alecrim. Nessa época, participou de um grupo de “jazz” (a Pan Jazz), formado por estudantes secundaristas. Durante o serviço militar, integrou a banda tocando saxofone. Transferiu-se para o Rio de Janeiro em 1942. No início dos anos 1950 passou a estudar harmonia e contraponto com Koellreutter.
Segundo o maestro Paulo Moura, K-Ximbinho foi “o mais original dentre os instrumentistas que se dedicaram à orquestra popular urbana”. Dedicou-se ao “jazz”, ao choro e ao conjunto regional. “Sua atuação no “jazz” do Brasil é marcada pela criação de formações camerísticas, orquestrando para instrumentos até então pouco utilizados nas pequenas formações.” Foi ainda um importante divulgador do choro, por meio de obras como “Sonhando” e “Sonoroso”. Em 1938, ingressou na Orquestra Tabajara, do maestro Severino Araújo, onde permaneceu até 1942. Nesse mesmo ano, passou a integrar a orquestra do maestro Fon-Fon. Na gravação da música “Maria Helena”, feita por Francisco Alves na Odeon, fez o solo de clarineta. Em 1943, passou a atuar na orquestra de Napoleão Tavares. Em 1945, apresentou-se em vários shows na boate Night and Day. Ainda nesse ano, retornou à Orquestra Tabajara, onde ficou até 1949, como primeiro saxofonista.
Fez parte do regional da Rádio Tabajara da Paraíba. Sua primeira composição gravada foi “Sonoroso”, em parceria com Del Loro, lançada pela Orquestra Tabajara em 1946 na Continental. Em 1948, teve seu choro “Sonhando”, gravada por Ademilde Fonseca com acompanhamento de seu conjunto. Em 1949 atuou na orquestra da Rádio São Paulo e no famoso Dancing Avenida, do Rio de Janeiro. Em 1950, fez uma excursão pelo Brasil como integrante de uma orquestra organizada pela norte americana Jovita Leiros. Em 1951, trabalhou na Rádio Nacional e logo depois na boate Casablanca.
Em 1953 gravou ao clarinete pela Continental os choros “Perplexo” e “Tudo passa”, ambos de sua autoria. Em 1954, gravou com seu conjunto o maxixe “Começou o baile” e o “Baião potiguar”, de sua autoria. No mesmo ano, fez excursão à Europa. Ao retornar, passou a trabalhar como arranjador na gravadora Odeon, além de atuar na boate Sachas.
Em 1955, gravou com sua orquestra na Continental o samba “A fonte secou”, de Monsueto Menezes, Tuffic Lauar e Marcléo e o choro “Gilka”, de sua autpria. Em 1956, gravou com seu conjunto na Odeon, tocando clarinete, o fox “Ama-me ou esquece-me”, de Donaldson e Kahn e o choro “Murmurando”, do maestro Fon-Fon. No mesmo ano, gravou com seu conjunto melódico o samba “Jura”, de Sinhô.
Em 1958, lançou pela Polydor o LP “Em ritmo de dança – VOL. III – Quinteto de K-Ximbinho” com as músicas ” Lá Vem A Baiana”, de Dorival Caymmi, “Na Affair To Remember”, de Harry Warren, Harold Adamson e Leo McCarey, “Zezinho Teimoso”, de Nestor Campos, ” Tá”, com Hianto de Almeida, “Por Causa de Você”, de Tom Jobim e Dolores Duran, “Mambo do Panamá”, de Steve Bernard, ” Teleguiado” e “Penumbra”, de sua autoria, “Love Me Forever”, de Beverly Guthrie e Gary Lynes, “Não Diga Não”, de Tito Madi e Georges Henry, “Ive Got You Under My Skin”, de Cole Porter, e “Se Acaso Você Chegasse”, de Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins.
Em 1959 assinou contrato com a Polydor para trabalhar como arranjador e lançou na mesma gravadora o LP “O samba de Cartola”, com músicas do compositor mangueirense. No mesmo ano, lançou o LP “K-Ximbinho e seus “Play-Boys” Musicais – K-Ximbinho e Seu Conjunto” com as músicas “Deixa Por Minha Conta”, de Orlando Costa, o Maestro Cipó, “De Corazon A Corazon”, de Gabriel Ruiz e Ricardo Lopes Mendez, “Exaltação À Mangueira”, de Enéas Brites da Silva e Aloísio Augusto da Costa, “Eu Quero É Sossego”, de sua autoria, “Ive Got You Under My Skin”, de Cole Porter, “Carioca 1954″, de Ismael Netto e Antônio Maria, ” Convite ao Samba”, de Inaldo Vilarim e Gaúcho, “Em Meus Braços”, de Irany de Oliveira e Almeida Rego, “Mistura Fina”, de Luiz Bandeira, “The Song Is You”, de Jerome Kern e Oscar Hammerstein II, “Chega de Saudade”, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, e “A Woman In Love”, de Frank Loesser.
Em 1961, particIpou da I Semana de Música de Vanguarda, que na ocasião, assim foi noticiada pelo jornal O Globo: “O programa da I Semana de Música de Vanguarda, que se inicia na tarde de hoje, no Teatro Municipal, prosseguirá amanhã à noite com o Concerto de Jazz de Vanguarda produzido e coordenado pelo disc-jockey Estevão Hermann, da Rádio Globo. Esse espetáculo vem despertando enorme interesse, notadamente porque dele participarão os mais aclamados conjuntos brasileiros que se estão especialmente na criação de vanguarda.” Em 1965 passou a integrar o conjunto Sete de Ouro, com o qual atuou até 1968. Nessa época, trabalhou como arranjador na TV Globo e integrou a Orquestra Sinfônica Nacional, da Rádio MEC. Em 1977, seus choros “Dá-lhe garoto” e “Teleguiado”, foram gravados por Netinho do Clarinete e seu conjunto, no LP “Chorinho, cuíca e tamborim – Netinho e seu conjunto”, da RCA Candem. Em 1978 venceu um concurso de choros promovido pela TV Bandeirantes com “Manda brasa”, sua última composição. Em 1980, participou da gravação do LP “Saudades de um clarinete”, só com músicas suas, todas arranjadas por ele, interpretadas, sob sua regência, por um time de grandes instrumentistas, Rafael Rabelo, Paulo Sérgio Santos, Zé Bodega, Airton Barbosa, Carlos Rato, entre outros. Em 2009, foi homenageado pelo grupo Flautistas da Pro Arte com o espetáculo “K-Ximbinho – Um mestre do sopro” em espetáculos apresentados no Teatro Municipal do Jockey, na Sala Baden Powel e no Jardim Botânico, todos no Rio de Janeiro. Na ocasião foram apresentadas suas obras “Sonoroso”, “Mais uma vez” e “Sonhando”, todas com Del Loro; “Tô sempre aí”; “Ternura”; “Simoninha na Barra”; “Tudo passa”; “Sempre”; “Velhos companheiros”; “Auto-plágio”; “Eu quero é sossego”, com Hianto de Almeida; “Teleguiado” e “Catita”. Em 2010, as gravações dos choros “Sonoroso”, “Meiguice” e “Mais uma vez”, com Del Loro, na interpretação da Orquestra Tabajara, foram incluídas no CD 4 da coletânea “Chorinho do Brasil – Vol. 2” da Warner Music.
(c/seu conjunto)
(c/seu conjunto melódico)
(c/seu conjunto)
(c/seu conjunto)
(c/seu conjunto)
(c/seu conjunto)
(c/sua orquestra)
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CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da Música Popular. Edição do autor. Rio de Janeiro, 1965.
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