
Compositor. Violonista.
Autor de trilhas sonoras para peças de teatro.
Compôs também para orquestra.
Estudou Engenharia e Música em Porto Alegre
Teve aulas de harmonia e composição com Bruno Kiefer e de violão com Abel Carlevaro.
Morou em Ouro Preto (MG), onde conviveu com o grupo internacional de teatro “Living Theatre”.
Residiu no Chile, Argentina e Alemanha.
Participou da resistência contra a ditadura militar, tendo sido preso em 1968.
Por esta trajetória no exílio, então conhecido como “Gaúcho”, torna-se personagem dos livros “O amor de Pedro por João”, de Tabajara Ruas, e em “O Crepúsculo do Macho”, de Fernando Gabeira.
Participou intensamente das campanhas contra as ditaduras militares, como na maioria dos eventos dos Comitês pela Anistia Política (Lisboa, Paris, Bruxelas e Copenhague…), ao lado de Apolônio de Carvalho e Augusto Boal.
Em 1979 foi publicada a Lei da Anistia e no ano seguinte José Rogério volta ao Brasil, mas é detido para interrogatório no Aeroporto do Galeão (atual Aeroporto Tom Jobim), incidente que aparece em sua ficha do SNI como “Retorno de ex-banido e subversivo”.
No ano de 1987 inventou um instrumento musical chamado “morgumel”, semelhante à m’bira africana, mas que é tocado com todos os dedos e não apenas com o polegar. Ao invés de uma única caixa de ressonância, tem mais duas, o que lhe deu um formato de asas de morcego, sendo ainda um auto-retrato musical, como mesmo esclarece o seu criador.
O irmão, Augusto Licks, também é músico e ex-integrante da banda de pop-rock Engenheiros do Hawaii.
No Chile integrou grupo musicais e participou de diversas iniciativas culturais, realizou trabalhos voluntários em fábricas e no campo. Integrou grupos de música e diversas iniciativas culturais (Grupo Manos, Museo de Bellas Artes, Stafford Beer), compôs trilhas para teatro e cantou em Peñas, onde conheceu Victor Jara.
Na Argentina apresentou-se em La Plata, Mar del Plata e Bariloche. Conheceu o poeta Juan L. Ortiz e tocou na noite de Buenos Aires, enquanto tramitava seu pedido de asilo político, vivendo em um campo de refugiados. Na mesma cidade, fez parte do grupo musical brasileiro Caldo de Cana, junto a outros músicos brasileiros, tais como Raul Ellwanger, Leopoldo Paulino, Eliana Lorentz Chaves, Zeca Leal, José Luís Sabóia, Edu e Márcia Savaget Fiani. Dirigido pelo teatrólogo Augusto Boal, o grupo Caldo de Cana apresentou em Buenos Aires o espetáculo “Canción del Exílio”, no Teatro Santelmo, no bairro La Boca.
Em 1974, por meio do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), recebeu asilo na Alemanha, onde fixou residência. Realizou uma série de concertos de violão, além de fazer música para teatro (Viel Lärm um nichts, Shakespeare, Staatstheater Wiesbaden). Fez parcerias musicais com o poeta Thiago de Mello (Canção Viva para Victor Jara) e com Manduka (Alexandre Manuel Thiago de Mello), filho do poeta, com quem realizou dois espetáculos neste país. Ainda na Alemanha criou o grupo latino Canción Libre, no qual apresentava suas canções em espanhol, além de composições de Victor Jara, Violeta Parra, participando intensamente das campanhas contra as ditaduras militares.
Em 1979, durante os eventos dos Comitês pela Anistia Política, apresentou-se como solista e com o grupo Caldo de Cana. Neste mesmo ano a gravadora Intercord lançou seu disco “Dança das Gaivotas”. Realizou concertos na Itália e apresentou-se na casa do escultor Pinuchio Sciola, personalidade artística muito reconhecida no país.
Lançou vários discos e publicou diversos livros com suas partituras para violão, com ilustrações da pintora centroamericana D. Miranda.
Na Alemanha integrou duos de jazz com G. Lawall, David Forstman, Alberto Cumplido.
Em Paris, no “Theatre du Soleil”, fez música para o grupo El Aleph, sob a direção de Oscar Castro, ator que representou o personagem carteiro, na primeira versão de “O Carteiro e o Poeta”.
Em 1984 gravou o disco “Canção do Beco”, duetos para violão, com David Forstman. No ano seguinte, 1985, ano da música na Alemanha, gravou com o trompetista brasileiro Dirceu Braz a “Bachiana N° 5”, de Heitor Villa-Lobos.
No ano de 1987 compôs músicas para poemas do monge budista Matsuo Bashô e escreveu a suíte “Cenas Brasileiras”, para Orquestra e Instrumento Solista.
Em 1988 participou com seu Quarteto do “Begegnung mit Brasilien”, no Festival de Arte Brasileira, que contou com a presença de nomes como Antônio Callado, João Ubaldo Ribeiro, Hermeto Paschoal e Djavan. No mesmo ano compôs e apresentou o balé ecológico “Vom Wasser zum Land”, no “Festival Wasser” (Água), nas margens do rio Reno.
Em 1989, com a derrubada do muro de Berlim, apresentou-se em Leipzig e em outras cidades do então lado oriental.
Em 1991 compôs a música do balé “Die Jahreszeiten”, Saint Gallen, na Suíça. Cria o “José Rogério Trio”, junto ao trompetista Toninho dos Santos e ao percussionista Dalma Lima, trio com o qual realizou concertos e gravações.
Em 1993 iniciou projetos de musicoterapia e realizou trabalhos com a escritora Luise Rinser, ex-candidata à Presidência da Alemanha dos “Grünen” (Partido Verde), reunindo literatura, música e meditação. No ano seguinte compôs músicas para as lendas dos índios brasileiros, inspirado nos trabalhos do pintor paulista Waldemar de Andrade e Silva, apresentando-as nas exposições deste, em várias cidades alemãs. No mesmo ano, em 1994, apresenta-se no programa “Buch Total”, em cadeia nacional da TV alemã; na “Feira do Livro de Frankfurt”, dedicada ao Brasil, e nas leituras de João Ubaldo Ribeiro, J. Torres e Moacyr Scliar.
Em 1997 apresenta-se em Porto Alegre, com o show “Os Arcos da Manhã”, na Casa de Cultura Mario Quintana. De volta à Alemanha, gravou as músicas que compusera ao longo dos anos, sobre poemas de Mario Quintana, lançadas no CD “Fios de Vida”.
Na virada do milênio (1999-2000) apresentou-se em Porto Alegre com a Orquestra de Câmara Theatro São Pedro uma série de obras suas para violão e orquestra.
Em 2004 apresenta-se no Clube de Jazz de Montpellier e em outras cidades da França.
No ano de 2006 fez concertos alusivos ao centenário de Mario Quintana, na Europa e no Brasil.
Em 2008 gravou na Alemanha o CD “ConSerto do exílio” e apresentou-se também em vários estados brasileiros e em algumas universidades.
Entre 1978 e 2008 lançou 20 discos, entre lps, CDs e songbooks, em vários países da Europa e América do Sul.
Entre seus parceiros destaca-se Geraldo Vandré, que conheceu no Chile.
Gravadora Are Musik
(songbook)
(songbook)
(songbook)
DEMÉTRIO, Silvio. José Rogério Licks: o menestrel do exílio. Suplemento Especial. Gazeta do Paraná, 26 out. 2008, pp. 01-04.
FIUZA, Alexandre Felipe. El exilio brasileño en Chile y Argentina: la cuestión de los cantautores. Revista de Estudios Trasandinos, v. 14, p. 29-41, Argentina, 2008.