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Nome Artístico
José Fortuna
Nome verdadeiro
José Fortuna
Data de nascimento
2/10/1923
Local de nascimento
Itápolis, SP
Data de morte
10/11/1983
Local de morte
São Paulo, SP
Dados biográficos

Cantor. Compositor. Autor teatral. Ator.

Começou a compor ainda criança, quando acompanhava o pai em andanças pela lavoura, escrevendo versos no chão de terra com um pedaço de madeira. Com 11 anos de idade compôs “Quinze a sete”, numa homenagem a seu time de futebol.

Dados artísticos

Em 1944, teve sua primeira composição gravada, a moda de viola “Moda das flores”, feita em parceria com Raul Torres e gravada pela dupla Raul Torres e Florêncio. Em seus 40 anos de carreira compôs cerca de 2.000 músicas, gravadas pelos mais diversos intérpretes. Fez composições em diversos gêneros, como  marchas, rancheiras, guarânias, tangos, maxixes, sambas-canção, corridos, fox, valsas e arrasta-pés. Em 1947, formou com o irmão Euclides Fortuna a dupla Zé Fortuna e Pitangueira, que, posteriormente, se transformou em trio com a entrada de diferentes sanfoneiros, até a chegada daquele que se constituiria em membro permanente, até a dissolução do trio, o sanfoneiro Zé do Fole, com os quais gravou cerca de 40 discos, entre LPs e 78 rpm. Em 1952, Tonico e Tinoco gravaram o valseado “Carta” e  Zé Carreiro e Carreirinho  a moda de viola “Teu nome tem sete letras”. No mesmo ano, Cascatinha e Inhana lançaram  um disco em 78 rpm contendo dois dos maiores sucessos de sua carreira, tendo vendido na época mais de 1 milhão de cópias. As duas guarânias eram versões de sua autoria, e com elas começaria a popularização desse gênero musical no Brasil, intensificando-se a partir de então o intercâmbio musical com o Paraguai. “Índia” e “Meu primeiro amor” seriam regravadas por diversos intérpretes da música popular brasileira, entre os quais Gal Costa, Ângela Maria, Agnaldo Timóteo, Francisco Petrônio, Paulo Sérgio, Caetano Veloso, Nara Leão, Maria Bethânia, Joanna e Fagner. Outras versões de sua autoria e que se tornariam sucesso na voz de Cascatinha e Inhana foram “Anahy”, “Solidão” e “Fronteiriça”. Em 1955, Zé Carreiro e Carreirinho gravaram a valsa “Despedida de solteiro”, parceria com Zé Carreiro. Em 1956, Sulino e Marroeiro gravaram o cateretê “Laço de amor”, parceria com Sulino. Em 1958, Luizinho, Zezinha e Limeira gravaram o samba-canção “Remorso”, parceria com Luizinho. No ano seguinte, o mesmo trio gravou o maxixe “Voz do vento”, outra parceria com Luizinho. Muitas de suas composições foram gravadas pela dupla Sulino e Marroeiro, entre as quais a canção rancheira “Noite triste”, parceria com Sulino. Em 1960, recebeu do então presidente da República, Juscelino Kubitscheck, um cartão de congratulação e mérito pela composição “Sob o céu de Brasília”, executada quando da inauguração da nova capital brasileira, sendo então considerada como o hino inaugural de Brasília. Também gravaram composições suas, Leôncio e Leonel, Tonico e Tinoco, Milionário e José Rico, Chitãozinho e Xororó e Leandro e Leonardo, entre outros. O jovem violeiro Rodrigo Mattos gravou “Tô entrando, tô saindo” em seu CD de estréia. A dupla Pena Branca e Xavantinho gravou “Vento violeiro”, parceria com Carlos César. Algumas de suas composições conheceram mais de 30 regravações.
Apresentou o programa que tinha o seu nome em quase todas as rádios de São Paulo, tendo iniciado na Rádio Pan-americana. Escreveu 30 livros de poemas e literatura de cordel. Foi também autor teatral, tendo escrito 42 peças de teatro  e trabalhado como ator em todas elas. Montou a Companhia Teatral Maracanã, com a qual fazia apresentações em circos, no interior do Brasil e em cidades  da América do Sul. Sua companhia teatral recebeu inúmeros troféus, ficando conhecida como Os Reis do Teatro.
Em 1975, com o fim da companhia teatral, passou a dedicar-se exclusivamente às composições, participando de inúmeros festivais de música sertaneja. Em 1979, obteve os três primeiros lugares no Festival de Música Sertaneja da Rádio Record. A música vencedora, “Riozinho”, feita em parceria com Carlos César, foi gravada pelas Irmãs Galvão, tornando-se então um grande sucesso. No mesmo ano,  a Secretaria do Trabalho do Estado de São Paulo oficializou a sua composição em parceria com Carlos César, “Hino do trabalhador brasileiro”. Em 1981, tornou a ganhar o primeiro lugar no mesmo festival com a composição “O vai-e-vem do carreiro”. Entre seus maiores sucessos estão “Lembrança”, “Paineira velha”, “Retalhos de amor”, “Lenda da valsa dos noivos” e “O selo de sangue”. Entre seus principais parceiros estão Carlos César, Paraíso, Dino Franco e Tião Carreiro. Faleceu de doença de chagas em 1983. Em 1985, sua família lançou no programa “Viola, minha viola” o livro “Paineira velha”, com poemas, fotos, letras de música e depoimentos de personalidades do rádio e da televisão a respeito de sua vida e sua obra. Deixou cerca de 800 letras de músicas inéditas e um livro de poemas inacabado. Em 1999, a dupla Célia e Celma regravou a valsa “Paineira véia”, sendo acompanhada pelo sanfoneiro Zé do Fole, que atuou com ele e Pitangueira por cerca de 25 anos. É considerado por muitos especialistas e estudiosos como um dos melhores letristas da música popular no Brasil. Em 2005, sua versão para a guarânia “Índia” foi regravada por Roberto Carlos e tornou a ocupar as paradas de sucesso. No mesmo ano, teve a música “24 horas de amor”, composta em parceria com Carlos Cézar, gravada pela dupla Edson e Hudson, no CD “O melhor de E&H”, lançado pela Deckdisc. Essa versão contou com a participação especial da dupla Matogrosso e Mathias. Em novembro de 2006, foi homenageado por Inezita Barroso, no programa “Viola, minha viola”, tendo ela interpretado “paineira véia”, no encerramento da programação, acompanhada dos artistas que estiveram presentes naquele dia, como a dupla Luís Fernando e João Pinheiro, além do Regional fixo do programa, com o violeiro Joãozinho à frente. Em 2008, teve a sua música “Lembrança” e a versão “Meu Primeiro Amor” (You´re Going To” lançadas por Roberta Miranda no CD “Senhora Raiz”, do selo Sky Blue Music e Canto Livre.
Em 2010, Euclides Fortuna, o Pitangueira lançou o livro “Vida e arte de Zé Fortuna e Pitangueira”, pela Editora Fortuna. O livro traz uma biografia da vida pessoal e artística do compositor José Fortuna, juntamente com seu irmão Pitangueira, retratando a infância, a luta para alcançar reconhecimento na carreira artística, o sucesso com o Trio “Os Maracanãs”, o trabalho nos circos e inspiração, indo até a morte de José Fortuna em 1983. Em 2011, teve a música “Índia”, uma versão sua para a composição de J.A. Flores e M.O. Guerrero, regravada pela cantora e compositora Paula Fernandes, no DVD “Paula Fernandes ao vivo”, lançado pela Universal Music. A faixa contou com a participação especial do cantor e compositor Leonardo. O álbum ultrapassou a marca de 700 mil cópias vendidas.

Obras
24 horas de amor c/ Carlos Cézar
A cruz da salvação (c/ Pitangueira)
A justiça de um filho
A palavra ladrão
A roseira da fonte (c/ Pitangueira)
A sanfona e o violão (c/ Euclides Fortuna)
A venda do Serafim
A última valsa (c/ Vidal Bento)
Abismo cruel (c/ Sulino)
Acordeão dentro da noite (c/ Antenógenes Silva)
Adeus papai, adeus mamãe (c/ Barrinha)
Alma de pedra
Anahy
Artista de circo (c/ Zé Tapera)
As duas irmãs (c/ Pitangueira)
As duas sombras (c/ Espiguinha)
Asunción (c/ Federico Riera)
Beijo inocente (c/ Pitangueira)
Bem-te-vi
Berrante de ouro
Bico-de-pena (c/ Tonico)
Bonequinha viva
Buquê de flores (c/ Pitangueira)
Burro soberbo (c/ Sulino)
Cabocla bonita (c/ Zé Pinhão)
Cabra-macho
Carta
Casinha de ouro
Cavalo branco (c/ J. Gimenez)
Cena real (c/ Pitangueira)
Cheiro de relva
Conversa vai (c/ Pitangueira)
Coração de homem (c/ Pitangueira)
Corre, corre (c/ Pitangueira)
Crianças do Brasil (c/ Zé Carreiro)
Crime de amor (c/ Pitangueira)
Cão fiel
Céu sem estrelas (c/ Pitangueira)
Dança da quadrilha
De olho nela (c/ Pitangueira)
Despedida de solteiro (c/ Zé Carreiro)
Destino sofredor (c/ Sulino)
Divina pecadora (c/ Pitangueira)
Dois destinos (c/ Pitangueira)
Dois mundos (c/ Sulino e Rubens Armani)
Drama da vida (c/ Pitangueira)
Encruzilhada da vida (c/ Marroeiro)
Esteio de aroeira
Fantasia de carnavá
Filho de ninguém
Flor do baile (c/ Pitangueira)
Flor proibida (c/ Zé Carreiro)
Flor serrana (c/ Daniel Salinas)
Floray (c/ Carreirinho)
Folha seca
Fronteiriça
Fui eu
Hino do trabalhador brasileiro (c/ Carlos César)
Lar destruído (c/ Maurício Cardoso Ocampo)
Laço de amor (c/ Sulino)
Lembrança
Lenda da valsa dos noivos (c/ Pitangueira)
Lágrimas de mãe
Mais um fio só
Mané preguiça
Marcada (c/ Domingos Plastina)
Mato-grossense (c/ Zezinha e Luizinho)
Meia-noite (c/ Barrinha)
Mentira de amor (c/ Sulino)
Meu primeiro amor (c/ Hermínio Gimenez e Pinheirinho Junior)
Minha terra distante
Moda das flores (c/ Raul Torres)
Moda dos defeitos
Moça gorda (c/ Pitangueira)
Mulher errante (c/ Sulino)
Mundo grande
Mundo louco
Má nem não (c/ Pitangueira)
Mãos que falam
Nas águas do rio
Noite azul
Noite triste (c/ Sulino)
Nossos desejos (c/ Sulino)
Não me abandones (c/ Enrique de Hoz)
Não é pecado querer (c/ Zé do Rancho)
O beijo da morte (c/ Osvaldo Audi)
O ipê e o prisioneiro
O maior presente (c/ Luizinho)
O punhal da vingança (c/ Nino Silva)
O segredo da confissão
O selo de sangue (c/ Pitangueira)
O tango do adeus (c/ Lucílio Antunes dos Santos)
O trenzinho da vida
O vai-e-vem do carreiro
Orgulho
Orquestra em família
Paineira véia
Pecado de amor
Pecado sublime (c/ Pitangueira)
Pequeno mundo
Pobre destino
Pode contá (c/ Pitangueira)
Por quê (c/ Pitangueira)
Pulga malvada (c/ Pitangueira)
Rainha do campo (c/ C. Bruno, Eldo e Di Lázaro)
Remorso (c/ Luizinho)
Resposta da carta (c/ Sulino)
Retalhos de amor
Riozinho (c/ Carlos César)
Rosa de carne (c/ Vieirinha)
Rumo ao sul
Se Deus me desse um poder
Sentimento sertanejo (c/ José Béttio)
Sob o céu de Brasília
Solidão (c/ Eládio Martinez, J. Flores e M. Cardoso)
Tem muita diferença
Terra tombada
Teu nome tem sete letras (c/ Zé Carreiro)
Triste noivado (c/ Pitangueira)
Três batidas na porteira
Tá espiando, pulga malvada (c/ Pitangueira)
Tô entrando, tô saindo (c/ Paraíso)
Vai saudade (c/ Sulino)
Valsa da separação (c/ Pitangueira)
Valsa do amor (c/ Limeira)
Velho relógio (c/ Áurea Cardoso)
Velho retrato (c/ Sulino e João Gonçalves)
Vento violeiro (c/ Carlos César)
Vestidinho de anjo
Violeiro disposto (c/ Carreirinho)
Voz do vento (c/ Luizinho)
Índia (c/ J. Flores e M. Guerreiro)
Último adeus (c/ Fernandes)
Último bilhete (c/ Leonel)
Bibliografia Crítica

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

LUNA, Paulo. “Dos braços dessa viola à dissonância de uma guitarra: A tensão entre tradição e modernidade na música caipira e sertaneja”. Dissertação de Mestrado, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2005.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.

NEPOMUCENO, Rosa. Música Caipira – Da roça ao rodeio. São Paulo: Editora 34, 1999.