Compositor. Cantor. Instrumentista (violinista, pianista e bandolinista). Poeta. Escritor.
Descendente de austríacos, na infância estudou violino com seu pai e, mais tarde, bandolim e piano.
No ano de 2016 sofreu um ataque cardíaco e teve que ser levado às pressas para o Hospital Samaritano na cidade do Rio de Janeiro.
Em 1958, compôs sua primeira música, “Olhar bestial”.
Em 1962, publicou seu primeiro livro, “Deus da chuva e da morte”.
No ano seguinte, assinou, no jornal “Última Hora”, a coluna “Bilhete do Kaos”. Também em 1963, lançou seu segundo livro, “Kaos” (Martins Fontes).
Em 1965, gravou um compacto simples contendo suas canções “Radioatividade” e “Não, não, não”. Nesse mesmo ano, publicou os livros “Narciso em tarde cinza” (Exposição do Livro) e “O vigarista Jorge”.
Em 1966, incluído na Lei de Segurança Nacional devido ao conteúdo provocador do livro “O vigarista Jorge” e das letras do compacto lançado no ano anterior, partiu para o exílio nos Estados Unidos, trabalhando na Unesco. Traduziu para o inglês livros brasileiros sobre os quais proferiu palestras para a Sociedade Interamericana de Literatura.
Em 1967, trabalhou como secretário literário do escritor americano Robert Lowell. Nesse ano, compôs duas músicas em parceria com a compositora e pianista de jazz Carla Blay, entre as quais “Olhos de gato”.
No ano seguinte, voltou para o Brasil para obter o Greencard e trabalhou no filme “Jardim de Guerra”, de Neville D’ Almeida, escrevendo o roteiro e o argumento.
Em 1970, viajou para Londres, onde se aproximou de Caetano Veloso e Gilberto Gil, exilados naquela cidade. Nessa época, compôs, com Caetano, a canção “Far away”, e com Gil as canções “The three mushrooms”, “Babylon” e “Crazy pop rock”. Também em 1970, dirigiu e atuou no filme “O Demiurgo”, filmado na casa de seu amigo Arthur de Mello Guimarães em Londres, com participação de Gilberto Gil, Caetano Veloso, José Roberto Aguilar, Péricles Cavalcanti e Leilah Assunção. O filme foi censurado para exibição pública. Ainda nesse ano, voltou para o Brasil. Começou a escrever para o jornal “O Pasquim” e travou seu primeiro contato com Nelson Jacobina, com quem iniciou uma fértil parceria. Com ele compôs “Maracatu atômico”, sucesso na gravação de Gilberto Gil.
Em 1972, apresentou-se no espetáculo “Para iluminar a cidade”, montado no Teatro Opinião (RJ). O show foi gravado ao vivo e gerou LP homônimo lançado pela gravadora Philips. Nesse mesmo ano, fez shows para detentos em penitenciárias e também para internos da Casa das Palmeiras (de Nise da Silveira), no Rio de Janeiro.
Lançou, em 1973 o livro “Fragmentos de Sabonete” (Editora Ground Informação), escrito em 1965, nos Estados Unidos. Também em 1973, participou de uma comemoração patrocinada pela ONU pelos direitos humanos. Nesta ocasião, foi criado o Território Livre, no Museu de Arte Moderna, com o show “Banquete dos Mendigos”, no qual atuaram também Nelson Jacobina, Chico Buarque e Luis Melodia. O show gerou um disco gravado ao vivo, numa produção conjunta de Jards Macalé e da ONU.
Em 1974, gravou seu segundo LP, “Jorge Mautner”, com direção musical e participação de Gilberto Gil. Ainda nesse ano, atuou, com Gilberto Gil e Caetano Veloso, em alguns shows realizados em Salvador, que resultaram em um LP no qual interpretou a faixa “Roda do relógio”. Participou do Festival Abertura (TV Globo), com a canção “Bem-te-vi” (c/ Nelson Jacobina), classificada em terceiro lugar no evento.
Publicou, em 1976, o LP “Mil e uma noites de Bagdá”.
Em 1978, lançou o livro “Panfletos da Nova Era” (Editora Global), cujos textos haviam sido publicados em capítulos pelo “Diário de São Paulo”.
Gravou, em 1979, um compacto simples contendo as canções “O filho predileto de Xangô” e “O boi”. Nesse ano, Caetano Veloso gravou sua canção “Vampiro” no LP “Cinema Transcedental”.
Em 1981, lançou o LP “Bomba de estrelas”, que contou com a participação de Caetano Veloso e Robertinho de Recife. Nesse mesmo ano, participou do Festival da Globo, com a canção “O Encantador de Serpentes” (c/ Robertinho de Recife), e lançou o livro “Poesias de Amor e Morte” (Editora Global).
Publicou, no ano seguinte, o livro “Sexo do Crepúsculo” (Editora Global), escrito em 1963 e 1964.
Em 1985, lançou o LP “Antimaldito”, com direção artística de Caetano Veloso.
No ano seguinte, fez vários shows, alguns contra o Apartheid da África do Sul e outros a favor da Revolução da Nicarágua. Também em 1986, publicou o livro “Fundamentos do Kaos”.
Discutindo questões como a necessidade da cultura e de uma nova abolição na sociedade brasileira, lançou, em 1987, em parceria com Gilberto Gil, o movimento “Figa Brasil”, no show “O Poeta e o Esfomeado”, que correu o país e teve a adesão de 7000 pessoas inscritas. Participou do filme “A festa”, de Hugo Georgette.
No ano seguinte, trabalhou como chefe de gabinete de Gilberto Gil em seu mandato como vereador em Salvador. Lançou o LP “Árvore da vida”, em parceria com Nelson Jacobina. O disco foi gravado em dois dias, com produção musical de Pena Schmidt.
Em 1990, viajou para a Áustria, onde gravou o CD “Pedra Bruta” (Rock Company), no qual lançou o cantor Celso Sim. Fez shows em Viena e também pela Alemanha e Suíça.
Publicou, em 1993, o livro “Miséria Dourada” (Editora Maltese).
Em 1996, apresentou-se em várias cidades brasileiras com o show “Encantador de serpentes”. Nesse mesmo ano, foi homenageado pela Fundação Nacional de Arte (Funarte), que inaugurou em sua sede paulista a Ala Jorge Mautner.
No ano seguinte, sua canção “Maracatu atômico” (c/ Nélson Jacobina) foi regravada com sucesso por Chico Science & Nação Zumbi. Também em 1997, lançou o CD “Estilhaços de Paixão”, com direção de Nelson Jacobina.
Em 1998, fez shows em Amsterdã, Lisboa (Expo-98), Abrantes e Londres. Nesse mesmo ano, apresentou-se nas unidades do SESC, em São Paulo, celebrando os 100 Anos de Bertold Brecht. Também em 1998, deu aulas de literatura em escolas públicas do município, na periferia de São Paulo.
Em 1999, lançou, pela Dabliú, o CD duplo “O ser da tempestade: 40 anos de carreira”. No primeiro disco, interpreta suas canções e no segundo conta com a participação de outros artistas, como Gal Costa, Elba Ramalho e Caetano Veloso, entre outros. Constam da relação dos intérpretes de suas canções artistas como Gilberto Gil, Gal Costa, Wanderléa, Caetano Veloso, Robertinho de Recife, Chico Science & Nação Zumbi, Elba Ramalho e Fagner, entre outros.
No ano seguinte, participou, como comentarista cultural, do programa semanal “Musikaos” (TV Cultura/SP), que teve como tema de abertura sua canção “Cinco Bombas Atômicas” (c/ Nelson Jacobina), gravada pelo titã Sergio Britto. Fez shows pelo Brasil ao lado de Nelson Jacobina.
Em 2002, gravou, com Caetano Veloso, o CD “Eu não peço desculpas”, contendo suas composições “Tarado”, “Homem bomba” e “Graça Divina”, todas de sua parceria com Caetano Veloso, “Manjar de reis”, “Maracatu atômico” e “Morre-se assim”, todas de sua parceria com Nelson Jacobina, “Coisa assassina” (c/ Gilberto Gil) e “Todo errado”, além de “Feitiço”, “O namorado” e “Cajuína”, todas de Caetano Veloso, “Voa, voa, perereca” (Sérgio Amado) e “Hino do carnaval brasileiro” (Lamartine Babo). Nesse mesmo ano, lançou o CD e o livro “Mitologia do Kaos”, uma reunião de sua obra, com comentários de vários artistas e amigos importantes em sua carreira.
No dia 8 de maio de 2003, foi homenageado pela Câmara de Vereadores de São Paulo. No dia 28 de novembro desse mesmo ano, recebeu a Cruz de Honra da Áustria para a Ciência e Cultura, concedida pelo presidente da Áustria no consulado austríaco do Rio, com a presença do Ministro Gilberto Gil. Também nesse ano, recebeu o título de Comendador pela Ordem do Mérito Cultural em Brasília, com a presença do ministro Gilberto Gil e do presidente Lula. Ainda em 2003, foi premiado com o Grammy Latino, pelo disco “Eu não peço desculpa”, gravado em parceria com Caetano Veloso. Também nesse ano, participou, como ator e músico, do filme “Casa de Areia”, de diretor Andrucha Waddington.
Em 2004, escreveu o livro “Diálogos com o Ministro Gilberto Gil”, com tradução e edição simultânea em diversos países estrangeiros. Nesse ano, foram publicados dois livros sobre sua obra: “Proteu ou a Arte das Transmutações – Leituras, audições e visões da obra de Jorge Mautner”, de Luís Carlos de Moraes Junior, e “Jorge Mautner em Movimento”, de César Rasec.
Publicou, em 2006, o livro autobiográfico “O filho do holocausto” (Editora Agir).
Lançou, no ano seguinte, lançou o CD “Revirão”, contendo suas canções “Ressurreições”, “Ao som da Orquestra Imperial”, “Nicanor”, “Executivo-executor” e “Me telefone”, todas com Nelson Jacobina, “Os pais” e “Outros viram”, ambas com Gilberto Gil, “Acúmulo de azuis” (c/ Bem Gil), “História do baião” (c/ Ronald Pinheiro), “Kilawea” (c/ Bartolo), “Assim já é demais”, “Estilhaços de paixão” e “Olha só quem passa”. O disco foi produzido e gravado por Berna Ceppas e Kassin, com gravações adicionais operacionalizadas por Daniel Carvalho.
No dia 23 de abril de 2007, apresentou-se ao lado de Jorge Benjor, Jorge Vercilo e Jorge Aragão na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, em show que reuniu os “Jorges” da música brasileira em homenagem a São Jorge. No repertório, parcerias inéditas, como “Líder dos Templários” (c/ Jorge Vercilo, Jorge Benjor e Jorge Aragão) e outros sucessos dos quatro artistas. O registro ao vivo do show, com direção musical de Rildo Hora e canja especial de Gilberto Gil, foi lançado, nesse mesmo ano, no CD e DVD “Coisa de Jorge”.
Em 2010, apresentou-se no Sesc Ginástico (RJ), com o show “Do Kaos ao Revirão”, ao lado de Nelson Jacobina, Kassin e Domênico Lancelloti.
Em 2011, foi homenageado pela Orquestra Imperial com o show “Tributo a Jorge Mautner”, realizado no Circo Voador (RJ). O espetáculo contou com a participação de Caetano Veloso, Gilberto Gil e Jards Macalé.
Em 2013, estreou no circuito cinematográfico o documentário “Jorge Mautner – O filho do Holocausto”, dirigido por Pedro Bial. Nesse mesmo ano, entrou no ar o portal “Panfletos da Nova Era”, inteiramente dedicado à sua trajetória pessoal e artística. Concebido por Washington Cavalcanti, João Paulo Reys e Maria Borba, o site contem vídeos, música, textos e pinturas de sua autoria.
Em 2014, a série “Três Tons” (Universal Music) lançou uma caixa com a reedição dos três primeiros discos do músico: “Para iluminar a cidade” (1972), “Jorge Mautner” (1974) e “Mil e uma noites de Bagdá” (1976). No mesmo ano foi lançado o CD duplo “Para detonar a cidade”. Produzido por Marcelo Froes, o CD é resultado de uma compilação de fitas cassetes encontradas recentemente por ele e gravadas ao vivo em um show no começo do ano de 1972. O trabalho trouxe, também, seis músicas inéditas. O primeiro CD conta com as faixas “ Quero Ser Locomotiva”, “Chuva Princesa”, “Estrela Da Noite”, “Medley: Tutti Frutti/Roses From Baghdad/Jambalaya/Anjo Infernal”, “Sapo Cururu”, “Olhar Bestial”, “Louca Curtição”, “Medley: Quando A Tarde Vem/Louca Curtição”, “Agô-lê”, “Boi de Carro” e “Chave de um perdido paraíso”; enquanto o segundo traz as músicas “Magic Hill”, “Medonho Quilombo”, “Salve salve a Bahia”, “From Faraway”, “Sheridan Square”, “Medley: Do Lado Que O Vento Vai/Quero Ser Locomotiva”, “Super Mulher” e “Estrela da Noite”.
Em 2016, coincidindo com seu aniversário de 75 anos, publicou o livro “Kaos Total”. No mesmo ano sofreu um ataque cardíaco e teve que ser levado às pressas para o Hospital Samaritano na cidade do Rio de Janeiro.
Em 2019 a editora Azougue relançou sua obra completa intitulada “Mitologia do Kaos”, em seis volumes. No mesmo ano a HBO lançou o documentário “Jorge Mautner: Kaos em ação”. Ainda em 2019 lançou o CD “Não há abismo em que o Brasil caiba” pela Deck Disc. O CD foi produzido em parceria com a banda Tono, grupo de Bem Gil, Rafael Rocha, Bruno Di Lullo e Ana Cláudia Lomelino. Nomes como José Bonifácio, Joaquim Nabuco, Dona Catulina e Marielle Franco foram inspirações para as letras do trabalho. O CD também incluiu a faixa “Destino”, uma canção gravada apenas com sua voz e o acompanhamento de seu próprio violão. Os shows de lançamento do CD ocorreram no Theatro NET Rio, no Rio de Janeiro, e no Sesc Vila Mariana em São Paulo.
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. A Letra & a Poesia na MPB: Semelhanças & Diferenças. Rio de Janeiro: EAS Editora, 2019.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.
FUSCALDO, Chris. Discobiografia Mutante: Álbuns que revolucionaram a música brasileira. Rio de Janeiro: Editora Garota FM Books, 2018. 2ª ed. Idem, 2020.
REPPOLHO. Dicionário Ilustrado de Ritmos & Instrumentos de Percussão. Rio de Janeiro: GJS Editora, 2012. 2ª ed. Idem, 2013.