
Cantor. Compositor.
De família tradicional, conviveu em sua infância com uma ambiência artística, aprendendo a cantar em francês e a executar piano e violão. Em 1930, formou-se em Arquitetura. Trabalhou como funcionário público até conseguir montar um escritório com um amigo. Em 1933, casou-se e mudou para São Paulo.
Em seu começo de carreira, caracterizando-se pela dicção apurada e cuidadosa, especializou-se na interpretação de composições de inspiração folclórica. Em 1925, apresentou-se ao público pela primeira vez, acompanhando-se ao violão no salão do Hotel Silva, na cidade mineira de Cambuquira, interpretando composições de Eduardo Souto, Denza e Tosti. Em 1926, passou a atuar na Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Em 1930, lançou pela Odeon seu primeiro disco, interpretando a toada “A cabocla do arraiá”, de Pachequinho, e a canção “Amô de caboco”, de Edith Lacerda e Celeste Gomes da Silva, com acompanhamento ao violão de Tute e Luperce Miranda. No mesmo ano, gravou de Eduardo Souto o cateretê “Nego véio”, de Homero Dornelas, o batuque “Batuque no Salgueiro”, e de Batatinha o samba “Samba da liberdade”. Ainda no mesmo ano, apresentou seu primeiro recital, com Sônia Barreto e Homero Dornelas, com acompanhamento de Arnaldo Estrela ao piano. Em 1931, gravou a valsa “Meu coração é teu”, de Homero Dornelas e Myself, e a canção “Carta de amor” dele e Samuel Segal. Em 1932, gravou a valsa “A ventura de um beijo”, de Guilherme Pereira, e De Chocolat, a valsa “Romance”, de Sivan Castelo Neto, e a canção “Caboclinho”, de Joubert de Carvalho e Olegário Mariano. No mesmo ano, gravou com grande sucesso a canção “Pierrô”, de Joubert de Carvalho e Pascoal Carlos Magno, e que foi utilizada no prólogo de uma peça do mesmo nome, de autoria de Pascoal Carlos Magno e encenada no Teatro João Caetano no Rio de Janeiro. Ainda em 1932, foi convidado a participar como destaque do “Broadway Cocktail”, no Cine Broadway, ao lado de Ary Barroso e Marília Batista. Nesse período atuava também nas rádios Philips e Clube do Brasil. Em 1933, gravou de João de Barro o foxtrote “Flor do mal”, de José Maria de Abreu, e João de Barro, a valsa “Canção do mar”. No mesmo ano, gravou, de Hekel Tavares e Joracy Camargo, as cenas coloniais de “Leilão”. Nesse período, fez várias apresentações no norte do país. Em 1935, gravou de Valdemar Henrique a canção “Minha terra”, cujo viés literário antecipava o “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso na sua linha de exaltação. De Joubert de Carvalho e de Olegário Mariano, a valsa canção “Amor, brinquedo de criança”. No mesmo ano, realizou excursão à Argentina, onde atuou na Rádio Stentor, além de realizar recitais em Buenos Aires. De retorno ao Rio de Janeiro passou a trabalhar na Rádio Tupi. Em 1936, gravou de Carolina Cardoso de Meneses o coco “Gibi bacurau”. Em 1937, gravou de Joubert de Carvalho as valsas “Momentos de amor” e “Se voltares um dia”. Em 1938, gravou a canção “Meu limão, meu limoeiro”, de motivo popular, que se tornou o seu maior sucesso e de Durval Borges e José Carlos Burle, o maracatu “Senzala”. No mesmo ano, abandonou a Rádio Tupi do Rio de Janeiro e foi trabalhar na Tupi de São Paulo. Em seguida, transferiu-se para a Rádio Cultura. Em 1942, gravou de Hekel Tavares e Raul Pederneiras a canção “Caboclo bom”, a toada “Ganzá”, de Pedro Silva, e a canção “Roleta de cana”, de Osvaldo Santiago e Dilu Melo. Em 1943, gravou de Valdemar Henrique o coco “Coco peneruê” e a chula “Quiruru”. Em 1944, gravou do mesmo compositor o fandango “Chora morena” e a chula “Rolinha”. No mesmo ano, abandonou a Rádio Cultura e foi para a Rádio Globo do Rio de Janeiro e em seguida para a Rádio Nacional, também do Rio de Janeiro. Em 1945, gravou o tema popular “O violeiro da estrada”, recolhido por Valdemar Henrique. Em 1950, gravou o ponto ritual “Abaluaiê”, de Valdemar Henrique e o canto popular “Pregões cariocas”, de Carlos Braga. De Ascenso Ferreira e Valdemar de Oliveira, a canção “Engenhos de minha terra” e de José Carlos Burle e Gilberto Fontes, a canção “Vaquejada”. Gravou ainda o jongo “Novamente na Bahia”, de Láudio José e Valdomiro Machado. Em 1951, gravou o coco “Coco de minha terra” de Hekel Tavares e Jorge dAltavila e a toada “Adeus, Pernambuco”, de Victor Simon e David Raw. No mesmo ano, gravou de Dorival Caymmi o samba “O mar”. Em 1954, a convite do Itamarati excursionou por diversos países da América Latina, em companhia de Valdemar Henrique, de quem era o intérprete mais constante e fiel. No mesmo ano, gravou pela Sinter o LP “Essa nêga Fulô”, inspirado no texto de Jorge de Lima, que teve seu poema “Nêga fulô” musicado por Valdemar Henrique, a quem sempre foi muito ligado desde 1935. Com direção musical de Leo Peracchi, o disco traz uma série de regravações, além das inéditas “Senhora Dona Sancha”, de Gastão Vieira e Valdemar Henrique, e os sambas “Cabelos cor de prata” de Sílvio Caldas e R. Leite e “Violões em funeral”, de Sílvio Caldas e Sebastião Fonseca, além da faixa-título. Em 1955, gravou, de Babi de Oliveira, o choro “Baianinha” e de Osvaldo de Souza, o baião “Querer bem não é pecado”. Em 1958, gravou pela Columbia o LP “Momentos românticos” com dez composições suas em parceria com seu irmão Armando Fernandes: “Capricho”, “Magia da lua”, “Vou-me embora”, “Cousas passadas”, “Estaca zero”, “Horas amargas”, “Convicção”, “Você vai ver”, “Por quanto tempo ainda”, e “Pelos caminhos de Deus”. Em 1959, realizou excursão à Europa na qual percorreu diversos países, tendo feito ainda apresentações nas TVs de Portugal e União Soviética, além de gravar canções brasileiras. Com o advento da bossa nova e a era dos festivais de música, a partir da década de 1960, sua carreira entrou em declínio e raras vezes era convidado para se exibir em público, fato que muito o marcaria. Em 1991, o selo Revivendo lançou o CD “Francisco Alves, Jorge Fernandes e Gastão Formenti”, com algumas de suas interpretações.
AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.
MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.