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Nome Artístico
Jorge Fernandes
Nome verdadeiro
Jorge de Oliveira Fernandes
Data de nascimento
5/6/1907
Local de nascimento
Rio de Janeiro, RJ
Data de morte
19/3/1989
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Cantor. Compositor.

De família tradicional, conviveu em sua infância com uma ambiência artística, aprendendo a cantar em francês e a executar piano e violão. Em 1930, formou-se em Arquitetura. Trabalhou como funcionário público até conseguir montar um escritório com um amigo. Em 1933, casou-se e mudou para São Paulo.

Dados artísticos

Em seu começo de carreira, caracterizando-se pela dicção apurada e cuidadosa, especializou-se na interpretação de composições de inspiração folclórica. Em 1925, apresentou-se ao público pela primeira vez, acompanhando-se ao violão no salão do Hotel Silva, na cidade mineira de Cambuquira, interpretando composições de Eduardo Souto, Denza e Tosti. Em 1926, passou a atuar na Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Em 1930, lançou pela Odeon seu primeiro disco, interpretando a toada “A cabocla do arraiá”, de Pachequinho, e a canção “Amô de caboco”, de Edith Lacerda e Celeste Gomes da Silva, com acompanhamento ao violão de Tute e Luperce Miranda. No mesmo ano, gravou de Eduardo Souto o cateretê “Nego véio”, de Homero Dornelas, o batuque “Batuque no Salgueiro”, e de Batatinha o samba “Samba da liberdade”. Ainda no mesmo ano, apresentou seu primeiro recital, com Sônia Barreto e Homero Dornelas, com acompanhamento de Arnaldo Estrela ao piano. Em 1931, gravou a valsa “Meu coração é teu”, de Homero Dornelas e Myself, e a canção “Carta de amor” dele e Samuel Segal. Em 1932, gravou a valsa “A ventura de um beijo”, de Guilherme Pereira, e De Chocolat, a valsa “Romance”, de Sivan Castelo Neto, e a canção “Caboclinho”, de Joubert de Carvalho e Olegário Mariano. No mesmo ano, gravou com grande sucesso a canção “Pierrô”, de Joubert de Carvalho e Pascoal Carlos Magno, e que foi utilizada no prólogo de uma peça do mesmo nome, de autoria de Pascoal Carlos Magno e encenada no Teatro João Caetano no Rio de Janeiro. Ainda em 1932, foi convidado a participar como destaque do “Broadway Cocktail”, no Cine Broadway, ao lado de Ary Barroso e Marília Batista. Nesse período atuava também nas rádios Philips e Clube do Brasil. Em 1933, gravou de João de Barro o foxtrote “Flor do mal”, de José Maria de Abreu, e João de Barro, a valsa “Canção do mar”. No mesmo ano, gravou, de Hekel Tavares e Joracy Camargo, as cenas coloniais de “Leilão”. Nesse período, fez várias apresentações no norte do país. Em 1935, gravou de Valdemar Henrique a canção “Minha terra”, cujo viés literário antecipava o “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso na sua linha de exaltação. De Joubert de Carvalho e de Olegário Mariano, a valsa canção “Amor, brinquedo de criança”. No mesmo ano, realizou excursão à Argentina, onde atuou na Rádio Stentor, além de realizar recitais em Buenos Aires. De retorno ao Rio de Janeiro passou a trabalhar na Rádio Tupi. Em 1936, gravou de Carolina Cardoso de Meneses o coco “Gibi bacurau”. Em 1937, gravou de Joubert de Carvalho as valsas “Momentos de amor” e “Se voltares um dia”. Em 1938, gravou a canção “Meu limão, meu limoeiro”, de motivo popular, que se tornou o seu maior sucesso e de Durval Borges e José Carlos Burle, o maracatu “Senzala”. No mesmo ano, abandonou a Rádio Tupi do Rio de Janeiro e foi trabalhar na Tupi de São Paulo. Em seguida, transferiu-se para a Rádio Cultura. Em 1942, gravou de Hekel Tavares e Raul Pederneiras a canção “Caboclo bom”, a toada “Ganzá”, de Pedro Silva, e a canção “Roleta de cana”, de Osvaldo Santiago e Dilu Melo. Em 1943, gravou de Valdemar Henrique o coco “Coco peneruê” e a chula “Quiruru”. Em 1944, gravou do mesmo compositor o fandango “Chora morena” e a chula “Rolinha”. No mesmo ano, abandonou a Rádio Cultura e foi para a Rádio Globo do Rio de Janeiro e em seguida para a Rádio Nacional, também do Rio de Janeiro. Em 1945, gravou o tema popular “O violeiro da estrada”, recolhido por Valdemar Henrique. Em 1950, gravou o ponto ritual “Abaluaiê”, de Valdemar Henrique e o canto popular “Pregões cariocas”, de Carlos Braga. De Ascenso Ferreira e Valdemar de Oliveira, a canção “Engenhos de minha terra” e de José Carlos Burle e Gilberto Fontes, a canção “Vaquejada”. Gravou ainda o jongo “Novamente na Bahia”, de Láudio José e Valdomiro Machado. Em 1951, gravou o coco “Coco de minha terra” de Hekel Tavares e Jorge dAltavila e a toada “Adeus, Pernambuco”, de Victor Simon e David Raw. No mesmo ano, gravou de Dorival Caymmi o samba “O mar”. Em 1954, a convite do Itamarati excursionou por diversos países da América Latina, em companhia de Valdemar Henrique, de quem era o intérprete mais constante e fiel. No mesmo ano, gravou pela Sinter o LP “Essa nêga Fulô”, inspirado no texto de Jorge de Lima, que teve seu poema “Nêga fulô” musicado por Valdemar Henrique, a quem sempre foi muito ligado desde 1935. Com direção musical de Leo Peracchi, o disco traz uma série de regravações, além das inéditas “Senhora Dona Sancha”, de Gastão Vieira e Valdemar Henrique, e os sambas “Cabelos cor de prata” de Sílvio Caldas e R. Leite e “Violões em funeral”, de Sílvio Caldas e Sebastião Fonseca, além da faixa-título. Em 1955, gravou, de Babi de Oliveira, o choro “Baianinha” e de Osvaldo de Souza, o baião “Querer bem não é pecado”. Em 1958, gravou pela Columbia o LP “Momentos românticos” com dez composições suas em parceria com seu irmão Armando Fernandes: “Capricho”, “Magia da lua”, “Vou-me embora”, “Cousas passadas”, “Estaca zero”, “Horas amargas”, “Convicção”, “Você vai ver”, “Por quanto tempo ainda”, e “Pelos caminhos de Deus”. Em 1959, realizou excursão à Europa na qual percorreu diversos países, tendo feito ainda apresentações nas TVs de Portugal e União Soviética, além de gravar canções brasileiras. Com o advento da bossa nova e a era dos festivais de música, a partir da década de 1960, sua carreira entrou em declínio e raras vezes era convidado para se exibir em público, fato que muito o marcaria. Em 1991, o selo Revivendo lançou o CD “Francisco Alves, Jorge Fernandes e Gastão Formenti”, com algumas de suas interpretações.

Discografias
1991 Revivendo CD Francisco Alves, Jorge Fernandes e Gastão Formenti
1958 Colúmbia LP Momentos românticos
1956 Sinter 78 Roleta de cana/Ogum-Yara
1955 Sinter 78 Abaluaiê/Aruanda
1955 Sinter 78 Baianinha/Querer bem não é pecado
1954 Sinter LP Essa nêga Fulô
1954 Odeon 78 Gibi bacurau/Querida
1954 Odeon 78 Realidade/Farrapo
1953 Odeon 78 Quiriru/Chance
1953 Odeon 78 Talvez/Com ela
1951 Odeon 78 Coco de minha terra (Bia-tá-tá)/Adeus Pernambuco
1951 Odeon 78 Pierrô/O mar
1950 Odeon 78 Abaluaiê/Pregões cariocas
1950 Odeon 78 Engenhos de minha terra/Vaquejada
1950 Odeon 78 Novamente na Bahia/Trem de Alagoas (impressão de viagem)
1950 Odeon 78 Reconciliação/Canoinha
1945 Continental 78 O violeiro da estrada/Reisado-Minha terra é que dá
1944 Odeon 78 Chora, morena/Rolinha
1943 Odeon 78 Coco peneruê/Quiruru
1943 Odeon 78 Querer bem não é pecado/Pingo d'água
1942 Colúmbia 78 Caboclo bom/Silhueta
1942 Colúmbia 78 Ganzá/Roleta de cana
1938 Colúmbia 78 Adeus da Bahia/Meu limão, meu limoeiro
1938 Colúmbia 78 Caboclo feliz/Moreninha
1938 Colúmbia 78 Senzala/Ladainha
1937 Odeon 78 Maria Bonita/Triste realidade
1937 Victor 78 Momento de amor/Se voltares um dia
1936 Victor 78 Depois do amor/Se alguma vez
1936 Odeon 78 Gibi bacurau/Pregões cariocas
1935 Odeon 78 Minha terra/Amor, brinquedo de criança
1933 Odeon 78 Banzo/Barraquinha de São João
1933 Victor 78 Carnaval triste/Se o teu destino for amar
1933 Victor 78 Eu, o luar e você/Para você adormecer
1933 Odeon 78 Flor do mal/Canção do mar
1933 Odeon 78 O que eu queria dizer ao seu ouvido/Leilão
1932 Victor 78 Deliciosa/A ventura de um beijo
1932 Colúmbia 78 Galanteria/Pierrô
1932 Parlophon 78 Na fogueira dos teus olhos/Andorinha
1932 Colúmbia 78 O dia em que te conheci/Querer bem
1932 Victor 78 Romance/Caboclinho
1931 Odeon 78 Amor, só no escuro/Carnaval carioca
1931 Odeon 78 Hino desportivo brasileiro/O sussurrar das palmeiras
1931 Odeon 78 Meu coração é teu/Carta de amor
1931 Odeon 78 Vestido encarnado/Viver
1930 Odeon 78 A cabocla do arraiá/Amô de caboco
1930 Parlophon 78 A minha canção de amor/Oh! Luci!
1930 Odeon 78 Cena oriental/Nego véio
1930 Odeon 78 Samba da liberdade/Juarez Távora
1930 Odeon 78 Viola/Batuque no Salgueiro
Obras
Capricho (c/ Armando Fernandes)
Carta de amor (c/ Samuel Segal)
Convicção (c/ Armando Fernandes)
Cousas passadas (c/ Armando Fernandes)
Estaca zero (c/ Armando Fernandes)
Horas amargas (c/ Armando Fernandes)
Magia da lua (c/ Armando Fernandes)
Pelos caminhos de Deus (c/ Armando Fernandes)
Por quanto tempo ainda (c/ Armando Fernandes)
Talvez (c/ Armando Fernandes)
Você vai ver (c/ Armando Fernandes)
Vou-me embora (c/ Armando Fernandes)
Bibliografia Crítica

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.