
Violonista. Professor.
Filho de João Caetano Damaceno e de Zulmira Silva Damaceno. Em 1943, transferiu-se para o Rio de Janeiro onde se empregou em pequenos ofícios. Em 1947, começou a trabalhar no escritório da empresa de navegação Serviços Marítimos Camuyrano, inicialmente como “office boy” e posteriormente como faturista, lá permanecendo até 1969. Em 1950, iniciou estudos de acordeom com José Augusto de Freitas. Um ano mais tarde, ao descobrir que o professor era não apenas violonista, mas um dos mais importantes violonistas brasileiros em atuação entre as décadas de 1920 a 1950, discípulo de Quincas Laranjeiras e Augustin Barrios,
abandonou o acordeom passando a se dedicar ao violão.
Em 1952, conheceu o professor Antônio Rebello com quem passou a estudar até aproximadamente 1960. Neste mesmo ano, casou-se com Ignez Alves Damaceno com quem teve três filhos. Obteve também orientação de Monina Távora, discípula do violonista Andrés Segovia, de Narciso Yepes e fundamentalmente do violonista uruguaio Oscar Cáceres, de quem recebeu forte influência didático-pedagógica. Estudou harmonia e morfologia na classe do professor Florêncio de Almeida Lima na Escola de Música da UFRJ e análise musical com Gorger Wasserman, discípulo de Heinrich Schenker, compositor e teórico austríaco.
Iniciou sua carreira profissional em 1951, quando venceu o primeiro concurso de violão clássico realizado no Brasil, passando desde então a apresentar-se nas principais cidades brasileiras. É reconhecido pela crítica especializada como um dos grandes talentos do violão brasileiro. Como didata, foi responsável pela formação de um grande número de profissionais da música, como os violonistas Leo Soares, Marcelo Kayath, João Pedro Borges, Nestor de Holanda Cavalcanti, Carlos Alberto de Carvalho, Graça e Marcos Alan, entre tantos outros. No âmbito da música popular orientou grandes nomes como Joyce, Jards Macalé, Célia Vaz, Miltinho do MPB4, Hélio Delmiro, Heitor TP, Almir Chediak, Vital Farias, Marlui Miranda, Guinga, entre outros. Tem atuado como professor em seminários e cursos realizados em diversas cidades brasileiras como os de Joinvile, Curitiba, Teresópolis, Festival de Campos do Jordão e em seminários realizados também no exterior.
Em dezembro de 1956, estreou no rádio com um recital de violão no programa “Conversando com Waldemar Henrique”, realizado na Rádio Roquette Pinto. Desde então apresentou-se em inúmeros recitais realizados no Brasil e no exterior, como solista e também camerista, atuando ao lado das cantoras Fátima Alegria e Eliane Sampaio, da flautista Odete Ernest Dias, entre outros.
Na década de 1960, foi produtor e recitalista da Rádio MEC. Em 1967, gravou a série integral dos prelúdios e canções para violão de Heitor Villa-Lobos, patrocinado pelo Museu Villa-Lobos.
Em 1972, transferiu-se para Paris, onde estudou como bolsista no “Centre Musical Internacional DAnnecy”. Lecionou em diversos conservatórios parisienses como os da associação “Les Amis de lOrchestre de Chambre de Paris”, Conservatório Municipal de St. Denis e Conservatório de St. Claude e na Université Musicale de Paris. De volta ao Brasil, criou o primeiro curso de bacharelado em violão – FAMASF – RJ, onde lecionou até 1982. Foi também professor do departamento de Música da PUC, RJ.
Em 1983 ingressou como professor concursado no Departamento de Música da Universidade Federal de Uberlândia, onde permaneceu até novembro de 1999 quando se aposentou. Realizou transcrições para o instrumento, tendo desenvolvido na universidade o projeto de pesquisa “Ampliação da literatura do violão através da transcrição musical”, tendo alguns de seus trabalhos publicados pela Columbia Music Co (USA), Ricordi Brasileira e Edufu (MG). É muito requisitado para jurado de concursos e para integrar bancas examinadoras de defesa de teses de mestrado.
Desde 1997 tem sido convidado a lecionar no Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga realizado anualmente em Juiz de Fora.
MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.