
Cantor. Compositor. Violeiro. Nascido na cidade de Passos, em Minas Gerais, mudou ainda criança com a família para a cidade paulista de Araçatuba. Algum tempo depois, foi morar na capital paulista. Trabalhou em fazenda e, nas horas vagas, participava de folia de reis, catira e rodas de violeiros. Faleceu em 2020, em decorrência de um câncer. Na época, em meio a shows virtuais de vários artistas sertanejos, em decorrência da pandemia de Covid-19, foi ovacionado em dezenas dessas apresentações.
Inicou a carreira artística por volta de 1970. Em meados daquela década formou com o violeiro Bambico a dupla João Mulato e Douradinho, com o qual gravou os LPs “Saudade de um amor que passa” e “Meu reino encantado”. Em 1980, ainda com Bambico lançou o LP “Saudade de um amor que passa”, que incluiu suas composições “Cruel destino” e “Quero você lá em casa”, com Vicente P. Machado, e “Saudade de um amor passado”, com Douradinho. Em 1981, foi lançado pela mesma gravadora o LP “Meu reino encantado”, que incluiu suas composições “Nordestino inteligente”, com Arlindo Rosa; “Quem ama não esquece”, com Toninho; “Laço da ilusão”, com Dalva; “Amor da minha vida”, com Arlindo Rosa, e “Nem marido nem mulher”, com Eurides Lourenço. Com a morte de Bambico em 1982, formou com outros parceiros a dupla “João Mulato e Douradinho” gravando mais seis discos até 1989, quando passou a formar dupla com Pardinho, que durou até 1997. No começo de 1984, gravou o LP “João Mulato & Douradinho – Vol. 3”, no qual foram incluídas as seguintes obras de sua autoria: “Doce pra jacaré”, com Arlindo Rosa; e “Paixão da minha vida”, com Paraíso. Em 1985, já pela gravadora Lider, lançou com Douradinho o LP “Moda de viola – Vol. 1”, no qual a dupla interpretou apenas modas-de-viola, gênero clássico da música caipira. Estão presentes nesse LP as modas-de-viola de sua autoria “Peso da idade”, com Zancopé Simões; “Tempo de infância”, com Tião do Ouro, e “Família Tangerino”. No ano seguinte, a dupla gravou o LP “O imã do amor – Vol. 5”, que incluiu as sua composições “Imã de amor”, com Alcino Alves; “Por onde anda você”, com Zancopé Simões; “Sabor de vitória”, com Sebastião Victor; “Preto Doutor”, com Capitão Pereira, e “Pedido a São Jorge”, com José Piovesan. Em 1989, foi contratado com Douradinho pela RGE e lançou o LP “Primeira dama”, música título de João Mulato e Donizete, e que incluíu também as músicas “Nova primavera”, com Donizete; “Amor que não esqueci”, com Boracéia; “Nove dias de carinho”, com Kátia Mara, e Benedito Seviero; “Cerveja quente”, com Jesus Belmiro; “O que vou dizer agora”, com Jesus Belmiro e Cláudio Balestro; “Flor Taiaçuense”, com Jesus Belmiro; “Contrato vencido”, com Sebastião Victor e Chicão Pereira; “Rosa branca perfumada”, com Jesus Belmiro, e “Os sinais do fim do mundo”, com Tião Fonseca. A partir de 1990 e até 1997, a dupla se encerrou temporariamente, e passou a atuar em dupla com Pardinho. Em 1994, gravou com Pardinho o LP “Janela da vida”, que incluiu suas composições “De novo em teus braços”, com Silviano Ramos; “Há um ano atrás”, com Paraíso e Júlio Guidini; “Linda donzela”, com Lourival dos Santos e Zé Baturta; “Sol de verão”, com Jesus Belmiro, e “Punhois de aço”, com Jesus Belmiro e Júlio Guidini. Em 1998, retomou a dupla com Douradinho, que já fora o nome artístico utilizado por oito diferentes parceiros seus, dos quais a nova dupla João Mulato e Douradinho lançou, em 1999, o LP “Ao mestre com carinho”, LP homenagem a Tião Carreiro, posteriormente remasterizado em CD. Nesse disco se destaca a sua composição “Cadeira vazia”, com Chicão Pereira, dedicada especialmente ao mestre Tião Carreiro. Em 2001, lançou com Douradinho, pelo selo Pequizeiro, com produção de Téo Azevedo, o CD “Modas de viola clássicas”, no qual interpreta 16 modas-de-viola, consideradas clássicos do gênero, entre as quais as de sua autoria “Viola cor de ouro”, com Jesus Belmiro; “Reunião de amigos”, com Gudin, e “Um pouco do meu passado”, com Poeta. No encarte do CD, assim escreveu Téo Azevedo: “João Mulato é quem mais se aproxima do estilão de Tião Carreiro, tanto na voz como no ponteio da viola. Moda-de-viola é um estilo na música sertaneja de raiz. Aproveito agora para apresentar a vocês dois dos mais autênticos cantadores de moda-de-viola: João Mulato e Douradinho. Ouçam esse CD e sintam o prazer de ser brasileiro, com S.” Em 2003, fez com Douradinho uma participação especial na música “Moradia”, de Nhô Chico, Tião Carreiro e Craveiro, no album “Meu Reino encantado II”, de Daniel, do selo Warner Music Brasil, produzido por Daniel e Manoel Nenzino Pinto. Em 2004, lançou com Douradinho pela Atração Fonográfica, o CD “Fera ferida”, no qual se destacaram as seguintes faixas de sua autoria: “Só por Deus”, com Vanice Carvalho; “Eu quero ela”, com Roserli Barbosa; “Vivendo no sertão”, com João Miranda; “Paulista de fibra”, com Toninho Bauru; “Prás bandas de Aquidauana”, com Toninho Fernandes; “Viola Dourada”, com Martins Neto, e a faixa-título “Fera Ferida”. Em 2006, gravou com Douradinho o CD “As mais românticas de Tião Carreiro”, nova homenagem da dupla ao violeiro Tião Carreiro, dessa feita com destaque para as composições e interpretações de músicas românticas do “Mestre do pagode”. Nesse ano, apresentou-se com Douradinho no programa “Viola minha viola”, comandado por Inezita Barroso, na TV Cultura de São Paulo. Em 2007, sua dupla com Douradinho recebeu, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, o Prêmio Tim de Música Popular Brasileira, na categoria regional – Melhor Dupla, pelo disco “Clássicos da Moda-de-Viola”, da gravadora Arlequim Discos. No mesmo ano, desfez a dupla com Douradinho e formou nova dupla, dessa vez com João Carvalho, com quem se apresentou no programa “Viola minha viola”. Na ocasião foi lançado o primeiro CD da dupla, contando com a toada “Não deixo a viola cair”, com Tião do Pinho, que deu título ao CD e tornou-se bastante pedida nas Rádios e TVs da grande São Paulo. O disco incluiu ainda as composições de sua autoria “Olhos azuis”, com Teodoro; “Fechadura do coração”, “Quem vê cara não vê coração”, “Coração animal”, e “Meu lugar”, com Praense; “Língua do povo”, com Valdemar Reis; “O melhor da vida”, com Chicão Pereira e Milton Araújo; e “Vira volta”, com José Calixto Rodrigues; Em 2009, apresentou-se com João Carvalho na cidade paulista de Americana, como parte do projeto “Viola em Casa”. Considerado com um dos mais importantes nomes da música sertaneja nas décadas de 1990 e 2000, manteve a característica de formar duplas com diferentes parceiros mas mantendo-se como o principal nome de todas elas. Em 2013, realizou participação especial DVD “Xonado e chorado”, da cantora Valéria Barros.