3.405
© Marcos Venício
Nome Artístico
Joanna
Nome verdadeiro
Maria de Fátima Gomes Nogueira
Data de nascimento
27/1/1957
Local de nascimento
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Cantora. Compositora.

Aos 12 anos, começou a estudar violão. Em 1963, realizou sua primeira apresentação, como integrante do grupo Rede.

Dados artísticos

Em 1974, classificou-se em 1º lugar no programa “A grande chance” (TV Tupi/RJ), apresentado por Flávio Cavalcanti, interpretando “Última forma” (Baden Powell). Em seguida, começou a fazer o circuito das casas noturnas cariocas. Em 1979, gravou “Nascente”, seu primeiro LP, com destaque para sua composição “Descaminhos” (c/ Sarah Benchimol).

Na década de 1980, gravou os LPs “Estrela-guia” (1980), “Chama” (1981), que registrou a canção “Nos bailes da vida” (Milton Nascimento e Fernando Brant), “Vidamor” (1982) e “Brilho e paixão” (1983), além de quatro discos intitulados apenas “Joanna”, lançados em 1984, 1985, 1986 e 1988.

Participou, como cantora e compositora, de trilhas sonoras de novelas da Rede Globo, como “Brilhante” (“Decisão”) e “Coração alado” (“Momentos”).

Na década de 1990, lançou “Primaveras e verões” (1990), “Joanna” (1991), “Alma, coração e vida” (1993), “Joanna canta Lupicínio”, “Sempre no meu coração” (1995), “Joanna em samba-canção” (1997), “Intimidad” (1998), cantando em castelhano standards do bolero, e “Vinte anos ao vivo”, um registro de sua trajetória artística. Muito popular em Portugal, viaja regularmente para apresentações nesse país.

Lançou, em 2001, o CD “Eu estou bem” e, em 2003, o CD “Todo acústico” (Sony), esse último produzido por José Milton, com a participação de Maria Bethânia (“Maninha”, de Chico Buarque), KLB (“Um sonho a dois”, de Sullivan e Massadas), Fagner (“Amor alheio”, de Ivor Lancellotti e Paulo César Pinheiro) e Jorge Aragão (“Mel na boca”, de David Corrêa).

Em 2004 comemorou 25 anos de carreira com o álbum “Entre Amigos (Universal Music). Dois anos depois, em 2006, lançou o álbum “Joanna ao vivo em Portugal”, lançado pela Som Livre, sendo que este foi seu terceiro álbum ao vivo e o segundo DVD. No repertório, alguns fados e regravações dos antigos sucessos.

Em 2007, lançou o álbum “Joanna em Pintura Íntima” que novamente rendeu um álbum de vídeo.

Celebrando 38 anos de carreira em 2018, apresentou o espetáculo “De volta ao começo”, com homenagens a artistas com quem já trabalhou. No repertório desta apresentação, que seguiu turnê pelo Brasil, cantou “Nos Bailes da Vida” de Milton Nascimento; “Momentos”, de sua autoria com Sarah Benchimol e “Recado” de Renato Teixeira, além lembrar a obra de Chico Buarque, Cazuza, Guilherme Arantes, Renato Teixeira entre outros. Joanna preparou ainda homenagens para reconhecer o talento de Lupicínio Rodrigues e Gonzaguinha, que foi, segundo ela, seu melhor amigo e compositor.

Discografias
2011 Independente CD Em Nome de Jesus - Joanna Interpreta Padre Zezinho
2007 Universal Music CD Joanna em pintura íntima
2005 Som Livre DVD Joanna ao vivo em Potugal
2004 Universal Music CD Entre Amigos
2003 Sony Music CD Todo acústico
2001 BMG Brasil CD Eu estou bem
1999 BMG Brasil CD Vinte anos ao vivo
1998 BMG Brasil CD Intimidad
1997 BMG Brasil CD Joanna em samba-canção
1995 CD Sempre no meu coração
1994 BMG Ariola CD Joanna canta Lupicínio
1994 BMG Ariola CD O melhor de Joanna

(Coletânea:)

1993 BMG Ariola CD Alma, coração e vida
1991 BMG Ariola CD Joanna
1990 BMG Ariola LP, CD Primaveras & verões
1988 BMG Ariola LP, CD Joanna
1986 RCA Victor LP, CD Joanna
1985 RCA Victor LP, CD Joanna
1984 RCA Victor LP, CD Joanna
1983 RCA Victor LP, CD Brilho e paixão
1982 RCA Victor LP Vidamor
1981 RCA Victor LP, CD Chama
1980 RCA Victor LP, CD Estrela-guia
1979 RCA Victor LP, CD Nascente
Obras
Acreditar (c/ Ronaldo Malta e Sarah Benchimol)
Ame (c/ Tony Bahia e Sarah Benchimol)
Apesar dos pesares (c/ Gilson Mendonça e Marquinhos)
Bibelô (c/ Sarah Benchimol)
Camafeu (c/ Cláudio Rabello e Ronaldo Malta)
Canção do rádio (c/ Tony Bahia e Tharcisio)
Cicatrizes (c/ Solange Boeke)
Coisa doida (c/ Tharcísio Rocha e Tony Bahia)
Coisas em comum (c/ Tony Bahia)
Coração cadeado (c/ Tony Bahia e Sarah Benchimol)
Covardemente (c/ Isolda)
Decisão (c/ Tony Bahia e Sarah Benchimol)
Delícia nua (c/ Tony Bahia e Tharcisio)
Denguinho (c/ Tharcísio Rocha e Tony Bahia)
Descaminhos (c/ Sarah Benchimol)
Desengano (c/ Tony Bahia e Sarah Benchimol)
Diz quem me diz (c/ Guará e Sarah Benchimol)
Doce bandido (c/ Tony Bahia e Sarah Benchimol)
Doce paixão (c/ Ronaldo Malta)
Espelho (c/ Gracco e Geraldo Amaral)
Esse moço (c/ Fátima Leão e Elias Muniz)
Estrela perdida (c/ Cláudio Rabello e Ronaldo Malta)
Estrela-guia (c/ Sarah Benchimol)
Fruto proibido (c/ Ary Carvalho)
Gosto de viola (c/ Tony Bahia e Sarah Benchimol)
Imaginação (c/ Geraldo Amaral)
Luz acesa (c/ Tharcísio Rocha e Tony Bahia)
Luzes (c/ Tony Bahia e Sarah Benchimol)
Metade de nós (c/ Rosinha de Valença)
Meu coração cigano (c/ Fátima Leão e Elias Muniz)
Meu jogo (c/ Isolda e Marquinhos)
Momentos (c/ Sarah Benchimol)
Neblina (c/ Fafi Siqueira e Sarah Benchimol)
Nosso orgulho (c/ Marquinhos)
Nunca mais (c/ Sarah Benchimol)
Nunca sofri por amor (c/ Cazuza)
Não dá mais... (c/ Tony Bahia)
O que é que eu faço (c/ Marquinhos)
Palavras secretas (c/ Tony Bahia)
Pecado venial (c/ Tony Bahia e Sarah Benchimol)
Pedra preciosa (c/ Ronaldo Malta e Michel)
Pinta de bacana (c/ Caetano e Solange Boeke)
Pinta de bacana (c/ Solange Böeke)
Poucas palavras (c/ Sarah Benchimol)
Pássaro (c/ Tony Bahia e Tharcisio)
Remelexo (c/ Tharcísio Rocha e Tony Bahia)
Reviver (c/ Solange Boeke e Sarah Benchimol)
Sedução (c/ Tharcísio Rocha e Tony Bahia)
Sem você não faz sentido (c/ Geraldo Amaral)
Te amando (c/ Sarah Benchimol)
Tempo de pedra (c/ Guaracy e Sarah Benchimol)
Tentação (c/ Tony Bahia e Sarah Benchimol)
Tente outra vez (c/ Isolda e Marquinhos)
Tudo pode acontecer (c/ Ana Flávia, Belô Velloso e Lúcia Veríssimo)
Tô morrendo de saudade (c/ Ronaldo Malta e Marquinhos)
Um erro a mais (c/ J. Ribamar e Marquinhos)
Você (c/ Tony Bahia e Sarah Benchimol)
Shows
2018 Teatro Net Rio, Rio de Janeiro De volta ao começo
Joanna. Teatro Rival (RJ).
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.

Crítica

Joanna continua administrando – e muito bem – sua carreira artística. A isso Joanna deve sua invejável média de 250 mil cópias, por disco.

Aliás, tanto essas vendagens surpreendentes quanto a maneira prudentemente conservadora de administrar sua carreira fazem dela uma versão feminina de Roberto Carlos, no dizer de muitos observadores. O que, devo logo dizer, não me parece demérito.

Há alguns anos atrás recebi Joanna, a quem não conhecia pessoalmente, em minha casa. Ela queria pesquisar umas músicas para um novo disco de sambas-canções e tinha acabado de lançar o belo LP com músicas exclusivamente do Lupicínio Rodrigues.

Joanna me surpreendeu por vários e encantadores motivos. Primeiro, porque abraçava enorme buquê de flores do campo, que me entregou com um sorriso tão claro e luminoso que até parecia que nos conhecíamos há décadas. E depois porque, enquanto ela ia ouvindo algumas das melhores pepitas do samba-canção, seus comentários eram precisos e certeiros para o que havia do melhor no gênero. Ou seja, Joanna tinha o surpreendente bom gosto de louvar jóias esquecidas de Luiz Reis, Haroldo Barbosa, Custódio Mesquita e até profundidades ainda mais raras de Klécius Caldas, Armando Cavalcanti, Ricardo Galeno e João Roberto Kelly.

Comecei, a partir daí, a gostar dela e a me interessar mais pelo seu trabalho, logo eu que a tinha na conta mediana de apenas mais uma cantora cujo único compromisso eram os sucessos para o mercado de rádio. E para minha maior surpresa, Joanna me falou, assim como não quer nada, do seu sucesso em Portugal e na América Latina.

Lembro-me de que arregalei os olhos quando ela me contou das suas peripécias em Lisboa, do número absurdo de discos vendidos que a fez recordista absoluta, dos shows apoteóticos e do carinho do povo português, que a tinha na conta duma Amália tropical.

Ao falar da Amália – a Rodrigues, é claro, minha musa e deusa, além da maior cantora do mundo em sua época de ouro, os anos 50 e 60 (a insolência dessa opinião vale uma discussão mais tarde) – e pedi-lhe que cantasse um fado à Amália. Pois não é que aflorou nela a filha de portugueses (que ela é de fato) e sapecou de imediato um “Foi Deus”, engrenando depois o “Nem às Paredes Confesso” para terminar com um avassalador “Barco Negro”.

Ricardo Cravo Albin