Cantora. Compositora.
Aos 12 anos, começou a estudar violão. Em 1963, realizou sua primeira apresentação, como integrante do grupo Rede.
Em 1974, classificou-se em 1º lugar no programa “A grande chance” (TV Tupi/RJ), apresentado por Flávio Cavalcanti, interpretando “Última forma” (Baden Powell). Em seguida, começou a fazer o circuito das casas noturnas cariocas. Em 1979, gravou “Nascente”, seu primeiro LP, com destaque para sua composição “Descaminhos” (c/ Sarah Benchimol).
Na década de 1980, gravou os LPs “Estrela-guia” (1980), “Chama” (1981), que registrou a canção “Nos bailes da vida” (Milton Nascimento e Fernando Brant), “Vidamor” (1982) e “Brilho e paixão” (1983), além de quatro discos intitulados apenas “Joanna”, lançados em 1984, 1985, 1986 e 1988.
Participou, como cantora e compositora, de trilhas sonoras de novelas da Rede Globo, como “Brilhante” (“Decisão”) e “Coração alado” (“Momentos”).
Na década de 1990, lançou “Primaveras e verões” (1990), “Joanna” (1991), “Alma, coração e vida” (1993), “Joanna canta Lupicínio”, “Sempre no meu coração” (1995), “Joanna em samba-canção” (1997), “Intimidad” (1998), cantando em castelhano standards do bolero, e “Vinte anos ao vivo”, um registro de sua trajetória artística. Muito popular em Portugal, viaja regularmente para apresentações nesse país.
Lançou, em 2001, o CD “Eu estou bem” e, em 2003, o CD “Todo acústico” (Sony), esse último produzido por José Milton, com a participação de Maria Bethânia (“Maninha”, de Chico Buarque), KLB (“Um sonho a dois”, de Sullivan e Massadas), Fagner (“Amor alheio”, de Ivor Lancellotti e Paulo César Pinheiro) e Jorge Aragão (“Mel na boca”, de David Corrêa).
Em 2004 comemorou 25 anos de carreira com o álbum “Entre Amigos (Universal Music). Dois anos depois, em 2006, lançou o álbum “Joanna ao vivo em Portugal”, lançado pela Som Livre, sendo que este foi seu terceiro álbum ao vivo e o segundo DVD. No repertório, alguns fados e regravações dos antigos sucessos.
Em 2007, lançou o álbum “Joanna em Pintura Íntima” que novamente rendeu um álbum de vídeo.
Celebrando 38 anos de carreira em 2018, apresentou o espetáculo “De volta ao começo”, com homenagens a artistas com quem já trabalhou. No repertório desta apresentação, que seguiu turnê pelo Brasil, cantou “Nos Bailes da Vida” de Milton Nascimento; “Momentos”, de sua autoria com Sarah Benchimol e “Recado” de Renato Teixeira, além lembrar a obra de Chico Buarque, Cazuza, Guilherme Arantes, Renato Teixeira entre outros. Joanna preparou ainda homenagens para reconhecer o talento de Lupicínio Rodrigues e Gonzaguinha, que foi, segundo ela, seu melhor amigo e compositor.
(Coletânea:)
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.
Joanna continua administrando – e muito bem – sua carreira artística. A isso Joanna deve sua invejável média de 250 mil cópias, por disco.
Aliás, tanto essas vendagens surpreendentes quanto a maneira prudentemente conservadora de administrar sua carreira fazem dela uma versão feminina de Roberto Carlos, no dizer de muitos observadores. O que, devo logo dizer, não me parece demérito.
Há alguns anos atrás recebi Joanna, a quem não conhecia pessoalmente, em minha casa. Ela queria pesquisar umas músicas para um novo disco de sambas-canções e tinha acabado de lançar o belo LP com músicas exclusivamente do Lupicínio Rodrigues.
Joanna me surpreendeu por vários e encantadores motivos. Primeiro, porque abraçava enorme buquê de flores do campo, que me entregou com um sorriso tão claro e luminoso que até parecia que nos conhecíamos há décadas. E depois porque, enquanto ela ia ouvindo algumas das melhores pepitas do samba-canção, seus comentários eram precisos e certeiros para o que havia do melhor no gênero. Ou seja, Joanna tinha o surpreendente bom gosto de louvar jóias esquecidas de Luiz Reis, Haroldo Barbosa, Custódio Mesquita e até profundidades ainda mais raras de Klécius Caldas, Armando Cavalcanti, Ricardo Galeno e João Roberto Kelly.
Comecei, a partir daí, a gostar dela e a me interessar mais pelo seu trabalho, logo eu que a tinha na conta mediana de apenas mais uma cantora cujo único compromisso eram os sucessos para o mercado de rádio. E para minha maior surpresa, Joanna me falou, assim como não quer nada, do seu sucesso em Portugal e na América Latina.
Lembro-me de que arregalei os olhos quando ela me contou das suas peripécias em Lisboa, do número absurdo de discos vendidos que a fez recordista absoluta, dos shows apoteóticos e do carinho do povo português, que a tinha na conta duma Amália tropical.
Ao falar da Amália – a Rodrigues, é claro, minha musa e deusa, além da maior cantora do mundo em sua época de ouro, os anos 50 e 60 (a insolência dessa opinião vale uma discussão mais tarde) – e pedi-lhe que cantasse um fado à Amália. Pois não é que aflorou nela a filha de portugueses (que ela é de fato) e sapecou de imediato um “Foi Deus”, engrenando depois o “Nem às Paredes Confesso” para terminar com um avassalador “Barco Negro”.
Ricardo Cravo Albin