
Cantor. Compositor.
Na infância, cantava música religiosa em igreja. Antes de ingressar na vida artística, trabalhou como engraxate, mecânico, servente de pedreiro e ajudante de alfaiate. Em 1958, participou pela primeira vez de um programa de calouros, em São Carlos (SP). Em seguida, mudou-se para a capital paulista, onde trabalhou na alfaiataria Primor. Seu filho Jairzinho também ingressou na vida artística, tendo participado, na década de 1980, do programa infantil da TV Globo “Balão mágico”, iniciando, mais tarde, uma bem-sucedida carreira como cantor, já na virada da década de 1990 para o ano 2000.
Iniciou sua carreira em 1957, atuando como crooner em casas noturnas do interior de São Paulo.
A partir de 1960, passou a cantar na capital paulista, participando de programas de calouros, entre os quais o “Programa de Cláudio de Luna” (Rádio Cultura), no qual obteve a primeira colocação.
Gravou seu primeiro disco (78 rpm) em 1962, com duas músicas para a Copa do Mundo do mesmo ano: “Brasil sensacional” e “Marechal da vitória”, essa última muito executada pela Rádio Record. Lançou em seguida um compacto simples contendo as canções “Balada do homem sem Deus” (Fernando César e Agostinho dos Santos) e “Coincidência” (Venâncio e Corumba).
Seus primeiros LPs foram “Vou de samba com você” e “O samba como ele é”, lançados em 1964. Nessa época, atingiu grande popularidade com sua interpretação da música “Deixa isso pra lá” (Alberto Paz e Edson Meneses), marcada pela gesticulação que fazia com a palma da mão. Essa canção, considerada precursora do rap brasileiro por seu refrão “falado”, foi regravada em 1999 com a participação do grupo paulistano de rap Camorra.
Em 1965, substituiu Baden Powell no show realizado no Teatro Paramount, em São Paulo. Foi nesta ocasião que cantou pela primeira vez ao lado daquela que seria sua parceira, a estreante Elis Regina, com quem lançou em seguida o LP “Dois na bossa”, gravado ao vivo. Devido ao enorme sucesso alcançado pelo disco, formou com a jovem cantora a dupla Jair e Elis, no comando do programa “O fino da bossa”, produzido pela TV Record (SP), que teve estréia dia 19 de maio de 1965, marcando definitivamente seu lugar entre as grandes estrelas da MPB. Nesse ano, registrou um de seus grandes sucessos, “Tristeza” (Niltinho e Haroldo Lobo). A música, gravada anteriormente por Ari Cordovil, obteve grande destaque no carnaval de 1966 na voz do cantor.
Em 1966, gravou o LP “O sorriso do Jair”. Participou, nesse ano, do II Festival de Música Popular Brasileira (TV Record), defendendo a canção “Disparada” (Geraldo Vandré e Teo de Barros), dividindo o primeiro lugar com “A banda” (Chico Buarque), defendida por Nara Leão. Ao lado de Elis lançou mais dois volumes da série “Dois na bossa”, em 1966 e 1967, ano em que gravou o LP “Jair”.
Em 1968, participou do IV Festival de Música Popular Brasileira (TV Record), obtendo a terceira colocação do júri popular com a música “A família” (Chico Anysio e Ari Toledo). Também nesse ano, participou da Bienal do Samba (TV Record), em São Paulo, com “O que dá pra rir, dá pra chorar” (Billy Blanco), classificada em quinto lugar no evento vencido por Elis Regina com “Lapinha” (Baden Powell e Paulo César Pinheiro). Ainda em 1968, lançou o LP “Menino rei da alegria”.
No ano seguinte, fez o show de entrega dos prêmios Golfinhos de Ouro e Troféus Estácio de Sá, do Museu da Imagem e do Som, na Sala Cecília Meireles, quando atuou ao lado de Clementina de Jesus. Também em 1969, lançou os LPs “Jair de todos os sambas” e “Jair de todos os sambas nº2”
Sua popularidade não se restringiu somente ao Brasil, tendo-se apresentado com freqüência no exterior, em países como Portugal, Alemanha, França, Suíça, Itália, Estados Unidos e Japão. Apresentou-se com Elis Regina e o Zimbo Trio no Cassino Estoril, em Portugal, no Teatro Famoso, na Argentina, e no Cine Ávis, em Angola, entre outros espaços.
Em 1970. Gravou o LP “Talento e bossa de Jair Rodrigues”
No ano seguinte, apresentou-se, ao lado do grupo Os Originais do Samba, no Midem, em Cannes, e lançou o LP “É isso aí”. Ainda em 1971, gravou o LP “Festa para um rei negro”, contendo o samba-enredo homônimo da escola de samba carioca Acadêmicos do Salgueiro, do compositor Zuzuca (Adil de Paula), um de seus grandes sucessos e um dos mais conhecidos refrões da história do carnaval brasileiro: “Ô lê lê, ô lá lá/ pega no ganzê/ pega no ganzá”.
Ainda nos anos 1970, gravou os LPs “Com a corda toda” (1972), “Orgulho de um sambista” (1973), “Abra um sorriso novamente” (1974), “Jair Rodrigues dez anos depois” (1974), “Ao vivo no Olympia de Paris” (1975), “Eu sou o samba” ( 1975), “Minha hora e vez” (1976), “Estou com o samba e não abro” (1977), “Pisei chão” (1978), “Antologia da seresta” (1979) e “Couro comendo” (1979).
Na década de 1980, lançou os LPs “Estou lhe devendo um sorriso” (1980), “Antologia da seresta nº 2” (1981), “Alegria de um povo” (1981), “Jair Rodrigues de Oliveira” (1982), “Carinhoso” (1983), “Luzes do prazer” (1984), “Jair Rodrigues” (1985) e “Jair Rodrigues” (1988).
Nos anos 1990, gravou o LP “Lamento sertanejo” (1991) e os CDs “Viva meu samba” (1994), “Eu sou… Jair Rodrigues” (1996), “De todas as bossas” (1998) e “500 anos de folia – 100% ao vivo” (1999).
Em 2000, lançou o CD “500 anos de folia vol. 2”. Nesse mesmo ano, participou da trilha sonora da novela “O cravo e a rosa” (Rede Globo), interpretando a canção título da novela da TV Globo.
Gravou, em 2002, o CD “Intérprete”. O disco abre com um medley dos sambas “É preciso muito amor” (Noca da Portela e Tião de Miracema), “Vou festejar” (Jorge Aragão, Dida e Neoci) e “Se Deus quiser”, de sua parceria com Wando. Constam ainda do repertório “Incompatibilidade de gênios” (João Bosco e Aldir Blanc), com a participação de Lobão, “Zelão” (Sérgio Ricardo), “Retrato da vida” (Djavan e Dominguinhos), com a participação de Dominguinhos, “Ziguezague” (Alberto Paz e Edson Menezes), com a participação de Wilson Simoninha, Jair Oliveira e Rappin Hood, “Arrastão” (Edu Lobo e Vinicius de Moraes), em duo com o pianista César Camargo Mariano, e “A banca do distinto” (Billy Blanco), com a participação de Cido Bianchi (piano), Sabá (contrabaixo) e Toninho Pinheiro (bateria), integrantes do o Jongo Trio.
Lançou, em 2004, o CD “A nova bossa”, contendo principalmente regravações do repertório da Bossa Nova, além de “Falso amor/Fake love” (Jair Oliveira). Participaram do disco os músicos Paulinho Dáfilin (guitarras) e Marcelo Maita (piano).
Em 2005, gravou o CD “Alma negra”, contendo canções de Paulo Dafilin, Monsueto, Zé da Zilda, Haroldo Lobo, Evaldo Gouveia e Carlos Cola, Martinho da Vila e Hermínio Belo de Carvalho, entre outras. O disco contou com a participação especial da filha Luciana Mello na faixa-título, composição de Lula Barbosa.
Em 2006, foi lançado o DVD “Jair Rodrigues – Programa Ensaio – Brasil 1991”, mais um título da série de programas apresentados por Fernando Faro, no qual o cantor, além de longo depoimento, interpreta canções de seu repertório, acompanhado pelos músicos Cesar Barriga (teclados), Luiz Carlos de Paula (surdo), Luiz Carlos Xuxu (cavaquinho) e Jacaré (pandeiro).
Em 2007, participou da gravação ao vivo do projeto “Cidade do Samba” (CD e DVD), de Zeca Pagodinho e Max Pierre, apresentado por Ricardo Cravo Albin,interpretando em dupla com Claudia Leite “Deixa isso pra lá” (Alberto Paz e Edson Menezes).
Em 2019 completaria 80 anos. Na ocasião foi homenageado por seus filhos, Luciana Mello e Jair Oliveira, em espetáculo “Tributo a Jair Rodrigues” no Theatro Net de São Paulo. Foram incluídas no repertório as canções, “Disparada”, “Tristeza”, “Majestade e o Sabiá”, “Deixa Isso Pra Lá”, dentre outras. Na ocasião Luciana e Jair foram acompanhados por banda formada de violões, cavaco, bateria, percussão, baixo e teclado. No mesmo ano se iniciaram as filmagens de “Jairzão – O Documentário”, uma co-produção da Santa Rita Filme e Cantarolar Produções, com produção executiva de Marcelo Braga e direção de Alexandre Sorriso.
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.
COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.
FUSCALDO, Chris. Discobiografia Mutante: Álbuns que revolucionaram a música brasileira. Rio de Janeiro: Editora Garota FM Books, 2018. 2ª ed. Idem, 2020.
SEVERIANO, Jairo e HOMEM DE MELLO, Zuza. A canção no tempo vol. 2. São Paulo: Ed. 34, 1998.