5.003
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Nome Artístico
Jacob do Bandolim
Nome verdadeiro
Jacob Pick Bittencourt
Data de nascimento
14/2/1918
Local de nascimento
Rio de Janeiro, RJ
Data de morte
13/8/1969
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Bandolinista. Compositor.

Filho único de Francisco Gomes Bittencourt, farmacêutico, nascido em Cachoeiro de Itapemirim e de Rackel Pick, de nacionalidade russa ou polaca, com ascendência judaica. Nasceu no bairro carioca de Laranjeiras. Cursou o primário na Escola Deodoro, situada no bairro da Glória. O curso de admissão foi realizado no atual Colégio Cruzeiro, na época denominado Deutsch Schule (Escola Alemã). Posteriormente transferiu-se para a British American School (atual Colégio Anglo-Americano de Botafogo), onde cursou o 1º ginasial e o comercial completo). Em 1935, iniciou o curso de perito contador no Instituto Brasileiro de Contabilidade. Despertou para a música por volta dos 12 anos de idade, época em que tocava gaita para os colegas da escola. Seu primeiro instrumento foi um violino, que pediu à mãe ao ouvir um vizinho francês que executava o instrumento. Não se adaptando ao uso do arco, passou a tocá-lo com o auxílio de grampos de cabelo. Foi então, que uma amiga de sua mãe explicou que havia um instrumento próprio para esse tipo de execução, e assim o bandolim entrou em sua vida. Durante toda a década de 1930, se dividiu entre a música e diversos trabalhos: foi vendedor, prático de farmácia, corretor de seguros, comerciante e escrivão de polícia, cargo que ocupou até morrer. Por não depender financeiramente da música, pôde tocar e compor com mais liberdade, sem sofrer pressões de gravadoras ou editoras. Em 1940, casou-se com Adylia Freitas com quem teve dois filhos: Helena e Sérgio Bittencourt que o homenageou no samba póstumo “Naquela mesa” (“Naquela mesa tá faltando ele/ e a saudade dele/ tá doendo em mim”), sucesso na voz de Elizeth Cardoso.

Dados artísticos

Nos primeiros anos da década de 1930, fez algumas apresentações amadorísticas. Em 1933, apresentou-se, por insistência de amigos, no programa “Hora do amador Untisal”, na Rádio Guanabara tocando o choro “Aguenta Calunga”, de Atilio Grany. Em 1934, apresentou-se tocndo violão no programa “Horas luso-brasileiras”, na Rádio Educadora. Sua primeira grande chance ocorreu no mesmo ano, quando o flautista Benedito Lacerda o convidou a participar  do “Programa dos Novos – Grande Concurso dos Novos Artistas”, da Rádio Guanabara.  Solou o choro “Segura ele”, de Pixinguinha, acompanhado  pelos violonistas Lentine e Luis Bittencourt, Canhoto  ao cavaquinho e Russo no pandeiro. Na ocasião, Eratóstenes Frazão que dirigia o programa batizou o conjunto de “Jacob e sua Gente”.  O conjunto recebeu nota máxima do júri formado  por  grandes nomes como Orestes Barbosa, Francisco Alves, Benedito Lacerda, Cristóvão de Alencar e Frazão, conquistando o primeiro lugar em meio a 27 concorrentes. Desde então, tomaram parte nos programas da Rádio Guanabara, revezando com o conjunto de Benedito Lacerda.

Como intérprete, possuía não só estilo, fraseado, toque  extremamente personalizado, mas  um vasto repertório que em um caderno de notas sob o título de “repertório trivial” contava com 329 títulos.   Músico extremamente exigente e perfeccionista era muito rígido na sua vida pessoal e musical.  Através das apresentações no rádio, firmou-se na música.  Tocou nas mais importantes rádios da epoca , começando pela Rádio Guanabara, onde em 1936 apresentou a estreante Elizeth Cardoso.  Apresentou-se, ainda, na Rádio Educadora, Mairynk Veiga, na Rádio Transmissora, Rádio Clube do Brasil, Cajuti, Fluminense e na Rádio Ipanema, que posteriormente passou a se chamar Rádio Mauá. Nesta última,  em 1942,  passou a integrar o conjunto sob a direção de Mário Silva, atuando ao lado de César Faria e Claudionor Cruz (violões) Léo Cardoso (afoxé) e Candinho (bateria).  Quando o violonista César Faria formou seu próprio conjunto (1946) atuou com ele, ocasionalmente, como solista.  Ainda em 1942,  abriu com seu bandolim a célebre gravação de “Amélia”, de Ataulfo Alves e Mário Lago em disco Odeon, e em 1947 participou da gravação de “Marina”, de Dorival Caymmi feita por Nélson Gonçalves, na RCA Victor. Finalmente, passou a integrar o elenco da Rádio Nacional que era a grande emissora da época, participando de vários programas dentre os quais “Disco de ouro”,  onde não tocava mas era produtor e apresentador que trazia ao público um raro repertório. Estava já exercendo uma de suas facetas musicais,  a de  pesquisador, dedicação que o levou a  incorporar a seu repertório obras desconhecidas de grandes chorões do passado.

Estreou em disco em 1947, na Gravadora Continental registrando  o choro “Treme-treme”, de sua autoria e, a valsa “Glória”, de Bonfíglio de Oliveira. No ano seguinte, acompanhado pelo Regional de César Faria lançou pela mesma gravadora sua valsa “Salões imperiais” e “Flamengo”, choro de Bonfíglio de Oliveira. O sucesso das gravações fez ressurgir o interesse pelo bandolim, havendo um estímulo para solistas do instrumento.  Ainda em 1948, fez um novo disco na Continental  interpretando o choro “Remelexo” e a valsa “Feia”, de sua autoria. Em seu último disco na Continental  registrou o choro “Cabuloso”, de sua autoria e a polca “Flor amorosa”, de Joaquim Callado.

Em 1949, transferiu-se para a RCA Victor onde ficou até o fim da vida,  estreando com o tango “Despertar da montanha”, de Eduardo Souto e o choro “Língua de preto”, de Honorino Lopes. Entre  meados de 1949 e 1950, foi acompanhado pelos músicos da Rádio Mauá. Em 1950 gravou os choros “Pé de moleque”, de sua autoria, “Numa seresta”, de Luiz Americano e “Teu aniversário”, de Pixinguinha, e a valsa “Sorrir dormindo”, de J. Kallut, entre outras composições.

A partir de 1951, e pelo período de 10 anos, foi acompanhado pelo Regional do  Canhoto. Ainda em 1951, gravou de sua autoria o choro “Doce de coco” e de Bonfíglio de Oliveira, Rogério Guimarães e L. R. Evandro a valsa “Mar de Espanha”. Gravou também, de Pixinguinha o choro “Lamentos” e de sua autoria o choro “Vascaíno”, homenagem, ao clube de futebol Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, do qual era torcedor. Em 1952, gravou uma série de quatro discos interpretando obras de Ernesto Nazareth, entre as quais, o tango “Odeon” e as valsas “Saudade” e “Turbilhão de beijos”. Gravou ainda de Ratinho, o clássico choro “Saxofone por que choras?”. Em 1953, gravou de sua autoria os choros “Nosso romance” e “Reminiscências”. Gravou também, ao vibraplex, o baião “Brotinho”, de seu filho Sérgio Bittencourt. Reconhecido como grande instrumentista, recebeu importantes prêmios como o de melhor solista no I Festival Brasileiro do Disco, do Diários Associados de São Paulo, em 1954. No mesmo ano, gravou ao vibraplex o choro “Feitiço” e, ao bandolim, a mazurca “Vidinha boa”, ambas de sua autoria. Em 1955, preocupado com o futuro do choro, organizou a “Noite de choristas”, realizada pela TV Record de São Paulo,  evento no qual participaram 133 instrumentistas. No mesmo ano, gravou o clássico choro “Um a zero”, de Pixinguinha e Benedito Lacerda. Em 1956 gravou a polca “Tira poeira”, de Sátiro Bilhar e o ponteado “De Limoeiro a Mossoró” e o choro “Diabinho maluco”, os dois de sua autoria e o clássico choro “André de sapato novo”, de André Vitor Correia. No mesmo ano, lançou o LP “valsas evocativas”, com destaque para “Subindo ao céu”, de Aristides Borges.

Em 1957, gravou de sua autoria os choros “Noites cariocas” e “Isto é nosso” e, de Pixinguinha e Benedito Lacerda, o clássico “Sofres porque queres”. Em 1959, gravou o maxixe “Fubá”, de Romeu Silva e o choro “Velhos tempos”, de sua autoria. No mesmo ano, lançou o LP “Época de ouro – Jacob e seu bandolim em Hi-Fi”, no qual interpretou, entre outras, “Lá vem a baiana”, de Dorival Caymmi; “Saudade dela”, de Ataulfo Alves; “Serra da Boa Esperança”, de Lamrtine Babo e “Da cor do pecado”, de Bororó. No ano seguinte, gravou o LP “Valsas brasileiras de antigamente”, apresentando, entre outras, “Branca”, de Zequinha de Abreu; “Evocação”, de Eduardo Souto; “Caindo das nuvens”, de Nabor Pires Camargo e “Glória”, de Bonfíglio de Oliveira. No mesmo ano, gravou o LP “Na roda do choro”, com, entre outros, “Flor de abacate”, de Álvaro Sandim; “Murmurando”, de Fon-Fon; “Juriti”, de Raul Silva e “Doce de coco” e “Noites cariocas”, de sua autoria.

Em 1961, gravou o samba “Assanhado”, de sua autoria e o choro “Não me toques”, de Zequinha de Abreu. No mesmo ano, foi eleito o “Melhor solista popular”, recebendo o Prêmio Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Gravou ainda o LP “Chorinhos e chorões”, apresentando obras como “Proezas de Sólon”, de Pixinguinha e Benedito Lacerda; “Os cinco companheiros”, de Pixinguinha; “Serpentina”, de Nelson Alves e “Benzinho” e “Bola preta”, de sua autoria. Em 1962, gravou “Primas e bordões”, no qual aparece o choro “A ginga do Mané”, uma homenagem ao jogador de futebol Garrincha, então no auge da popularidade. Estão presentes ainda no disco, “Teu beijo”, de Mário Alvares; “Minha gente”, de Pixinguinha e “Araponga”, de Luiz Gonzaga. Em 1963 lançou o LP “Jacob revive os sambas para você cantar”, no qual gravou sambas clássicos como “Até amanhã”, de Noel Rosa; “Deixa essa mulher chorar”, de Silvio Fernandes; “Leva meu samba”, de Ataulfo Alves; “Praça Onze”, de Grande Otelo e Herivelto Martins e “Adeus”, de Ismael Silva, Noel Rosa e Francisco Alves. Em 1964, gravou pela CBS o LP “Retratos – Jacob e seu bandolim com Radamés Gnatalli e orquestra”. Fato marcante na sua carreira foi a composição de “Retratos” (1957-1958) suíte de Radamés Gnattali  escrita para solista de bandolim especialmente para ele. Composta de quatro movimentos  dedicados e inspirados em temas de Pixinguinha, Chiquinha Gonzaga, Anacleto de  Medeiros e Ernesto Nazareth a obra  foi originalmente composta para  bandolim, orquestra de cordas e conjunto regional.  A primeira audição  pública da obra foi realizada em 1964, no saguão do Museu Nacional de Belas Artes, com a orquestra e músicos da CBS tendo como solista o próprio Jacob. Interpretar a suíte “Retratos” foi um verdadeiro desafio para o músico, que foi aclamado em todas as apresentações. Com esse trabalho, recebeu o prêmio de melhor LP de música brasileira do III Festival do Disco de São Paulo e da Associação Brasileira de Críticos de Discos.

Em 1966, organizou o conjunto regional Época de Ouro  integrado inicialmente por Dino Sete Cordas, violão, César Faria, violão, Carlos Leite, violão, Jonas da Silva, cavaquinho, Gilberto dÁvila, pandeiro e Jorginho, ritmo. Com o conjunto, gravou os LPs “Chorinhos e chorões” e “Vibrações”. Em 1968, participou com Elizeth Cardoso, Zimbo Trio  e do Conjunto Época de Ouro de um show memorável no Teatro João Caetano promovido pelo Museu da Imagem e do Som, gravado  ao vivo e lançado em dois LPs pelo  próprio MIS, à época dirigido por Ricardo Cravo Albin, o idealizador dos discos. O  registro ainda não  foi  lançado em CD no Brasil. Verdadeiro clássico da Música Popular Brasileira, estes LPs registram  um repertório primoroso, aliado a interpretações magistrais  onde brilham a criatividade, improvisação e interpretação de todos os músicos e de forma muito especial  a voz de Elizeth Cardoso. Ainda em 1968, quando recebeu das mãos de R. C. Albin o título de Comendador da Ordem da Bossa, no Teatro Casa Grande depois de se exibir para um público de jovens que lotava a casa, sofreu um primeiro infarte. Em 1969,  veio a falecer vitimado por um ataque cardíaco, tendo sido seu corpo velado no salão nobre do Museu da Imagem e do Som, de cujo Conselho Superior da MPB era Secretário-geral. Em 1971, a RCA Victor lançou o LP “Os saraus de Jacob – Jacob do Bandolim recebe o modinheiro Paulo Tapajós”, usando fitas que havia gravado com a participação dos músicos de seu conjunto acompanhando o cantor. Uma antologia de seus choros foi produzida  pelo bandolinista norte-americano Dexter Johnson, mas não foi lançada no Brasil.  Em 1979, a RCA Candem, na série “Documentos”, lançou o LP “Jacob do Bandolim/10 anos de saudade”, com 16 gravações originais, além de uma pequena biografia na contra capa. A Columbia editou o CD “Retratos”, em que  apresenta-se com Radamés Gnattali e orquestra. Em 1997, a professora Ermelinda Paz publicou pela Funarte o livro “Jacob do Bandolim”. Em 2001, foi homenageadoi pelo festival “Chorando no Rio”, transmitido ao vivo pela TV-E, da sala Cecília Meirelles para todo o Brasil. Foi ainda agraciado com o prêmio de Melhor solista popular, Prêmio Cidade de São Sebastião do Rio de  Janeiro. Suas composições, como “Noites cariocas”, “Receita de samba”, “A ginga do Mané”, “Doce de coco”, “Assanhado”, “Treme-treme”, “Vibrações” e “O vôo da mosca”  tornaram-se  verdadeiros clássicos do repertório de choro. Em 2002, foi homenageado com o show “Ao Jacob, seus bandolins”, na Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro com a participação, entre outros, de alunos da turma de choro da UFRJ, Altamiro Carrilho, Zé da Velha, Silvério Pontes, Yamandu Costa e o Conjunto Época de Ouro. O show, foi gravado ao vivo e lançado em CD e DVD pelo selo Biscoito Fino. Na ocasião, também foi feito o lançamento do site do Instituto Jacob do Bandolim, destinado a gaurdar e organizar todo seu arquivo referente ao choro.

Em 2003, por ocasião dos 85 anos de seu nascimento foi homenageado com  a realização de um show  no “Espírito do Chopp”, na Cobal do Humaitá, bairro do Rio de Janeiro, com a participação de 30 chorões, entre os quais, Dino Sete Cordas e César Farias, que tocaram com ele. Na ocasião, foi lançado o livro “Tributo a Jacob do Bndolim”, Maria Vivencia Pugliesi w Sergio Prata, com sua discografia completa. Em fevereiro de 2006, precisamente no dia em que completaria 88 anos de nascimento foi homenageado no Teatro Carlos Gomes, centro do Rio de Janeiro, no show “Tocando com Jacob” no qual tomaram parte o conjunto Época de Ouro e os instrumentistas Déo Rian, Joel Nascimento, Hamilton de Holanda, Izaias Bueno, Pedro Amorim e Ronaldo do Bandolim. Em 2010, foi homenageado pelo duo Alcantilado, formado pelo violonista Fábio Nin, e pelo bandolinista Paulo Sá que montaram a série “Naquela mesa em tempos modernos” no Centro Cultural dos Correios. Segundo o duo, referindo-se ao mestre do bandolim, “Por sua versatilidade e riqueza melódica, seu repertório soa bem em qualquer suporte”. Assim sendo foram convidados os músicos Silvério Pontes, trompetista; Gabriel Grossi, gaitista; Vitor Gonçalves, pianista, e o francês Nicolas Krassik, violinista, que interpretou com o duo obras como “Receita de samba”, “Assanhado”, “Pateck cabola” e “Voo da mosca”. Os quatro espetáculos contaram com a participação do percusionista Beto Cazes. No mesmo ano, seu choro “Doce de coco”, foi gravado em dueto de violão e acordeom por Dominguinhos e Yamandu Costa, no CD Lado B, do selo Biscoito Fino. Em 2012, foi lançado no Museu da Imagem e do Som os dois volumes do “Caderno de Composições de Jacob do Bandolim”, contendo 127 partituras, sendo 15 inéditas num trabalho de restauração que envolveu pesquisas nos acervos do MIS, do Instituto Moreira Sales e do Museu Jacob do Bandolim, além de discos de 78 rpm. Por ocasião do lançamento houve uma roda de choro comandada por Deo Rian. Entre o material constante do “Caderno de Composições de Jacob do Bandolim” está o samba “Se alguém sofreu”, dedicado pelo bandolinista a Aracy de Almeida e gravado por ela em 1938. Em 2018, por ocasião das comemorações do centenário de seu nascimento, foi homenageado no Baile do Almeida, no Circo Voador com suas músicas sendo interpretadas pelo grupo Afrodite, pelo bandolinista Hamilton de Holanda e pela banda A Magnífica.

No mesmo ano, foi homenageado no CD “Joel Nascimento e Fábio Peron – Jacob do Bandolim 100 Anos – Sentimento & Balanço” pelo Selo SESC, no qual interpretou de autoria do homenageado as composições “Vibrações”, “Bola preta”, “Por que sonhar?”, “Gostosinho”, “Doce de coco”, “Assanhado”, “De coração a coração”, “Dolente”, “Pé de moleque”, “Nosso romance”, “Santa morena” e “Noites cariocas”. Do disco, produzido por Carlos Alberto Sion e Henrique Cazes, também participaram os músicos Fábio Peron (bandolim de 10 cordas), Henrique Cazes (arranjos, cavaquinho, violão e violão tenor), João Camarero (violão de 7 cordas) e Beto Cazes (percussão), além dos convidados Marcos Nimrichter (acordeom), Rogério Caetano (violão de 7 cordas de aço) e Silvério Pontes (fluguelhron).

Discografias
2001 MIS CD Sem Jacob com Jacob

CD multimídia

2000 BMG CD Jacob do Bandolim

Caixa com três CDs

2000 Warner Music CD Jacob do Bandolim e Época de Ouro

Série Enciclopédia Musical

2000 Revivendo CD Vê se gostas

Ademilde Fonseca, Jacob do Bandolim e Waldir Azevedo

1997 SOARMEC CD Jacob

Choros, valsas, tangos e polcas no estúdio da Rádio MEC

1993 BMG/RCA Victor CD Jacob do Bandolim

In memoriam

1991 Acoustic Disc - EUA LP Jacod do Bandolim

Mandolim master of Brazil

1989 Revivendo LP Chorando
1979 RCA Candem LP Jacob do Bandolim/10 anos de saudade
1978 RCA Victor LP Arquivo do Jacob
1977 MIS LP Elizeth Cardoso, Zimbo Trio, Época de Ouro e Jacob do Bandolim

Fragmentos da gravação ao vivo do show realizado no Teatro João Caetano

1976 CIS LP Chorada, chorões e chorinhos

Brinde de Natal da Internacional de Seguros

1975 RCA Victor LP Ao mestre Jacob do Bandolim saudade
1974 Continental LP Jacob do Bandolim e Waldir Azevedo

Série Ídolos da MPB

1971 RCA Victor LP Os saraus de Jacob
1968 RCA LP Avena de Castro e Jacob do Bandolim
1968 Museu da Imagem e do Som LP Elizeth Cardoso, Zimbo Trio, Época de Ouro e Jacob do Bandolim - Volume II
1968 Museu da Imagem e do Som LP Elizeth Cardoso, Zimbo Trio, Época de Ouro e Jacob do Bandolim I
1968 RCA Victor LP Isto é nosso
1968 MIS LP Pixinguinha 70

Ao vivo

1967 RCA Camden LP Vibrações

Jacob do Bandolim e Conjunto Época de Ouro

1964 RCA CAMDEN LP. Assanhado
1964 CBS LP Retratos

Jacob e seu bandolim com Radamés Gnatalli e orquestra

1963 RCA Victor LP Jacob revive sambas para você cantar
1962 RCA Victor LP Primas e bordões
1962 RCA Victor LP Valsas e choros evocativos
1961 RCA Victor LP Chorinhos e chorões
1960 RCA Victor LP Na roda do choro
1960 RCA Victor LP Valsas brasileiras de antigamente
1959 RCA Victor 78 Fubá/Velhos tempos
1959 RCA Victor LP Época de ouro - Jacob e seu bandolim em Hi-Fi
1958 RCA Victor 78 Implicante/Mágoas
1957 RCA Victor LP - 10 pol Choros evocativos
1957 RCA Victor 78 Isto é nosso/Noites cariocas
1957 RCA Victor 78 Sofres porque queres/Cochichando
1956 RCA Victor 78 Agüenta seu Fulgêncio/Serenata no Joá
1956 RCA Victor 78 André de sapato novo/Carícia
1956 RCA Victor 78 Buscapé/Pimenta no salão
1956 RCA Victor 78 De Limoeiro a Mossoró/Diabinho maluco
1956 RCA Victor LP - 10 pol Eles tocam assim
1956 RCA Victor 78 Revendo o passado/Alma brasileira
1956 RCA Victor 78 Só tu não sentes/Flor do mal
1956 RCA Victor 78 Tira poeira/Amapá
1956 RCA Victor LP - 10 pol Valsas evocativas
1955 RCA Victor 78 Alvorada/Meu segredo
1955 RCA Victor 78 Benzinho/Ciumento
1955 RCA Victor LP Jacob revive músicas de Ernesto Nazareth
1955 RCA Victor 78 Nego frajola/Mimosa
1955 RCA Victor 78 Sempre teu/Um a zero
1954 RCA Victor 78 Bola Preta/Saliente
1954 RCA Victor 78 Feitiço/Vidinha boa
1954 RCA Victor 78 Santa morena/Saudade
1954 RCA Victor 78 Toca pro pau/Rua da Imperatriz
1953 RCA Victor 78 Brotinho/Rapaziada do Braz
1953 RCA Victor 78 Entre mil!... você!/Pardal embriagado
1953 RCA Victor 78 Nosso romance/Reminiscências
1953 RCA Victor 78 Sapeca/Sai do caminho
1953 RCA Victor 78 Tatibitate/Por que sonhar?
1952 RCA Victor 78 Forró de gala/Biruta
1952 RCA Victor 78 Migalhas de amor/Gostosinho
1952 RCA Victor 78 Nenê/Confidências
1952 RCA Victor 78 Odeon/Saudade
1952 RCA Victor 78 Saxofone por que choras?/Eu e você
1952 RCA Victor 78 Tenebroso/Faceira
1952 RCA Victor 78 Turbilhão de beijos/Atlântico
1951 RCA Victor 78 Bole-bole/Nostalgia
1951 RCA Victor 78 Elza/Vascaíno
1951 RCA Victor 78 Lamentos/Sirí tá no pau
1951 RCA Victor 78 Mar de Espanha/Doce de coco
1951 RCA Victor 78 Vale tudo/Cristal
1950 RCA Victor 78 Choro de varanda/Teu beijo
1950 RCA Victor 78 Mexidinha/Teu aniversário
1950 RCA Victor 78 Numa seresta/Encantamento
1950 RCA Victor 78 Pé-de-moleque/Sorrir dormindo (Porque sorrir)
1950 RCA Victor 78 Saudações/Graúna
1950 RCA Victor 78 Simplicidade/Bonicrates de muletas
1949 Continental 78 Cabuloso/Flor amorosa
1949 RCA Victor 78 Despertar da montanha/Língua de preto
1949 RCA Victor 78 Flor do abacate/Dolente
1948 Continental 78 Remeleixo/Feia
1948 Continental 78 Salões imperiais/Flamengo
1947 Continental 78 Treme-treme/Glória
Obras
A ginga do Mané
Alvorada
Assanhado
Benzinho
Biruta
Bola preta
Bole-bole
Bonicrates de muletas (c/ Biliano de Oliveira)
Buscapé
Cabuloso
Carícia
Choro de varanda
Ciumento
Cristal
De Limoeiro a Mossoró
Diabinho maluco
Doce de coco
Dolente
Encantamento
Entre mil!... você!
Eu e você
Falta-me você
Feia
Feitiço
Forró de gala
Gostosinho
Implicante
Isto é nosso
Meu segredo
Mexidinha
Migalhas de amor
Mimosa
Mágoas
Nego frajola
Noites cariocas
Nosso romance
Nostalgia
O vôo da môsca
Por que sonhar?
Pé de moleque
Remeleixo
Reminiscências
Rua da Imperatriz
Sai do caminho
Saliente
Salões imperiais
Santa morena
Sapeca
Saudade
Sempre teu
Simplicidade
Tatibitate
Toca pro pau
Treme-treme
Um bandolim na escola
Vale tudo
Vascaíno
Velhos tempos
Vidinha boa
Clips
1966 Época de Ouro: organizou o conjunto regional Época de Ouro integrado inicialmente por Dino Sete Cordas, violão (Horondino José da Silva, 1918), César Faria, violão (Benedito César Ramos de Faria - 1919), Carlos Leite, violão (Carlos Fernandes de Carvalho Leite - 1924) Jonas da Silva, cavaquinho (Jonas Pereira da Silva - 1934|1997) Gilberto d'Ávila, pandeiro (1915) e Jorginho, ritmo. (Jorge José da Silva - 1930). Com o conjunto, gravou os LPs "Chorinhos e chorões" e "Vibrações".
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.

KOIDIN, Julie. Os Sorrisos do Choro. São Paulo: Global Choro Music, 2011.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.

PUGLIESI, Maria Vicencia e PRATA, Sergio. Tributo a Jacob do Bandolim – Discografia completa. Rio de Janeiro: CECAC, 2002.

SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume 1. Editora: 34. São Paulo, 1997.

VASCONCELOS, Ary. Panorama da Música Popular Brasileira – Volume 2. Editora: Martins. Rio de Janeiro, 1965.

Crítica

Numa das reuniões do Conselho de Música Popular que eu presidia no MIS dos anos 60, convidei o Jacob para participar da mesa como secretário-geral. Jacob envergava uma camisa listrada bem italiana, o que me levou à asneira de fazer uma brincadeira de certo mau gosto: “E agora, senhores, diretamente de Veneza, o gondoleiro Jacob del Mandolino!”

Mais zangado que de bom humor, o grande músico aproveitou para fazer um discurso quase irado, apenas para reafirmar os seguintes pontos: 1) ele se orgulhava de só tocar sambas e chorinhos; 2) ele se considerava ainda mais nacionalista que o Ary Barroso; 3) e, finalmente, ele até preferia que o chamassem de Zezinho ou Mané do Bandolim em vez do hebraico Jacob.

Jacob do Bandolim era exatamente isso: uma bomba de talento e gênio a explodir, movida por qualquer coisa capaz de lhe provocar emoção.

Nada lhe acendia tão intensamente o lendário pavio curto que o simples ato de tocar o seu minúsculo instrumento, menor ainda quando empunhado por aquele gigante de ventre avantajado.

Fui testemunha de vários dos seus grandes momentos nos anos 60: o primeiro infarto, ao meu lado no Clube de Jazz e Bossa; as reuniões acaloradas no nosso conselho de MPB; a briga com o Luperce Miranda. Desses acontecimentos todos não posso deixar de lembrar aquele que gerou a edição dos históricos elepês que eu, pessoalmente, produzi a partir do show de Elizeth, Zimbo e Jacob para o MIS, no Teatro João Caetano. Jacob simplesmente não admitia que os discos saíssem pela gravadora de Elizeth. O Jacob queria porque queria que a RCA, de que ele era contratado, editasse os discos.

Dois meses depois de um grande imbróglio, quem ganharia a questão? Jacob, naturalmente, que dobrou tudo e a todos. Por causa de seu vozeirão, sua potência e insistência. Mas, sobretudo, pelo gênio avassalador que todos nele reconhecíamos.

Ricardo Cravo Albin