
Instrumentista. Compositor. Cantor. Maestro. Teve como característica marcante reger suas orquestras utilizando luvas brancas. Isso ocorria porque quando era baterista queimou as mãos ao soltar um foguete numa festa de São João. Devido a esse fato, acabou trocando as baquetas da bateria pela batura de maestro, mesmo sem saber ler música.
Em 1921, substituiu Luís de Oliveira na bandola e reco-reco no conjunto Oito Batutas já que aquele falecera logo após as primeiras apresentações. Ainda em 1921, fez diversas apresentações com Os Oito Batutas incluindo show no Teatro Eden de Niteroi. Em 1922, não viajou para Paris como integrante dos Oito Batutas devido a uma doença. Pouco antes havia ganho do empresário Arnaldo Guinle uma bateria com todos os recursos criadas por fabricantes norte-americanos. Ainda em 1922, reincorporado aos Oito Batutas, viajou com o grupo para uma excursão à Argentina. Na capital argentina, além de grande sucesso de crítica e de público o grupo gravou vinte músicas. Participou dessas gravações que incluíram os sambas “Caruru”, parceria com Donga, e “Faladô”, de sua autoria. Ainda na Argentina, divergências entre os integrantes fizeram com que o grupo se dissipasse. Retornou então ao Brasil juntamente com Donga e Julinho de Oliveira. De volta ao Brasil, passou a integrar o conjunto Oito Cotubas que passou a rivalizar com os Oito Batutas. A primeira apresentação do Oito Cotubas foi para um grupo de jornalistas e ocorreu na sede do Centro Paulista. Na ocasião, assim sobre sua atuação na bateria assim se referiu um jornalista do jornal Correio da Manhã: “Um verdadeiro arsenal de pancadaria musical que produz efeitos curiosíssimos”.
Em 1929, fez com o maestro Martinez Grau as músicas para a revista “Mineiro com botas”, com letras de Marques Porto e Luís Peixoto, revista escrita por J. Aimberê. No mesmo ano, quando era diretor de um conjunto musical foi ouvido durante uma transmissão radiofônica pelo americano que viajava de navio para o Brasil a fim de instalar a gravadora Brunswick. Encantado com o que ouviu, o americano o contratou para diretor musical da gravadora. Além de diretor artístico da gravadora foi também organizador e diretor da orquestra Brunswick na qual também atuou como baterista e cantor. Ainda em 1929, escreveu música para a revista “Guerra ao mosquito”, de Luiz Peixoto e Marques Porto, apresentada pela Companhia Margarida Max no Teatro Carlos Gomes. Tornou-se uma das atrações dessa revista ao reger a orquestra com luvas brancas.Um dos sucessos da revista foi o samba “Sarambá”, de sua autoria. Também em 1929, gravou como crooner da orquestra Brunswick os sambas “Sarambá” e “Rian”, de sua autoria, no primeiro disco lançado pela Brunswick no Brasil, e “Tu vais chorar”, de M. Caldeira, além do samba-canção “Terezinha”, de sua autoria, e “Batuque”, de Marcelo Tupinambá e Coelho Neto. Em 1930, também como crooner da Orquestra Brunswick, gravou os sambas “Aída”, “Juvená”, “Malvada” e “Eu sou gostoso”, de sua autoria, “Miolo de baiano”, de Donga e J. André, “Lei é dura”, de Donga e Oscarito, e “Guiomar”, de João da Gente. No ano seguinte, os sambas “Carioca”, com Orestes Barbosa, e “Vou pegá lampeão”, foram gravados por Castro Barbosa na Victor, o maxixe “Vê se pode”, com Sátiro de Melo, foi registrado também na Victor pela Orquestra J. Thomaz em disco que trazia no lado A o maxixe “Levanta meu nego”, de Pixinguinha. Também em 1931, duas parcerias com Orestes Barbosa foram gravadas na Victor: o fox-samba “Flor do asfalto”, por Castro Barbosa, e o samba “Rosalina”, por Jonjoca. No mesmo ano, gravou pela Odeon os sambas “Vai trabalhar” e “Sou do Catete”, ambos de sua autoria. Ainda em 1931, gravou com sua orquestra na Victor os maxixes “Levanta meu nego”, de Pixinguinha, e “Vê se pode”, de sua autoria e Sátiro de Melo. Ainda na Victor, acompanhou com sua orquestra a gravação dos sambas “Vou pegá lampeão” e “Carioca”, e do fox-samba “Flor do asfalto”, pelo cantor Castro Barbosa, e do samba “Rosalina” pelo cantor Jonjoca. Em 1932, Alda Verona lançou pela Victor a valsa “Sonia”, com Orestes Barbosa, enquanto Elisa Coelho na mesma gravadora registrou os sambas “Viva o meu Brasil!” e “Nega Maria”. Teve também na mesma época o fox-canção “Carnaval triste”, com Orestes Barbosa gravado por Jorge Fernandes, e o fox-trot “Galgo russo”, com Orestes Barbosa, lançado na Odeon pelo cantor Paulo Neto de Freitas. Em 1933, teve quatro composições gravadas na Victor, os fox-canção “Saudades do arranha-céu” e “Olhos perdidos”, que receberam letra do poeta Orestes Barbosa e foram lançados na voz de Jesy Barbosa, e os sambas “Peço a palavra pela ordem!” e “Revertere ad locum tuum” registrados por Arnaldo Amaral. Esses dois últimos sambas por sinal foram premiados em concurso do jornal carioca “A Noite”. O primeiro ficou em quarto lugar e o segundo recebeu menção honrosa.
Em 1956, o fox-canção “Flor do asfalto”, com Orestes Barbosa, foi gravado por Cauby Peixoto na RCA Victor. Músico de intensa participação no período clássico de nossa música popular, marcou seu nome como compositor, intérprete e maestro, ficando conhecido como “o maestro das luvas brancas”.