
Compositor. Pianista. Iniciou seus estudos de piano ainda na adolescência. Por volta de 1942, ficou muito doente e passou uma temporada em Campos do Jordão, custeada pela Sociedade Brasileira de Autores Teatrais – SBAT. Veio a falecer precocemente no Rio de Janeiro no bairro de Engenho de Dentro.
Iniciou sua vida profissional como pianista em 1922 no cinema “High Life”, no Largo do Arouche, em São Paulo, substituindo seu professor. Nesse mesmo ano, aceitou o convite para dirigir uma orquestra de cinema, no Teatro Melpômene, em Vitória, ES. Essa experiência, no entanto, foi frustrada por um incêndio que destruiu o teatro, vinte e dois dias após a sua posse. Nessa mesma época, fez amizade com Barbosa Júnior, cantor e humorista, com quem passou a trabalhar. Em 1926, teve sua primeira composição gravada, ainda na fase das gravações mecânicas, quando a Orquestra Pan American do Cassino Copacabana lançou pela Odeon o tango “Beijos venenosos”. Em 1927 escreveu o roteiro para a revista “Onde está o gato?”, com letras de Luis Iglésias e Geysa Boscoli. No ano seguinte, escreveu a burleta “Noite de Reis”, em parceria com J. Soares e libreto de Freire Júnior. Em 1929 o cantor Gastão Formenti gravou na Odeon sua toada “Jaboticaba” e Arnaldo Pescuma na Columbia o samba “A jura que me fizeste” e o maxixe “Já te dou-te”. No mesmo ano, obteve seu maior sucesso no gênero de revista, “Mineiro com botas”, com J.Tomáz e Martinez Grau e letra de Marques Porto e Luís Peixoto. Influenciado pelo teatro, compôs na década 1930 musicais com ritmo norte-americano e tangos argentinos. Em 1930 a cantora Dora Brasil gravou na Parlophon os sambas “Gosto muito de ti” e “Nega prosa”. No mesmo ano, Francisco Alves lançou na Odeon o samba “Não preciso de você” e na Parlophon o samba “Escrita complicada”. Em 1931 teve os sambas “Desgraça pouca é bobagem”, “Eu sou feliz” e “Nego bamba”, gravados na Victor por Otília Amorim, que também era atriz de teatro de revista. No mesmo ano, transferiu-se para o Rio de Janeiro trabalhando na Companhia de Roulien como maestro de espetáculos. Ao terminar a temporada, passou para a Companhia Genésio Arruda como maestro do espetáculo “Moinho de Jeca”, com vários números musicais de sua autoria. No ano seguinte, Sílvio Caldas gravou o samba “Chorei nega” e Elisa Coelho o samba canção “Praga”. Ainda em 1932, compôs a opereta “Uma falação de cabocla”, com Pixinguinha e De Chocolat que foi o autor do libreto em parceria com o bailarino Duque. Atuou também como regente da Companhia Brasileira de Revistas no Teatro Trianon.
Em 1934 compôs com o cantor e compositor Jararaca a canção “Mocambo da serra” e com Artur Costa o samba canção “Fui à Bahia”, ambas gravadas por Augusto Calheiros. Com a Companhia de Revistas Mulata Brasileira se apresentou em todo o Nordeste. No mesmo ano, compôs a música da comédia musical de Viriato Correia “Coisinha boa”, em parceria com Joubert de Carvalho. Em 1935, escreveu o samba canção “No quilômetro dois…”, que foi lançado no primeiro disco de Orlando Silva, marco importante na fonografia brasileira. No mesmo ano, Aracy de Almeida gravou “Samba o meu samba” e Raul Torres a marcha “Dona boa”, parceria com o paulista Adoniran Barbosa. Em 1936, compôs a opereta “Sinhô do Bonfim”. No ano seguinte, foi contratado como maestro da Companhia Alda Garrido. Em 1938, escreveu a opereta “Brasil caboclo”. No ano de 1939, apresentou suas músicas em mais duas revistas “A vida assim é melhor”, com Pixinguinha e texto de Paulo Orlando e De Chocolat e “O que é que a baiana tem”, com letra de Henrique Fernandes. No ano seguinte, compôs “Os fidalgos da casa mourisca”, com libreto de Costa Júnior. Nesse mesmo ano, apresentou-se no exterior com a Companhia Teatral Casa de Caboclo, criada pelo bailarino Duque, em 1932, e que se tratava de um teatro exclusivamente dedicado ao folclore, à música popular e às coisas típicas de nosso país. Compôs ainda a música para as revistas “Vai haver o diabo”, com Lamartine Babo e Martínez Grau e letra de Alfredo Breda e Jerônimo de Castilho, “Ganhou mas não leva”, com letra de Otávio Rangel e Milton Amaral e “Tutu marambaia”, libreto de Batista Júnior e Belisário Couto. Deixou uma obra relativamente grande, tendo composto nos vários gêneros, desde canções e sambas até operetas.
AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.
MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.