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Nome Artístico
Haroldo Barbosa
Nome verdadeiro
Ary Vidal
Data de nascimento
21/3/1915
Local de nascimento
Rio de Janeiro, RJ
Data de morte
5/9/1979
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Compositor. Redator. Humorista.

Nasceu em Laranjeiras e cedo mudou-se para Vila Isabel, onde fez amizade com Noel Rosa e seu irmão Hélio. Estudou no Colégio São Bento. Ainda em sua época de estudante, tocava cavaquinho em bailes promovidos em seu bairro.

Em 1933, empregou-se como  contra-regra na Rádio Philips, onde também trabalhava seu irmão Evaldo Rui. Nessa função, participou do Programa Casé,  no qual apresentavam-se os grandes nomes da época.  O programa transferiu-se para a Rádio Sociedade, período no qual assumiu as funções de organizador da discoteca e locutor. Seu irmão Evaldo Rui também se consagrou na música popular como letrista, e sua filha Maria Carmem Barbosa é escritora e dramaturga, desenvolvendo trabalhos, especialmente na TV Globo. Foi frequentador inveterado do Jockey Clube e chegou a possuir oito cavalos. Após a sua morte, em 1979, o Jockey Clube dedicou a ele um Grande Prêmio.

Dados artísticos

Iniciou sua carreira no rádio, em 1933, na Philips, com César Ladeira, onde fazia de tudo: era contra-regra, locutor, produtor, discotecário. Depois de um período na Rádio Sociedade, passou a trabalhar na Rádio Transmissora,  transferindo-se pouco depois para a Rádio Nacional, onde  atuou como locutor esportivo.  Na  Rádio Nacional, desempenhou diversas atividades, entre as quais a elaboração do roteiro de “O grande  teatro”, de César Ladeira, um dos  programas de maior  sucesso do rádio na época. Foi também o organizador de uma orquestra sinfônica, composta por 68 músicos.
Sua carreira de letrista e versionista começou em meados da década de 1940, quando trabalhava na Rádio Nacional, em um programa estrelado por Francisco Alves. Com acesso fácil às mais recentes novidades musicais vindas do exterior, passou a fazer versões para que o Rei da Voz as cantasse em primeira mão. Dentre suas versões, destacam-se “Trolley song”, “Poinciana”, “Malagueña”, “Adiós, pampa mia”, “Uno amor”, etc.
Em 1943, obteve sucesso com “De conversa em conversa”, com Lúcio Alves, samba gravado por Isaura Garcia. Por volta de 1945,  idealizou  “A canção romântica” especialmente para o cantor Francisco Alves,   programa  que  marcou  e impulsionou  a carreira do  cantor. No mesmo ano, compôs a valsa “Lídia, a mulher tatuada”, uma versão gravada pelo grupo vocal Os Trovadores; com Wilson Batista, compôs o samba “Cabo Laurindo”, gravado por Jorge Veiga, e com Janet de Almeida, o samba “Eu quero um samba”, gravado pelo grupo Namorados da Lua, que teve grande repercussão posterior, quando foi regravado pelo cantor João Gilberto. Pouco depois, passou a dirigir o programa “Um  milhão de melodias”, sucesso noturno da Rádio Nacional, a PRE-8, onde  diversos artistas apresentavam-se interpretando versões de sua autoria para músicas de sucesso. Para esse luxuoso programa, que marcou o lançamento da Coca-Cola no Brasil, criou cerca de 500 versões de músicas estrangeiras. Dentre suas versões, destacam-se “Trolley song”, “Poinciana”, “Malagueña”, “Adiós, pampa mia”, “Uno amor”, etc. Em 1946, compôs com Maria Grever, o bolero “Te quero, disseste”, gravado por Francisco Alves na Odeon. Em 1947, destacou-se com os sambas “Adeus América” e “Tintin por tintin”, ambas com Geraldo Jacques, sucessos  lançados pelo conjunto Os  Cariocas. “Adeus América” seria  posteriormente  consagrada a partir da  regravação feita  por João  Gilberto. No mesmo ano, Isaurinha Garcia lançou com sucesso na RCA Victor com Os Namorados da Lua o samba “De conversa em conversa”, parceria com Lúcio Alves. Da Rádio Nacional, transferiu-se para a Rádio Mayrink Veiga, onde  tornou-se responsável por diversos programas humorísticos. Nessa função, lançou os humoristas Chico Anysio e Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta. Entre os sucessos por ele lançados na emissora, destacam-se “Esse Norte é de morte” “A cidade  se diverte”, “Alegria da rua”, “Levertimento” e “Vai da Valsa”. Ainda criou os programas radiofônicos “Cidade Alegre” e “Favelinha”, apresentados na Rádio Tupi. Em 1948 fez grande sucesso no carnaval com a marcha “Barnabé”, parceria com Antônio Almeida, gravada na Continental por Emilinha Borba. Composta inicialmente para um número musical a ser apresentado no Cassino da Urca, a marcha foi cantada em dueto por Grande Otelo e Linda Batista em show dirigido por Chianca de Garcia. Com a chega do carnaval daquele ano e coincidindo com  campanha salarial dos funcionários públicos, teve seus versos adaptados, retratando o servidor humilde e sempre individado: “Todo mês é descontado/Vive sempre pendurado/Não sai desse tereé”.
Em 1951, compôs com Lúcio Alves o “Baião de Copacabana”, gravado na Odeon por Alcides Gerardi e, com Claudionor Cruz, o samba canção “Falas de mim”, registrado por Deo na Sinter. Em 1952, o samba “Mania de conversar”, parceria com Geraldo Jacques, foi gravado pelos Vocalistas Tropicais. Em 1953, sua marcha “Foi um boi…” foi gravada por Pato Preto. Em 1954, lançou o samba “Joãozinho boa pinta”, com Geraldo Jacques, gravado por Fafá Lemos na RCA Victor e fez a valsa “É o amore”, versão para composição de Brooks e Warren, gravada por João Dias na Odeon. No ano de 1957, ingressou na televisão, tendo sido  redator de alguns dos mais célebres programas humorísticos da TV, como o Chico Anysio Show, O Riso É o Limite e O Planeta dos Homens, ao lado de Max Nunes. No mesmo ano, foi agraciado como o troféu “Microfone de ouro”, uma iniciativa da revista “Radiolândia” para premiar os melhores do ano no Rádio carioca.
Em 1958, fez as versões para os tangos
“Adios Muchachos”, de César Vedani e Julio César Sanders, “Cristal”, de Mariano Mores e José Maria Contursi, e “Adeus Pampa Mia (Adios Pampa Mia)”, de Francisco Canaro, Mariano Mores e Ivo Pelay, gravados por Oscar Ferreira e Alfredo Grossi no LP “Meu Buenos Aires Querido – Alfredo Grossi e Sua Típica – Vocalista: Oscar Ferreira” da gravadora Continental. Em 1961, compôs  o samba  “Palhaçada”, feito em parceria com Luís  Reis, um de seus mais constantes parceiros. Samba que focaliza as desventuras de um rapaz que apesar de enganado e abandonado pela mulher admite aceitá-la de volta. Só no ano de 1961 teve 11 gravações, o que comprova seu sucesso.  No entanto, a gravação  de  Miltinho na RGE foi a mais marcante. O cantor  foi ainda responsável pelo lançamento de inúmeros sucessos da dupla, entre os quais “Só vou de mulher”, “Devagar com a louça” e “Meu nome é ninguém”. Em 1962, Miltinho lançou pela RGE o samba canção “Canção da manhã feliz” e o samba “Meu nome é ninguém”, parcerias com Luiz Reis. Em 1963, suas versões para os boleros “Outrora (Nosotros)”, de Pedro Junco, e “Santa”, de Agustin Lara, foram gravdos pelo cantor Jorge Silva no LP “Boleros inesquecíveis” da CBS. Em 1964, teve três sambas gravados por Miltinho, no LP “Eu… Miltinho”, da RGE: ” “É hoje: Independência ou morte”, “Faço um lé lé lé” e “Desfolhando a margarida”, os três com Luis Reis. Suas composições foram gravadas por grandes nomes da Música Popular Brasileira como Elizeth Cardoso, que registrou “Tudo é magnífico” e “Nossos momentos”, Dóris Monteiro que gravou “Fiz o bobão” e  ainda Aracy de Almeida e Nora Ney. Posteriormente, passou a trabalhar como produtor de programas humorísticos na TV Globo,  atuando ao lado de Max Nunes, seu  parceiro nesse tipo de programa desde o tempo da Rádio Nacional, mas nunca faltaria tempo para exercer sua paixão, o “turf”, no Hipódromo da Gávea.
Em 1975, seu samba “Notícia de Jornal” parceria com Luís Reis, foi gravado por Chico Buarque em “Chico Buarque e Maria Bethânia ao Vivo”. Em 1989, pouco antes de morrer, Elizeth Cardozo gravou, ao lado do violão de Rafael Rabelo, “Canção da manhã feliz”, outra parceria com Luís Reis. João Gilberto tem incluído composições suas em muitos de seus discos, como a já citada “Adeus, América” e também “Pra que discutir com Madame”, parceria com Janet de Almeida, entre outras. Em 2009, por ocasião dos 30 anos de sua morte, seus filhos Maria Carmen, Lucena e Barbosa Filho se uniram para escrever um livro em homenagem ao pai contando suia tragetória de artista e boêmio, criador de sucessos musicais como “Notícia de jornal”, de programas humorísticos de TV como “Faça amor não faça a guerra” e “Chico Anysio show” e programas de Rádio como “Vai da valsa”. Considerado por muitos como o primeiro artista multimídia do Brasil, foi responsável ainda pela criação do programa humorístico “Escolinha do Professor Raimundo”. Entre os anos de 1950 e 1963, assinou no jornal O Globo uma coluna sobre turfe intitulada “O Pangaré”. Com o Maestro Carioca foi responsável pela criação da fanfarra de metais que anunciava o “Reporter Esso”, na Rádio Nacional, emissora para a qual ajudou também a criar o sinal sonoro, baseado na canção “Luar do Sertão”, de Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco, pelo vibrafone de Luciano Perrone.

Obras
Adeus, América (c/ Geraldo Jacques)
Adios, pampa mia
Adiós muchachos
Amor
Baião de Copacabana (c/ Lúcio Alves)
Bar da noite (c/ Bidu Reis)
Barnabé (c/ Antônio Almeida)
Cabo Laurindo (c/ Wilson Batista)
Canção da manhã feliz (c/ Luís Reis)
De conversa em conversa (c/ Lúcio Alves)
Devagar com a louça (c/ Luís Reis)
Eu quero um samba (c/ Janet de Almeida)
Falas de mim (c/ Claudionor Cruz)
Fiz o bobão
Foi um boi...
Joãozinho boa-pinta (c/ Geraldo Jacques)
Lídia, a mulher tatuada (c/ A. Habure)
Malagueña
Mania de conversar (c/ Geraldo Jacques)
Meu nome é ninguém (c/ Luís Reis)
Moeda quebrada (c/ Luís Reis)
Nossos momentos (c/ Luís Reis)
Notícia de jornal (c/ Luís Reis)
Não se aprende na escola
Palhaçada (c/ Luís Reis)
Poinciana
Pra que discutir com madame (c/ Janet de Almeida)
Quando este nego chega
Só vou de mulher (c/ Luís Reis)
Te quero, disseste (c/ Maria Grever)
Tintim por tintim (c/ Geraldo Jacques)
Trolley song
Tudo é magnífico (c/ Luís Reis)
Uno
É o amore (c/ J. Brooks e H. Warren)
É o amore (c/ J. Brooks e H. Warren)
Bibliografia Crítica

AMARAL, Euclides. A Letra & a Poesia na MPB: Semelhanças & Diferenças. Rio de Janeiro: EAS Editora, 2019.

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da música Popular. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1965.

EFEGÊ, Jota. Figuras e coisas da Música Popular Brasileira. Rio de Janeiro: MEC/Funarte, 1978.

EPAMINONDAS, Antônio. Brasil brasileirinho. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1982.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.

SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. São Paulo: Editora 34, 1997.