Filho do compositor e cantor Luiz Gonzaga e de Odaléia Guedes dos Santos, cantora do Dancing Brasil. Sua mãe morreu de tuberculose aos 22 anos, o que fez com que o pai, sem condições de criá-lo, devido aos shows que fazia pelo Brasil, o enviasse para ser criado pelos padrinhos, Henrique Xavier e Leopoldina de Castro Xavier, moradores do Morro de São Carlos, onde ele cresceu.
Pai do compositor e cantor Daniel Gonzaga e da também cantora Fernanda Gonzaga . Aprendeu a tocar violão com o padrinho. Aos 14 anos, compôs sua primeira música, “Lembranças da primavera”, seguida, mais tarde, por “Festa” e “From US of Piauí”, todas gravadas por seu pai, em 1967. Formou-se em Economia pela Faculdade de Ciências Cândido Mendes (RJ). Foi nessa época que travou contato com Ivan Lins, Aldir Blanc, Paulo Emílio, Cesar Costa Filho, entre outros, com os quais, fundou o MAU, Movimento Artístico Universitário. Devido ao caráter social de suas composições, foi inúmeras vezes convocado para se apresentar no DOPS, tendo sido constantemente alvo da censura.
Faleceu em 1991, vítima de um acidente de automóvel nas proximidades de Curitiba (PR), após um show.
Iniciou sua carreira artística em 1968, participando do I Festival Universitário de Música Popular do Rio de Janeiro, no qual classificou entre as finalistas sua música “Pobreza por pobreza”.
No ano seguinte, venceu o mesmo festival com sua canção “O trem”. Ainda em 1969, fundou, com Ivan Lins, Aldir Blanc e César Costa Filho, entre outros, o Movimento Artístico Universitário (MAU).
Em 1970, participou do V Festival Internacional da Canção (TV Globo) com suas músicas “Um abraço terno em você, viu mãe”, lançada em compacto simples pela Odeon, e “Mundo novo, vida nova”.
Três anos depois, gravou seu primeiro LP, “Luiz Gonzaga Jr.”, com destaque para sua composição “Comportamento geral”.
Em 1974, gravou mais um LP, que incluiu, entre outras, as canções “Galope” e “Meu coração é um pandeiro”.
No ano seguinte, apresentou-se por todo o Nordeste do país, ao lado de Paulinho da Viola, Fagner e Amelinha. Ainda em 1975, lançou o LP “Plano de vôo”, que registrou, entre outras, as canções “Mundo novo, vida nova” e “Geraldinos e Arquibaldos”.
Em 1976, gravou o LP “Começaria tudo outra vez”, com destaque para a faixa-título e “Espere por mim, morena”, além da gravação de “Asa Branca” (Luiz Gonzaga). Com esse disco, sua carreira de compositor ganhou impulso.
Em 1977, lançou, o LP “Moleque Gonzaguinha”, destacando-se “Dias de Santos e Silvas”. Ainda nesse ano, suas canções “A felicidade bate à sua porta” e “Explode coração”, gravadas respectivamente pelo grupo As Frenéticas e por Maria Bethânia, fizeram enorme sucesso.
Lançou, no ano seguinte, o LP “Recado”, com destaque para “Petúnia Resedá”, que obteve muito êxito na interpretação de Simone.
Em 1979, encabeçando a lista dos maiores arrecadadores de direitos autorais, lançou o LP “Gonzaguinha da vida”, realizando show homônimo. O disco contou com a participação de Nana Caymmi na faixa “Por um segundo”.
No ano seguinte, lançou o LP “Gonzaguinha: de volta ao começo”, com destaque para “Ponto de interrogação”, “Grito de alerta”, “Sangrando” e “Bié, bié, Brasil”. Transferiu-se, em seguida para Belo Horizonte (MG). Nessa capital, colaborou na programação de Música Popular Brasileira da Rádio Inconfidência.
Em 1981, gravou o LP “Coisa mais maior de grande”, destacando-se as canções “Mergulho”, “Quando se chega”, “O saco cheio de Noel”, “Simples saudade” e “Santa maravilha”. Nesse ano, realizou turnê pelo Brasil, ao lado de Luiz Gonzaga, com o show “A vida do viajante”, gravado ao vivo e lançado em LP duplo pela EMI/Odeon.
Em 1982, lançou o LP “Caminhos do coração”, com destaque para a faixa-título, além do samba “O que é, o que é”, logo convertido em grande sucesso.
No ano seguinte, gravou “Alô, alô, Brasil”, disco que incluiu, entre outras, a canção “Um homem também chora”, sucesso em gravação de Fagner.
Em 1984, gravou o LP “Grávido”.
No ano seguinte, lançou “Olho de lince: trabalho de parto”, destacando-se “Maravilhas banais” e “Deixa dilson”. Ainda em 1985, participou do LP “Sanfoneiro macho”, de Luiz Gonzaga, lançado pela RCA Victor.
Em 1986, fundou o selo Moleque, pelo qual lançou mais dois discos.
Dois anos depois, foi contemplado com o Prêmio Sharp. Ainda em 1988, participou do LP “Gonzagão e Fagner 2”, lançado pela RCA Victor.
Após sua morte, foram lançados, pela EMI/Odeon, dois discos inéditos e ao vivo, um deles com Luiz Gonzaga.
Em 1997, seus 13 LPS gravados entre 1975 e 1985 foram relançados em CD remasterizados pela gravadora EMI/Odeon.
Autor de inúmeros sucessos como “Galope”, “Começaria tudo outra vez”, “Espere por mim morena”, “A felicidade bate à sua porta”, “Explode coração”, “Petúnia Resedá”, “Grito de alerta” “Um homem também chora”, “Eu apenas queria que você soubesse”, “Agora” e “Prêto que satisfaz” (da trilha sonora da novela “Feijão Maravilha”, da TV Globo), suas músicas foram gravadas por diversos intérpretes como Luiz Gonzaga, MPB-4, Maria Bethânia, Marlene, Claudette Soares, Elis Regina, As Frenéticas, Simone, Nana Caymmi, Fagner, Agnaldo Timóteo e Joanna, entre outros.
Em 2001, dez anos após seu falecimento, a BMG lançou o CD “Simples saudade”, uma coletânea de sucessos do compositor interpretados por vários artistas; Também nesse ano, Emílio Santiago gravou o CD “Um sorriso nos lábios”, contendo exclusivamente canções de sua autoria. Ainda em 2001, a Universal Music lançou a coletânea “Luiz Gonzaga Jr. – Gonzaguinha”, compilação de 11 músicas lançadas em compactos pelo compositor no final dos anos 1960 e início dos anos 1970.
Em 2006, a cantora Clara Becker lançou o CD “Dois maior de grande”, com canções do compositor e de seu pai, Luiz Gonzaga.
No ano seguinte, foi publicado o livro “Gonzaguinha e Gonzagão – Uma história brasileira” (Ediouro), de autoria de Regina Echeverria. Também em 2007 foi lançado o primeiro DVD do compositor, uma parceria entre a TV Cultura e a gravadora Performance Music, registro do programa “Ensaio”, com entrevista a Fernando Faro e a apresentação de 19 números musicais, produzido em 1990, um ano antes da morte prematura do artista. Também em 2007, sua gravação de “E vamos à luta”, de sua própria autoria, foi tema de abertura da novela “Duas caras” (Rede Globo), de Aguinaldo Silva.
Em 2008, Ivan Lins gravou, no CD e DVD “Saudades de Casa”, a canção “Debruçado”, parceria de ambos, composta em 1969 e inédita até então. A faixa contou com a participação de seu filho Daniel Gonzaga.
Maria Betânia incluiu no repertório do CD “Amor, Festa, Devoção”, lançado em 2010, sua canção “O que é, o que é”.
Foi tema, junto com seu pai, do filme “Gonzaga – De pai para filho”, de Breno Silveira, que entrou no circuito cinematográfico em 2012.
Em 2015, foi realizada uma série de 3 shows intitulada “Moleque – Gonzaguinha 70 anos” em homenagem aos seus 70 anos no CCBB, RJ. Como convidados, Fernanda Gonzaga, Zizi Possi, Elza Soares, Daniel Gonzaga e Elba Ramalho.
Em 2016, foi o grande homenageado no 27º Prêmio da Música Brasileira, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. O ator Júlio Andrade, que o representou no filme “Gonzaga – de pai pra filho”, voltou a encarnar o mesmo personagem durante toda a cerimônia, que apresentou ao lado da atriz Dira Paes.
Em 2019 o musical “Cartas para Gonzaguinha” estreou no Teatro Riachuelo no Rio de Janeiro. O espetáculo autoral foi resultado de uma prática de montagem promovida pela CEFTEM (Centro de Estudos e Formação de Teatro Musical). A direção de movimento foi realizada por Rafaela Amado, direção musical e arranjos por João Bittencourt, texto de Tiago Rocha e pesquisa de dramaturgia por Fernanda Gonzaga, também conhecida por Nanan Gonzaga, filha do cantor.
O musical “Gonzaguinha – o eterno aprendiz” foi reapresentado na cidade de Rio de Janeiro no ano de 2020, chegando a sua 4ª temporada após passar pelas cidades de Belo Horizonte, São Paulo, Bauru, Salvador, São Luís, Curitiba, Fortaleza, Brasília e Manaus. O espetáculo foi estrelado pelo ator Rogério Silvestre e ficou em cartaz no teatro Fashion Mall. Com texto criado por Kleber Lincoln e Amaury Vieira, a peça contou com 16 composições de Gonzaguinha como “Explode Coração”, “Recado”, “Começaria tudo outra vez”, “Moleque”, “Ponto de interrogação”, “Eu apenas queria que você soubesse”, Grito de alerta”, “De volta ao começo”, “Palavras”, “É”, “Diga Lá Coração”, “Espere por mim, morena”, “Vamos à luta” e “O que é o que é”.
Em 2021, de acordo com reportagem do Segundo Caderno de O Globo do dia 05 de maio, o compositor alcançou 800 mil ouvintes mensais no Spotify, atestando a permanência de sua obra.
"Encarte com as letras das músicas e textos das netas Fernanda Gonzaga e Mariana Martins para o avô Luiz Gonzaga, datado de 02/08/1989, dia em que faleceu"
"Na contra-capa foto, de Gonzaguinha e dos músicos no palco."
"Na contra-capa, estão as letras das músicas"
"Exemplar promocional. Disco com capa dupla, contendo na parte central, textos de Gonzaguinha, Paulo Maranhão, Ary Pissarolo, Jota Moraes entre outros."
Encarte com as letras das músicas.
"Na capa interna, letras das músicas e ficha técnica."
"Encarte com fotos, letras das músicas e ficha técnica."
Encarte com ficha técnica e letras das músicas.
"Na contra-capa, texto de Paulo Thiago."
Encarte com as letras das músicas.
Encarte com letras das músicas.
Encarte com as letras das músicas.
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.
AMARAL, Euclides. O Guitarrista Victor Biglione & a MPB. Rio de Janeiro: Edições Baleia Azul, 2009. 2ª ed. Esteio Editora, 2011. 3ª ed. EAS Editora, 2014.
COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.
ECHEVERRIA, Regina. Gonzaguinha e Gonzagão – Uma história brasileira. Rio de Janeiro: Ediouro, 2007.
LUNA, Paulo – No compasso da bola. Rio de Janeiro, Irmãos Vitale, 2011.
A maior parte do público sempre associou Gonzaguinha às músicas de protesto e de resistência à ditadura militar. Colaborava para isso, além de canções raivosas como “Comportamento Geral” (1973), a própria imagem cultivada pelo compositor, carrancudo e dono de um mau humor folclórico na MPB. Mesmo depois que a ultra-romântica “Explode Coração” se tornou um enorme sucesso na regravação de Maria Bethânia, ele não deixou de encarnar o eterno militante estudantil.
Nada como o tempo para filtrar verdades. Hoje, as músicas engajadas de Gonzaguinha soam datadas e até ingênuas. Em compensação, suas canções de amor e seus sambas esfuziantes lhe garantem um lugar de honra na história da música brasileira. Na verdade, “Explode Coração” e o disco em que estava incluída, “Gonzaguinha da Vida”, talvez o melhor que gravou, representaram um divisor de águas em sua carreira. Marcam a sua maturidade e o fim da obsessão com os temas políticos e sociais. Estes, dali em diante, apareceriam menos freqüentemente e às vezes nas entrelinhas das letras. O disco continha ainda “Diga Lá”, “Coração” e “Com a Perna no Mundo”, além da divertidíssima “Feijão Maravilha”, tema da novela homônima da TV Globo na voz das Frenéticas.
A grande fase de Gonzaguinha se prolongaria pelos dois discos seguintes, “De Volta ao Começo” e “Pessoa – Coisa Mais Maior de Grande”. O primeiro contém “E Vamos à Luta” (“Eu acredito é na rapaziada..”), “Grito de Alerta” e a balada “Sangrando”. O segundo tem como destaque “Eu Apenas Queria que Você Soubesse”. Depois disso, no disco “Caminhos do Coração”, Gonzaguinha conheceria o último de seus grandes sucessos com um samba espetacular, “O Que É, O Que É ?” . Os discos que vieram depois são menos inspirados, embora o compositor demonstrasse um refinamento cada vez maior em seu estilo.
Okky de Souza