
Cantor. Compositor.
Ainda na adolescência, integrou regional onde atuava ao lado de Zé Cavaquinho (Zé Meneses). Contam que sua voz na época se assemelhava muito à voz de Carmen Miranda. Durante o período de dois anos, fase de mudança de voz, afastou-se das atividades artísticas. Já como adulto, seu modelo musical foi Orlando Silva, em cujo fraseado se inspirou.
Sua primeira apresentação pública ocorreu em 1936, quando se apresentou no programa Hora infantil na PRE – 9, levado por um tio.Em 1938, voltou a se apresentar no programa na PRE – 9. Como os lançamentos de discos feitos no Rio de Janeiro demoravam a chegar ao Ceará, de maneira curiosa, buscou uma alternativa para que seu repertório não ficasse ultrapassado: enquanto ouvia os programas de rádio das emissoras cariocas, taquigrafava as letras e sua irmã aprendia a melodia das canções. Desta forma, foi capaz de apresentar em primeira audição no Ceará o samba “Atire a primeira pedra”, de Ataulfo Alves e Mário Lago, antes mesmo que a gravação de Orlando Silva tivesse sido lançada.
Em 1945, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde estreou na Rádio Mayrink Veiga. No ano seguinte, o cantor Dick Farney gravou uma composição sua, o samba “Esquece”. Em 1946, estreou em disco com as gravações das canções “Geremoabo” e “Maringá”, compostas por Joubert de Carvalho e acompanhadas pela orquestra do maestro Gaó. No mesmo mês, lançou os sambas “Estão vendo aquela mulher” e “Apelo”, da dupla Pedro Caetano e Claudionor Cruz. Ainda nesse ano, gravou os frevos-canção “E…nada mais”, de Capiba e “Quando lhe vi chorando”, de Eduardo Barbosa com acompanhamento de Zaccarias e sua orquestra. No final do mesmo ano, gravou a clássica canção “Minha terra”, de Valdemar Henrique, o choro “Framboeza” e a valsa “Uma serenata…uma despedida”, de Pedro Caetano e Claudionor Cruz e o samba “É muito tarde”, de Lauro Maia.
Em 1947, gravou os sambas “O meu prazer”, de Haroldo Lobo e “Doroty”, de Erasmo Silva. Em 1948, lançou da dupla Haroldo Lobo e Milton de Oliveira os sambas “Ela não voltou” e “Seis horas da manhã”. Nesse ano, Dick Farney fez sucesso com o samba “Esquece” gravado na Continental. Apresentado por Luiz Gonzaga, conseguiu fazer um teste na Rádio Nacional. Tendo sido aprovado, estreou no programa “A canção romântica”, de Francisco Alves. Em 1949, gravou os sambas “Capricho inútil”, de Marino Pinto e Mário Rossi, “Ódio”, de Wilson Batista e Paulo Marques, “Falsa mulher”, de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira e “Covardia”, de J. Piedade e Alex e a marcha “Cabeleira de verão”, de Peterpan e Ari Monteiro. Nesse ano, lançou para o carnaval do ano seguinte o samba “Um falso amor”, de Haroldo Lobo, Milton de Oliveira e Jorge Gonçalves. Ainda nesse ano, seu samba “Não devemos mais brigar”, parceria com Milton de OLiveira foi lançado na Odeon pelos Vocalistas Tropicais.
Em 1950, gravou os sambas “Esfingie”, de Mário Rossi e Milton de Oliveira, “Garota do café” e “Quando o inverno passar”, de Peterpan e Ari Monteiro, “Esqueceste o teu passado”, de Zé Pretinho e Reis Saint Clair, “Separação”, de Roberto Martins e Ari Monteiro e “Mulheres que passam”, de Mário Rossi e Milton de Oliveira. Nesse ano, obteve um de seus maiores sucessos com o samba “Pra o seu governo”, de Haroldo Lobo, e teve o samba-canção “Terminemos agora” gravado por Lúcio Alves na Continental. Em 1951, lançou da dupla Peterpan e Ari Monteiro os sambas “Adeus” e “Cavaleiro de Cristo”. Gravou ainda os sambas “Compaixão”, de Augusto Mesquita, “Esperança”, de Valdemar de Abreu e Jorge de Castro, “Foge dos meus olhos”, de Haroldo Lobo e Milton de OLiveira e “Eu não queria te perder”, de René Bittencourt. Em 1952, gravou os sambas “Penumbra”, de Mário Lago e “Suplicando”, de Carolina Cardoso de Menezes e Armando Fernandes, os sambas-canção “São os olhos dela”, e Herivelto Martins e “As aparências enganam”, de Lupicínio Rodrigues, o bolero “Senhora”, de Orestes Santos e Lourival Faissal, com o qual obteve outro grande sucesso, e o fox “Querida”, de Getúlio Macedo e Lourival Faissal. Ainda nesse ano, gravou os frevos-canção “O velho não presta mais”, de Marambé e “Aconteceu no oriente”, de Sebastião Lopes.
Em 1953, gravou os sambas “Perversa”, do russo Georges Moran e “Castigo”, de Lupicínio Rodrigues e Alcides Gonçalves, este considerado um dos clássicos da dupla gaúcha, o samba-canção “Tu não me dizes”, de Wilson Batista e Erasmo Silva e o frevo-canção “Margaret”, de Sebastião Lopes. Em 1954, lançou o bolero “Champanhe para dois”, de P. Trellese Lourival Faissal, o beguine “Meu grande coração”, de Haroldo Eiras e Lourival Faissal e os sambas “Se você souber”, de Ari Monteiro e “Amigo do peito”, de Raul Sampaio e Rubem Silva. Nesse ano, foi contratado pela Continental e nessa gravadora estreou com o fox-trot “Amor secreto”, de S. Fain, P. Francis Webster e Ghiaroni e a toada-baião “Valei-me Nossa Senhora”, de Paquito e Romeu Gentil. No ano seguinte, gravou os sambas “Cadê meu marinheiro”, de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira e “Testamento”, de Paulo Soledade, a marcha “Você falou demais”, de Paquito, Romeu Gentil e Airton Amorim e com o Trio Melodia, o baião “Matando o tempo”, de João de Barro.
Em 1956, gravou os sambas “Fui tolo”, de sua autoria, “Pode chorar”, de Carlos Moraes e “Velho Estácio”, de Haroldo Lobo e Ari Cordovil e o fox-trot “Até a lua se escondeu”, de Getúlio Macedo. Em 1957, gravou a marcha “Galo vermelho”, de Haroldo Lobo e Ivo Santos e os sambas “Vou penar”, de Haroldo Lobo e “Maracangalha”, de Dorival Caymmi, que praticamente saiu do meio de ano para ser muito executado no carnaval. Em 1958, em seu último disco na Continental gravou o “Hino à Getúlio Vargas”, de João de Barro. Em 1959, foi contratado pela RGE e lançou em seu disco de estréia o samba-canção “Cabrocha Maria” e o samba “Timidez”, ambas de Adelino Moreira. No mesmo ano, gravou a marcha “A cara não ajuda”, de Valdir Machado e Benil Santos e o samba “Deixa a vida me bater”, de Raul Sampaio e Benil Santos.
Em 1960, gravou a dupla René Bittencourt e Raul Sampaio o tango “Vida” e o samba “Enquanto a cidade dorme”. Em 1963, lançou outro disco pela Continental com a marcha “Arlequim palhaço”, de João de Barro e Jota Júnior e o samba “Cremilda”, de Haroldo Lobo e Milton Oliveira. Também nesse ano, gravou na Chantecler o samba “Vou gelar esta mulher”, de Haroldo Lobo e Milton Oliveira e a marcha “Falso pagador de promessa”, de Usias da Silva, Aires Viana e Reinaldo Felipe. Pouco depois abandonou o canto, mantendo, no entanto, sua atividade de compositor.
Funcionário da Rádio Nacional do Rio, foi transferido e trabalhou durante quase dez anos na Rádio MEC, bem como no Projeto Minerva, da Rádio MEC do Rio de Janeiro, onde seria assistente do produtor e apresentador R. C. Albin por quase cinco anos.
Dentre suas composições de maior sucesso destacam-se o samba “Reverso”, “Tudo acabou” e “Você vai”, entre outras. Como cantor, destacou-se com as gravações do bolero “Senhora”, além de “As aparências enganam” e “Castigo”, ambas de Lupicínio Rodrigues. Gravou com certa freqüência o repertório carnavalesco, obtendo alguns sucessos, especialmente com o samba “Pra o seu governo”, de Haroldo Lobo. Na década de 1970, participou do Projeto “MPB – 100 ao vivo”, do qual resultaram oito LPs produzidos por Ricardo Cravo Albin, nos quais cantou oito músicas. Também nos anos 80, participou de LPs produzidos para a Associação Atlética do Banco do Brasil, produzidos por José Silas Xavier, para resgatar memórias musicais valiosas. Em 2000, partcipou com sucesso do baile popular carnavalesco na Cinelândia, centro do rio de Janeiro onde apresentou músicais tradicionais do repertório os festejos de Momo. Em 2003, tornou a apresentar-se no baile carnavalesco da Cinelândia. Em 2011, foi lançado pelo selo Discobertas em convênio com o ICCA – Instituto Cultural Cravo Albin a caixa “100 anos de música popular brasileira” com a reedição em 4 CDs duplos dos oito LPs lançados com as gravações dos programas realizados pelo radialista e produtor Ricardo Cravo Albin na Rádio MEC em 1974 e 1975. No volume 3 estão incluídas suas interpretações para o samba-canção “Chão de estrelas”, de Sílvio Caldas e Orestes Barbosa; e, com o grupo vocal As Gatas, as interpretações para as marchas “O teu cabelo não nega”, de Lamartine Babo e Irmãos Valença; “Rasguei a minha fantasia”, de Lamartine Babo; “Linda lourinha”, de João de Barro e Alberto Ribeiro; “Cadê Mimi”, “Pirolito”, “Chiquita bacana”, “Pirata da perna de pau” e “Touradas em Madrid”, todas de João de Barro, o Braguinha; , e para os sambas “Ah que saudades da Amélia”, de Ataulfo Alves e Mário Lago, e “Oh Seu Oscar” e “O bonde de São Januário”, de Ataulfo Alves e Wilson Batista.
AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.
CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da música Popular. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1965.
MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.
SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume1. São Paulo: Editora: 34, 1999.