
Cantor. Dançarino. Compositor.
A partir de 1937, trabalhou como representante de uma fábrica de vinhos. Manteve-se casado com Alda em Lisboa até a morte em 1970.
Sua carreira de cançonetista começou nos chopps e cafés dançantes do Rio de Janeiro, tornando-se conhecido por toda a cidade. Estreou em teatro no Salon de Paris, localizado na Rua do Ouvidor, com um repertório de lundus e cançonetas. Em seguida, passou para o Alcazar Parque, na Lapa, fazendo dupla com a castelhana Margarita, conhecida nos rótulos dos discos da época como Senhorita Margarida. Em 1901, exibiu-se no Moulin Rouge, transferindo-se para o Passeio Público. Em 1902, apresentou-se com Senhorita Margarita na inauguração de um Café-concerto, na cidade de Santos em São Paulo. Antes da referida viagem, visitou a redação do jornal humorístico “O Rio Nu”, para despedir-se. O referido jornal publicou então a seguinte nota: “Veio despedir-se dessa redação por ter de partir para Santos, como partiu, o engraçado tenor e preclaro cidadão Geraldo de Magalhães, uma das glórias do gênero, nesta terra de fumo em rolo e café em grão”. Provavelmente, gravou no mesmo ano, pela Zon-O-Phone, seu primeiro disco, acompanhado de Margarita, “Embarca, morena”, sem indicação de gênero ou autoria. Com Nina Teixeira, mulata e gaúcha como ele, formou por volta de 1905 a dupla Os Geraldos. Provavelmente no mesmo ano, fez sua primeira gravação solo, interpretando “Gavotta”, sem indicação de autor e em seguida a cançoneta “Meu assovio”, de Eustórgio Vanderley. No mesmo ano, fez gravações com Nina Teixeira, entre as quais, “Corta-jaca”, de Chiquinha Gonzaga. Apresentaram-se na Maison Moderne e, em 1908, a dupla viajou para o México e, de lá, para Paris, onde eles lançaram com sucesso o tango-chula “Vem cá, mulata”, que haviam gravado três anos antes em disco da Casa Edison do Rio de Janeiro. Por essa época, gravou sozinho na Odeon a canção “Teus olhos morena”, um motivo popular do norte. Em 1909, foram para Portugal onde fizeram sucesso. De volta ao Rio, receberam convites de diversos empresários.
Por volta de 1910, gravou na Victor Record a canção “Os olhos dela”, de Irineu de Almeida, com versos de Catulo da Paixão Cearense. O musicólogo Ari Vasconcelos conta que ” um programa dOs Geraldos constituía-se sempre em um sucesso, com o público chegando, muitas vezes, ao delírio. Geraldo apresentava-se de cartola, casaca e monóculo, enquanto que Nina também caprichava na indumentária, com vestido de cores vivas e geralmente rebrilhantes de lantejoulas”.
Em 1912, voltaram a Lisboa e a Paris, atuando sempre com muito sucesso. Ao regressar, desembarcam no norte do país, excursionando com o maestro Raul Morais. No Rio, apresentaram-se na revista carnavalesca “Fandanguaçu”, estreada no Teatro São Pedro, em janeiro de 1913, cantando com enorme sucesso a canção “Ó minha caraboo”, versão de Alfredo de Albuquerque para um fox americano. Essa canção seria um dos grandes sucessos do carnaval carioca de 1916. Separado de Nina Teixeira em 1913, formou nova dupla com a portuguesa Alda Soares. Apresentaram-se no Palace Theatre, passando a anunciar-se como duetistas luso-brasileiros. Retornando a Lisboa, fixou residência nessa cidade, abandonando a atividade artística em 1927. Além dos discos que gravou com suas parceiras, deixou cerca de 60 gravações solo em diferentes gravadoras.
AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.
MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.
VASCONCELOS, Ary. Panorama da Música Popular Brasileira. Vol. 2. Rio de Janeiro: Martins, 1965.