
Cantor.
Filho de um italiano, pintor, decorador e cantor lírico amador. Tinha um ano quando a família mudou-se para São Paulo (SP). Aos nove anos, começou a estudar pintura com o pai e com Pedro Strina. Em 1910, transferindo-se com a família para o Rio de Janeiro, passou a trabalhar com o pai em pintura, logo depois começou a cantar, inicialmente como amador. Exerceu até a morte o ofício de pintor.
Em 1927, começou a carreira artística levado pelo escritor Gastão Penalva, se apresentou na Rádio Sociedade, onde cantou a canção “Ontem ao luar”, de Pedro de Alcântara e Catulo da Paixão Cearense. Ainda neste ano, foi contratado pela Odeon, que há pouco inaugurara no Brasil o sistema elétrico de gravação. Seu primeiro disco incluía a canção sertaneja “Anoitecer”, de motivo popular e o tango sertanejo “Cabocla apaixonada”, de Marcelo Tupinambá. Em seguida, gravou duas composições de Joubert de Carvalho: a toada canção “Canarinho” e a toada brasileira “Rolinha”. Nesses dois discos teve acompanamento de Rogério Guimarães ao violão. Também no mesmo ano, gravou o maxixe “Boca pintada” e a toada canção “Sabiá mimoso”, ambas de Joubert de Carvalho, com acompanmento de Rogério Guimarães. Em 1928, gravou de Eduardo Souto a toada “Olhos de cabocla” e a canção “Cantigas” com acompanhamento da Orquestra Rio Artists. Logo em seguida, gravou a modinha “Adeus Eulina”, de Catulo da Paixão Cearense e a canção “Nhapopé”, de motivo popular. No mesmo, fez duas gravações em dueto com Francisco Alves no maxixe “Não posso comer sem molho”, de Bonfíglio de Oliveira e no samba “Foram-se os malandros”, de Donga com acompanhamento da Orquestra Pan-American do Cassino Copacabana. Também no mesmo ano, gravou com acompanamento de Rogério Guimarães a modinha “O que tu és”, de Catulo da Paixão Cearense e Anacleto de Medeiros, a canção “Meu coração”, de motivo popular com versos de Catulo da Paixão Cearense, a toada-canção “Nhá Maria” e o tango “Eu gosto de você”, ambas de Joubert de Carvalho, e o sucesso “Sussuarana”, clássico de Hekel Tavares e Luiz Peixoto. Nesse mesmo período, paralelamente aos discos lançados na Odeon, gravou discos pela sua subsidiária, a Parlophon, sendo que o primeiro desses discos tinha a canção “Bem-te-vi”, de Sinhô e o samba “Ranchinho desfeito”, de Donga.
Em 1929, gravou as canções “Tutu Marambá”, da dupla Joubert de Carvalho e Olegário Mariano e “La marocha”, de motivo popular argentino com acompanhamento do Grupo Odeon. No mesmo ano, gravou a canção “Caboquinha” e a valsa “Sombrinha azul”, de Joubert de Carvalho, com acompanhamento da Orquestra Rio Artists e a canção “Lua branca”, de Chiquinha Gonzaga, com acompanhamento de J. Otaviano ao piano. Voltou a gravar em dueto com Francisco Alves no samba-canção “Já me esqueci de você”, de Francisco Alves e Ari Brandão. Ainda em 1929, gravou quatro composições de Henrique Vogeler, J. Menra e Lamartine Babo: as canções “Bandeirante” e “Sonhos de Natal” e as toadas “Mineirinha” e “Meu Ceará”. Na Parlophon gravou as canções “Cai, cai balão”, de Joubert de Carvalho e Olegário Mariano e “Os dois caminhos”, de Joubert de Carvalho.
Ao lado de Carmen Miranda, foi o primeiro cantor brasileiro a assinar contrato de rádio (com a Mayrink Veiga) em 1930. Ainda nesse ano, transferiu-se para a Rádio Transmissora e gravou a modinha “Marvada”, de Freire Jr. e Gilberto Andrade, a toada “Zé Raimundo”, de Jaime Ovalle e Olegário Mariano e as canções “Como se deve amá” e “Quanto num chorei”, de Ary Barroso. Gravou também os sambas-canções “Sou Ioiô de Iaiá” e “Bamba”, de Henrique Vogeler, com acompanhamento da Orquestra Pan American. No mesmo ano, gravou mais três composições de Joubert de Carvalho: o samba “Dá-se um jeitinho”, a canção “Tarde demais”, parceria com Ana Amélia Carneiro de Mendonça, mulher do então goleiro do Fluminense Marcos Carneiro de Mendonça e a valsa “Para o amor”, parceria com Gastão Penalva. Gravou em dueto com Luci Campos as toadas “Cena caipira” e “Frumiga vremeia”, de Eduardo Souto e Osvaldo Santiago. Também nesse período, gravou alguns discos na gravadora Brunswick com músicas como as canções “Moreninha”, de Henrique Vogeler e Iveta Ribeiro, “Maria Rosa”, de Hekel Tavares e Luiz Peixoto e “Quadras”, de Marcelo Tupinambá, a valsa “Noite de encanto”, também de Marcelo Tupinambá, o choro “Confissão de amor”, de Sinhô e a modinha “Meu sofrer”, de Noel Rosa e Henrique Brito. Em fevereiro de 1931, gravou um disco na Columbia, que trazia seu grande sucesso, a valsa “Glória”, de Bonfíglio de Oliveira e Branca Coelho e logo depois foi contratado pela Victor, através da qual lançou várias músicas da dupla Joubert de Carvalho e Olegário Mariano. Na gravadora Victor estreou com a canção “Flor agreste”, de Aldo Taranto e João Martins e a valsa “Desilusão”, de Milton Amaral e João Martins. Logo depois, gravou o cateretê “De papo pro á” e a canção “Zíngara”, da dupla Joubert de Carvalho e Olegário Mariano. Nesse mesmo ano, gravou em dueto com Sílvio Caldas na Brunwick o choro “Saudade gaúcha”, de Bonfíglio de Oliveira. Em 1932, gravou a canção “Na minha casa”, de Henrique Vogeler, o romance “Este amor”, de Henrique Vogeler, o fox-trote “Beduíno”, de Joubert de Carvalho e Olegário Mariano e a valsa “Se ela perguntar”, de Sivan Castelo Neto. Em junho de 1932, gravou a canção “Maringá”, de Joubert de Carvalho, que alcançou grande sucesso e que, mais tarde, daria nome à cidade paranaense. Em novembro do mesmo ano, gravou e fez sucesso com a canção “Na serra da Mantiqueira”, de Ari Kerner e V. de Castro e, passou a atuar na Rádio Clube.
Em 1933, lançou com o Bando de Tangarás as toadas “Azulão”, de motivo popular com arranjos de Almirante e João de Barro e “Um agradinho é bom”, também de motivo popular, com arranjos de Almirante em disco gravado em dezembro do ano anterior. No mesmo ano, gravou o samba-canção “Jangadeiro do norte”, de João de Barro e a “Canção do exilado”, de motivo popular com arranjos de Sascha e Sivan Castelo Neto. Em seguida, gravou duas composições de Marcelo Tupinambá: a toada “Fico de mal” e a valsa “Castelo de cartas”. Em 1934, gravou as primeiras das várias músicas de Valdemar Henrique que levou ao disco: a valsa “Meu último luar”, o batuque “Tem pena do nego” e a toada “Foi boto sinhá!…”. No mesmo ano, gravou a canção “Felicidade que eu não vi”, de Donga e Luni Montenegro. Em 1935, gravou novas composições de Joubert de Carvalho: a marcha-rancho “Vem aos meus braços”, a chula “Guanabara” e a valsa “Lullaby”. Gravou também a marcha “Aleleuia”, de João de Barro e a valsa “Cinzas no meu coração”, de Alcyr Pires Vermelho e Valfrido Silva e, de Valdemar Henrique a toada amazônica “Boi bumbá” e a lenda amazônica “Cobra grande”. Em 1936, gravou a valsa “Tanger do coração” e a canção “Quanto durou o nosso amor”, de Saint Clair Sena e os sambas-canções “Moreno triste” e “Boneca triste”, de Humberto Porto.
Em 1937, gravou os últimos discos na Victor, lançando a canção “Teu olhar”, de Henrique Vogeler, o lundu “Alma do sertão”, de Henrique Vogeler e Edmundo Maia, a valsa “O segredo dos teus olhos”, de José Maria de Abreu e Francisco Matoso e a canção “Coração, porque soluças”, de José Maria de Abreu e Saint Clair Sena, com a qual fez sucesso. No mesmo período, retornou para a Odeon e gravou o samba “Maria Fulô”, de Leonel Azevedo e Sá Róris, a serenata “Chorinho”, de Valdemar Henrique e Bruno de Menezes, o samba-canção “Meu samba é triste” e a valsa “O nosso amor morreu”, de Saint Clair Sena e a canção “Minha vida tão bonita!”, de Francisco Matoso e “A valsa da saudade”, de José Maria de Abreu e Francisco Matoso. No ano seguinte, gravou a valsa canção “Um minuto de felicidade”, de J. Francisco de Freitas e Valfrido Silva, a canção “Noite fria de São João”, de Lina Pesce e o samba-canção “Na quebrada do monte”, de Jararaca e Vicente Paiva. Também em 1938, gravou com acompanhamento da Orquestra Copacabana o fox-canção “Vem amor” e a valsa “Adoração”, de Saint Clair Sena.
Em 1939, retorbou à Columbia e gravou a canção “Tinha o gosto da saudade”, de Paulo Mac Doeell e Saint Clair Sena e a valsa “Não sei para que viver”, de Saint Clair Sena que obteve grande sucesso . Em seguida, gravou para o carnaval o ano seguinte a marcha-rancho “Dos males, o menor”, de Antônio Almeida e Saint Clair Sena e o samba “Só ela”, de J. Cascata e Leonel Azevedo. Em 1940, voltou para a Odeon e gravou a marcha “Jurei”, de Sá Róris e o samba “Não quero mais lhe ver”, de Popeye do Pandeiro e Jaime Florence, disco lançado para o carnaval do ano seguinte. A partir de 1941, passou a cantar esporadicamente, dedicando-se à pintura, na qual também se destacou. Em 1947, voltou a gravar e lançou na Odeon a valsa “Não vale recordar”, de João Conde e Mário Rossi e a toada-rumba “Lua malvada”, de Saint Clair Sena. Em 1952, agora na RCA Victor, regravou o baião “Nhá Maria” e a toada “Trovas de amor”, de Joubert de Carvalho. Em1959, a RCA Victor reuniu seus grandes sucessos no LP “Quadros musicais”. Após esse lançamento, retirou-se definitivamente da vida artística. Em 2000, sua interpretação da valsa “Glória”, de Bonfíglio de Oliveira foi relançada pelo selo Revivendo no CD “Músicas brasileiras – volume 3”.
(Com o Bando de Tangarás)
(Com Luci Campos)
(Com Francisco Alves)
(Com Francisco Alves)
(Com Francisco Alves)
(Com Francisco Alves)
AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.
CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da música Popular. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1965.
MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.
SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume1. São Paulo: Editora: 34, 1999.