Compositor. Pianista, Arranjador. Maestro. Cantor.
Filho da pintora Dália Antonina. Começou a estudar piano clássico aos seis anos de idade, com Carmem Manhães, ingressando depois no Conservatório Brasileiro de Música, onde permaneceu durante sete anos. De 1955 a 1959, estudou em Lausanne (Suíça). De volta ao Brasil, teve aulas de piano com Wilma Graça.
Em 1962, começou a freqüentar as reuniões musicais realizadas na casa de Petrópolis de Vinicius de Moraes, ao lado de Carlos Lyra, Baden Powell, Edu Lobo, Dori Caymmi, Wanda Sá e Marcoos Valle. É dessa época, sua primeira parceria com Vinicius, a canção “Sem mais adeus”, gravada pela primeira vez por Wanda Sá, em 1963.
Ainda na década nos anos 1960, apresentou-se em shows e escreveu arranjos para vários artistas brasileiros, além de ter participado dos seguintes festivais de música popular:
1965: I Festival de Música Popular Brasileira da TV Excélsior (SP), com “Por um amor maior” (c/ Ruy Guerra), interpretada por Elis Regina;
1966: I Festival Internacional da Canção da TV Rio, com “Maria” (c/ Vinicius de Moraes), defendida por Wilson Simonal;
1967: III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record (SP), com “Samba de Maria” (c/ Vinicius de Moraes), interpretada por Jair Rodrigues;
1967: II Festival Internacional da Canção (RJ), com “Tempo da Flor” (c/ Vinicius de Moraes) e “Eu te amo, amor” (c/ Vinicius de Moraes), ambas interpretadas por Cláudia;
1968: IV Festival de Música Popular Brasileira da TV Excélsior (SP), com “A grande ausente” (c/ Paulo César Pinheiro), defendida por Taiguara;
1968: III Festival Internacional da Canção (RJ), com “Anunciação” (c/ Paulo César Pinheiro), interpretada pelo MPB-4.
Também na década de 1960, realizou sua primeira gravação, o LP instrumental “Os Seis em Ponto” (1965), nome do conjunto do qual participava como pianista. Em 1966, assinou a direção musical e escreveu arranjos para o show “Pois é”, com Vinicius de Moraes, Gilberto Gil e Maria Bethânia, realizado no Teatro Opinião (RJ). Ainda nesse ano, suas composições “Sem mais adeus” e “Saudade de amar” foram incluídas no álbum duplo “Vinicius, poesia e canção”, registro do espetáculo em homenagem ao parceiro, realizado no Teatro Municipal de São Paulo.
Em 1967, dividiu com Dori Caymmi a direção musical da peça teatral “Dura lex sed lex, no cabelo só gumex”, de Oduvaldo Vianna Filho. Compôs, nessa época, a trilha sonora do filme “O homem que comprou o mundo”, de Eduardo Coutinho.
Em 1969, formou-se em Engenharia, casou-se com a cantora Olívia Hime e viajou para os Estados Unidos, onde viveu durante quatro anos. Nesse país, estudou com Albert Harris e Hugo Friedhopfer (orquestração), Roy Rogosin (regência), Paul Glass (composição), Lalo Schifrin e David Raksin (trilha sonora).
Em 1971, residindo em Los Angeles, escreveu uma série de peças de câmara, como “Joana”, para flauta, oboé, clarineta, fagote e trompa, “Quinteto de sopros” e “Un ucellino chiamatto Maria”, para flauta, sax alto e clarone.
Retornou ao Brasil em 1973, gravando nesse ano seu primeiro LP individual, “Francis Hime”, lançado pela gravadora Odeon, no qual registrou sua primeira parceria com Chico Buarque, a canção “Atrás da porta”. Nesse mesmo ano, assinou a direção musical da segunda montagem da peça “Gota dágua”, de Paulo Pontes e Chico Buarque.
Em 1975, compôs a música do programa “Cata-vento” (TV Educativa).
No ano seguinte, participou da trilha sonora das novelas da Rede Globo “Casarão” e “Escrava Isaura”.
Em 1977, lançou o LP “Passaredo”, disco que marcou a estréia de Olívia Hime como letrista, cantora e produtora. Nesse mesmo ano, apresentou-se no Teatro Clara Nunes (RJ) com o show de lançamento do disco, exibido depois no teatro da Fundação Getúlio Vargas (SP).
Em 1978, gravou o LP “Se porém fosse portanto”, que registrou parcerias com Chico Buarque, Cacaso, Ruy Guerra, Vinicius de Moraes e Olívia Hime, entre outros. O repertório do disco foi apresentado em show realizado, também nesse ano, no Teatro Ipanema (RJ).
Para o Cinema, compôs músicas para os filmes “O homem que comprou o mundo” (1968), de Eduardo Coutinho,”A estrela sobe” (1973), de Bruno Barreto, “O homem célebre” (1974), de Miguel Faria, “Lição de amor” (1975), de Eduardo Escorel, pelo qual foi contemplado com a Coruja de Ouro do Instituto Nacional do Cinema e com o prêmio de Melhor Trilha Sonora do Festival de Gramado, “A noiva da cidade” (1975), de Alex Vianny, “Dona Flor e seus dois maridos” (1977), de Bruno Barreto, pelo qual recebeu a Coruja de Ouro do Instituto Nacional do Cinema, “Marcados para viver” (1978), de Maria do Rosário, “Marília e Marina” (1978), de Luiz Fernando Goulart, e “República dos assassinos” (1979), de Miguel Faria.
Para o Teatro, compôs as trilhas sonoras das peças “Dura lex sed lex, no cabelo só gumex”, de Oduvaldo Viana Filho, “O rei de Ramos” (c/ Chico Buarque), escrito por Dias Gomes e dirigido por Flávio Rangel, “A menina e o vento”, de Maria Clara Machado, “Belas figuras”, de Ziraldo, “Pinocchio”, de A. Collodi, encenada pelo grupo Tapa, “Na sauna”, dirigida por Wolf Maia, “Foi bom meu bem”, de Alberto Abreu, “O banquete”, de Mário de Andrade com adaptação de Camila Amado, e “Tá russo no açougue”, uma adaptação de “Santa Joana dos Matadouros”, de Bertold Brecht, encenada pelo grupo Tem Folga Na Direção, com direção de Antônio Pedro.
Assinou arranjos para vários artistas como Milton Nascimento, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Clara Nunes, Olívia Hime, Toquinho, Fafá de Belém, MPB-4 e Chico Buarque (para quem assinou também a direção musical dos LPs “Meus caros amigos”, “Ópera do malandro”, “Vida” e “Almanaque”) e Georges Moustaquis.
Em 1980, excursionou pelo Brasil, ao lado de Toquinho e Maria Creuza. Nesse mesmo ano, gravou o LP “Francis”, interpretando suas parcerias com Cacaso e Tite de Lemos, entre outras.
Em 1981, lançou o LP “Sonho de moço”, que contou com a participação de sua filha Maria, então com oito anos de idade, na faixa de sua autoria “Lua de cetim” (c/ Olívia Hime), e Milton Nascimento, seu parceiro nas faixas “Sonho de moço”, “Homem feito” e “O farol”.
No ano seguinte, apresentou-se no Rio Palace (RJ), ao lado do Quarteto em Cy.
Em 1984, gravou o LP “Essas parcerias”, interpretando parcerias com Abel Silva, Chico Buarque, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Olívia Hime, Cacaso, Alberto Abreu, Ivan Lins e Vítor Martins, Fátima Guedes, Geraldo Carneiro, Capinan e Toquinho. O disco teve show de lançamento no Circo Voador (RJ).
Lançou, em 1985, o LP “Clareando”, que reuniu seus maiores sucessos e duas músicas inéditas de sua autoria.
Em 1986, escreveu sua “Sinfonia nº 1”, apresentada em São Paulo e Campinas pela Orquestra Sinfônica de Campinas, regida por Benito Juarez, e em Recife com Osman Gióia à frente da Orquestra Sinfônica de Pernambuco.
Em 1988, escreveu a cantata “Carnavais”, para coral e orquestra, sobre texto de Geraldo Carneiro, apresentada em São Paulo e Campinas com o Coralusp e a Orquestra Sinfônica de Campinas regidos por Benito Juarez.
Em 1993, fez sua primeira regência à frente da Orquestra Sinfônica Brasileira, interpretando sua “Sinfonia nº 1”, escrita em 1986, na Sala Cecília Meirelles (RJ). No ano seguinte, voltou a reger a OSB, desta vez no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, no concerto comemorativo do trecentésimo aniversário da Casa da Moeda. Concluiu o “Concerto para violão e orquestra”, em três movimentos, dedicado a Raphael Rabello.
Em 1997, lançou o CD “Choro rasgado”, no qual estreou como letrista, com as canções “Duas faces”, “Gente carioca” e “Jardim Botânico”, essa última uma homenagem a Antonio Carlos Jobim. Ainda nesse ano, lançou o CD “Álbum Musical”, em forma de songbook, com a participação de Milton Nascimento, Caetano Veloso, Paulinho da Viola, Chico Buarque, Olívia Hime, Djavan, Maria Bethânia, Ivan Lins, Zélia Duncan, Miúcha, Toquinho, Gilberto Gil, Daniela Mercury, Leila Pinheiro, Zé Renato, Gal Costa, Beth Carvalho e João Bosco. Também em 1997, apresentou e regeu a trilha sinfônica “Suíte da terra encantada”, com textos de Olívia Hime e Paulo César Pinheiro.
Em 1999, iniciou a composição de uma ópera sobre futebol e um “Concerto para violino e orquestra”, em três movimentos. Nesse mesmo ano, comemorou seu sexagésimo aniversário no palco do Canecão, ao lado de vários artistas. O show foi gravado e apresentado pelo canal Multishow.
Em 2000, escreveu 12 músicas sobre poemas de Manuel Bandeira, apresentadas no Centro Cultural Banco do Brasil (RJ). Também nesse ano, apresentou ao piano sua peça “Fantasia para piano e orquestra”, ao lado da Orquestra da Petrobras, sob a regência de Roberto Tibiriçá. Ainda em 2000, compôs a “Sinfonia do Rio de Janeiro de São Sebastião”, peça cantada, com letras de Paulo César Pinheiro e Geraldo Carneiro, em cinco movimentos, cada um deles tematizando uma época da cidade. O espetáculo, com idealização e argumento de Ricardo Cravo Albin, foi apresentado no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e contou com a participação de 70 músicos e dos cantores Lenine, com “O lundu” (Rio Colônia), Zé Renato, com “A modinha” (Rio Império), Leila Pinheiro, com “O choro” (Rio República), Olívia Hime, com “O samba” (Rio da época de ouro do samba) e Sérgio Santos, com “A canção brasileira” (Rio contemporâneo da bossa nova até o final do século XX).
Em 2002, teve seu songbook lançado pela Lumiar Editora. Nesse mesmo ano, a “Sinfonia do Rio de Janeiro de São Sebastião” foi lançada em CD e DVD, pela gravadora Biscoito Fino. Ainda em 2002, a gravadora Biscoito Fino lançou o CD “Meus caros pianistas”, projeto que reuniu 15 pianistas interpretando arranjos de sua autoria: Miguel Proença, Fernanda Chaves Canaud, Clara Sverner, Cristóvão Bastos, Gilson Peranzzetta, Leandro Braga, João Carlos Assis Brasil, Hélvius Vilella, Antônio Adolfo, Maria Teresa Madeira, Wagner Tiso, Sônia Vieira, Linda Bustani, Rosana Diniz e Gilda Oswaldo Cruz. O disco teve recital de lançamento na Sala Cecília Meireles (RJ).
Em 2003, lançou o CD “Brasil lua cheia” (Biscoito Fino), com suas composições “Choro incontido” (c/ Paulinho da Viola), “Um seqüestrador”, antiga valsa inédita de sua parceria com Vinicius de Moraes e que recebeu letra de Adriana Calcanhoto, “Pó de granito” (c/ Lenine), “No parangolé do samba” e “Navios”, ambas com Paulo Cesar Pinheiro, “Cinema Brasil” (c/ Joyce), “Corpo feliz” (c/ Cacaso), “Canção transparente” e “Disfarçando”, ambas com Olívia Hime, “Menina” e a faixa-título, ambas com Moraes Moreira. “Meu coração” (c/ Vinicius de Moraes), “Minas Goiás” (c/ Cacaso) e “O amor passou” (c/ Geraldo Carneiro). Ainda nesse ano, fez show de lançamento do disco no Teatro Rival (RJ), acompanhado por Marcos Nimrichter (teclados), Dirceu Leite (saxofone), Elcio Cáfaro (bateria), André Santos (baixo) e Gabriel Improta (guitarra).
Apresentou-se, em 2004, na casa noturna Mistura Fina (RJ).
Voltou ao palco do Mistura Fina, em 2005. Nessse mesmo ano, produziu e escreveu os arranjos para o disco que Georges Moustaki gravou nos estúdios da Biscoito Fino, no Rio de Janeiro, para a Virgin francesa, exclusivamente com músicos brasileiros. O CD registrou a parceria de ambos “Jai grand faiblesse pour les femmes”. Também em 2005, lançou o DVD “Brasil lua cheia”, com participação de Lenine, Adriana Calcanhotto e Paulinho da Viola.
Em 2006, lançou o CD “Arquitetura da flor”, cujo título foi retirado de um dos versos da faixa “A invenção da rosa”, de sua parceria com Geraldo Carneiro, com quem assina também outras canções do repertório, como “Gozos da alma” e “História de amor”, esta última gravada em dueto com Nina Becker, crooner da Orquestra Imperial. Há ainda parcerias com Simone Guimarães, Olivia Hime e Abel Silva e uma parceria póstuma com Cartola, “Sem saudades”, que contou com a participação de Zélia Duncan. O disco foi produzido por Moogie Canazio.
Em 2007, lançou, simultaneamente em CD e DVD, “Francis ao vivo”, registro do show realizado no Sesc Pompéia, em São Paulo, com a participação de Kiko Freiras (bateria), Jorge Helder (baixo) e Gabriel Improta (violão e guitarra). O DVD apresenta ainda o making of do espetáculo e um documentário filmado no estúdio da Biscoito Fino. No repertório, suas composições “Pivete”, “A noiva da cidade”, “Embarcação”, “Trocando em miúdos”, “Amor barato”, “Atrás da porta”, “E se” e “Quadrilha”, todas com Chico Buarque, “Mais que imperfeito”, “A musa da TV”, “Pau Brasil”, “A invenção da rosa” e “Gozos da alma”, todas com Geraldo Carneiro, “A dor a mais” e “Teresa sabe sambar”, ambas com Vinicius de Moraes, “Palavras cruzadas” (c/ Toquinho), “Desacalanto” (c/ Olivia Hime), “Cadê” (c/ Simone Guimarães) e “Sem saudades” (c/ Cartola). Nesse mesmo ano, fez show de Lançamento do CD e DVD “Francis ao vivo” no espaço carioca Oi.
No dia 29 de outubro de 2007, foi homenageado pelo Instituto Cultural Cravo Albin na série “Sarau da Pedra”, projeto realizado com patrocínio da Repsol YPF e apoio da gravadora Biscoito Fino. No evento, foi afixada no Mural da Música do instituto, diante da presença de várias personalidades da cena cultural carioca, uma placa com seu nome, a ele dedicada pela relevância de sua obra musical. Produzida por Heloisa Tapajós e Andrea Noronha, a comemoração contou com a participação do poeta Geraldo Carneiro, responsável pela fala literária, e com apresentação musical da cantora Olívia Hime, acompanhada ao piano pelo próprio homenageado.
Comemorando 70 anos de idade, lançou, em 2009, o CD duplo “O tempo das palavras… Imagem”. No CD “O tempo das palavras” registrou suas composições “Existe um céu”, “O amor perdido”, “O tempo e a rosa”, “Estrela da manhã”, “Eterno retorno” e a faixa-título”, todas com Geraldo Carneiro, “Adrenalina” e “Rádio Cabeça”, ambas com Joyce Moreno, “Maré” (c/ Olivia Hime), “O sim pelo não” (c/ Edu Lobo), “Pra Baden e Vinicius” (c/ Paulo César Pinheiro) e “Há controvérsias” (c/ Paulinho Moska). O disco contou com a participação de Monica Salmaso na faixa “Maré”. No CD “Imagem”, reuniu suas composições para trilhas de cinema: “Choro de Vadinho”, “Variação de Dona Flor nº 1”, “Namoro de Vadinho e Dona Flor”, “Variação de Dona Flor nº 2”, “Canção de Teodoro nº 1”, “Canção de Teodoro nº 2”, “Tema Hindu”, “Valsinha”, Rosinha”, “A estrela sobe (Último retrato)” (c/ Ruy Guerra), “Tema da Parteira”, “Suíte Castro Alves –Capricho – Sonho De Boêmia” (sobre versos de Castro Alves), “Choro número 2”, “Senhora” (sobre versos de Luis de Camões), “Choro número 3”, “Choro número 1 (Meu caro amigo) “ (c/ Chico Buarque), “Temas clássicos (Maré)” (c/ Olivia Hime), “Passaredo” (c/ Chico Buarque), “Lindalva” (c/ Paulo César Pinheiro), “A noiva da cidade” (c/ Chico Buarque), “Canção do vento”, “Lição de amor (abertura)”, “Lição de amor (tema central)”, “Marcados para viver” e “Marília e Marina”.
Em 2010, a gravadora Biscoito Fino lançou o CD “Ayres e Hime – Concertino para percussão o Concerto para violão”, registro ao vivo de apresentação da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo realizada na Sala São Paulo, em 2009, interpretando “Concerto para Violão e Orquestra”, de sua autoria, solado por Fabio Zanon, sob a regência de Alondra de la Parra. Também no CD “Concertino para Percussão e Orquestra”.
Constam da relação dos intérpretes de suas canções artistas como Wanda Sá, Tamba Trio, Dóris Monteiro, Elis Regina, Chico Buarque, Milton Nascimento, Nara Leão, Joyce, Maria Creuza, Elizeth Cardoso, Fafá de Belém, Simone, Elba Ramalho, Olívia Hime, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Paulinho da Viola, Djavan, Maria Bethânia, Ivan Lins, Zélia Duncan, Miúcha, Daniela Mercury, Leila Pinheiro, Zé Renato, Gal Costa, Toquinho, Ângela Maria, Beth Carvalho, João Bosco, Zezé Motta, Leni Hall, Tony Bennett, Bill Evans e Kenny Burrel, entre vários outros.
Em parceria com Olívia HIme, lançou, em 2011, o CD “Alma Música”, primeiro disco que os dois artistas gravam juntos. Constam do repertório, registrado no formato piano e vozes, canções de sua autoria, como “Saudade de amar” (c/ Vinicius de Moraes), “Balada de um Café Triste” (c/ Geraldo Carneiro) e a faixa-título (c/ Olívia Hime), além de músicas de outros autores, como “Valsa de Eurídice” (Vinicius de Moraes), “Samba do grande amor” (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), “Tristeza e solidão” (Baden Powell e Vinicius de Moraes), “Desde que o samba é samba” (Caetano Veloso e Gilberto Gil), “Smile” (Charles Chaplin), “Paciência (Lenine e Dudu Falcão), “História antiga” (Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro) e “O que será (À flor da pele)” (Chico Buarque), entre outras. Ao lado de Olívia Hime, fez temporada de shows durante o mês de junho desse mesmo ano no Teatro Café Pequeno (RJ), interpretando o repertório do CD.
Em 2012, dividiu o palco do espaço Ameno Resedá (RJ) com a cantora Olívia Hime, apresentando o show “Almamúsica”.
Em 2013, lançou, em parceria com Guinga, o CD “Francis e Guinga”, contendo as inéditas parcerias de ambos “A ver navios” (c/ Olivia Hime) e “Doentia” (c/ Thiago Amud), além de “Cambono” (Guinga e Thiago Amud). Também no repertório, suas composições “Anoiteceu” e “Saudade de amar”, ambas com Vinicius de Moraes, “Passaredo” e “A noiva da cidade”, ambas com Chico Buarque, “Parintintin” e “Desacalanto”, ambas com Olivia Hime, e “Minha” (c/ Ruy Guerra), e ainda “Senhorinha”, “Saci”, “Porto de Araujo” e “Noturna”, todas de Guinga e Paulo César Pinheiro”, “Nem mais um pio” (Guinga e Sergio Natureza) e “Mar de Maracanã” (Guinga e Edu Kneip).
Ainda nesse mesmo ano uniu-se a Olivia Hime para apresentar o show “Sem mais”, uma homenagem ao centenário de Vinicius de Moraes. No repertório, clássicos de sua parceria com Tom Jobim, Toquinho, Carlos Lyra e Baden Powell. O show levou o casal à apresentações em várias cidades do país tais como Fortaleza, Goiânia, Rio de Janeiro, São Paulo e Niterói, além de países como Noruega, Alemanha, Finlândia e China.
Em 2015, em comemoração aos seus 75 anos de vida e 50 de carreira, lançou o show “50 anos de Hime”. A apresentação, gravada pelo Canal Brasil, virou CD, lançado pela gravadora Biscoito Fino, e DVD. No repertório, clássicos e composições inéditas somaram 16 faixas: “Ilusão”, “Amor barato”, “Sem mais adeus”, “Maria da Luz”, “Fantasia para harpa e orquestra”, “Minha”, “Amorosa”, “Sessão da tarde”, “Fantasia para violino e orquestra”, “Passaredo”, “Atrás da porta”, “Breu e graal”, “Mistério”, “Canção apaixonada”, “Trocando em miúdos” e “Navega Ilumina”.
No ano seguinte, o trabalho rendeu uma indicação ao 27º Prêmio da Música Brasileira, na categoria arranjador, concorrendo com Swami Jr. e Guinga, o grande vencedor da noite.
Voltou aos estúdios para registrar em CD o repertório do show “Sem mais”, de 2013.
Em 2017 apresentou o show do CD “Sem mais ” na Sala Cecília Meireles (RJ) na companhia de Olivia Hime.
A “Sinfonia do Rio” também foi encenada na cidade de Paris, na França, através da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), além de ter sido gravada em CD e DVD pela Biscoito Fino. Esse registro possibilitou seu envio para todas as embaixadas brasileiras dentro do livro “Tons e Sons do Rio de Janeiro de São Sebastião” (Instituto Cultural Cravo Albin), produzido e desenvolvido pelo Instituto e seu fundador Ricardo Cravo Albin, por encomenda da Chancelaria Brasileira.
Em 2018 seu livro, “Trocando em Miúdos – as minhas canções” (Terceiro Nome), foi indicado ao Prêmio Jabuti de literatura na categoria Artes. Na ocasião a obra vencedora foi “Imaginai! O teatro de Gabriel Villela” (Edições Sesc São Paulo), de Dib Carneiro Neto e Rodrigo Louçana Audi.
Em 2019, celebrando seus 80 anos, lançou o CD “Hoje” (Biscoito Fino) reunindo músicas inéditas e com participações de Adriana Calcanhotto, Chico Buarque, Lenine, Olivia Hime, Sergio Santos. As músicas foram produzidas em parcerias com Geraldo Carneiro, Paulo César Pinheiro, Olivia Hime, Adriana Calcanhotto, Thiago Amud, Herminio Bello de Carvalho, Tiago Torres da Silva, Ana Terra e Silvana Gontij, com produção de Olivia Hime e direção de gravação e mixagem de Paulo Aragão. Os músicos que participaram do CD foram Jessezinho, Marcelo Martins, Cristiano Alves, Jorge Helder, Kiko Freitas e Paulo Arangão. Todos os arranjos foram assinados pelo próprio Hime. O lançamento do CD ocorreu na abertura do 57º Festival Villa-Lobos realizado na Grande Sala da Cidade das Artes (RJ). Na ocasião foi um dos homenageados do festival. O show contou com as participações de Olivia Hime, Zé Renato, Leia Pinheiro, e a Jazz Sinfônica do Brasil. Ao final de 2019, para celebrar seus 80 anos, a Sinfônica do Rio de Janeiro de São Sebastião, com letras de Paulo César Pinheiro e Geraldo Carneiro, foi exibida na quase totalidade na Cidade das Artes (Barra da Tijuca, RJ). Um grande público assistiu Francis reger a Orquestra Jazz Sinfônica de São Paulo. Seus amigos mais chagados foram conduzidos de ônibus especial, no percurso da sede da gravadora Biscoito Fino (no bairro do Jardim Botânico, RJ) à Cidade das Artes. Os intérpretes dos cinco movimentos da Sinfonia, idealizada por Ricardo Cravo Albin (para celebrar os 500 anos do Brasil pela cidade do Rio) foram Zé Renato e Olivia Hime, dentre outros.
Em novembro de 2022 lançou o álbum “Estuário das Canções” pela gravadora Biscoito Fino. Este é o primeiro trabalho lançado após “Hoje”. Os 12 temas instrumentais que compõem o álbum foram selecionados a partir de 40 temas compostos durante a pandemia do coronavírus. As músicas selecionadas foram “Canção para Raphael Rabello”, “Um Rio”, “Tarde Macia”, “Bucólica”, “Alvorada”, “Itaipava”, “Alameda”, “Riachinho”, “Para Olivia”, “Manguezal”, “Estuário”, “Canção para Luiz Eça”. As músicas “Canção para Raphael Rabello”, “Para Olívia” e “Canção para Luiz Eça” são homenagens ao violonista, à esposa de Francis e cantora Olívia Hime e ao pianista e compositor Luiz Eça.
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.
AMARAL, Euclides. O Guitarrista Victor Biglione & a MPB. Rio de Janeiro: Edições Baleia Azul, 2009. 2ª ed. Esteio Editora, 2011. 3ª ed. EAS Editora, 2014. 4ª ed. EAS Editora, 2020.
COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.
FUSCALDO, Chris. Discobiografia Mutante: Álbuns que revolucionaram a música brasileira. Rio de Janeiro: Editora Garota FM Books, 2018. 2ª ed. Idem, 2020.
Francis Victor Hime é nome de príncipe, a quem ficariam bem mesuras e rapapés. Só que ele nasceu no Rio, e não é outro senão o nosso Francis Hime, príncipe, sim, mas da realeza dos compositores do Brasil. Afinal, Francis é da mesma alta linhagem de gente nobre como Tom Jobim, Carlos Lyra, Cartola, Chico Buarque, Sérgio Ricardo e Edu Lobo, para citar apenas meia dúzia.
Eu costumo dizer que ele é um dos melhores melodistas das Américas. É só assoviar “Atrás da Porta” ou “Trocando em miúdos”, ou mesmo as menos conhecidas, mas deslumbrantes “Minha” e “Último Canto” (ambas com Rui Guerra, feitas em 1965).
Tudo começou em 1957, quando Francis, que estudava na Suíça veio passar férias com os pais no Rio e tocou ao piano a “Valsa de Eurídice” (Tom-Vinícius, 1956) para o próprio Vinícius, amigo de sua mãe, a pintora Dália Antonina. Vinícius tomou-se de encanto pelo talento do rapazola de 18 anos e lhe anotou o nome na agenda.
A bossa-nova rolava solta no Rio, o Vinícius lançou outros parceiros imediatamente depois de Tom Jobim, como Carlos Lyra (a partir de 60) e Baden Powell (a partir de 62), e o Francis, que não acreditava que pudesse viver de música, continuava seus estudos, que o levariam a formar-se em engenheiro (1969, Faculdade Nacional de Engenharia). Uma vez mais o destino – um doce destino chamado Vinícius de Moraes – atravessou-lhe a vida e o fez compositor. Sua estréia, com “Sem Mais Adeus”, conquistou o Rio em 1963. A partir daí foi um não mais parar, inclusive participando dos vários festivais que levaram a MPB à estratosfera.
Em 1999, fiquei matutando sobre o tipo de homenagem e de rapapé que poderia o Rio prestar a seu Príncipe da Melodia, quando adentrasse os sessenta anos. E como não há melhor mimo para um artista criador que trabalhar, sugeri a Francis um presente às avessas, ou seja, que ele o daria ao Rio, cidade onde nasceu e mora. Imaginei uma “Sinfonia para o Rio de São Sebastião”, com cinco movimentos: Rio Colonial (o lundu), o Rio Imperial (a modinha), o Rio Belle Époque (o choro), o Rio da Época de Ouro da MPB (o samba) e o Rio dos aos 60 para cá (bossa-nova à testa). E as letras para a grande música de Francis? Cada movimento seria entregue a cinco letristas, poetas do porte de Chico Buarque, Rui Guerra, Aldir Blanc, Paulo César Pinheiro e Geraldinho Carneiro. Afinal, os dois últimos acabaram por desenvolver as cinco partes da Sinfonia.
Ou seja, Francis Comemorou 60 anos, mas é o Rio que recebeu o presente.
Ricardo Cravo Albin